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sábado, 25 de agosto de 2012

Lance Armstrong



Há tempos, há já uns anos, um atleta de alta competição disse-me que não há alta competição sem doping. “Há é produtos autorizados e produtos proibidos”, acrescentou ele perante a minha estupefacta reacção.
Acontece que em todas as competições há controlos, quer logo após o seu términus, quer intercaladas com elas.
Sempre pensei, acerca de Lance, que se não se dopava estávamos perante um super-homem. O facto é que ele foi submetido muitas e muitas vezes a controlos de doping e nunca foi “apanhado”.
Sou completamente insuspeito para defender o recordista de vitórias da maior prova ciclista do mundo, tanto que, como se sabe, não morro de amores pelos “américas”, mas penso estarmos perante o maior crime de lesa-desporto desde a derrota do Brasil no Espanha/82, esta por outros motivos, muito menos graves, embora dolorosos. Sobretudo quando o ciclista texano está em vias de perder as suas 7 vitórias, 7 anos após ter obtido a última.
Como escreve um conhecido jornalista, estamos perante a “suprema glória dos fracassados”. E estamos, é certo, diante de uma “caça às bruxas”, como diz um campeão de ciclismo português.
Certo é que o chauvinismo dos franceses estará felicíssimo: a última vitória de um corredor gaulês no "tour" aconteceu em 1985, por Bernard Hinault.

terça-feira, 21 de julho de 2009

Prémios “Bento Pessoa”: o julgamento da História?


Decorreu ontem no Casino a cerimónia de entrega dos Prémios Bento Pessoa, atribuídos, pela segunda vez, pela Tertúlia José Bento Pessoa.
Confesso que não gostei do mau trato que a personalidade daquele enorme desportista sofreu. Ao ponto de, em alguns discursos, se ter julgado, sumariamente a História. Que se enaltecesse a figura do grande ciclista e dos premiados tudo bem, estávamos lá para isso. Agora julgar o 25 de Abril, a mais importante, indubitavelmente, data da nossa História recente, numa cerimónia de entrega de prémios supostamente desportivos, é ultrapassar o bom senso.
Se foi um teste à minha resistência, acho que passei com distinção, pois consegui suportar até ao fim. Mas houve quem não suportasse, quem tivesse abandonado a sala e só reentrando na altura do discurso final do presidente do júri, Marçal Grilo.
Os premiados:
Atleta: Telma Monteiro; Jornalista: Luís de Freitas Lobo; Dirigente: Artur Lopes, presidente da FPC; Personalidade da Figueira: Augustus; Personalidade do Ginásio CF: Adalberto Carvalho; Prémio Especial do júri: Artur Agostinho.
Fico a aguardar pelas reportagens jornalísticas. Estou ansioso.

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Esse Agostinho do nosso contentamento

por Augusto Alberto

Esse Agostinho do nosso contentamento, vitima já aqui o disse, de uma violenta queda motivada por atropelamento a um cão, deixou o país órfão de um dos seus mais admiráveis talentos desportivos. Nenhum desportista deu razões para tantos e tão brilhantes relatos dos seus feitos. Pela mão do talento de um jornalista desportivo de “a bola”, Carlos Miranda, que descreveu de modo delicioso o mourejar pelas “Franças” de um português singular, errático, bondoso, fiel, quase escravo dos compromissos assumidos, sem escola e impreparado para vencer num mundo já na altura muito disputado, que fez de Joaquim Agostinho, um não atleta de alta competição. Esta requer a conjugação de um conjunto de valores só ao alcance dos que não hesitam. Por isso é que alguns são campeões olímpicos e a outros só o levantar da “caminha” logo pela manhã, faz dores de barriga. Não tem que saber.
Está-me na memória, as inúmeras vezes em que Agostinho deu a alta competição de barato, pela obstinada consciência solidária.
Saído da guerra em África, aventurou-se tardiamente pelas dificuldades do ciclismo. Aportou a França e logo no primeiro Tour, deixa a imagem de um colosso físico. Era então tecnicamente um podão. Numa das etapas do seu primeiro tour, em vez de correr no asfalto, cruelmente cortou por valetas de rompão, desfaçelado e em sangue, cruzou a meta com a sua bicicleta às costas. No dia seguinte lá estava para continuar. Para espanto, consegui ficar no top 10 dos eleitos. Voltou, fez pódios várias vezes, e fica para a história como o único capaz de vergar Eddy Merkx, ainda o maior ciclista de todos os tempos, mesmo no terreno em que era imperial, o contra relógio. Aqui quero recordar duas geniais etapas em que se portou como um homem bom e não como um atleta de alta competição. Numa daquelas míticas etapas de que é feito o tour, depois de ter deixado apeado Eddy Merkx, os minutos já eram muitos a seu favor, resolveu apaixonadamente esperar pelo campeão. Miranda perguntou-lhe no final da etapa, o que é que lhe tinha dado para assim entregar a etapa e provavelmente a vitória no Tour. Disse-lhe:- um campeão merece respeito. De outra feita, o fabuloso Gimondi, o grande campeão Italiano, desesperava por alimento, dali já não era capaz de ir. Esgotado Gimondi, Agostinho seu companheiro de fuga, sempre solidário, passou-lhe o seu alimento e deixou o italiano continuar e Agostinho como é bom de ver, ficou-se. Um colosso! Era assim e não admitia réplicas.
Multiplas vezes enganado e roubado, raro reagiu violentamente, e era homem para deitar abaixo qualquer um. Foi roubado na última etapa de uma volta à Suiça que comandava, porque lhe deram a informação, premeditadamente errada, relativamente ao tempo da fuga que corria, e que deixou Agostinho sossegado no meio do pelotão convencido do controle das operações. No final da etapa, um suiço acabou por amealhar o mísero segundo que lhe permitiu ganhar na sua terra. Fora enganado, mas nem por isso se exasperou. Também enganado numa volta à Espanha que comandava, exactamente com uso da mesma estratégia, que permitiu a um espanhol ganhar em suas estradas. Foi lugar-tenente ou o segundo, de gente sem arcaboiço para resistir às agruras de voltas medonhas como são o Tour, a Vuelta ou o Giro, como no ano em que foi segundo de “Perico”, Pedro Delgado e lhe foi fiel até ao dia em que este desistiu por exaustão física. Ficou Agostinho, mas já tarde para galgar minutos. Miranda perguntou-lhe porque não atacava e Agostinho respondeu-lhe: - pagam-me para fazer o trabalho de “o” levar e eu respeito em absoluto esse compromisso. E quando foi ele o chefe de fila, ironicamente, nunca teve equipa para o ajudar. Era ele sempre quem dava a cara e o corpo, porque dos outros não reza a história.

