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sábado, 26 de fevereiro de 2011

SONETO




Não chame o meu amor de Idolatria
Nem de Ídolo realce a quem eu amo,

Pois todo o meu cantar a um só se alia,

E de uma só maneira eu o proclamo.

É hoje e sempre o meu amor galante,
Inalterável, em grande excelência; 

Por isso a minha rima é tão constante
A uma só coisa e exclui a diferença.

'Beleza, Bem, Verdade', eis o que exprimo;
'Beleza, Bem, Verdade', todo o acento;
E em tal mudança está tudo o que primo,
Em um, três temas, de amplo movimento.
'Beleza, Bem, Verdade' sós, outrora;

Num mesmo ser vivem juntos agora.

William Shakespeare


terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Eu aprendi


Eu aprendi que a melhor sala de aula do mundo está aos pés de uma pessoa mais velha.
Eu aprendi... que quanto menos tempo tenho, mais coisas consigo fazer.
Eu aprendi... que só se deve dar conselhos em duas ocasiões: quando é pedido ou quando é caso de vida ou morte...
Eu aprendi... que não importa quanta seriedade a vida exija de você, cada um de nós precisa de um amigo brincalhão para se divertir junto.
Eu aprendi... que dinheiro não compra classe.
Eu aprendi... que são os pequenos acontecimentos diários que tornam a vida espetacular.
Eu aprendi... que debaixo da casca grossa existe uma pessoa que deseja ser apreciado e amado, e não sabe se manifestar.
Eu aprendi... que se Deus não fez tudo num dia só, o que me faz pensar que eu posso.
Eu aprendi... que ninguém é perfeito até que você se apaixone por uma pessoa.
Eu aprendi... que as oportunidades nunca são perdidas, alguém vai aproveitar as que você perdeu.
Eu aprendi... que um sorriso é a maneira mais barata de melhorar sua aparência.

(William Shakespeare)

*23 de abril de 1564
+23 de abril de 1616

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Oscar Wilde





Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila.
Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante.
A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos.
Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo.
Deles não quero resposta, quero meu avesso.
Que me tragam dúvidas e angústias e agüentem o que há de pior em mim.
Para isso, só sendo louco.
Quero-os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças.
Escolho meus amigos pela cara lavada e pela alma exposta.
Não quero só o ombro ou o colo, quero também sua maior alegria
Amigo que não ri junto não sabe sofrer junto.
Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade.
Não quero risos previsíveis nem choros piedosos.
Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem,
mas lutam para que afantasia não desapareça.
Não quero amigos adultos nem chatos.
Quero-os metade infância e outra metade velhice.
Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto e velhos,
para que nunca tenham pressa.
Tenho amigos para saber quem eu sou.
Pois os vendo loucos e santos, bobos e sérios,
crianças e velhos, nunca me esquecerei de que "normalidade"
é uma ilusão imbecil e estéril.

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Poesia













Mulheres

Elas sorriem quando querem gritar.
Elas cantam quando querem chorar.
Elas choram quando estão felizes.
E riem quando estão nervosas.
Elas brigam por aquilo em que acreditam.
Elas levantam-se para a injustiça.
Elas não aceitam "não" como resposta
quando acreditam que existe melhor solução.
Elas andam sem novos sapatos
para as suas crianças os poderem ter.
Elas vão ao médico com uma amiga assustada.
Elas amam incondicionalmente.
Elas choram quando as suas crianças adoecem
e se alegram quando suas crianças ganham prémios.
Elas ficam contentes quando ouvem acerca
de um aniversário ou de um novo casamento.

  Pablo Neruda

sexta-feira, 30 de abril de 2010

Aviso

Aviso aos Amigos e seguidores deste Blog
Por problemas de saúde, deixei de escrever textos novos para o Blog.
Por enquanto, coloco esta poesia do Pablo Neruda, para preencher o espaço que o Wellington criou com tanto esforço e dedicação. Logo voltarei a postar novidades para vocês.
Boa tarde a todos.
Silvana Araújo.












Se cada dia cai


Se cada dia cai,
Dentro de cada noite,
Há um poço onde a claridade está presa.
Há que sentar-se na beira do poço da sombra
E pescar a luz caída com paciência.

