"Somethings in the rain" - playlist da série

Mostrando postagens com marcador acordou. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador acordou. Mostrar todas as postagens

sábado, 27 de julho de 2013

O GIGANTE ACORDOU - Elen de Moraes Kochman


Acessar o link
http://issuu.com/npgproductions/docs/ptwebpage080113?e=1693365/4193017

 
 O Gigante acordou! 
                                                           

Dei trégua ao tempo, deixei assentar a poeira das passeatas que aconteceram – e ainda acontecem – nos últimos trinta dias, pelo Brasil, para entender o que estava à frente ou por trás do movimento e só então falar a respeito.

E começo pelo adoecimento da euforia com o Brasil do futuro, quando a insatisfação tomou o lugar da esperança e vimos o “salvador da Pátria”, o ex-presidente Lula (e o seu partido, que era a voz da oposição), se aliar aos seus inimigos políticos, corruptos, como ele os execrava em seus comícios, para ter grande maioria no Congresso e aprovar, assim, tudo o que o governo “precisasse”, o que nos fez perder a confiança nos políticos, de modo geral. O povo ainda o reelegeu e elegeu a sua sucessora.

Entretanto, o descontentamento da população – com a falta de investimentos nas nossas necessidades básicas e não só, e por outro lado o dinheiro que se gasta com 39 ministérios e os que neles trabalham; os políticos se dando aumentos de salários de mais de 60%, quando os trabalhadores e aposentados recebem aumento muito pequeno; o dinheiro dado a países para construírem estradas e reformar aeroportos, quando os nossos não recebem investimentos – era a tônica das conversas entre familiares e amigos. E vieram os protestos pelas redes sociais e através de e-mails, porém como tantos, eu também acreditava que o brasileiro só saía da sua zona de conforto para o carnaval e o futebol, embora já não pudéssemos suportar o que nos saltavam aos olhos: a roubalheira, a corrupção, políticos condenados que ainda ocupam seus cargos, a gastança desenfreada do dinheiro público pelos políticos e seus familiares, em viagens de férias, os “mensaleiros”, etc. Como disse o Hélio de La Peña, num artigo postado no Estadão: “Conseguimos, enfim, derrubar a direita e colocar a esquerda no poder. E o que se viu? A maior sequência de escândalos e corrupção da nossa história”

E foi entre surpresos e desconfiados que vimos nossos jovens saírem às ruas, exigindo, no primeiro momento, que o governo retrocedesse no aumento das passagens de ônibus, trens e metrô. Nos dias que se seguiram, as reivindicações se avolumaram em torno de tudo que estava errado, inclusive o custo altíssimo - dizem que superfaturado - das obras dos estádios de futebol, para a copa do mundo de 2014, quando a nossa prioridade era e é saúde, educação e segurança. E esse foi o motivo das estrondosas vaias que receberam o dirigente da FIFA e a Presidente do Brasil, Dilma Rousseff, por ocasião da inauguração do estádio Mané Garrincha, de Brasília, na abertura da Copa das Confederações. O mundo se espantou, mas não se furtou em noticiar.

Verdade que o movimento nas ruas começou com reivindicações pelo “passe livre” nos transportes, em diferentes datas e em diversas cidades do Brasil. No entanto, o aumento de vinte centavos nas passagens, em São Paulo e no Rio de Janeiro, foi a gota d’água que levou dezenas de milhares de jovens a cobrarem, em passeatas, a reversibilidade do aumento. Por causa dos baderneiros “infiltrados” nas passeatas, a repressão e a truculência policial foi intensa e, por isso, dois dias depois o povo ocupou, novamente, as ruas e dessa vez tinha a seu lado gente de todas as idades (inclusive em outros países), exigindo que os políticos atentassem para os seus deveres, sem conchavos, e ouvissem o clamor da voz de um povo cansado de ver a corrupção matar seus ideais e de constatar que os escrúpulos são jogados para debaixo dos tapetes, onde os mesmos políticos pisam e desgastam os sonhos dos que esperam viver numa Pátria mais justa, séria, honesta, desenvolvida e acolhedora. Gerações lutando por melhores tempos, intimando a Presidente Dilma a cumprir as promessas de campanha, feitas quando quis chegar ao poder; pessoas determinadas a terem os seus direitos respeitados, cobrando um país onde as leis sejam cumpridas e não só os pobres paguem pelos seus crimes. A esse clamor juntou-se o da nova classe média e o dos que já não se contentam com a “bolsa família” (ajuda financeira que o governo dá aos “pobres”, ao invés de providenciar empregos) e agora exigem muito mais dessa dita “justiça social”.

Governo, oposição, antropólogos, cientistas políticos, jornalistas, etc., no primeiro instante não entenderam os motivos das reivindicações e passeatas, e o pior, não sabiam com quem negociar, porque o movimento não tinha líderes e a multidão não queria partidos políticos - nem sindicatos - se aproveitando do acontecimento, com fins eleitoreiros. O distanciamento dos partidos não significou falta de interesse político (nem fascismo, como disseram muitos) e sim desilusão com o atual sistema.

O Congresso fez o mea culpa, a Presidente recebeu diversos segmentos da sociedade, reuniu-se com aliados e assessores, expôs ideias, mas de concreto ainda não atendeu nenhuma reivindicação. Alguns governantes retrocederam no aumento das passagens. O Gigante acordou e não pensem que está cochilando: já está marcando o retorno na primavera. Por agora está dando uma trégua pela vinda do Papa, acreditam muitos, embora ninguém tenha certeza de nada. 

Elen de Moraes Kochman 

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...

VOZ: Elen de Moraes Kochman - Elegia do adeus

Outras postagens

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...

Rio de Janeiro - Br

Rio de Janeiro - Br
Aterro do Flamengo - ressaca

Amanhecer no Rio de Janeiro

Amanhecer no Rio de Janeiro

Amanhecer no Rio de Janeiro

Amanhecer no Rio de Janeiro

Nevoeiro sobre a Tijuca

Nevoeiro sobre a Tijuca
Rio de Janeiro

Tempestade sobre a Tijuca

Tempestade sobre a Tijuca
R< - Br

Eu me perco em teu olhar...

Eu me perco em teu olhar...