Fica-me desse tempo a admirável vitória no troféu Baracci, troféu com nome de um italiano comendador, homem rico e apaixonado por bicicletas. O troféu tinha uma única etapa num contra-relógio a dois, de 120 km e Agostinho fez dupla com um belga, rolador excepcional, de seu nome, Van Springel. Contou que quando Agostinho amochava a cabeça no guiador não havia meio de o fazer acalmar para que ele, Van Springel, fizesse o seu natural trabalho de divisão do esforço. Gritava-lhe, mas Agostinho não tinha ouvidos, só tinha pernas. No final Agostinho disse que não estava para mariquices. Foi uma retumbante vitória.
O drama de Agostinho teve o país suspenso mais de um mês. Era um homem bom, o português ingénuo. Só a espaços se chateava e nesses momentos a coisa ficava preta. Deu de nós a melhor imagem colectiva de Povo, de mourejadores, sofredores, capaz de aguentar quase até à exaustão, canalhas, trapaceiros, bufarinheiros e corruptos e incapaz de dar umas guinadas e rebelar-se. Não deveremos esquecer Agostinho, tivesse cultivado a tempo a alta competição, teríamos nele o maior desportista de sempre e por muitos séculos. Esperemos também que como Povo, saibamos ser em toda a plenitude, porque já vai sendo tempo.

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

José Bento Pessoa - a biografia

A “Aldeia Olímpica” congratula-se com a reedição da biografia do famoso ciclista e um dos nomes maiores do desporto figueirense.
Com assinatura do romancista e dramaturgo Romeu Correia, a primeira edição, de 1974, estava já esgotada há muito. Tratava-se de uma edição do Grupo Desportivo e Cultural dos Empregados do Banco Nacional Ultramarino. A segunda será apresentada no próximo dia 29, no Salão de Café do Casino, com o patrocínio do Casino Figueira e com a apresentação do escritor e jornalista Mário Zambujal.
Na primeira edição, um prefácio, do autor, com o título de “Duas Palavras”. Começa assim:
“Quando penso no fenómeno desportivo português, nas suas limitações e atrasos, espartilhado por velhos preconceitos que o amarraram a uma rotina de modéstia, nasce-me, por vezes, um romântico entusiasmo pelas coisas da nossa gente e acode-me à memória vários nomes e feitos caseiros. Será talvez uma compensação ou mesmo uma busca de equilíbrio psíquico, se quiserem; mas é assim que reajo quando cogito nas nossas andanças atléticas. E, então, vem-me à lembrança, com uma frequência obsessiva, o ciclista José Bento Pessoa. Sim, o homem da Figueira da Foz, esse espantoso atleta, vem-me sempre à memória nestas cíclicas lucubrações de cariz tão pessimista.
Mas os anos passaram – vários e atormentados anos, cheios de muitas dores, e também, valha a verdade, de coisas maravilhosas - , os anos passaram, e reparei que o centenário de José Bento Pessoa estava à porta. A 7 de Março de 1974 faz cem anos que nasceu o primeiro português que conquistou um record mundial.” (...)

