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12/02/2015

Escuta, pequenina...

Quando a ansiedade, aquele nervoso miudinho que muito depressa passa a graúdo, aquelas borboletas enjoativas no estômago e aquela vertigem repentina começam a chegar... pensa para ti: "o que mudou, desde a última vez que te sentiste bem?", e a resposta vai, muito provavelmente ser "nada". Por isso, não temas, não dês ouvidos aos medos. Nada mudou, pequenina. És a mesma, as pessoas são as mesmas, os lugares são os mesmos. Vai ficar tudo bem.
 
p.s. Amanhã vou para Paris com o meu Amor.

25/01/2015

Ela vive!!!

Sim... ainda vivo...
Ainda há alguém aí?
Não sei... não tenho tido muito para dizer. E, quando assim é, vale mais mesmo não dizer nada.
 
A minha pequenina "esquizofrenia" anda ao rubro... e oxalá Deus não me castigue por usar levianamente esta metáfora.
Todos procuramos a nossa cura. Eu tenho procurado a minha também. A cura para a minha Ansiedade. Para os medos embutidos na minha mente. Para as minhas inseguranças e carências.
O meu Amor ainda está comigo. Aquela maravilha! Aquele calor que reconforta.
Mas eu continuo a ser a mesma. Foram muitos anos de fugas e isolamento e maus hábitos e ainda tremo quando tenho que olhar para o mundo.
Mas vou aprendendo a viver com isso, a aceitar que sou uma pessoa que sente e anseia demais e fazer por transformar isso numa coisa "normal" e suportável.
 
Ontem fiz uma primeira sessão de acupuntura. Bommmmm... =)

06/02/2014

Para não me esquecer

O Amor não e um teste. Não é uma prova que presto ou ele me presta todos os dias.
A minha ansiedade desvairada e ridícula faz-me, às vezes, quando ando em "modo esfregão", pensar que não estou "apta" ou "capaz" de ser quem ele conhece e quem ele espera encontrar em mim. Este é o meu terror, para com ele, para com todo a gente, para com o mundo. Algo em mim se desliga do exterior e sinto-me desajustada e estranha e ameaçada. Ele também me assusta quando estou assim. Porque ele é o meu Amor. Se há alguém no mundo para quem eu quero estar sempre bem e dar sempre e só o melhor de mim, é ele. Logo, a minha responsabilidade e o peso que sinto para estar bem com ele é incalculável.
Mas o Amor não é um teste. O Amor não requer o melhor de nós todos os dias. O Amor é precisamente a antítese disso: é o compromisso trocado entre duas pessoas de que vão compreender-se e apoiar-se e esperar-se todos os dias, cada dia. Sem pressão, sem pressa. Adaptando-nos um ao outro como a roupa se adapta ao estado do tempo.
O Amor é a manta que sabemos que está à nossa espera quando regressarmos a casa. É a palavra apaziguadora e reconfortante que nos compreende sem necessitar de entender racionalmente as nossas razões.
O Amor é uma declaração feita todos os dias; uma declaração de que nos gostamos, nos queremos e de que nos sentimos a falta na ausência. O Amor é algo bom. E é uma arma que tenho agora para combater a minha ansiedade e os meus medos. Não devo ter medo do meu Amor.
É insano colocar sequer essa hipótese.

