Mostrando postagens com marcador Bel Cesar. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Bel Cesar. Mostrar todas as postagens

1 de junho de 2013

Como não sermos vítimas de nossas próprias atitudes impensadas




Quem não conhece os problemas causados por ações impulsivas? Agir mesmo sabendo que não era a hora... falar mesmo sabendo que é melhor ficar quieto... são pequenas ações que podem gerar grandes problemas!

Quando seguimos nossos impulsos sem nos consultarmos, tornamo-nos reféns de nossas próprias ações. No entanto, podemos superar os padrões automáticos de comportamento. Isto é, sentir o impulso e ainda assim escolher como reagir.

O mundo pode nos pressionar, mas nós podemos nos autoliberar. Para tanto, precisamos inicialmente conhecer como funciona nossa mente diante das situações de pressão.

Inicialmente, precisamos aprender a reconhecer e nomear os sinais físicos e mentais de uma atitude impulsiva, para então podermos dominar nossas respostas. Mas não basta parar por aí. Será preciso treinar inúmeras vezes essa atitude interna de autoobservação para cultivar a confiança de que vale a pena não sermos vítimas de nossas próprias atitudes impensadas.

Diante de uma explosão emocional, contar até 10 antes de reagir pode funcionar. Pois quando estamos muito ativados, os impulsos advindos do centro emocional do cérebro (sistema límbico) são mais velozes do que aqueles que saem do centro racional, o córtex pré-frontal, capazes de controlar as emoções. Ao contar até 10, damos uma chance para nosso cérebro fazer um circuito neuronal capaz de ativar nossa racionalidade! Com o córtex pré-frontal funcionando novamente, voltamos a ter também a empatia para com os outros. Desta forma, já não queremos mais agredir, mas sim nos entender.

Não basta contermos o impulso agressivo, é preciso processá-lo. Pois senão iremos implodir e sofrer os danos desta energia não elaborada. 

Refletir sobre nós mesmos não quer dizer criticarmos maciçamente nossas atitudes nem tampouco nos perdoarmos justificando nossas ações com atitudes indulgentes: "Não soube fazer diferente". Ok, podemos não ter sabido como ter feito diferente... mas, a questão é: uma vez que agora sabemos queremos de fato mudar?

Observar-se requer familiaridade consigo mesmo para poder ir além da culpa e da vergonha. Observar-se significa aceitar-se diante do desconforto ao mesmo tempo em que nos motivamos e nos esforçamos para cultivar uma nova atitude. Quando nos compromissamos com a mudança interna surge o sabor de seguirmos em frente "mais leves".

Encararmo-nos frente a frente, requer mais treino do que coragem. É um hábito que nos torna pessoas mais interessantes para nós mesmos. Quando evitamos nossas emoções ou nos criticamos continuamente, acabamos por nos tornar uma péssima companhia para nós mesmos. Não é assim mesmo? Há dias em que não aguentamos nossa própria presença, nossa própria voz.

Não basta nos autocontrolarmos se não formos capazes de nos regularmos internamente. O autocontrole só irá gerar bem-estar se desenvolvermos uma percepção interna capaz de nos autoorganizarmos tanto no nível emocional como cognitivo, isto é, no nível do entendimento.

O neurocientista Daniel Siegel, em seu livro "O Poder da Visão Mental" (Ed. BestSeller), denomina a capacidade de nos observarmos como visão mental. Para ele, este é nosso sétimo sentido, sem visão mental, nossa vida é uma vida anestesiada. Neste livro, Siegel explica de modo simples e claro como nosso cérebro funciona para mantermos atitudes mentais organizadoras como a de abertura, observação e objetividade. 

Cultivamos abertura quando deixamos de lado as expectativas e recebemos as coisas como elas são, em vez de insistirmos que sejam como gostaríamos que fossem. Sem a ditadura do pensamento rígido e dos preconceitos, conseguimos ver o mundo em suas particularidades, abrindo-nos para o novo. No entanto, devido aos condicionamentos e às memórias arquivadas em experiências anteriores, em geral não nos deixamos permear pelo mundo externo. Sem tal abertura, vivenciamos a realidade externa como um prolongamento de nossa realidade interna. Isto é, o mundo será agradável ou desagradável conforme nosso humor momentâneo. 

É curioso notar como temos uma chance maior de perceber o mundo mais objetivamente quando ele se torna aquém ou em excesso de acordo com nossos desejos e necessidades. Quando tudo parece chegar de acordo com nossos níveis de expectativa não paramos para pensar que o mundo não é apenas o que pensamos e sentimos sobre ele! 

Segundo Daniel Siegel, a habilidade de observar é a capacidade para perceber o "eu" mesmo enquanto estamos vivenciando um evento. Ela nos coloca em um quadro de referências mais amplo e expande nossa perspectiva a cada momento. Ao reconhecer o ambiente em que nos encontramos, começamos a sair do comportamento habitual. Em outras palavras, se noto as nuâncias à minha volta, tenho a chance de escolher se quero interagir com elas ou não! 

