Há nesta memória uma inóspita dor. Subterrânea.
Ou talvez uma gravidez calada.
E um rastilho aberto (ainda não fogo).
E um murmúrio de água que se deslaça do interior da pedra
Antes da fonte. E os dedos de colhê-la.
Ou a sede que se pressente
Neste arfar. E no desalinho da cidade...
Há nesta espera um novelo
Que os olhos desfiam. Gota a gota...
E há um estio bravio. E uma inquietação que lampeja.
E uma dor que se faz canto e uma centelha
Que almeja. E o fio oculto da chama.
Ou um grito.
Há talvez um dia outro - que a memória se desprenda!...
Ou uma brisa. Que incendeia. Ou um mar. E gente
Sofrida que não cala.
Há talvez alamedas. Míticas e cheias.
E flores no cântico das armas.
Que então a pedra seja chama. E as praças sejam parto.
E os corpos se incendeiem.
E a água seja cântico.
E Abril seja límpido. E claro.
E a justiça viceje no rosto do meu Povo.
E na boca dos famintos...
Autor : Manuel Veiga
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25 de Abril, Sempre!...
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