28/01/2014

Estou zangada

...e isso não tem nada de mal, certo?
Dou-me conta, nestes dias em que estou em "modo esfregão".... Já falei disto aqui, certo? Modo esfregão. Há dias em que uma pessoa se sente bem, bonita, capaz... E há dias em que nos sentimos um esfregão, daqueles muito enxovalhados e gastos e repelentes... Tenho andado em modo esfregão. E passo um lápis negro sobre a linha das pestanas, de modo a levantar-me o olhar, ou um bâton garrido que desvie as atenções do meu rosto pálido... Mas, ainda assim, estou em modo esfregão.
Dizia eu, então, que nos dias em que estou em modo esfregão apercebo-me com terror da fragilidade de tudo.  Não sei... Como se estivesse a usar óculos demasiado graduados, que me fazem ver mais do que queria e me deixam com náuseas ao mesmo tempo. Quase consigo ver o sentido das coisas, da própria Vida, e esse sentido resume-se a nada. Somos formiguinhas. Minúsculas e pouco inteligentes, ridículas na nossa azáfama, na nossa rotina que alguém se lembrou de criar e que vamos seguindo de forma mecânica, muito pouco inteligente. E acho tudo insuportável. Tudo ridículo. E eu, mais ridícula ainda, por não conseguir misturar-me. E tenho medo das pessoas. Um medo cego e irracional. Medo da sua simpatia e mais medo ainda da sua crueldade. Não me zango. Tenho medo de me zangar com as pessoas, medo de queimar pontes. Perco a noção do que me pertence por direito e daquilo que ultrapassa esse direito e onde eu deveria ceder. Sei que estou em desequilíbrio e isso destrói a confiança que tenho nas minhas próprias emoções e razões.
Então, estou zangada. Estou zangada com as pessoas que conheço e que me desiludem, com as pessoas que fazem disparates, que são mesquinhas ou más... Estou zangada porque a alternativa a isso é ficar triste... E acho que já andei triste tempo de mais. Seja zangada, então.

11/01/2014

o que fazer?

... o que fazer quando uma situação que estava ultrapassada regressa para nos assombrar?
O que se faz quando, após uma escalada longa e laboriosa, um pé escorrega e perdemos uma parte grande da altura que conseguimos tão alegremente conquistar?

Por mais que eu queira chorar e desistir de lutar contra o impulso de tremer, sei que a resposta correcta é: NADA. Não se faz nada. Não se olha para baixo, não se vê que estamos próximos do chão outra vez. Continua-se a olhar para cima e, agarrado à ideia de que não foi tanto assim o que se perdeu, retoma-se a subida para recuperar o mais rapidamente possível do deslize. Não se faz mais nada. Não se desce até ao chão e à segurança para ficar em posição fetal e tentar esquecer que vimos as alturas. Nem se fica imóvel no meio do nada, demasiado teimoso para descer e demasiado medroso para continuar a subir. Então, se não se desce nem se fica no mesmo sítio, para cima é que é caminho. E as mãos podem arder do esforço e o corpo pode acusar o cansaço, mas ambos têm determinação para continuar; mais um bocadinho. Mais o que for preciso.

Então, eu não vou fazer nada. Talvez chore, por uma questão de revolta e descompressão. Mas de resto, nada.

17/02/2013

Tenho dito.

(imagem retirada de http://filmgrab.wordpress.com/movies-a-z/, do filme American Beauty)
 
Estou a aprender. E vou caminhando aos poucos e vou-me aventurando. E tento enxotar convictamente aquela sirenezinha irritante de alarme que grita: "quando olhares para baixo, a vertigem vai-te paralizar". Mas eu não vou olhar. E, se olhar, não vou ter medo porque me vou lembrar que os passos que dei para chegar ali foram dados com segurança.
 
Não vou ser aquele cão. E quando hesitar, vou decidir, conscienciosamente, não dar tempo de antena à vozinha que guincha na minha cabeça e que gosta de pensar e repensar e dissecar tudo até ao infinito.
Ohhhhhh... tivesse eu um botaozinho que dissesse "Mute"!
Mas, como não tenho, é a minha vontade férrea que vai fazer a diferença.
E, na falta dela, a minha mãe que me empurra para fora de casa!

08/02/2013

Saber recuar



Desistir não é bom. Não arriscar é a frustração suprema de aceitar permanecer ad eternum com mais um "e se...?".
Mas eu acho que a prova maior de sanidade é reconhecer quando o preço a pagar (a perda da serenidade) e o risco de não conseguir são maiores do que a recompensa de ir e vencer. Eu reconheço isto.
 