Desta forma, conseguiremos adquirir objetividade: sermos capazes de pensar e sentir sem nos deixarmos levar pela força habitual destes pensamentos e emoções. Com objetividade, reconhecemos que nossos pensamentos e sentimentos como uma expressão de nosso mundo interno, mas não como uma verdade absoluta. Com objetividade, conseguimos discernir entre o que sentirmos e queremos continuar sentindo. Ao cultivarmos a aptidão de estarmos conscientes de como estamos direcionando nossa mente, ganhamos um novo espaço interior. Já não estamos mais condenados a sentir um ciúme sem controle, uma raiva que nos arrebata ou um ressentimento opressor. Saimos da paralisia interna! Podemos nos mover internamente! 

Na medida em que passamos a nos perceber com abertura, observação e objetividade, ganhamos mais e mais espaço interior, que por sua vez gera a flexibilidade necessária para fazermos novas associações. Surgem novas ideias, tornamo-nos criativos. Vívidos. 

Quanto mais espaço interior adquirimos, mais inteligentes emocionalmente nos tornamos. Curiosamente, quanto mais visão mental adquirimos sobre nós mesmos, mais habilidade temos para perceber os outros: pois quando conseguirmos sentir nosso estado mental, o caminho fundamental para a ressonância com outros também está aberto. Sem resistência para percebermos a nós mesmos e ao outro, algo totalmente novo pode ocorrer!



Bel Cesar

1 de fevereiro de 2013

Como nos mantermos abertos quando o mundo se fecha para nós






Tem momentos em que o mundo se parece como um grande muro à nossa frente. Diante de problemas complexos ou nos deparando com o caos da cidade, temos que encarar o mesmo desafio mental: dissolver uma barreira que nos parece intransponível.

A internet não funciona, o trânsito está pesado, o barulho é intenso. Quando finalmente você chega ao local marcado, fica sabendo que seu compromisso foi cancelado... E assim vai, cada um conhece as resistências e os desafios que enfrenta no seu cotidiano. O ponto aqui é saber como nos mantermos abertos quando o "mundo" se fecha para nós.

O budismo nos ensina que nossa sanidade básica está sustentada pela capacidade interna de nos mantermos abertos e receptivos. Este senso de abertura nos permite atrair novas possibilidades. É como dizer: "Ok esta porta está fechada, mas posso ir por outra". O desafio está em conseguirmos manter um senso de perspectiva constante, principalmente quando nos defrontamos com uma porta fechada depois da outra.

Quando nossa mente se fecha, torna-se fixa e raivosa. O desconforto da falta de espaço dentro e fora de nós cresce na medida em que nos vemos paralisados, sem recursos para agir. Quando temos a sensação de não haver saída: tudo se torna agressivo. Onde quer que nos movamos, deparamo-nos com outro obstáculo. Por menor que ele seja, gera mais uma irritação. Como recuperar as forças diante de tanta pressão?

O melhor é parar. Desistir de insistir. Assim como a água se mantém turva enquanto estiver turbulenta, temos que nos aquietar para recuperar uma visão clara. Aquietarmo-nos sem nos deixarmos ser tomados por uma sensação de fracasso e derrota. Lama Gangchen Rinpoche me disse certa vez quando estava enfrentando alguns "portões fechados": "Não olhe para a sombra, mas para o lado da realidade. Uma mente cientista é capaz de analisar a realidade sem gerar dúvidas". Ou seja, devemos nos manter parados o tempo suficiente para que surja em nós a disponibilidade interna de olhar para todos lados. Pois, enquanto nossa mente estiver lutando para ver algo, permanecerá defensiva.

Os primeiros sinais de uma nova abertura mental surgem quando temos o desejo de conhecer algo sem intelectualizar demais. Deixar-se levar por uma certa curiosidade, mas sem ainda aprofundar nossos conhecimentos de forma a já definir o caminho a seguir.

Na medida em que nos conectamos com esta sensação de interesse pela novidade recuperamos nossas forças, pois é a partir desta nova atitude que nos damos uma nova chance. Quanto mais perspectivas tivermos, mais seguros nos sentiremos para seguir adiante.

Durante esta "parada obrigatória", podemos aproveitar o tempo para recuperar uma visão panorâmica e reconhecer como as coisas estão ligadas umas às outras. A partir desta visão interdependente, novas perspectivas podem se manifestar. Caso contrário, será como agitar novamente a água, tornando-a turbulenta. Temos que parar o tempo o suficiente para recuperar o espaço interior.

O budismo nos lembra que a raiz de nossos pensamentos de sofrimento está no hábito de dar solidez à realidade. Quando projetarmos a ideia de que as coisas são imutáveis, densas e concretas, criamos uma separação entre nós e o "outro", entre o que acontece dentro e fora de nós. Quanto maior for a ideia de que as coisas são fixas maiores nos aparecerão os obstáculos.

