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15 de janeiro de 2011

Todas as cartas de amor são ridículas



Todas as cartas de amor são
Ridículas.
Não seriam cartas de amor se não fossem
Ridículas.

Também escrevi em meu tempo cartas de amor,
Como as outras,
Ridículas.

As cartas de amor, se há amor,
Têm de ser
Ridículas.
Mas, afinal,
Só as criaturas que nunca escreveram
Cartas de amor
É que são
Ridículas.

Quem me dera no tempo em que escrevia
Sem dar por isso
Cartas de amor
Ridículas.

A verdade é que hoje
As minhas memórias
Dessas cartas de amor
É que são
Ridículas.

(Todas as palavras esdrúxulas,
Como os sentimentos esdrúxulos,
São naturalmente
Ridículas.)


Fernando Pessoa


13 de janeiro de 2011

Sonhe




Sonhe com as
estrelas, apenas sonhe,
elas só podem brilhar no céu.

Não tente deter o vento,
ele precisa correr por toda parte,
ele tem pressa de chegar, sabe-se lá aonde.

As lágrimas?
Não as seque,
elas precisam correr na minha,
na sua, em todas as faces.

O sorriso!
Esse, você deve segurar,
não o deixe ir embora, agarre-o!

Persiga um sonho,
mas, não o deixe viver sozinho.
Alimente a sua alma com amor,
cure as suas feridas com carinho.

Descubra-se todos os dias,
deixe-se levar pelas vontades,
mas, não enlouqueça por elas.

Abasteça seu coração de fé,
não a perca nunca.
Alague seu coração de esperanças,
mas, não deixe que ele se afogue nelas.

Se achar que precisa voltar, volte!
Se perceber que precisa seguir, siga!
e estiver tudo errado, comece novamente.
Se estiver tudo certo, continue.
Se sentir saudades, mate-as.
Se perder um amor, não se perca!
Se o achar, segure-o!

Circunda-se de rosas, ama, bebe e cala.
O mais é nada!




Fernando Pessoa

29 de outubro de 2010

Procure seus caminhos




Procure seus caminhos,
Mas não magoe ninguém nessa procura
Arrependa-se, volte atrás, peça perdão!

Não se acostume com o que não o faz feliz
Revolte-se quando julgar necessário
Alague seu coração de esperanças
Mas não se afogue nelas.

Se achar que precisa voltar, volte!
Se perceber que precisa seguir, siga!

Se estiver tudo errado, comece novamente
Se estiver certo, continue
Se sentir saudades, mate-a
Se perder um amor, não se perca!
Se o achar, segure-o!


Fernando Pessoa

23 de outubro de 2010

Solidão


A liberdade é a possibilidade do isolamento. 
Se te é impossível viver só, nasceste escravo.
Fernando Pessoa

5 de julho de 2010

Superação



"De tudo ficaram três coisas:

A certeza de que estamos sempre começando...
A certeza de que é preciso continuar...
A certeza de que seremos interrompidos antes de terminar...

Portanto devemos fazer:

Da queda um passo de dança
Do medo, uma escada
Do sonho, uma ponte
Da procura... um encontro".

Da interrupção um caminho novo

15 de junho de 2010

Para ser grande




"Para ser grande, sê inteiro:
nada teu exagera ou exclui.
Sê todo em cada coisa. Põe quanto és no mínimo que fazes.
Assim em cada lago a lua toda brilha, porque alta vive".

14 de junho de 2010

O Abecedário de Fernando Pessoa




Neste mês de junho é celebrado os 122 anos de nascimento do escritor português Fernando Pessoa - e, por que não, também de Alberto Caeiro, Álvaro de Campos, Ricardo Reis e Bernardo Soares, seus poetas inventados. Assim desdobrado em vários, Pessoa conseguiu confundir a relação entre autoria e personalidade, vida e obra, sentimento e expressão. Atento a essa rede armada pelo poeta, o pesquisador e crítico Fernando Cabral Martins organizou o Dicionário de Fernando Pessoa e do Modernismo Português, que está sendo lançando hoje.


São mais de 600 artigos reunidos escritos por estudiosos renomados em quase mil páginas que, a partir da obra do poeta, contextualizam aquele movimento literário em Portugal, que modificou as artes e a sociedade como um todo. O ponto de partida é a data da primeira aparição pública de Pessoa, 1912, e vai até o ano de sua morte, 1935.

Pessoa era um homem reservado, misterioso até. Figura complexa, criador de tantos "eus", Pessoa deixou poucas pistas sobre seus pensamentos. Quando alguém afirma que ele acreditava na astrologia, na Rosa-Cruz, na cabala, no cristianismo, no paganismo, no espiritismo ou em qualquer outro "ismo", é porque não leu bem toda a sua obra. O poeta acreditava em cada uma destas doutrinas, e duvidava delas todas. Da mesma maneira que os heterônimos se contrapunham e contradiziam, assim acontecia com as crenças de Pessoa.

O dicionário oferece algumas das perspectivas dessa trajetória excepcional. Nada, porém, de conclusões definitivas - afinal, como dizia o próprio poeta, "todas as frases do livro da vida, se lidas até ao fim, terminam numa interrogação".



Fonte: Ubiratan Brasil - O Estado de São Paulo

Edição: Lena