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sábado, 19 de julho de 2008

Palavras que melhoram comportamentos

Perante a crise que nos afecta gravemente, não apenas pelo contágio da economia internacional, mas principalmente devido a erros estruturais e comportamentais que se têm vindo a agravar na nossa sociedade, sem que os Governos tenham exercido a sua influência nas populações e nas empresas, o PR disse que «não é tempo para baixar os braços». Pode não ser uma frase com muito impacto psicológico, mas merece ponderação.

Na história recente tem havido palavras que fizeram milagres com alterações de comportamentos, resultando na melhoria do mundo. Churchill no célebre discurso em que pretendia a incentivar os britânicos a resistir ao que parecia ser uma vitória certa da Alemanha nazi, disse que era necessário "sangue, suor e lágrimas". Também John Kennedy na década de 60, disse aos americanos para pensarem não no que a América podia fazer por eles, mas sim naquilo «que eles podem fazer pela América». Também em Portugal, em anos não muito distantes, e de que muita gente tem saudades, surtiu efeito a frase «produzir e poupar» como lema para o desenvolvimento do País.

A força das palavras, além do seu conteúdo, da sua ideia-força, depende também muito da entidade que as diz e da sua repetição para ser absorvida profundamente pela população.

As palavras de Cavaco, condizentes com as observações do FMI acerca de vivermos acima das nossas posses colocando o País numa situação dramática de excessivo endividamento, merecem ser repetidas e analisadas em pormenor, traduzidas em acções concretas aplicáveis às diferentes situações, a fim de a sociedade se tornar mais racional e agindo no melhor sentido para ser alcançada a desejada felicidade dos cidadãos. Produzir, poupar, exportar mais, importar menos, reutilizar, reciclar, baixar o nível de vida, são alguns dos muitos verbos que devemos aprender a conjugar!

Se não quisermos fazer grandes sacrifícios devemos começar já a praticar acentuada moderação nos hábitos de consumo. As figuras públicas com maior destaque devem exercer uma acção didáctica insistente e persistente a fim de Portugal melhorar as condições dos cidadãos, principalmente os mais desfavorecidos e dando os melhores exemplos nas suas áreas de influência directa.

Estas reflexões foram estimuladas pelo artigo do DN «Há palavras que ajudam a mudar o mundo».

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sábado, 7 de junho de 2008

Exportar para desenvolver

Transcrevo para este espaço o comentário que Luís Alves de Fraga colocou no post «Na crise é preciso optimismo» por conter dados informativos muito interessantes que são um óptimo contributo para o aprofundamento do tema, em benefício dos leitores.

Meu Caro Amigo,

Algumas das conclusões citadas no seu interessante texto são velhas de quase 400 anos. Realmente, já D. Luís de Menezes, conde da Ericeira e ministro de D. Pedro II, aconselhava e defendia entre nós a criação de manufacturas para acabar com as importações e, se possível, dar início a um ciclo de exportações. Vivia-se a época do colbertismo e não do livre câmbio. Mas, se na História recuarmos mais outros cem anos - ao final do século XVI - encontramos relatos da forma pobre e rude como se vestiam os Portugueses (ver de A. H. de Oliveira Marques, "Portugal Quinhentista") por determinação real para evitar as importações de tecidos caros e exóticos, defendendo assim o erário público.

Em Portugal, como em certas regiões onde imperam o latifúndio, ao invés de «fome de terra», impõe-se a «fome de consumo». Consumir tudo o que vem de fora numa demonstração bacoca de riqueza é uma característica secular dos Portugueses! Não era Salazar quem mandou dizer que «beber vinho (produto de produção interna) era dar de comer a um milhão de Portugueses»?

Ora, o que é que se fez para remediar esta nossa característica estruturante? Integrou-se o país no maior mercado de consumo organizado politicamente que existe no Mundo! Integrou-se e subsidiou-se o consumo através da entrada de dinheiro às catadupas. Quer dizer, disse-se aos Portugueses: - Gastai, porque gastais o que não é vosso e, tal como no reinado de D. João V, esbanjou-se o ouro europeu de forma semelhante ao que se fez ao ouro brasileiro: enriquecimento privado - normalmente faustoso e economicamente inútil - esbanjamento em umas quantas obras públicas, quase sempre, também, não geradoras de riqueza permanente.
Na falta de qualquer mina de ouro que pudesse alimentar a fome de consumo, qual foi, afinal, a solução adoptada? Procurar o arrimo à mesa do Orçamento, seja ele erário real ou fruto da cobrança de impostos. Já no reinado de D. Manuel I o monarca, para saciar a fome da nobreza que lhe cobiçava os falidos cabedais, dava-lhe autorização para que fosse à Índia comerciar e trazer especiarias que lhe servisse de esteio ao gosto do gasto.

A presença berbére entre nós, com marcada influência arábica e egípcia, foi excessivamente longa - mais de 500 anos - e deixou-nos a matriz de origem que a miscigenação cultural obrigava: o gosto pelo consumo, pela "pequena" independência individual proveniente do minúsculo negócio familiar, a capacidade de sobrevivência em qualquer meio ambiente social e, acima de tudo, uma desmedida vaidade apoiada numa enorme inveja do vizinho.