Ao ser perguntado: "Como lidamos com as situações práticas da vida enquanto tentamos ser simples e experimentar o espaço?" Trungpa Rinpoche respondeu: "Veja bem, a fim de experimentar o espaço aberto, precisamos também experimentar a solidez da terra, da forma. Eles são interdependentes. Muitas vezes damos um aspecto romântico ao espaço aberto e depois caímos em armadilhas. Contanto que não romantizemos o espaço aberto, imaginando-o um lugar maravilhoso, mas relacionando o espaço à Terra, evitaremos as armadilhas. O espaço não pode ser experimentado sem os contornos da Terra para defini-lo. Se formos pintar um quadro do espaço aberto, teremos de expressá-lo em termos do horizonte da Terra.

É preciso, portanto, voltarmos aos problemas da vida cotidiana, aos problemas banais. Essa é a razão de serem tão importantes a simplicidade e a precisão das atividades diárias. Se percebermos o espaço aberto, deveremos retornar às nossas velhas, familiares, claustrofóbicas situações de vida e examiná-las mais de perto, esquadrinhá-las, absorvermo-nos nelas, até que o absurdo de sua solidez nos chame a atenção e possamos ver-lhe também a qualidade de espaço". Em seguida, perguntaram-lhe: "Como nos relacionamos com a impaciência que acompanha o período de espera?" E ele apenas disse:"A impaciência significa que não temos uma compreensão completa do processo. Se virmos a totalidade de cada ação, deixaremos de ser impacientes". (Chögyam Trungpa, Além do Materialismo Espiritual, Editora Cultrix).

Bel Cesar

6 de dezembro de 2012

Prazer em resolver problemas





É um prazer resolver problemas quando os encaramos como um estímulo para a autorrealização. Afinal, a alegria diante de uma realização interior é genuína.

É como o sorriso de uma criança quando está aprendendo a andar. Quando sua mente está livre de expectativas exageradas e do medo de errar, ela pode gozar da satisfação do autodomínio. No entanto, na medida em que crescemos, esta satisfação gerada pelo autodomínio será inibida devido aos inúmeros "nãos" que passamos a escutar, sem mesmo entender por que.

Gradativamente, a sensação de inadequação, culpa, vergonha e frustração irá se instalar em nossos padrões mentais. Neste sentido, aprendemos que não podemos controlar os "móbiles" como gostaríamos, mas, sim, que serão eles que irão nos controlar!

Bebês que tiverem pequenos prazeres gerados pela autonomia e independência crescem com mais facilidade para afirmar a sua pessoa. Por exemplo, comer com as próprias mãos. Quando os pais insistem em dar comida na boca das crianças, estão tirando delas o prazer e a aventura de comer.

Aprendi com minha mãe a alimentar meus filhos: colocava diante deles diversas tigelinhas com uma leguminosa, um cereal, uma raiz, uma flor, uma folha e um fruto. Assim, eles podiam escolher por si próprios o que queriam comer. No início, com as mãos, depois com a colher. Era uma grande bagunça, mas que deu certo! Nunca tiveram problemas para comer...

Seguir ordens é um processo penoso, pois, na maioria das vezes, representa negar nossas necessidades pessoais. Abrir mão do desejo natural de explorar o desconhecido e saber aguardar o momento justo para agir é um desafio constante que teremos que adquirir ao longo de toda nossa vida.

Quando as crianças observam os adultos tendo prazer em resolver problemas, aprendem e experimentam o mesmo prazer ao tentar resolver seus próprios problemas. Se tivermos crescido num ambiente seguro e que, ao mesmo tempo, nos encorajou para seguirmos adiante com nossas iniciativas e riscos pessoais, quando adultos seremos autônomos e, ao mesmo tempo, respeitaremos nossas necessidades naturais de dependência e proteção. Mas, se tivermos sido constantemente desencorajados a explorar o mundo à nossa volta, vamos crescer crendo que somos incapazes e que agir não leva a nada. A dor de ter nossas emoções e necessidades ignoradas ou distorcidas gera uma sensação profunda de inadequação.

Aos cinco anos de idade, já desenvolvemos uma noção clara do que podemos ou não fazer. Deixamos de agir erroneamente mesmo quando estamos a sós. Se nossos pais foram extremamente controladores, teremos facilmente a sensação de culpa e vergonha quando agirmos por conta própria, à revelia de seus comandos.

Quando crescemos, este sentimento já estará tão arraigado em nós que nem sabemos mais porque o sentimos. A questão é que quando ele se torna demasiado, perdemos tanto o desejo como o prazer de exercitar a nossa própria vontade!

Para superar esse bloqueio criativo, temos que cultivar uma nova postura interior, na qual nos vemos como criadores de nosso próprio curso de vida. Desta forma, será prazeroso nos estimularmos a assumir tanto os riscos como as suas consequências.

Quando nos sintonizamos com a autorresponsabilidade e o autodomínio, somos capazes de aprender a ver os problemas não como problemas, mas como oportunidades de crescimento interior.

