9.6.10
8.6.10
Matilda, no Réveillon
7.6.10
Saudades do N95
Um dia, em Manaus, encontrei Olli-Pekka Kallasvuo, presidente e CEO da Nokia, e perguntei como fariam para superar o N95. Apresentado em fins de 2006 e lançado em 2007, o N95 foi, para muita gente – esta cronista incluída – o melhor celular de todos os tempos. Olli-Pekka sacou o N95 do bolso, olhou, virou na mão, olhou mais um pouco:
-- Vai ser difícil mesmo. Ele poderia talvez ser um pouco mais fino, a bateria devia durar mais... e...
-- E?
-- Não sei. Está tão bom assim, né?
Não estava bom, estava ótimo. A tal ponto que, até hoje, acho que não foi superado. O iPhone é mais bonito, mas em termos de funcionalidade continua perdendo; LGs e Samsungs variados têm um design mais chamativo, mas só; os Androids da Motorola são campeões, mas nenhum pode ser usado com uma mão só – para não falar nas câmeras. Os únicos aparelhos que se comparam aos Nokia em termos de imagem são alguns Sony-Ericsson. Em suma: como conjunto de obra, o N95 continua sendo o tal, apesar do sistema operacional já antiguinho e do look fatigado da interface.
Continua, não: continuaria. Porque, por uma dessas infelicidades da tecnologia, ele já não pode ser encontrado em lugar nenhum, exceto em sites de leilões como o eBay e o Mercado Livre. Semana sim semana não recebo email de algum desconsolado usuário de N95 que procura um novo aparelho para comprar, e não sei o que responder, porque eu mesma ando atrás de um substituto à altura e não encontro. O N97 mini é muito simpático, tem uma câmera excelente e roda os mesmos aplicativos, mas, como tantos outros aparelhos, trocou o T9 por teclado qwerty. Como usuária de longa data de T9, prefiro escrever palavras nas teclas numéricas. É mais rápido e, como eu disse antes, pode ser feito com uma mão só.
Produtos bem sucedidos como o N95 não deveriam sair de cartaz; eles têm fãs que estão muito satisfeitos com sua forma & função, não exigem de um celular nada além do (muito) que o aparelho oferece e não estão dispostos a aprender tudo de novo com modelos que, pelo menos por enquanto, lhes oferecem menos... por mais.
Mas aí está, justamente, o X do problema. A indústria não vive de repor velhos telefones quebrados, e sim de inventar novidades e novas necessidades. Num encontro ainda mais antigo com um CEO da Nokia, este em Helsinki e com o legendário Jorma Ollila (o antecessor de Olli-Pekka Kallasvuo, que decidiu descartar todos os demais negócios da empresa e concentrar seu foco em tecnologia móvel), fui apresentada ao 7650, primeiro celular com câmera integrada. A idéia, na época, era apenas engraçada.
-- Daqui a pouco você não vai mais encontrar um aparelho sem câmera no mercado, -- disse Ollila, profeticamente.
Estávamos em 2002 e, durante um bom tempo, celulares com câmera foram vistos como excentricidades de nerds. Mas não duvidei porque, quando os sábios falam, a gente escuta.
No momento, sou toda ouvidos – mas ainda não ouvi nenhuma boa resposta ao N95, nem por parte da Nokia, nem por parte de ninguém na indústria.
Continuo esperando.
(O Globo, Revista Digital, 7.6.2010)
6.6.10
5.6.10
Fala, Thiago!
Um bebêzinho recém-nascido, que está na UTI neonatal, precisa doações de sangue.
Vamos ajudar?
"O sangue do meu guri é B+ mas é válido também o O+ (não pode ter tomado a vacina H1N1). Os endereços estão abaixo e eles ficam abertos de segunda a sexta, das 8h00 às 15h00, e aos sabados das 8h00 às 11h00.
Rua Santa Luiza, 206 - Centro - Santa Casa
Rua Conde Irajá, 183 - Botafogo - Hematologistas Associados
Quem for fazer a doação por favor identifique-a para Arthur Eloy Barbeita, recém-nascido de Roberta Eloy e Leandro Barbeita, no Hospital Barra D´Or."
Vamos ajudar?
Nada de novo no front
Ou será "O dia em que a Terra parou"? Só isso explica que em tantas séries diferentes o jornal seja sempre o mesmo...