Eu não gosto de desistir. Eu luto, sempre que posso e que me é fisicamente suportável. Mas às vezes a luta agiganta-se ainda antes de começar. E o meu sono, as batidas serenas do meu coração, as minhas mãos quentes, a minha sanidade e o meu apetite não merecem ser sacrificados desta forma. Não sempre. Não porque é o normal e o esperado. Eu não sou normal, não reajo normalmente às coisas e o que é esperado de mim pesa-me de uma forma insuportável.
Não me orgulho de fugir. Vou ter vergonha e vou pedir desculpa, mas estou a aprender a caminhar sem medo e é um erro desatar a correr só porque me desafiaram a isso.
 
Sanidade é reconhecer onde estou e sopesar aquilo que tenho a perder contra o que poderei ganhar. E desta vez, para minha vergonha e frustração, mas para meu sossego também, vou recuar perante um desafio.

24/12/2012

A soothing song

Calma, pequenina...
Tudo passa. Não há mal ou terror que sempre dure, nem as horas negras que se arrastam na noite demorarão indefinidamente... Dá mais uma volta, respira fundo, controla os batimentos desvairados do teu peito e abdomen, acalma os tremores que te desassossegam pernas e braços... Respira e diz para ti todas as palavras confortantes que precisas ouvir... Convence-te do teu Poder. Acredita nele. Acredita na força da tua vontade, na absoluta certeza de que um "não" pronunciado pelos teus lábios tudo pode acalmar.
Ninguém te persegue, ninguém te fustiga... Não temas. Não temas agressores e, sobretudo, não temas o que te querem bem. As palavras amáveis, os gestos grandiosos e os sorrisos reconfortantes não precisam ser "pagos". Eles são-te dados gratuitamente e basta sorrires-lhes para que o dador se sinta recompensado. Não temas, não osciles sob um peso que te convenceste que tens que carregar.
Não penses demais.
 
Eu sei... Eu sei que não funciona assim. Que é doloroso. Fisicamente doloroso. E que o medo do imprevisto é esmagador. E que, para o escorraçares, tentas prever todas as situações possíveis, o que é esgotante. Eu sei que não existe um botão de desligar. Eu sei que quando dás por ti já estás a ser sacudida, sem aviso ou hipótese de recuperação, por um vendaval que te absorve toda a sanidade e dilui as proporções do mundo real. E és enorme e têm um peso maciço todos os teus gestos, todos os aspectos ridículos da tua existência, bem à vista de todos... Oh, poder ser invisível...!
Outras vezes, és minúscula, e o mundo dança a um passo que não és fisicamente capaz de acompanhar... Uma intensiva mascarada que te suga a energia e te cansa os músculos da cara.
Porque é que tão poucas vezes te sentes do tamanho certo??
 
Não temas a noite, não penses que o desassossego escolhe a hora em que te recolhes, indefesa, para te vir incomodar... Nem temas o dia, não fujas da luz nem das pessoas que ela traz...
Tem confiança em ti, pequenina. Não fujas das felicitações, elogios ou abraços que vês virem na tua direcção... Não te vão magoar, nem virar contra ti no último instante.
Olha para ti. Estás um ano mais velha. Sentes a idade que tens?

12/12/2012

The Words - As Palavras

Este é uma daqueles filmes extarordinariamente simples, tão leves e despretensiosos, que começamos a ver numa de "a ver o que sai daqui", e aos 6 minutos já estamos completamente agarrados...
Eu tenho muito a mania de falar na primeira pessoa do plural, porque acho (oh, doce egocentrismo) que toda a gente vai ter a mesma reacção e opinião que eu.



O filme é belíssimo. O trailler levanta uma pontinha do véu... mas só vendo. Só vendo, porque não há floreados, nem reviravoltas, nem cenas de suster a respiração...o filme vê-se enquanto se respira devagar... e se inspira o que se vê e o que se ouve da boca das personagens, lindas, todas!
 