Lama Zopa, em seu livro "Transformando problemas em felicidade" nos esclarece que precisamos ter constantemente duas atitudes internas: cultivar uma mente que não tem aversão aos problemas e gerar uma mente que sente prazer em resolvê-los. Para tanto, temos encarar os grandes problemas passo a passo como uma forma de sermos gentis com nossos limites e incertezas. Intuitivamente, sabemos que não adianta ficarmos inquietos, com raiva ou deprimidos.

Lama Gangchen nos aconselha a substituirmos a palavra "problemas" por "pequenas dificuldades". Na realidade, gostamos de arranjar pequenos problemas para resolver, pois a sensação de controlá-los mantém nosso cérebro saudável e equilibrado. Enquanto uma área do cérebro registra a chance de erro e aciona outra área que nos deixa acordados e atentos, outra área analisa a situação e traça estratégias que, por sua vez, ativa o sistema de recompensa, deixando-nos motivados e animados com o desafio.

Na medida em que resgatamos o prazer de solucionar problemas, recuperamos o prazer de viver. Afinal, problemas existem e sempre existirão!



Bel Cesar

12 de setembro de 2012

Sua vida está sem graça?



Com a rotina cheia e muitos prazos a cumprir, facilmente nos sentimos estressados e tediosos. Podemos produzir muito, mas corremos o risco de perder o sabor de nossas conquistas. Por isso, quando caímos na sensação de que a vida ficou sem graça, é hora de fazer algo para recuperar seu frescor.

O que lhe dá a sensação de encanto pela vida? Fiz esta pergunta para um grupo de 20 pessoas. Escutei respostas como: despertar de bem com a vida, compartilhar descobertas ao participar de uma rede interdependente de pessoas e eventos, enfrentar os erros e acertos com a intenção de se conhecer e se aprimorar, ter contato com a natureza e relacionar-se com bebês.

Em outras palavras, o que gera encanto pela vida é manter um estado aberto para a existência. Isto é, deixar-se surpreender pelas pessoas, lugares, ideias, sentimentos e emoções. Quando estamos abertos ao mundo, deixamo-nos ser atravessados pelas experiências à medida em que elas surgem. O ponto mais importante aqui é compreender que este "atravessamento" só pode ocorrer quando há espaço em nós para deixar o outro entrar.

Quanto mais receptivos estivermos para o outro, mais ele poderá nos oferecer. Neste sentido, quando perdemos o encanto pelo mundo e temos um sinal de que estamos demasiadamente ego-centrados: nos tornamos o centro do mundo. Ao usarmos a nós mesmos como referencial de percepção do mundo, passamos a nos comparar demasiadamente com tudo e todos.

Quando nada mais nos surpreende, é sinal de que já estamos tão fechados e rígidos em nossos hábitos e crenças que perdemos a abertura necessária para nos deixarmos ser tocados pelo desconhecido. Estamos cheios de "nós mesmos"!

Com o domínio do mundo tecnológico perdemos o contato entre as pessoas. O excesso de automatismo tornou nossos relacionamentos tão superficiais que perdemos a profundidade humana sem nos darmos conta. Apenas quando reconhecemos a fragilidade dos vínculos afetivos, como a falta de um comprometimento num relacionamento, é que paramos para pensar onde erramos. Cabe ressaltar que este já não é mais um erro pessoal, é um risco coletivo!

Uma vez que a automatização nos distanciou da realidade externa, ficamos "desconectados" pelo excesso de conexão superficial. A superficialidade e o automatismo nos tornaram áridos, sem brilho existencial.

Pelo excesso de conceitualizações, pensamos mais do que vivenciamos. No entanto, a experiência de vivenciar o conhecimento é que dá o prazer de conhecer algo.

Segundo o mestre budista Lama Yeshe nos tornamos inseguros ao desenvolvermos um conhecimento intelectual que não é capaz de tocar nossa experiência interna. Ele dizia: "Muita gente adquire um incrível entendimento intelectual do budismo com facilidade, mas este entendimento é estéril se não fertiliza o coração." Desta forma, não podemos deixar nossos pensamentos tornarem-se mecânicos pois se isso ocorrer eles deixarão de produzir algo que nos despertará interiormente.

Portanto, se quisermos recuperar o encantamento pela vida, teremos que nos abrir para sermos transformados pelas experiências que a vida nos oferece. Sejam elas agradáveis ou não. Desta forma, aceitamos lidar tanto com o prazer como com a dor.

A vida tem sua graça quando há um constante senso de interesse e curiosidade. Superar nosso medo da abertura é um obstáculo que teremos inevitavelmente que enfrentar. Mas, lembre-se: essa dificuldade não é só sua!



Bel Cesar
 

24 de julho de 2012

Vamos discutir ou conversar?



