sexta-feira, maio 30

Presidenciais

Das útimas novidades politicas. Não voto no Almirante pois não aprecio homens providenciais. Não me parece que saiba lidar com as imperfeições da democracia. A ver se aparece alguém em quem possa votar...

quarta-feira, maio 28

Coisas antigas

O que por aí se diz no pós eleitoral e o coro dos amigos da desgraça do PS vai durar pouco. O PS continuará a ser um partido chave neste regime politico que os portugueses escolheram no pós 25 de abril. Fui candidadto nas listas do PS nas legislativas de 85 e 87, os dois piores resultados de sempre do PS. Hoje por hoje falta espessura politica, pessoal e cultural à maioria dos dirigentes politicos de todos os quandrantes com poucas exceções. A grande diferença de hoje no que respeita ao PS, face a 87, é que à época o PS tinha Soares, Guterres, Sampaio e muitos outros. Hoje por hoje mantenho a ideia de que a melhor resposta ao assalto da extrema direita assenta num acordo em torno da defesa do regime democrático, chamem-lhe o que quiserem. Para alcançar resultados a médio prazo é necessário ganhar tempo e chamar os melhores ao debate. Coisas antigas ...

domingo, maio 25

Haja saúde

Nas últimas duas semanas tenho tentado agendar uma consulta de dermatologia. No SNS é uma tarefa impossível salvo se se tratasse de uma urgência, o que não é o caso. No privado tentei o Hospital da Luz, após indicação de uma amiga de médica competente, nada. Até ao fim do ano não há agenda nem para essa médica, nem para qualquer outro ou outra. Vou continuar a tentar. Eis senão quando uma investigação jornalistica descobriu uma mina de ouro da especialidade de dermatologia no HSM. As notícias que resultaram dessa investigação dispensam mais detalhes. O presidente do CA do HSM deu a cara devolvendo respostas para a auditoria que mandou efetuar. De resto não se ouve uma agulha no palheiro. O governo está em gestão... ouvi dizer que o presidente do CA do HSM seria um putativo futuro ministro da saúde...Haja saúde!

Aqui vamos andando...

Estive fora uma semana desde a véspera das eleições até ontem. Brasília é uma cidade quem nem parece brasileira, sendo-o. Não vi TV, nem li jornais, regressando hoje a esse convívio. É tudo muito estranho quando se aterra nesta realidade mesmo dando desconto ao desconcerto político. Aparentemente o mundo não vai acabar. Reparei que Marcelo aparentava dificuldades a subir umas escadas no Porto. Não sei como vai descalçar a bota que calçou. Aqui vamos andando, como habitualmente.

sexta-feira, maio 23

Desastre

Regressei hoje de madrugada de Brasília onde estive em trabalho profissional. Tudo normal com o voo, aliás pontualissimo, e com as magníficas vistas de Lisboa e da margem sul ao nascer do dia. Mas o aeroporto é um desastre completo. Um voo intercontinental, de cerca de 9 horas, não tem direito a manga. O percurso a pé é longuissimo, as passadeiras e escadas rolantes inoperacionais, exceto um pequeno troço, as pessoas com mais dificuldades de locomoção, ou com crianças pequenas, num esforço inesperado, suportado estoicamente. Impensável e ineceitável. O senhor que manda naquele desastre apareceu na campanha da AD e negoceia o contrato de concessão por mais 50 anos? Sejam felizes. Coitado do Humbetrto Delgado!

quinta-feira, maio 22

Politica

Sempre interessante e, ao mesmo tempo, deprimente este jogo dos candidatos à liderança dos partidos. No caso do PS talvez reparar no que tem acontecido por essa europa - e mundo - com a falência da representação politica dos programas dos partidos socialistas e social democráticos. A revolução digital tornou obsoletos esses programas e a decadência desses partidos deverá acentuar-se. No presente só é viável mitigar a sua queda ganhando tempo. No nosso caso através de uma aliança o mais persistente, e longa possível, entre PS e PSD. Ver caso alemão. A alternativa é meter a raposa no galinheiro... (Na fotografia o meu avô materno no tempo dos anos 50 do século passado).

segunda-feira, maio 19

A minha resposta ao resultado das eleições (Congresso das Cooperativas da Lusofonia - Brasília, hoje)