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Poema - O Indiferente



O Indiferente

Posso amar tanto louras como morenas,
A que cede à abundância e a que trai por pobreza,
A que busca a solidão e a que se mascara e brinca,
Aquela que o campo cultivou e a da cidade,
A que acredita, e a que hesita,
A que ainda lacrimeja com olhos esponjosos,
E a rolha seca que nunca chora.
Eu posso amar essa e esta, e tu, e tu,
Posso amar qualquer uma, desde que não seja leal.
Nenhum outro vício vos satisfará?
Não vos será útil fazer como as vossas mães?
Ou, gastos todos os velhos vícios, inventaram novos?
Ou atormenta-vos o medo de que os homens sejam fiéis?
Oh, não o somos, não o sejais vós também,
Deixai-me conhecer, eu e vós, mais de vinte.
Roubem-me, mas não me prendam, deixai-me ir.
Devo eu, que vim a estas dores através de vós
Tornar-me vosso fiel súdito, porque sois leais?
Venus ouviu-me suspirar esta canção,
E pela maior doçura do amor, a variedade, jurou
Que a não ouvira até então, e não mais seria assim.
E foi-se, investigou, e depressa regressando
Disse: Enfim, existem umas duas ou três
Pobres heréticas do amor
Que pretendem instaurar a perigosa constância.
Mas eu disse-lhes: Dado que pretendeis ser leais,
Sereis leais para com aqueles que vos sejam falsos.

John Donne - Inglaterra (1572-1631)
Clérigo/Poeta/Prosador - "Poemas Eróticos"
Tradução de Helena Barbas

domingo, 4 de abril de 2010

Indo para o leito - poesia



Elegia: INDO PARA O LEITO

Vem, Dama, vem, que eu desafio a paz;
Até que eu lute, em luta o corpo jaz.
Como o inimigo diante do inimigo,
Canso-me de esperar se nunca brigo.
Solta esse cinto sideral que vela,
Céu cintilante, uma área ainda mais bela.
Desata esse corpete constelado,
Feito para deter o olhar ousado.
Entrega-te ao torpor que se derrama
De ti a mim, dizendo: hora da cama.
Tira o espartilho, quero descoberto
O que ele guarda, quieto, tão de perto.
O corpo que de tuas saias sai
É um campo em flor quando a sombra se esvai.
Arranca essa grinalda armada e deixa
Que cresça o diadema da madeixa.
Tira os sapatos e entra sem receio
Nesse templo de amor que é o nosso leito.
Os anjos mostram-se num branco véu
Aos homens. Tu, meu anjo, és como o céu
De Maomé. E se no branco têm contigo
Semelhança os espíritos, distingo:
O que o meu anjo branco põe não é
O cabelo mas sim a carne em pé.
    
Deixa que a minha mão errante adentre
Atrás, na frente, em cima, em baixo, entre.
Minha América! Minha terra à vista,
Reino de paz, se um homem só a conquista,
Minha mina preciosa, meu Império,
Feliz de quem penetre o teu mistério!
Liberto-me ficando teu escravo;
Onde cai minha mão, meu selo gravo.
    
Nudez total! Todo o prazer provém
De um corpo (como a alma sem corpo) sem
Vestes. As jóias que a mulher ostenta
São como as bolas de ouro de Atalanta:
O olho do tolo que uma gema inflama
Ilude-se com ela e perde a dama.
Como encadernação vistosa, feita
Para iletrados, a mulher se enfeita;
Mas ela é um livro místico e somente
A alguns (a que tal graça se consente)
É dado lê-la. Eu sou um que sabe;
Como se diante da parteira, abre-Te: 
atira, sim, o linho branco fora,
Nem penitência nem decência agora.
   
Para ensinar-te eu me desnudo antes:
A coberta de um homem te é bastante.

               
(Tradução: Augusto de Campos)


John Donne (1572 - 1631) > Nascido em Londres de rica família católica, veio a converter-se ao anglicanismo. Foi um expoente da chamada Poesia Metafísica ( Filosófica ). Escreveu também muitos textos religiosos, e uma das suas 'Meditações' veio a inspirar o título de famoso livro de Ernest Hemingway.
Note, nessa poesia do séc. XVII, o erotismo nem tão sutil, embora imaginativo ou idealista.

terça-feira, 2 de março de 2010

Florbela Espanca



Poetisa portuguesa, natural de Vila Viçosa (Alentejo). Nasceu filha ilegítima de João Maria Espanca e de Antónia da Conceição Lobo, que morreu com apenas 36 anos, de uma doença que ninguém entendeu, mas que veio designada na certidão de óbito como nevrose.