Foi dada a partida: uma nova discussão teve seu início com uma sentença acusativa. Quem escuta sente-se agredido e, na maioria das vezes, responde na mesma moeda. Esse infértil debate de “quem está fazendo o que a quem” gera apenas mais indignação e desconforto. Desta forma, o que parece uma conversa, na realidade, é apenas uma descarga emocional, quer dizer, uma sequência de monólogos carregados da frustração de emoções não digeridas. 

Uma discussão pode se tornar uma boa conversa. Mas para tanto é preciso cultivar um interesse genuíno em melhorar nossos relacionamentos. Quem quer só acusar não está interessado em ouvir. Sem escuta não há conversa. Então, para que discutir se não quer chegar a lugar nenhum? 

Se a situação já está ruim, uma discussão baseada em acusações pode ainda piorá-la. A base de uma discussão saudável encontra-se na motivação com a qual ela deu início. Queremos discutir para mudar para melhor ou apenas para desabafar nossa indignação? Se a intenção for melhorar, podemos conversar, do contrário, é melhor parar: depois que ambos expuseram suas queixas, é preferível dar um tempo para sentir e refletir sobre o que foi dito. 

Quando uma discussão está baseada apenas na indignação, torna-se uma avalanche de reações. Não há tempo para sentir a empatia necessária para gerar um novo entendimento. Não há espaço de escuta quando a prioridade é defender-se. Enquanto o outro fala agressivamente, aquele que escuta só tem tempo para elaborar sua defesa. Como ouvir o outro verdadeiramente se a concentração está voltada para atacá-lo de volta? 

Por exemplo, quanto mais tentarmos coagir o outro a mudar, de acordo nosso ponto de vista e necessidades emocionais, mais frieza emocional e distância física desencadearemos entre ele e nós. Pois, ele, intuitivamente, irá se distanciar para poder encontrar clareza em seu posicionamento. 

A armadilha da chantagem emocional tem suas consequências: os relacionamentos tornam-se artificiais na medida em que precisam seguir regras impostas por um dos parceiros.Muitas vezes, exigimos do outro o que não foi acordado previamente. Ironicamente, quanto maior a entrega afetiva, maior são as exigências! Sem nos darmos conta, projetamos idealismos e expectativas exageradas nos relacionamentos à medida em que eles se tornam mais íntimos... Nem sempre ouvimos o que queremos ouvir! Uma coisa é defender-se do outro, outra é buscar por solução. O caminho está em encontrar uma saída em vez de criar uma constante briga de forças, para ver quem tem mais razão. 

Se quisermos discutir com a intenção de solucionar um conflito, teremos que rever nosso posicionamento, seja de dominador, seja de dominado (papel de vítima). Pois, ironicamente, o agressor agride porque se sente agredido e a vítima reage de forma agressora. Quando uma discussão está baseada na intenção de controlar o outro, ambos se sentem sufocados. Para superar um atrito é preciso deixar de lutar. Mas isso não quer dizer se deixar abater. 

O que desejamos pode estar certo e ser válido, mas ainda assim, não podemos impor aos outros a nossa demanda. Podemos ter clareza sobre nossas necessidades emocionais, mas ao mesmo tempo, se nos colocarmos de modo exigente, impondo ao outro os cuidados sobre nossa vulnerabilidade, desencadearemos mal-estar e em nada ajudará a situação a mudar. 

Revelar ao outro nossa vulnerabilidade é saudável; o que não funciona é transferir ao outro a responsabilidade de zelar por nosso bem-estar. Quando tentamos repassar os cuidados de nossa vulnerabilidade para outro, este gradualmente perde admiração por nós, pois, inevitavelmente, irá se sentir sobrecarregado ao ter que gerir todas nossas frustrações e incapacidades, mesmo que temporariamente. 

Se quisermos ter relacionamentos saudáveis teremos que abandonar a atitude de autopiedade. Ficar no papel de vítima é uma armadilha perigosa, pois nos tornamos facilmente reféns da disponibilidade afetiva do dominador. Transferimos a ele as condições que irão nos gerar tanto tensão como alívio. É sempre a velha história baseada na co-dependência, isto é, quando saberemos o que vamos sentir conforme o outro estiver sentindo. Se ele estiver afetivo e de bom humor “estaremos” felizes, caso contrário, teremos que aguardar por sua disponibilidade... 

É claro que estar ao lado de uma pessoa mal-humorada gera desconforto. Mas, mesmo assim ainda podemos preservar nosso equilíbrio interno. Nestes momentos, é importante saber gerar um distanciamento saudável. Tal como fazemos ao nos aproximar do fogo: intuitivamente sabemos a distância correta para gerar calor e conforto e quando o seu excesso pode nos queimar! 

Toda discussão tem um ponto de partida, mas raramente ele é a causa desencadeadora do conflito. Enquanto não abrirmos o jogo do porquê realmente estamos incomodados, o outro irá se sentir (mesmo que inconscientemente) manipulado. Sem saber o porquê original de toda discussão, ele reagirá contraindo-se, perdendo sua espontaneidade. 