Este filme cai-me no colo sem eu pedir... pela mão de um amigo. E eu vi-o, para passar tempo, mas fui apanhada desprevenida... E agora penso... penso no peso das palavras. No poder que passa pelos dedos de quem escreve. Como tecem uma teia (às vezes com o coração, outras vezes com a inteligência eloquente), uma teia que envolve os que lêem... Se só se passar os olhos pelas palavras, o feitiço não funciona. É preciso lê-las. Ler o que elas dizem e saber ir escolher entre os seus mil significados aquele que o escritor lhe quis imprimir.
 
As palavras têm peso. Os gestos têm peso. A mim pesam-me. Pesam-me no peito a ponto de me fazer dificil inalar o ar e aflitivo exalá-lo.
Tenho medo de palavras e gestos que possam vir das mãos do amigo, que sejam apresentados como dádivas, como um agradecimento pelo meu sorriso, que é sempre grande, como uma brincadeira, como um laço... Tenho medo que venham muitas coisas...e que eu não suporte o seu peso.

29/11/2012

Post que não foi

Eu vinha escrever... Mas não vou. Não vou fazer mais um post cansativo a tentar explicar os meus desvarios mais para minha própria compreensão do que para quem me lê...
Não vou dar tempo de antena a terrores artificiais e ansiedades fúteis de sítios que ainda não vi, de palavras que ainda não ouvi, de gente que não vejo... As pessoas de todos os dias metem-me medo; os cheiros são todos intoxicantes; as cores são todas estridentes; as paredes demasiado apertadas (ou demasiado frágeis, se o objectivo for proteger-me dentro delas); os espaldares das cadeiras, sufocantes; as palavras, plásticas; a minha respiração, ofegante; as minhas mãos geladas; a minha pulsação, desvairada. Ansiedade, pânico, claustrofobia são palavras muito feias mas demasiado leves e curtas para exprimir... E, enquanto tudo isto me passa pela cabeça, por uma ridicularice, só porque um gatilho foi pressionado, as pessoas continuam as suas conversas e interacções e movimentos...
Faltam-me as palavras e esta insanidade indizível, vinda sabe-se lá de onde, paira por aqui, dona do pedaço, mais por sugestão, porque já aconteceu antes, do que por alguma ameaça real e premente...
Quão avariada sou? E, por me ter dado conta disso, de que dou demasiado tempo de antena a esta treta, resolvi não escrever este post... Mas já que aqui estou, não resisto a partilhar um tesourinho do Facebook que, dadas as circunstâncias, parece ser sobre mim:

21/10/2012

A Manta


Todos temos uma manta. Aquela da infância era fofinha, felpuda, tinha o nosso cheiro e nós usámo-la até os cantos começarem a desfazer-se e as cores serem irreconhecíveis.
A manta protege-nos do frio. E dos papões. Basta puxá-la até nos cobrir a cabeça, segurá-la com força, prender o fundo com os pés, entalar os lados debaixo do corpo. Estamos hermeticamente protegidos e dormimos sossegados.
E é horrível o dia em que nos vêm dizer, ou descobrimos por nós próprios, que a manta... é só uma manta. E que, se o frio aumentar, nós vamos congelar, apesar dela. E que, se os papões vierem mesmo, muito facilmente eles nos arrancam da nossa protecção fingida.
O que será de nós, quando isso acontecer?
E, enquanto não acontece, como poderemos continuar a apreciar a nossa manta e a dormir descansados com ela?

30/08/2012

Sobre a ansiedade

Há uma diferença subtilíssima entre fugir e escapar... tão subtil que, às vezes, usamos as palavras como sinónimos.
Fugir é pânico desenfreado. É descontrolo... Run for your liiiiiiiives...!!!
Escapar é discreto e confiante. É uma jogada, uma exigência de paz e sossego, de distância.
Quando eu fujo, a luta está perdida. E então corro, para evitar males ou vergonhas maiores.
Se eu tivesse escapado antes, se tivesse escutado a mim própria, à minha vontade, em vez de ao meu desejo, eu não teria caído e não teria necessidade de fugir.
Devo ser ardilosa e previdente. Escapar, antes de ser forçada a fugir.