Registada como filha de pai incógnito, foi todavia educada pelo pai e pela madrasta, Mariana Espanca, em Vila Viçosa.

Note-se como curiosidade que o pai, que sempre a acompanhou, só 19 anos após a morte da poetisa, por altura da inauguração do seu busto, em Évora, e por insistência de um grupo de florbelianos, a perfilhou. Estudou no liceu de Évora, mas só depois do seu casamento (1913) com Alberto Moutinho concluiu, em 1917, a secção de Letras do Curso dos Liceus.

Em Dezembro de 1930, agravados os problemas de saúde e de ordem psicológica, Florbela morreu em Matosinhos, tendo sido apresentada como causa da morte, oficialmente, um edema pulmonar.

Fumo


Longe de ti são ermos os caminhos,
Longe de ti não há luar nem rosas;
Longe de ti há noites silenciosas,
Há dias sem calor, beirais sem ninhos!


Fanatismo


Minh’alma, de sonhar-te, anda perdida.
Meus olhos andam cegos de te ver!
Não és sequer razão do meu viver
Pois que tu és já toda a minha vida!...
E, olhos postos em ti, digo de rastros:
Ah! Podem voar mundos, morrer astros,
Que tu és como Deus: Princípio e Fim!...


segunda-feira, 1 de março de 2010

Anaïs Nin


Anaïs Nin (21/02/de 1903), nasceu em Neuilly, perto de Paris e morreu em 14/01/1977 em Los Angeles. Batizada Angela Anais Juana Antolina Rosa Edelmira Nin y Culmell, era filha do compositor Joaquin Nin, cubano criado na Espanha e Rosa Culmell y Vigaraud, de origens cubana, francesa e dinamarquesa. Anaïs Nin tornou-se famosa pela publicação de diários pessoais, que medem um período de quarenta anos, começando quando tinha doze anos. Foi amante de Henry Miller e só permitiu que seus diários fossem publicados após a morte de seu marido Hugh Guiler.


Seus romances e narrativas, impregnados de conteúdo erótico foram profundamente influenciados pela obra de James Joyce e a psicanálise. Dentre suas obras destaca-se Delta de Vênus (1977), traduzido para todas as línguas ocidentais, aclamado pela crítica americana e européia.

Anaïs Nin - Mulher


Eu escolho um homem
que não duvide de minha coragem
que não me acredite inocente
que tenha a coragem
de me tratar
como uma mulher

- Anais Nin

domingo, 28 de fevereiro de 2010

Walt Whitman


 Walt Whitman, de registro Walter Whitman Junior, nasceu em 31 de maio de 1819 em West Hills, Long Island, Nova York, o segundo filho de um marceneiro e fazendeiro, Walter Whitman, Senior, de origem inglesa e Louisa Van Velsor, de ascendência holandesa e galesa. Em 1824, a família se mudou para o Brooklyn, onde o pai de Whitman desempenhou a profissão de construtor. Ao todo serão oito irmãos: Jesse, Walt, Mary Elizabeth, Hannah Louisa, Andrew Jackson, George Washington, Thomas Jefferson e Edward. Alguns dos nomes dos irmãos de Whitman indicam a proximidade desse tempo com a Revolução Americana, de 1776, e com a recém-formada República Federativa, de cuja primeira geração fez parte o pai do poeta.


Do Inquieto Oceano da Multidão

Do inquieto oceano da multidão veio a mim uma gota gentilmente suspirando: — Fiz uma extensa caminhada apenas para te olhar, tocar-te, pois não podia morrer sem te olhar uma vez antes, com o meu temor de perder-te depois.

Agora nos encontramos e olhamos, estamos salvos, retorna em paz ao oceano, também sou parte do oceano, não estamos assim tão separados, olha a imensa curvatura, a coesão de tudo tão perfeito!