Nos momentos de maior tensão emocional costumamos nos distanciar de nós mesmos. Ao invés de sentirmos nossas emoções, costumamos rejeitá-las. Como isso ocorre? Quando nos tornamos reativos às nossas próprias emoções. Ainda que desconfortáveis, podemos olhar nos bastidores de nossa dor emocional. Revelar para nós mesmos o que se passa por trás de nossa indignação. Há um momento em que temos que parar de tentar nos consertar, pois quanto mais implicamos conosco mesmos, mais solidez iremos gerar em nossos conflitos. 

É preciso superar o hábito de separar-se de si mesmo. Isto ocorre quando vemos nossa falta interna como uma falha ao invés de reconhecê-la como mais uma etapa de percepção natural do caminho do autoconhecimento. Aqui há uma briga interna entre o que sentimos e não queremos sentir. É preciso deixar de sermos reativos a nós mesmos para superarmos uma angústia emocional. 

A emoção não é uma experiência estática. O que parece nos desequilibrar num certo momento, pode ter um efeito menos dramático em outro. A clareza de que podemos perceber uma mesma emoção de formas diferentes nos ajuda a não antecipar nossas avaliações. Quanto mais reagimos aos nossos pensamentos, mais sólido eles se tornam. 

A questão é que aprendemos mais o pensar do que o sentir. Nos tornamos inseguros para lidar com nossas próprias emoções porque desenvolvemos um conhecimento intelectual que não é capaz de tocar nossa experiência interna. Por isso, diante de uma discussão nem tudo o que dizemos ou escutamos é capaz de surtir o efeito almejado. Mas não devemos desistir. Pois só interagindo é que aprendemos a arte de nos comunicar. 

É saudável aprender a lutar. Se nos tornarmos passivos diante de um ataque agressivo nos tornaremos cada vez mais fracos e vulneráveis à agressão alheia. É saudável nos defender! Onde recusamos a enfrentar um problema, ele nos será ensinado contra a nossa vontade. A coragem em lidar com os confrontos e defender nossos projetos, princípios e valores desperta o instinto de força e vida.

Bel Cesar

19 de julho de 2012

O sutil desequilíbrio do estresse



Em meu novo livro O Sutil Desequilíbrio do Estresse falo sobre como o acúmulo sutil de pequenas incoerências do nosso dia-a-dia acionam o eixo de estresse, causando sutis desequilíbrios na nossa química cerebral. Quanto maior for o conflito entre nossos desejos internos e as realidades externas maior será o dano que estaremos causando a nós mesmos! 

Por volta do nosso segundo ano de vida já aprendemos o truque de exibir expressões faciais afetivas diferentes dos nossos estados emocionais internos. Muito cedo, aprendemos a agir de acordo com o que o mundo espera de nós! 

Sem dúvida, quando nos comportamos socialmente de modo apropriado, garantimos nossa sobrevivência. Mas o ponto é que passamos tempo demais nos adequando socialmente sem nos darmos conta do que realmente está ocorrendo em nosso interior. Desta forma, sem a consciência de nossos sentimentos genuínos, não percebemos quando eles deixam de ser validados e expressados de modo coerente. 

A experiência de expressar o nosso estado mental e de os outros perceberem e responderem a esses sinais é de vital importância para nossa saúde física e emocional. Isso gera harmonia e bem-estar. 

No entanto, são muitas as vezes em que sorrimos quando estamos tristes ou nos calamos quando queremos gritar. Representamos nosso papel social tão bem que nos surpreendemos com a habilidade de enganar o mundo à nossa volta. O fato é que ao cultivar o hábito de representar este papel duplo de modo incoerente criamos gradualmente cada vez mais vínculos artificiais. 

Quanto mais artificiais nos tornamos, mais vulneráveis são nossos vínculos afetivos. Naturalmente, sempre desconfiamos do que intuitivamente não sentimos como verdadeiro. A artificialidade gera insegurança e desconforto. Inseguros, perdemos a capacidade de gerar vínculos autênticos, e, portanto, satisfatórios. Isso ocorre na medida em que perdemos a naturalidade em expressar nossos sentimentos tanto quanto a capacidade de ler os sinais genuínos das expressões afetivas alheias. 

A questão é que o ponto de partida deste aprendizado deu-se quando ainda éramos bebês! A criança usa o estado de espírito de um progenitor para ajudar a organizar os seus próprios processos mentais. Ou seja, por meio das expressões faciais, do tom de sua voz e de seus gestos, os pais ensinam seus filhos a sentirem e expressarem suas emoções primárias. 

Assim como as cores primárias são a base para a formação de outras cores, as emoções primárias geram a qualidade inicial de um estado emocional como agradável ou desagradável. Em outras palavras, se o humor de nossos pais influenciou nosso modo de pensar e sentir, precisamos agora, como adultos, sintonizarmo-nos com nossa própria natureza emocional. 