A descoberta foi do The High Definitive e eu, por minha vez, descobri tanto a sacada quanto o blog lá no Twitter, ainda agora.
4.6.10
Fala, Priscila!
“A ONG Orquestrando a Vida, através da Academia de Orquestras e Coros Sinfônicos de Campos atende 1180 crianças e jovens entre coros e orquestras sinfônicas. Partindo-se da premissa de que todas as pessoas possuem habilidades, talento e potencial que necessitam ser despertados e/ou desenvolvidos, o projeto aposta na educação e na cultura como o mais importante instrumento de socialização e inclusão dos indivíduos na sociedade. Temos como maior objetivo prepará-los para uma futura profissão através da música, oportunizando o ensino da prática instrumental, coral, orquestral e teórica.”
A Orquestra Jovem Mariuccia Iacovino é onde estão os alunos mais velhos e mais experientes da ONG. São jovens entre 14 e 19 anos e todos são muito talentosos.
Essa mesma orquestra foi convidada a representar o Brasil no grande Festival Internacional da Música em La Paz – Bolívia, em setembro deste ano. O Festival se responsabiliza por todos os gastos internos advindos da presença da Orquestra: hospedagem, alimentação e translado interno. Porém, a ONG terá que arcar com as despesas de translado aéreo Brasil x Bolívia.
Serão necessários aproximadamente 900 Reais por integrante na única operadora aérea que executa esse trecho, e não há essa disponibilidade de fundos no momento na ONG.
Os integrantes da Orquestra Jovem, sabendo dessa dificuldade, não esmoreceram: dividiram-se pelos naipes e estão, à sua maneira, tentando levantar os fundos necessários. Eles estão organizando rifas, festas, pedindo patrocínio em empresas locais.
Por ser um montante considerável, venho a público neste blog pedir ajuda financeira. Como estudante de viola, estou representando este naipe, mas a Orquestra só poderá viajar se todos os integrantes puderem participar. Sendo assim, toda doação excedente será encaminhada para a Direção da ONG alocar em algum naipe que não tenha alcançado seu objetivo.
É importante frisar que não sou representante legal desta ONG, mas me responsabilizo social e judicialmente com relação a qualquer problema relacionado às doações feitas por meu intermédio.
Duas formas de doações podem ser feitas:
Dinheiro: Qualquer valor faz uma diferença imensa. Os depósitos podem ser feitos diretamente na conta da ONG e eles estão totalmente disponíveis pra mandar comprovantes, pros que precisam disso pra Imposto de Renda e tal. A ONG é idônea e tem toda a papelada legal pra receber (e comprovar) doações e eles estão inteiramente à disposição pra qualquer pergunta que seja necessária. Para receber o número da conta, entrem em contato comigo no e-mail informado abaixo;
Passagens: essa é a opção ideal pra quem não puder ajudar com dinheiro e /ou tem milhas que estão pra vencer, mas não poderão aproveitá-las. 10.000 milhas rendem um trecho da passagem (20.000 milhas garantem a ida e volta) e pode-se retirar essa passagem diretamente no nome dos integrantes da Orquestra, sem maiores complicações, segundo a operadora do trecho.
Em qualquer um dos casos, a conta de correio para contato é violistasojc@gmail.com. Sou eu, pessoalmente que atenderei qualquer pessoa que tenha interesse em nos ajudar.
Ah! Os (as) Violistas prometem um presente de agradecimento para todos que derem uma forcinha!
Muito obrigada!
Priscila Braga (futura violista).
3.6.10
Ruim com ela, pior sem ela
Depois de escrever sobre a Suipa, na semana passada, recebi diversos emails, todos mais ou menos do mesmo teor. Resumindo, eles diziam mais ou menos o seguinte: “Ruim com ela, pior sem ela”. Faz sentido. Quem conhece a situação dos bichos abandonados do Rio de Janeiro e o trabalho da Suipa sabe que, apesar da superlotação e da desorganização geral, ela ocupa um espaço absolutamente vital na cidade.
Entraram em contato comigo associados e amigos da Suipa, voluntários antigos e atuais, protetores de cães e gatos. Alguns chegaram a questionar os motivos da promotora que abriu fogo contra a instituição, mas houve consenso em relação aos vereadores que ocuparam os holofotes da mídia pedindo uma CPI: eles não passam de bactérias oportunistas, que só querem aparecer. Também houve gente de pé atrás com a creche subitamente construída ali ao lado, de onde partem, agora, queixas em relação aos cães, ao barulho, ao mau cheiro. Ora, vai dizer que, antes de construírem a tal creche, seus proprietários não sabiam onde estavam?