É uma honra e um prazer estar presente e dar testemunho, neste Congresso, saudando os seus inspiradores e organizadores. Deixo-vos breves palavras fazendo jus ao convite dos organizadores deste Congresso aos quais agradeço pela iniciativa. As organizações são as pessoas que laboram em torno de uma ideia. Estou convicto que é a cooperativa que melhor corporiza este conceito. Pessoas, pessoas, pessoas! Só depois das pessoas vêm as leis, regulamentos, orçamentos, planos e estratégias. Como nos organizarmos, e cuidarmo-nos, para alcançar uma vida melhor, nos planos material e espiritual. No fundo é em torno deste anseio estrutural que se organiza a vida de cada um de nós, de nossas famílias e comunidades, originando as organizações. Neste contexto as normas, contidas nas leis, e a tenção para o seu cumprimento, criam as bases de uma relação entre as pessoas e as organizações, o mais pacífica possível, criando regras e dirimindo conflitos. A cooperativa é uma magna organização fundada numa ideia antiga, assente na auto-organização de pessoas, cooperando entre si, para prosseguir o interesse dos seus membros e das comunidades onde se inserem. A forma cooperativa foi, ao longo de muito tempo, informal, vindo a ser enquadrada por legislação dedicada a partir do século XIX, formalizando-se e dando origem a um setor de propriedade dos meios de produção autónoma, a par dos setores Público e privado. Em Portugal este setor, com a designação de setor cooperativo e social, tem consagração constitucional. A segunda lei cooperativa, a nível mundial, foi publicada a 2/07/1867, chamada lei basilar de Andrade Corvo, adotada em Portugal, após a lei inglesa. Neste mesmo ano foi também abolida a pena de morte e aprovado o código civil. Hoje, em Portugal, está em vigor uma lei cooperativa de 2015, talvez carecida de revisão. Uma das questões sempre presente no mundo cooperativo, alvo de debate e polémica, é a da autonomia, ou seja, de como encarar e assegurar a autonomia das cooperativas face aos poderes públicos e aos poderes dos mercados. Mantendo o poder, sem se isolar dos outros setores, nas mãos das pessoas, os cooperadores. Outra questão, muito mais recente, é a da comunidade de língua portuguesa e das cooperativas no contexto do mundo cooperativo. Esta problemática terá pouco mais de 2 décadas, muito pouco tempo, pelo que não admira que não se tenha estabilizado nem desenvolvido, de forma consequente, um modelo atraente e mobilizador das organizações do setor cooperativo no universo dos países de língua portuguesa. Por outro lado, os governos hesitam, suponho que sofrendo o peso da história e, nalguns casos, também da falta de recursos materiais. Nestas circunstâncias cumpre-nos insistir e persistir, dispondo da OCPLP que temos mantido em condições de poder ser relançada como associação de cooperativas dos países de língua oficial portuguesa, coadjuvante da ação de cada uma das nossas organizações. A OCPLP já dispõe de estatuto de Observador Consultivo na CPLP, o que abre portas para uma mais significativa representação institucional; dispõe de orçamento próprio; plano de atividades e órgãos próprios, devendo no âmbito da Assembleia geral a realizar por estes dias, reprogramar e redesenhar prioridades e calendário de ação. Os ventos que sopram no mundo em que vivemos, são ameaçadores das formas de vida económica construídas após a Segunda Guerra Mundial, colocando em causa os fundamentos dos regimes políticos democráticos fundados nas liberdades individuais. A fórmula cooperativa e, em geral, as fórmulas de associação de pessoas em prol de objetivos comuns, é um poderoso meio na produção de riqueza e mais justa distribuição da mesma e, em último recurso, um meio de resistência às ameaças sejam quais forem as suas matrizes ideológicas, à paz, à liberdade e à democracia. Sejamos fiéis aos ideais e princípios fundadores do movimento cooperativo.

domingo, maio 18

Eleições

Num dia de eleições surge-me na memória uma das outras que se seguem e, em particular, as presidenciais. Almirantes nunca mais!

sexta-feira, maio 16

SNS

Por estes dias o SNS foi sujeito a um teste de stress, e saiu-se bem. Espera-se que quem ganhar as eleições respeite o seu valor, como serviço público, no centro do nosso estado social.

segunda-feira, maio 12

Maio.