O humor é o que dá um ponto de vista ao raciocínio. Se tivemos pais pessimistas e mal humorados é provável que tenhamos o hábito da desconfiar da possibilidade de que as coisas dão certo. Portanto, agora teremos que nos familiarizar com um estado de humor que seja mais favorável para nós. Na medida em que aprendemos a reconhecer a influência do estado de humor que cultivamos interiormente, podemos ajustá-lo de modo mais positivo. 

Aquele que não percebe seus sentimentos corre o risco de pensar de não tê-los. No entanto, isso não é verdade, os sentimentos estão lá, mas será preciso a consciência para acioná-los. Sentir nos orienta, ajuda-nos a planejar o futuro, a transformar nossos comportamentos destrutivos e a cultivar relações significativas. 


Bel Cesar

14 de julho de 2012

Saber se consultar



É fato: somos seres interdependentes. Afinal, estamos invariavelmente ligados uns aos outros, ao ambiente e a todos os seres vivos. No entanto, não podemos confundir este estado interdependente com o de manter-se dependente.Somos dependentes quando estamos sujeitos aos comando alheios sem que tenhamos a liberdade de nos consultar quanto as nossas escolhas, desejos e necessidades. Mas, para tanto, precisamos primeiro reconhecê-los! 

O problema é que em geral passamos tempo demais nos adequando aos outros socialmente que nem percebemos que nossos sentimentos genuínos muitas vezes não são expressos coerentemente. 

Por exemplo, quando dizemos o que não sentimos, concordamos quando ainda estamos em dúvida ou nos calamos quando temos muita necessidade de falar, perdemos a capacidade de validar nossas emoções a partir de quem somos verdadeiramente. Como resultado, facilmente nos sentimos insuficientes seja para atender as demandas alheias, seja para nos sentir em paz internamente. 

Saber se consultar de modo honesto é a base de todo bom relacionamento. Acolher a si mesmo, é um treino de autossustentação. A honestidade gera um senso de realidade no qual criamos um referencial seguro para comunicarmos o que de fato estamos sentindo. Agrade ou não ao outro escutar o que temos a dizer. 

Na medida em que praticamos tal honestidade, tornamo-nos autênticos, ganhamos força de expressão e autoridade em nossos posicionamentos. Saber dizer a nós mesmos: “Eu de mim sei” é um modo de despertarmos a autoconsciência. Na medida em que aprendemos a nos consultar não ultrapassamos mais nossos limites cedendo às imposições alheias. 

Cabe ressaltar, que saber de si não significa nos apegarmos a uma ideia fixa sobre nós mesmos, mas, sim, não ter medo de nos consultar . Quando cultivamos um estado de honestidade e abertura para conosco temos a coragem de sentir até mesmo o que não sabemos denominar. 

Saber se consultar é desobrigar-se da necessidade de saber de si o tempo todo. Uma vez que sabemos que podemos nos consultar, não precisamos mais nos garantir incessantemente. O ponto é que quanto melhor reconhecermos nossas próprias emoções, menos nos sujeitamos cegamente às vontades alheias. Em outras palavras, quanto mais conhecemos nossos recursos e fragilidades, menos atribuímos ao outro a responsabilidade de cuidar deles. 

Por exemplo, uma coisa é reconhecermos nossa dependência em relação a alguém e nos sentirmos imobilizados, sem saída, outra coisa é nos sintonizarmos com nossa vulnerabilidade e fazermos algo a respeito dela. 

Emoções desagradáveis, como a de sentir o medo de ser abandonado por quem nos consideramos dependentes indicam que ainda temos algo a saber sobre nós mesmos que ainda não exploramos. Conhecer melhor a própria vulnerabilidade já é em si um modo de se fortalecer. 

Outra questão importante é não confundir o ato de se consultar internamente com o de desconectar-se dos outros. Consultar nossas bases não quer dizer evitar o outro, a ponto de sentir: “Não preciso de ninguém”. Mas, sim, de saber estabelecer limites saudáveis no quais podemos nos dizer com clareza: “Eu sou eu, você é você”. 

Ser dependente é contar com os outros “trabalhando” por nós, assumindo nossas responsabilidades. Enquanto que, ser demasiadamente independente é preferir ficar sem satisfazer nossos desejos, como o de estar com o outro, em prol de sentir-se vulnerável diante dele. Neste sentido, buscamos uma certa autonomia emocional como um modo de evitar entrar em contato com a sensação de carência que surge ao se relacionar com o outro. 

O paradoxo do relacionamento é que ele nos obriga a sermos nós mesmos, expressando-nos sem hesitação e assumindo uma posição. Ao mesmo tempo, exige que abandonemos todas as posições fixas, bem como nosso apego a elas. O desapego em um relacionamento não significa que não tenhamos necessidades ou que não prestemos atenção a elas. Se ignoramos ou negamos nossas necessidades, cortamos uma parte importante de nós mesmos e teremos menos a oferecer ao parceiro. O desapego em seu melhor sentido significa não se identificar com as carências nem com as preferências e aversões. Reconhecemos sua existência, mas permanecemos em contato como nosso eu maior, onde as necessidades não nos dominam. A partir desta perspectiva, podemos escolher afirmar nosso desejo ou abandoná-lo, de acordo com as necessidades do momento. 

