Tentei escrever qualquer coisa diferente. E, quando tudo falhou, tentei escrever sobre a chuva. Porque está uma noite de chuva e estou sozinha. Neste palco, só existo eu, a luz do candeeiro e a chuva, que disseram, desaparecia esta noite. Entreteria outra gente noutro local que não a minha janela. Chamei-lhe, uma vez impiedosa; noutra, agradeci-lhe por ter ocultado as minhas lágrimas. Hoje não sei o que lhe chamaria ou o que lhe agradeceria. Hoje, estou cansada e doente e nem de ti quero falar. Por isso, hoje vou fechar a luz mais cedo e se a chuva resmungar, deixa. Nem sempre temos o papel principal. Foto de José Ramos, "À procura de almas" (Olhares) Textos protegidos pelo IGAC - Cópias, totais ou parciais, proibidas