Governar este Povo só é possível através de medidas muito seleccionadas no estrangeiro - daí o êxito (?) do marquês de Pombal - ou com o látego iluminista na mão para refrear-lhe as características centenárias e, aí, limitar as ambições de todos, a todos educando para a moderação iluminada da civilidade. E foi nesta segunda parte que Salazar falhou, pois não passava de um provinciano, apegado à tradição e incapaz de ver nas "Luzes" estrangeiras o "farol" orientador de um Povo que anda à míngua de rumo há muitos séculos!

Necessitamos de governantes que saibam muita História de Portugal e tenham bons rudimentos de Antropologia Cultural capazes de estabelecer sínteses históricas que orientem as decisões legislativas.

Desculpe-me a prolixidade da exposição, mas julgo que é necessário deixar claros os defeitos dos Portugueses - os nossos defeitos - para, depois, sabermos escolher da panóplia de remédios aqueles que mais nos convêm.

Luís Alves de Fraga

NOTA: Este texto, mostrando que, nos tempos em que Portugal avançava à velocidade do mundo desenvolvido, havia Homens com visão correcta dos problemas e que adoptavam as melhores soluções, para obter efeitos a longo prazo, reduz o optimismo que agora se queira ter com a actual geração de políticos presos ao imediatismo e pouco ousando além do curto prazo.

Aquilo que o autor refere do nosso País de antanho, é frequente nos Países que experimentaram êxito no desenvolvimento e recordo a Índia. A sua independência e os primeiros passos ficaram a dever muito ao Mahatma Gandhi e a Jawaharlal Nehru. Na sua acção coordenada, não faltou uma pequena divergência, mas ambos estavam de acordo em que era necessário começar pelo equilíbrio da balança comercial, reduzindo as importações, para o que havia de começar pela produção para as necessidades internas. Se Gandhi se inclinava para priorizar a existência de um tear em cada aldeia a fim de explorar directamente o algodão e evitar a importação dos tecidos vindos da Inglaterra (produzidos com algodão levado da Índia), Nehru inclinou-se para ultrapassar a produção artesanal e avançar para a indústria do aço e da maquinaria pesada, o que valeu à Índia, em poucos anos, tornar-se um importante exportador de equipamentos industriais. A fórmula de desenvolvimento era «engenharia e máquinas industriais pesadas, instituições de investigação científica, e energia eléctrica» e, a partir daí, veio aquilo que hoje é uma das grandes potências económicas mundiais (Ver «The Commanding Heights» de Daniel Yergin e Joseph Stanislaw, Edit Touchstone, 1998). Essa mentalidade de navegar na crista da onda ficou e desenvolveu-se, sendo hoje um dos grandes exportadores de «know-how» informático.

A Portugal resta, como diz o texto no último parágrafo, saber analisar as realidades olhar para a panóplia dos remédios já comprovados em países desenvolvidos e escolher aqueles que mais nos convêm. Mas cuidado, porque os nossos dirigentes têm caído na asneira de adoptar soluções que lá fora já foram postas de lado por ineficazes. Os políticos precisam de competência, bom senso e dedicação ao bem nacional.

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quinta-feira, 5 de junho de 2008

Na crise é preciso optimismo

Julgo interessante deixar aqui alguns excertos da conferência do economista Daniel Bessa proferida nos «Encontros Millenium» em Castelo Branco, por estimularem as reflexões sobre a forma de sair da crise actual. O link permite aos mais interessados ler mis sobre o tema.

- «só há uma maneira de crescer: é exportar».
- «o pessimismo é o pior dos pontos de partida","não se pode gerir uma empresa com pessimismo».
- "Num país tão pequeno e aberto, temos que investir para exportar, exportar para criar emprego e assim permitir que as condições de vida melhorem. Foi isso que não fizemos durante anos»
- «Portugal poupa pouco, o Estado gasta muito, as famílias têm um nível de vida muito elevado, as empresas têm dificuldades em reter o cash-flow e os lucros»
- «Portugal vive acima das suas posses», tendo baseado durante anos o seu crescimento no consumo interno, uma «factura que estava ainda por pagar».
- A dívida da banca é um dos «grandes problemas» que afectam o país, «esses 30 milhões de euros que por dia saem da banca para pagar o excesso de importações sobre as exportações». Por isso, «o endurecimento das condições de crédito (que veio para ficar)», e que tanto afectam particulares como empresas, «é uma atitude prudente».
- «pela primeira vez, o nosso crescimento depende de nós». São «jóias da coroa» algumas médias empresas, «saídas do meio da tabela», que se têm destacado no contexto nacional, viradas para a exportação e que crescem entre 20% a 30% ao ano e que há poucos anos ainda não eram conhecidas.
- Estas, e outras empresas saídas do meio tecnológico e universitário, são «um sinal positivo e a via estreita para a recuperação» que, no entanto, «já é tarde, pois deveria ter começado há dez ou 15 anos», quando Portugal viveu uma época de euforia de 1985 até 2000. Hoje, «a situação é mais difícil do que nunca, mas não temos direito de nos rendermos».

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