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21 de outubro de 2010

Alcoolismo


 

O alcoolismo é uma doença crônica que evolui de forma lenta. O pico de instalação da dependência ocorre precocemente: em média, aos 18 anos. O uso moderado de álcool pode trazer alguns benefícios, mas a quantidade de bebida que constitui o tal “uso moderado” varia de acordo com o sexo, idade, etnia, características genéticas, peso corpóreo, doenças coexistentes e com outros fatores.

Os estudos mostram que homens com menos de 34 anos e mulheres abaixo de 45 anos, que não tomam bebidas alcoólicas, apresentam os índices mais baixos de mortalidade. Depois dessas idades, a mortalidade é mais baixa entre homens que tomam até cinco drinques por semana, e mulheres que não tomam mais do que dois.

Vamos deixar claro o que é considerado um drinque. Um drinque deve conter uma quantidade de álcool entre 12 e 14 gramas. Essa massa de álcool está contida em aproximadamente: uma lata de cerveja de 350 ml; uma taça com 150 ml de vinho; uma dose de 45 ml de destilado (cachaça, uísque, conhaque, vodca, etc.).

Dados da Organização Mundial da Saúde permitiram elaborar uma tabela com quatro categorias que possibilitam avaliar a intensidade do consumo de álcool e os problemas causados à saúde.


1 - Risco de alcoolismo

Para mulheres de qualquer idade e homens com mais de 65 anos: mais de sete drinques por semana ou mais de três drinques por ocasião; para homens de até 65 anos: mais de 14 drinques por semana ou mais de quatro drinques por ocasião. Esse tipo de uso pode não causar consequências imediatas, mas a probabilidade de surgirem problemas físicos, psicológicos ou sociais cresce se houver aumento dos níveis de consumo.

Os riscos associados ao aumento do número de drinques em cada ocasião incluem acidentes, traumas e envolvimento em atos de violência. Aqueles devidos ao aumento do número de drinques semanais podem levar à cirrose, câncer e outras doenças crônicas. Risco de alcoolismo é o termo usado para caracterizar o espectro de usos exagerados, mas que exclui a dependência química. Cerca de 1/3 dos que pertencem a esta categoria, no entanto, corre risco de desenvolvê-la no futuro.

2 - Problemas com o álcool

Quando o consumo de álcool é nocivo e acompanhado de consequências físicas e psicológicas mais graves, mas que ainda não preenchem os critérios de alcoolismo. Geralmente, nessa categoria estão excluídos os casos em que existe dependência.


3 - Uso abusivo e nocivo

Quando ocorrem recidivas dos seguintes problemas, nos últimos 12 meses: incapacidade de cumprir as obrigações; abuso de álcool em situações que exigem atenção, habilidade e coordenação motora; litígios legais relacionados com o álcool; problemas de relacionamento interpessoal/social causados ou exacerbados pelo álcool.

4 - Dependência de álcool

Distúrbios clínicos significativos na presença de três ou mais dos seguintes problemas: tolerância; crises de abstinência; gastar boa parte do tempo para ter acesso ao álcool ou para recuperar-se de seu efeito; reduzir ou interromper atividades importantes por causa do álcool; beber mais e por mais tempo do que o planejado; esforços fracassados para tentar reduzir ou controlar o uso; continuar a beber apesar dos problemas físicos e psicológicos causados ou exacerbados pela bebida.

Os limites citados não valem para crianças, adolescentes, mulheres grávidas, pessoas tomando medicações que interagem com o álcool, que operam máquinas ou que são portadoras de enfermidades afetadas pelo álcool (hepatites crônicas, pancreatites, gastrites, etc.). Nesses casos, a indicação é de abstinência. Pessoas que tomam cerca de 20 drinques por dia, costumam apresentar crises de abstinência ao parar de beber.


Drauzio Varella

25 de agosto de 2010

Combinação explosiva


Apesar do empenho feminino em busca da igualdade, por um capricho da natureza, o metabolismo do álcool nas mulheres não é, nem jamais será igual ao nosso. Se administrarmos para mulheres e homens a mesma dose, ajustada de acordo com os índices de massa corpórea, elas fatalmente apresentarão níveis sanguíneos mais elevados.

Nelas, a fragilidade aos efeitos embriagadores é justificada pela maior proporção de tecido gorduroso, por variações na absorção do álcool no decorrer do ciclo menstrual e porque a concentração gástrica da desidrogenase alcoólica (enzima essencial para a decomposição do álcool) é mais baixa do que nos homens.

Esses mecanismos explicam porque ficam embriagadas com doses mais baixas e progridem mais rapidamente para o alcoolismo crônico e seu cortejo de complicações.

A avaliação dos questionários aplicados durante anos consecutivos em dezenas de milhares de mulheres acompanhadas no célebre “Nurses’ Health Study”, revelou que tomar 2 ou 3 drinques diários aumenta em 40% o risco de surgir hipertensão arterial, bem como o de derrame cerebral hemorrágico.

Uma análise de seis estudos demonstrou que as mulheres habituadas a ingerir de 2,5 a 5 drinques por dia, apresentam probabilidade 40% maior de desenvolver câncer de mama. O uso continuado de álcool reduz a densidade da massa óssea em ambos os sexos, mas a probabilidade de provocar osteoporose é maior no feminino.

Estudos demonstram que a maior parte das mulheres bebe como forma de livrar-se das angústias associadas aos quadros depressivos. A prevalência de depressão nas que abusam de álcool é de 30% a 40%. Talvez por essa razão, tentem o suicídio 4 vezes mais do que as abstêmias.

Além de tudo isso, a bebida pode causar problemas ao feto. A ingestão de álcool durante a gestação eventualmente provoca distúrbios fetais que vão do retardo de desenvolvimento à chamada síndrome alcoólica fetal.

Não há nenhum estudo que assegure existir na gravidez uma quantidade de álcool segura. É imprevisível: bebês de mães que beberam a toda a gestação podem nascer normais, enquanto os de outras que o fizeram ocasionalmente podem apresentar malformações congênitas. Recomenda-se, assim, que a gestante não beba, afinal são apenas nove meses.

Caso não esteja grávida, a mulher pode beber, mas pouco, talvez um ou dois drinques por vez. Como a carne é frágil, entretanto, se houver exagero dê um tempo de alguns dias, contrariar a natureza é guerra perdida.

Drauzio Varella