terça-feira, 18 de dezembro de 2007

José Carlos Sousa (Ciclismo)






Corre em bicicleta, mas não no ciclismo tradicional. A modalidade chama-se DownHill, pratica-se com uma bicicleta de montanha e as provas são sempre a descer. Não seria mau se não fossem por “maus caminhos”.
Mas para José Carlos Sousa os caminhos até têm sido bons. Confere já 4 títulos nacionais de DownHill (99, 2000, 2003 e 2005), e duas Taças de Portugal. Em 1998, ano anterior ao seu primeiro título nacional, foi também o segundo melhor português no Campeonato do Mundo.

quinta-feira, 22 de novembro de 2007

Alves Barbosa (Ciclismo)

Foto desportivamente sacada daqui

Na década de 50, entre 1951 e 1958 venceu 3 Voltas a Portugal (51, 56 e 58), somando um terceiro lugar em 1955 e um quarto em 1957. Foi o primeiro corredor a vencer por 3 vezes a Volta, prova em que ainda detém o record de número de etapas ganhas, 34. Foi também campeão nacional de fundo e de velocidade, e em 1960 e 1961 campeão nacional de Ciclo-cross.
Também foi o primeiro português a conseguir ficar nos 10 primeiros da Volta à França com o 10º lugar em 1956, e venceu uma etapa na volta a Espanha, onde foi 17º em 1957 e 18º em 1961.
Um palmarés brilhante que o define como um dos grandes atletas nacionais. Alves Barbosa é natural da freguesia de Vila Verde (Fontela) e foi treinador, tendo desempenhado as funções de Director Técnico Nacional.
Foi recentemente homenageado pela Junta de Freguesia de Vila Verde, que mandou erigir um busto, na Fontela, sua terra natal.

terça-feira, 30 de outubro de 2007

José Bento Pessoa (Ciclismo)


Foi o primeiro campeão de Espanha em Ciclismo, ele, que chegou à modalidade por um mero acaso. É que José Bento Pessoa praticou natação, remo, corrida, e até futebol, a guarda-redes.
Depois de partir um tornozelo, numa queda que “lhe poderia ter sido fatal”, como se pode ler na biografia de Romeu Correia, a recuperação mostra-se complicada e é um médico que lhe aconselha exercícios, ciclismo por exemplo… um desporto que está em voga e a ganhar popularidade. Aluga ou pede emprestada uma bicicleta e dá umas voltinhas para recuperar. Um certo dia, em 1891, com 17 anos, assiste a umas corridas e nasce a sua paixão pela modalidade que o tornará famoso e o primeiro português detentor de um record do mundo.
Em 1897 participa no I Campeonato Nacional de Espanha, prova que ficou conhecida por “100 quilómetros de Ávila”. Vinha catalogado como um bom sprinter e “a sua inclusão na prova de fundo não deixou de fazer sorrir alguns ciclistas e dirigentes. E maior surpresa suscitou ainda quando viram o ciclista da Figueira a utilizar uma bicicleta de pista… soube-se mais tarde (este episódio foi evocado pelo próprio José Bento) que um dirigente espanhol se condoera por isso, dizendo-lhe: Oh, homem, mas se você me tivesse dito eu arranjava-lhe uma boa bicicleta para esta prova! (in Biografia de José Bento Pessoa, Romeu correia).
Segundo a própria imprensa do país vizinho foi uma vitória categórica do atleta figueirense. Nesse mesmo ano, meses depois, Bento Pessoa bate o record mundial dos 500 metros, em Madrid, que será melhorado pelo próprio nesse mesmo ano. Repare-se nas distâncias, o que faz de Bento Pessoa um atleta invulgar, excepcional seja como sprinter seja como corredor de fundo.
O genial ciclista, um dos fundadores do Ginásio Clube Figueirense, foi contratado por uma empresa francesa e fez grande parte da sua carreira em Espanha, França, Alemanha, Suíça, tendo corrido também no Brasil. No seu auge raramente perdeu uma prova, e nos intervalos, as suas visitas à terra eram um acontecimento com centenas de populares a aplaudi-lo e as duas filarmónicas a tocarem em sua homenagem.
Quando da construção do Parque de Jogos, nos anos 50, a CMFF tinha já resolvido que se chamaria Estádio Municipal Oliveira Salazar. Estava a construção perto do final, quando a CMFF recebe um ofício do gabinete da Presidência do Conselho, dizendo que Sua Exª sem deixar de se sentir sensibilizado com a ideia, propõe que seja dado o nome de qualquer desportista famoso da Figueira da Foz, como por exemplo o de José Bento Pessoa.
Bento Pessoa passou à eternidade em 7 de Julho de 1954, com 80 anos de idade.
Pensamos que já se justifica uma reedição da sua biografia, da autoria do romancista e dramaturgo Romeu Correia, cuja capa da primeira e única edição ilustra este texto.