Erro de uma psicologia de pormenor. Os homens que se procuram, que se analisam. Para nos conhecermos bem, temos que nos afirmar. A psicologia é acção - não reflexão sobre si próprio. Definimo-nos ao longo da vida. Conhecermo-nos perfeitamente, é morrer. [pág.34]. As filosofias valem aquilo que valem os filósofos. Maior é o homem, mais a filosofia é verdadeira. [pág. 36]. Combate trágico do mundo sofredor. Futilidade do problema da imortalidade. Aquilo que nos interessa, é de facto o nosso destino. Mas não "depois", "antes". [pág. 37]. Regra lógica. O singular tem valor de universal. -ilógica: o trágico é contraditório. -prática: um homem inteligente em certo plano pode ser um imbecil noutros. [pág. 37]. Os casais: o homem tenta brilhar diante de terceiros. A mulher imediatamente: "Mas tu também…", e tenta diminui-lo, torná-lo solidário da sua mediocridade. [pág. 41]. Mulheres na rua. A besta arrebatada do desejo que trazemos enroscada na cavidade dos rins e que se agita com uma suavidade estranha. [pág. 43]. Extractos, in "Cadernos", de Albert Camus (1962-Editions Gallimard), Colecção Miniatura das Edições "Livros do Brasil", Caderno nº1 (Maio de 1935/Setembro de 1937).

sábado, maio 10

O Voto

Vou votar amanhã, pela primeira vez, na modalidade de voto antecipado. Nunca poderei dizer que não me interessa o vencedor das eleições de 18 de maio próximo e, muito menos, pôr em dúvida o exercício de voto pois sempre votei em todas as eleições realizadas depois do 25 de abril (e mesmo em alguns simulacros de eleições realizadas antes). Sempre, desde a adolescência, fui atraído pelos ideais do socialismo partilhando todas (ou quase todas) as suas derivas, ou tendências, que, em cada época, ganham novos contornos e protagonistas. Votarei em fidelidade aos meus ideais de sempre. Mas o voto, em liberdade e democracia, só faz sentido, para mim, no respeito sagrado pelo sentido do voto de todos e de cada um.

sexta-feira, maio 9

Aniversários

No dia do aniversário da Guida, coincidente com o dia da vitória dos aliados sobre a besta nazi e, infelizmente, da morte do Agostinho Roseta, grande amigo que nunca esqueço. Que vivam! (Fotografia de Hélder Gonçalves, em Tavira nos idos dos anos 80, na qual estão retratadas a Francisca Moura e a Margarida Ramos, acompanhadas por mim próprio).

quinta-feira, maio 8

A Paz

Maio de 1945. A vitória das forças aliadas lançou uma onda de euforia em Portugal O povo saíu, em massa, à rua celebrando a derrota do nazi fascismo. Os rostos espelham a alegria de uma vitória para a qual Portugal, na verdade, não tinha contribuído. Muitos portugueses viveram a genuína esperança da iminente restauração da democracia. Mas a política ambígua de Salazar, a que se designou de neutralidade, deixou Portugal isolado no contexto da reconstrução material e política da Europa. Salazar assustou-se mas não caíu. Portugal não se associou à derrota do nazi fascismo. Nunca esquecer. Portugal perdeu 29 anos que é o tempo que mediou entre Maio de 1945 e Abril de 1974.

quarta-feira, maio 7

Politica - 18

Um partido com aspirações a ser parte do governo proclama a necessidade de rever a Constituição da República tendo sido dada a público nota de que pretende retirar da CRP a palavra socialismo. Um aparente pormenor ideológico. A seguir virá o resto em prol de uma visão liberal que em muitos aspetos é a mais radical de direita de todos os programas partidários. O farol desta direita é Tramp o que mimetizado num país pequeno, pobre e periférico, desagua em mais desigualdade e pobreza.

segunda-feira, maio 5

Politica - 17

É bastante estúpido fazer coincidir eleições antecipadas com guerra em quase todos os quadrantes. Anunciar bacalhau a pataco com prenúncios de austeridade. Os interesses do capital financeiro falam mais alto. O PR é o principal responsável desta originaliddae suicida, vitima da sua vontade de se fazer amar pelo povo. O povo não agradeçe. A minha geração ficou muito marcada pelo milagre da multidão de democratas revelados no 26 de abril. Os democratas que hoje fazem juras de fidelidade às liberdades herdadas do 25 abril, amanhã serão os maiores defensores da limitação, ou mesmo eliminação, dessas liberdades. Ouço vozes de dentro do PSD que vacilam na fidelidade à herança dos pais fundadores. Mesmo de dentro do PS se ouvem gemidos de contemporização com as medidas anunciadoras do primado do menor denomidador comum das liberdades. Talvez nos devamos preparar para o pior. Como sempre, tarde.

sábado, maio 3

Politica - 16

Coisas simples: a esquerda, ou como se diz no politicamente correto, o centro esquerda, ganhou as eleições legislativas no Canadá e na Austrália. Dois grandes países com democracias consolidadas sinalizam o caminho para uma aliança politica anti fascista, no politicamente correto, anti autoritária e anti populista. Haja esperança!