05/05/2012

Dias assim...

São os dias assim... Os dias em que acordo e começo a tremer ainda antes de sair da cama, em que os olhos pesam e as mãos não aquecem, em que me sinto alerta, com todos os instintos de fuga a gritar; em que respondo mal à minha mãe por coisa nenhuma, só porque ela não sabe adivinhar que estou assim... São os dias assim que fazem de mim a pessoa mais horrível e intratável do mundo. Um bicho do mato. Uma anti-social irremediável. Tenho que lhe pedir desculpa...

23/04/2012

Tudo o vento pode levar

Onde vais, vento? Para onde corres apressado? Se ao menos eu pudesse ir contigo...
Aqui, cercam-me... E eu desiludo.
Eu posso ser agradável, posso ser meiga e querida, sei ser amiga e desejável... Mas que não me peçam que o seja sempre. Que não me cerquem. Vou desapontar. Vou revoltar-me e libertar-me grosseiramente dos laços de todos...
Que aceitem o que dou. Que não esperem mais.
Se não, peço ao vento que me leve.

21/09/2011

Eu finjo




Pois está claro que finjo. Podes condenar-me?! Mas o meu fingimento não é como os demais... O meu fingimento é na proporção do meu amor. Quanto mais te amo, mais preciso fingir.
Finjo que não dependo da visão de ti para respirar, nem de te tocar para ouvir uma melodia que mais ninguém ouve, nem de sentir o teu cheiro para que o doce saiba a doce... Sinestesias, não é como chamam à intersecção de sensações? Finjo para que penses que estou contigo por opção, por vontade, não por dependência.
Finjo gostar de todas as tuas piadas, finjo não me importar que te atrases, finjo não reparar nas bacoradas que dizes, finjo nunca estar cansada para ti, finjo que não sinto o estômago revolto de cada vez que te vejo ou que se diz o teu nome, finjo não sentir um
micro-arrepio de cada vez que ouço a tua voz, finjo não sentir ciúmes do tempo que não passas comigo, finjo alegrar-me efusivamente com as pequenas ninharias que te fazem feliz... Finjo ajustar-me perfeitamente a ti.
Se não te amasse tanto, dava-me tal como sou. Em vez disso, sou uma fraude, mas uma fraude perfeita para ti.
E depois asfixio. Porque "o mundo do fingimento é uma jaula, não um casulo". Finjo por ti, por amor a ti. Finjo para te saber merecer e depois, porque é tudo fingimento, perco-te por não te saber ter.
Escrito para a Fábrica de Letras, mês de Setembro, tema: Fingimento.

24/02/2011

Quando choro

...não me olho ao espelho. Não quero ter na memória a imagem de que chorei. Não que chorar seja mau. É purificador e necesário, até. Mas não quero lembrar o motivo que me fez chorar.
Nem tenho o hábito de beber as lágrimas que me caem nos lábios, como alguns. Cada lágrima contém em si um pouco do que nos é tóxico e, bebendo-as, estamos a interiorizá-lo novamente, renovando o ciclo.
Nem deixo que me vejam chorar; não quero um lembrete personificado, piedade ou compreensão.
Choro sozinha e no escuro. Choro sem me ver. Choro de frustração, de revolta e de dores. Tento não chorar de tristeza.
Choro porque quero. Porque preciso. É como tomar um banho regularmente porque, por mais cuidado que tenhamos, vamo-nos sujando...
Choro porque quero, quando posso. E depois as lágrimas secam sozinhas.

14/02/2011

Compreendes o que digo?