(Walt Whitman, in "Leaves of Grass")

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Oda ao Vino

 

 VINO color de día,
vino color de noche,
vino con pies de púrpura
o sangre de topacio,
vino,
estrellado hijo
de la tierra,
vino, liso
como una espada de oro,
suave
como un desordenado terciopelo,
vino encaracolado
y suspendido,
amoroso,
marino,
nunca has cabido en una copa,
en un canto, en un hombre,
coral, gregario eres,
y cuando menos, mutuo.
A veces
te nutres de recuerdos
mortales,
en tu ola
vamos de tumba en tumba,
picapedrero de sepulcro helado,
y lloramos
lágrimas transitorias,
pero
tu hermoso
traje de primavera
es diferente,
el corazón sube a las ramas,
el viento mueve el día,
nada queda
dentro de tu alma inmóvil.
El vino
mueve la primavera,
crece como una planta la alegría,
caen muros,
peñascos,
se cierran los abismos,
nace el canto.
Oh tú, jarra de vino, en el desierto
con la sabrosa que amo,
dijo el viejo poeta.
Que el cántaro de vino
al beso del amor sume su beso.

Amor mio, de pronto
tu cadera
es la curva colmada
de la copa,
tu pecho es el racimo,
la luz del alcohol tu cabellera,
las uvas tus pezones,
tu ombligo sello puro
estampado en tu vientre de vasija,
y tu amor la cascada
de vino inextinguible,
la claridad que cae en mis sentidos,
el esplendor terrestre de la vida.

Pero no sólo amor,
beso quemante
o corazón quemado
eres, vino de vida,
sino
amistad de los seres, transparencia,
coro de disciplina,
abundancia de flores.
Amo sobre una mesa,
cuando se habla,
la luz de una botella
de inteligente vino.
Que lo beban,
que recuerden en cada
gota de oro
o copa de topacio
o cuchara de púrpura
que trabajó el otoño
hasta llenar de vino las vasijas
y aprenda el hombre oscuro,
en el ceremonial de su negocio,
a recordar la tierra y sus deberes,
a propagar el cántico del fruto.


Pablo Neruda, Odas Elementales
- Atendendo a pedidos!
- Grato a Márcia Freitas, Ilha de Inspiração!

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Ode ao Vinho - Pablo Neruda

 

Vinho cor de dia,
Vinho cor de noite,
vinho com pés de púrpura
ou sangue de topázio,
vinho,
despedaçado filho
da terra,
vinho, liso
como uma espada de ouro,
suave
como um desordenado veludo,
Vinho
encaracolado
e suspenso,
amoroso,
marinho,
nunca coubeste numa taça,
num canto, num homem,
coral,
gregário
és,
e quando menos, mútuo.

As vezes
te nutres de lembranças
mortais,
em tua onda
vamos de túmulo em túmulo,
canteiro de sepulcro gelado,
e choramos
lágrimas transitórias,
mas
teu formoso
traje de primavera
é diferente,
o coração sobe aos galhos,
o vento move o dia,
nada fica
dentro de tua alma imóvel.
O vinho
move a primavera,
cresce, como uma planta, a alegria,
caem muros,
penhascos,
fecham-se os abismos,
nasce o canto.

Ó tu, jarra de vinho, no deserto
com a gostosa que amo,
disse o velho poeta.
Que o cântaro de vinho
ao beijo do amor some seu beijo.

Amor meu, de repente
teu quadril
é a curva cheia
da taça,
teu peito é o racimo,
a luz do álcool tua cabeleira,
as uvas teus mamilos,
teu umbigo selo puro
desenhado em teu ventre de vasilha,
e teu amor a cachoeira
de vinho
inextinguível
,
a clareza que cai em meus sentidos,
o esplendor terrestre da vida.
Mas não só amor,
beijo
ardente

ou coração queimado
és, vinho de vida,
também
amizade dos seres, transparência,
coro de disciplina,
abundância de flores.

Amo sobre uma mesa,
quando se fala,
a luz de uma garrafa
de inteligente vinho.
Que o bebam,
que recordem em cada
gota de ouro
ou taça de topázio
ou colher de púrpura
que trabalhou o outono
até encher de vinho as vasilhas
e aprenda o homem obscuro,
no cerimonial de seu negócio,
a lembrar a terra e seus deveres,
a propagar o cântico do fruto.