Maio.

"Erro de uma psicologia de pormenor. Os homens que se procuram, que se analisam. Para nos conhecermos bem, temos que nos afirmar. A psicologia é acção - não reflexão sobre si próprio. Definimo-nos ao longo da vida. Conhecermo-nos perfeitamente, é morrer. [pág.34]. As filosofias valem aquilo que valem os filósofos. Maior é o homem, mais a filosofia é verdadeira. [pág. 36]. Combate trágico do mundo sofredor. Futilidade do problema da imortalidade. Aquilo que nos interessa, é de facto o nosso destino. Mas não "depois", "antes". [pág. 37]. Regra lógica. O singular tem valor de universal. -ilógica: o trágico é contraditório. -prática: um homem inteligente em certo plano pode ser um imbecil noutros. [pág. 37]. Os casais: o homem tenta brilhar diante de terceiros. A mulher imediatamente: "Mas tu também…", e tenta diminui-lo, torná-lo solidário da sua mediocridade. [pág. 41]. Mulheres na rua. A besta arrebatada do desejo que trazemos enroscada na cavidade dos rins e que se agita com uma suavidade estranha." [pág. 43]. Extractos, Albert Camus in "Cadernos" (1962-Editions Gallimard), Colecção Miniatura das Edições "Livros do Brasil", Caderno nº1 (Maio de 1935/Setembro de 1937).

sexta-feira, maio 2

Politica - 15

Todos os partidos de poder forçam as suas margens para alcançar o poder. Somente as ditaduras não têm margens para forçar, pelo menos reconhecidas como tal. Em democracia o exercicio do poder está delimitado pela lei, fiscalizado por diversas instituições, dependente do voto popular. Forçar as margens tem estes limites que algumas lideranças populistas desafiam. Por vezes vencem quebrando margens e limites. As ditaduras não são resquícios do passado. O maior desafio dos democratas é vencer, respeitando margens e limites. Por vezes perdem corrompidos pelo poder.

quinta-feira, maio 1

Dia de Maio

Hoje é dia de Maio, dizia-se no campo de meus avós, tão longe no tempo, tão perto na memória. Hoje passam 48 anos sobre a data em que se desfizeram muitas dúvidas acerca da natureza da revolução de Abril. Por toda a parte ressoaram os passos de milhões de manifestantes. Num repente um povo submisso parecia ter-se transformado num povo rebelde. Mas as revoluções só sobrevivem naqueles breves momentos de fusão em que tudo parece ser possível. Torga, apesar do seu cepticismo, vigilantemente crítico, escrevia, pouco tempo depois, no seu Diário: “Aveiro, 9 de Junho de 1974 – A caminho da Costa Nova, com a sensação de que os barcos navegam no meio dos milheirais.” E, ainda antes, a propósito das suas incursões pela política: “Coimbra, 1 de Junho de 1974 – Discurso num comício socialista. Ainda hei-de escrever meia dúzia de linhas a propósito da situação trágico-cómica de um poeta em bicos de pés num estrado cívico, a esforçar-se por estar à altura da sua reputação e ao mesmo tempo a saber que ninguém o ouve.” Jorge de Sena, na América, escreveu em 2 de Maio de 1974 o poema “Com que então libertos, hein?...”: “Falemos de política, / discutamos de política, escrevamos de política, /vivamos quotidianamente o regressar da política à posse de cada um /essa coisa de cada um que era tratada como propriedade do paizinho. /Tenhamos sempre presente que, em política, os paizinhos/ tendem sempre a durar quase cinquenta anos pelos menos. /E aprendamos que, em política, a arte maior é a de exigir a lua/ não para tê-la ou ficar numa fúria por não tê-la, / mas como ponto de partida para ganhar-se, do compromisso, /uma boa lâmpada de sala, que ilumine a todos. (…) As fotografias, a preto e branco, sobreviveram 51 anos tal como alguns de nós que nelas se podem rever. Eu continuei no quartel, como tantos outros, vigilantes, mas hoje arrependo-me de não ter saído à rua num dia assim. QUE VIVA O 1º DE MAIO!