...
...cuidado... Vai andando... Oxalá não te vejam. Se te virem, oxalá não te notem. Se te notarem, oxalá não te interpelem. Se te interpelarem, oxalá não te incomodem. Se te incomodarem, oxalá não te sufoquem...
Vai andando... Estão a ver-te! ...age normalmente. Notaram-te. Vêm na tua direcção para te interpelar... Calma... Calma, não! foge! Foge, agora... Esquiva-te. Hesitaste. Agora deixa-os interpelar-te. De certeza que te vão incomodar. Calma. Respira fundo. Não tens que. Ninguém te obriga a. Mas vai parecer mal se não fores. Diz que sim. Diz que vais. Arranjas uma desculpa depois. Diz-lhes "logo se vê", se não quiseres comprometer-te.
Comprometeste-te. Vão sufocar-te. Sabes que sim. Já aconteceu outras vezes, porque haveria de ser diferente agora?
Mas vai com calma. Respira fundo. Conta até dez. Aquece as mãos. Agarra qualquer coisa com força, para que não tremam. Olha, o céu ainda é azul. E já ninguém olha para ti agora. A vida segue. O mundo não tomba. Depois vais, se quiseres. Se não quiseres, inventas uma desculpa... Que disparate. Não sejas ridícula. Não inventas desculpa coisa nenhuma. Meteste-te nelas, agora aguenta. Se arranjares desulpas estarás a fraquejar. A subestimar-te. O pior que pode acontecer é caíres...
Vais cair. Vais cair porque não consegues abstrair-te de mim, da minha voz dominadora. Vale mais fugires. Não vás. Não te deixes levar indolentemente para o meio deles. Arranja uma desculpa. Ninguém te vai chamar louca. Só tu é que vais saber. Só tu é que me ouves. Não vás. Foge... Tu queres ir? Mas não podes. Tu vês demais. Tu não és igual a eles. Tu tens uma carga diferente. Inventa. Arranja-te. Não vás.
Isso... Devagar. Afasta-te. Já não te vêem... Caminha direita. Com cuidado. Vai andando...

Para a Fábrica de Letras, mês de Fevereiro: A Loucura.

29/11/2010

Fugir, esquivar ou ficar

Dizem-me que não posso fugir para sempre... que não dá para fugir para sempre e que, quanto mais me afastar e adiar agora, pior será quando quiser voltar...
Eu sei disso tudo... Eu não quero fugir sempre. Não! Eu tenho a firme convicção de que, um dia, eu vou ser grande! ...mas enquanto não me sinto assim, eu fujo só mais um bocadinho. Nem é bem fugir. É mais "esquivar", de fininho, fazendo figas para que dê certo... só mais hoje... Só até não fazer tanto frio, e o sol brilhar e eu me sentir mais leve e poder olhar em volta e não me sentir ameaçada e me sentir alta e confiante e digna...
É como dar um mergulho. Ir aos pouquinhos para evitar um choque, para criar uma lenta habituação, é uma treta. Saltar lá pra dentro de uma vez é que é! Dizem que faz mal porque o choque é demasiado grande... Mas não dói tanto. ...espero eu que não doa...
O que é certo é que tudo seria muito melhor se eu não chegasse sequer a fazer todos estes juízos e a pesar o que é melhor, o que é mais radical ou mais seguro... Se eu fosse, simplesmente.
E, neste ponto, ouço mais uma vez dentro da minha cabeça as vozes que me dizem "o que tu precisas é de problemas a sério!". Também já houve quem dissesse "tu precisas é de peso!", mas nos dias que correm essas pessoas já não merecem muito a minha consideração...