Não é fácil assumir a responsabilidade por nosso próprio destino, assim como é doloroso manter-se dependente. De maneira geral, existem dois tipos de pais: aqueles que estimulam as crianças a se tornarem “pequenos adultos” transmitindo-as a mensagem subliminar “Seja autônomo, apressa-te a crescer” e aqueles que retardam seu crescimento educando-as a se sujeitar e se submeter a vontade deles: “Enquanto você fizer o que eu digo poderá contar com a minha proteção”. Ambas opções deixam suas marcas. Cabe a cada um reconhecê-las e fazer algo por si para transforma-las. 

Neste sentido, quanto mais assumirmos o controle da resolução de nossos próprios problemas e com sábia abertura de receber o apoio necessário, mais desenvolvemos a motivação interna necessária para nos tornarmos adultos confiantes e participativos. 

Bel Cesar

17 de agosto de 2011

Prazer em resolver problemas




É um prazer resolver problemas quando os encaramos como um estímulo para a autorrealização. Afinal, a alegria diante de uma realização interior é genuína. É como o sorriso de uma criança quando está aprendendo a andar. Quando sua mente está livre de expectativas exageradas e do medo de errar, ela pode gozar da satisfação do autodomínio.

No entanto, na medida em que crescemos, esta satisfação gerada pelo autodomínio será inibida devido aos inúmeros nãos que passamos a escutar, sem mesmo entender por que.

Gradativamente, a sensação de inadequação, culpa, vergonha e frustração irá se instalar em nossos padrões mentais. Neste sentido, aprendemos que não podemos controlar os móbiles como gostaríamos, mas, sim, que serão eles que irão nos controlar!

Seguir ordens é um processo penoso, pois, na maioria das vezes, representa negar nossas necessidades pessoais. Abrir mão do desejo natural de explorar o desconhecido e saber aguardar o momento justo para agir é um desafio constante que teremos que adquirir ao longo de toda nossa vida.

Quando as crianças observam os adultos tendo prazer em resolver problemas, aprendem e experimentam o mesmo prazer ao tentar resolver seus próprios problemas. Se tivermos crescido num ambiente seguro e que, ao mesmo tempo, nos encorajou para seguirmos adiante com nossas iniciativas e riscos pessoais, quando adultos seremos autônomos e, ao mesmo tempo, respeitaremos nossas necessidades naturais de dependência e proteção. Mas, se tivermos sido constantemente desencorajados a explorar o mundo à nossa volta, vamos crescer crendo que somos incapazes e que agir não leva a nada. A dor de ter nossas emoções e necessidades ignoradas ou distorcidas gera uma sensação profunda de inadequação.

Aos cinco anos de idade, já desenvolvemos uma noção clara do que podemos ou não fazer. Deixamos de agir erroneamente mesmo quando estamos a sós. Se nossos pais foram extremamente controladores, teremos facilmente a sensação de culpa e vergonha quando agirmos por conta própria, à revelia de seus comandos.

Quando crescemos, este sentimento já estará tão arraigado em nós que nem sabemos mais porque o sentimos. A questão é que quando ele se torna demasiado, perdemos tanto o desejo como o prazer de exercitar a nossa própria vontade!

Para superar esse bloqueio criativo, temos que cultivar uma nova postura interior, na qual nos vemos como criadores de nosso próprio curso de vida. Desta forma, será prazeroso nos estimularmos a assumir tanto os riscos como as suas consequências.

Para recuperar a alegria de conquistar uma nova habilidade, temos que nos conscientizar, repetidas vezes, de que não somos mais reféns do controle externo como fomos um dia.

Quando nos sintonizamos com a autorresponsabilidade e o autodomínio, somos capazes de aprender a ver os problemas não como problemas, mas como oportunidades de crescimento interior.

Lama Zopa, em seu livro Transformando problemas em felicidade, nos esclarece que precisamos ter constantemente duas atitudes internas: 1. cultivar uma mente que não tem aversão aos problemas e 2. gerar uma mente que sente prazer em resolvê-los.
Ele nos aconselha a substituirmos a palavra problemas por pequenas dificuldades. Na realidade, gostamos de arranjar pequenos problemas para resolver! Pois a sensação de controlá-los mantém nosso cérebro saudável e equilibrado. Enquanto uma área do cérebro registra a chance de erro e aciona outra área que nos deixa acordados e atentos, outra área analisa a situação e traça estratégias que, por sua vez, ativa o sistema de recompensa, deixando-nos motivados e animados com o desafio.

Na medida em que resgatamos o prazer de solucionar problemas, recuperamos o prazer de viver. Afinal, problemas existem e sempre existirão!



Bel Cesar 

Carpenters - Only Yesterday