De tudo o que me foi escrito e contado, porém, o mais importante foi o email enviado pelo dr. Renato Campello Costa, presidente da Comissão de Clínica e Bem Estar Animal do Conselho Regional de Veterinária. Coube a ele fiscalizar e avaliar as denúncias na esfera da medicina veterinária, para apuração dos fatos.
“Para melhor avaliação da Suipa nós a separamos em duas, a clínica veterinária e o abrigo.“ escreveu o dr. Renato. “Na clínica veterinária que ali funciona não encontramos nenhum sinal de maus tratos aos animais de forma deliberada, ao contrário do que foi amplamente divulgado na imprensa. Observamos, isso sim, médicos veterinários capazes e dedicados, exercendo sua profissão com dignidade. Já o abrigo é outra história, que pormenorizamos no relatório anexo, mas que deve, ainda assim, ser analisada com muito cuidado.”
O dr. Renato me pediu que lesse o relatório que encaminhou ao presidente do CRMV, dr. Romulo Spinelli, “para que possamos trazer à baila a realidade dos fatos, isenta de opiniões parciais ou desprovidas de veracidade, com intuito de fazer justiça aos profissionais que ali trabalham dignamente e também para ajudar, de fato, os animais abandonados.”
Nem precisava ter pedido. Li o relatório com o maior interesse. Também liguei para o dr. Renato, que me contou uma coisa curiosa:
-- Eu tenho uma clínica na Barra da Tijuca. Trabalho, como você pode imaginar, num universo radicalmente oposto ao da Suipa. E, quando fui para lá, influenciado pelo que tinha lido nos jornais, achei que ia cair numa sucursal do inferno, num autêntico campo de concentração para bichos. Pois, quer saber? Apesar de todos os problemas que encontrei, fiquei surpreso com o que vi lá.
“No atendimento de rotina da clínica trabalham 28 médicos veterinários realizando atendimento clínico, cirurgias, exames laboratoriais e exames complementares, como ultrassonografia e eletrocardiograma,“ diz o relatório oficial. “Na recepção é feita uma triagem dos cerca de 150 animais atendidos a cada dia para encaminhamento aos consultórios, que se encontravam em boas condições de higiene, assim como a sala de cirurgia, o laboratório e as salas de hidratação. Algumas salas estão em construção e reforma, assim como um novo canil de recebimento de animais. Talvez em função das obras e do elevado número de animais atendidos, é clara uma necessidade de melhor organização e arrumação das salas, mas nada que deponha contra as condições dos médicos veterinários que ali prestam os atendimentos clínicos.”
O problema é o abrigo: “Esta área encontra-se em condição realmente caótica, com grande número de animais abrigados juntos. Há também gaiolas para os doentes que necessitam de cuidados especiais e não podem ser alojados junto aos demais. O espaço é insuficiente. Alguns ficam apenas presos em coleiras, pois não há gaiolas para todos. Não observamos em momento algum “maus tratos” aos animais, mas, indubitavelmente, as condições para tratá-los não são as ideais. Pudemos, inclusive, verificar o momento em que foi recebido um cão abandonado em situação crítica, com lesões desfigurantes na face e com alterações neurológicas evidentes. Tal animal, mesmo em condições ideais, provavelmente teria pouca chance de sobreviver. A Suipa funciona em situação precária para abrigar os animais sem dono, mas qual outra instituição o faz?”
“Ficou claro que as notícias veiculadas nos últimos dias, dando conta de que a mortalidade de animais abandonados estaria em alarmantes 98 %, não procedem. Certamente muitos desses animais abandonados morrem, mas é preciso notar em que estado chegam (e são aceitos!). São animais sem dono ou animais cujos donos não têm condição ou vontade de tratá-los, e que não têm outra opção.
Em resumo, eu diria que a clínica da Suipa funciona em condições satisfatórias diante do que se propõe a oferecer. Já em relação ao abrigo para animais abandonados, as condições são, sim, insalubres, mas são melhores do que se eles fossem deixados do lado de fora, para perecer sem qualquer assistência.”
(O Globo, Segundo Caderno, 3.06.2010)
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