06/09/2010

Uuuuuuiiii... Estamos em Setembro

Não tá fácil... Os últimos dias não têm sido fáceis.
É esta altura do ano. É o tempo. É a ansiedade. É eu. É o raio que o parta... Não sei. Não tenho justificação. Sei só que, apesar de gostar do Outono, o mês de Setembro é fatal para mim. Porque os dias ficam mais curtos e mais escuros, e eu tenho medo do escuro. Porque o Verão está a queimar os últimos cartuxos e toda a gente corre para aproveitar os últimos momentos, como se isto fosse uma contagem decrescente para coisa nenhuma. Contagens decrescentes deixam-me nervosa, seja para o dia do meu aniversário, para o Ano Novo, para o final de um jogo de futebol, para sair do trabalho... Porque estamos a aguardar ansiosamente o fim de algo para depois fazer o quê??! Bater as palmas? Comer passas e pedir desejos? Gerar uma discussão com os colegas sobre que equipa jogou melhor, independentemente do resultado?
Há toda uma série de coisas a preparar-se à minha volta; para amanhã, para daqui a uma semana, um mês, quatro meses... E eu já me sinto sufocada por elas.
Eu sou ovelha, indolente e indefesa, desprevenida perante os impulsos imprevisíveis dos lobos que me rodeiam.
Não quero ser ovelha. Não quero ser alvo nem quero ser notada. Não quero que me surpreendam. Não quero que me digam que sou tudo. Não quero flores. Não quero ser esperada.
Setembro é um mês difícil. Era o mês em que o meu pai vinha para perturbar. Era quando eu tinha que voltar para a faculdade, longe de casa. Era quando a luz e o tempo e os hábitos mudavam e se projectava um novo ano lectivo, um novo ano religioso... E os projectos fazem-me mal.
Setembro foi o mês em que eu caí a primeira vez... e a segunda e a terceira também. Sempre em Setembro. E agora já não consigo ignorá-lo. Estou viciada. Tenho medo dele. É psicológico. E, não tenho orgulho em afirma-lo mas, a minha psique é fortíssima. Tão forte que, se eu pensar que Setembro poderá ser mau, Setembro vai, de facto, ser uma desgraça...

05/05/2010

Anti-depressivos

... são a pior coisinha que por aí anda. Falo por experiência. Estou qualificada.
Fazem-nos sentir bem, tranquilos e capazes. Por nos sentirmos assim, com conselho do médico ou por auto-recreação, vamos reduzindo a dose ou abandonamos totalmente. E, então, cai tudo sobre nós novamente. E voltamos à estaca zero: buscar alívio nos comprimidos.
Os medicamentos normais curam. Toma-se e fica-se bem. Mas anti-depressivos e calmantes não são mais do que anestesias. Mantêm-nos dormentes e insensíveis às coisas que nos fazem vibrar da maneira errada, e mantêm pensamentos maus fora da nossa cabeça. Ficamos mais leves, a concentração diminui, assim como a nossa memória.
Mas o "podre" continua lá. Só foi cortada a ligação que ele tinha ao nosso sistema. E não mais do que isto.
Um dia, apercebi-me deste facto. De que andava iludida. De que não ia ficar curada daquela maneira. Então parei. De um dia para o outro. Não tomei mais nada. Não consultei o médico. Sofri, mas ergui-me. Aos poucos. Tão lentamente que quase não se via evolução. Só hoje, decorridos mais de 2 anos, é que me dou conta que há, de facto, alguma melhoria.

Apesar de tudo, tenho sempre comigo uma caixinha SOS. Preciso dela. Porque apesar do caminho que estou a percorrer, há momentos em que tudo é grande de mais e eu preciso de um empurrão. É claro que era muito mais bonito fazer cara de má e dizer alto e bom som "Não!posso cair mas levanto-me...mas não volto a tomar porcarias!". Mas há certas coisas, certas oportunidades e experiências que me seriam dolorosas e que me passariam ao lado porque eu estaria com um ataque de ansiedade. Então (acontece muuuuuito raramente mas) quando vejo chegar uma coisa boa que, inexplicavelmente me faz sentir aflita e ansiosa a um ponto desconfortável, eu tomo um desses SOS uns dias antes. E tomo um dia sim-dia não até acontecer. Porque em vez de andar eternamente a cabecear e a resisitir à ajuda dos medicamentos, eu prefiro ceder de vez em quando e ter a certeza que não perco uma alegria, uma oportunidade, que a gozo a 100%.

E depois, isso até me ajuda a pensar "vês? custou alguma coisa? precisavas mesmo daquilo? não...!". E, na vez seguinte, talvez já me aventure sem "muletas".

Acham que estou errada?