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quinta-feira, 19 de março de 2020

O ENSINO DAS NOVAS GERAÇÕES

O ensino das novas gerações
(Public em O DIABO nº 2254 de 13-03-2020, pág 16)

O ensino das crianças tem início logo que o bébé nasce e começa a observar à sua volta e a pensar naquilo que vê, suas causas, efeitos e circunstâncias em que ocorre. Aquilo que vê fazer gera vontade de imitar ou de rejeitar. E as interferências da mãe, de outras pessoas de família ou de ama ou educadora complementam a aprendizagem e constituem, com sensibilidade adequada, prémio ou castigo de actos correctos ou errados. E, desta forma, os contactos com os mais crescidos, nas mais variadas circunstâncias, são fontes de aprendizagem.

A propósito, num dos almoços semanais com amigos, recordei as aulas de um professor, pai de um deles, no ano lectivo de 1946- 47, no Liceu Nacional Alves Martins (que no ano seguinte foi substituído pelo novo Liceu Nacional de Viseu), ao lado de uma calçada muito inclinada em que, do lado oposto à janela da nossa turma, havia um ferrador que tratava do calçado (ferraduras) de cavalos dos clientes e que passava grande parte do tempo a martelar ‘pic-pic’ a ferradura, junto à forja, para a ajustar à forma e dimensão do casco. Um dia, a meio de uma aula, perante dois ou três alunos distraídos e a conversar, o professor chamou-lhes a atenção de forma didáctica e socialmente educativa, dizendo “está o ferrador a trabalhar continuamente ‘pic-pic’ e os meninos sem prestarem atenção ao colega que está no quadro a tentar resolver o problema”.

Aprendi que a observação da realidade que nos circunda e o pensamento acerca dela constituem um factor de aprendizagem e de cultura. E as palavras do professor tinham lógica, foram coerentes com o momento e ditas de forma correcta e didáctica. A lição estava adequada à disciplina escolar e à formação de meninos que estavam a iniciar a vida e englobava a noção da prioridade merecida pelo assunto da lição e foi útil por mostrar que, na vida, devemos estar atentos a tudo o que se passa à nossa volta para sermos cidadãos responsáveis agindo de forma moralmente correcta. Passados mais de setenta anos, ainda recordo positivamente esta lição simples mas eficaz.

E este pensamento não foi rememorado por acaso, mas porque, em conversa, foi referida a alusão do nosso PR a um caso actual, em que reagiu por impulso e sem a devida análise e meditação ponderada, fazendo pressão limitativa sobre juízes italianos no julgamento de um jovem português que, talvez pouco esclarecido, esteve comprometido em acções de tráfego de pessoas, ao serviço de organização ligada à transferência de migrantes para a Europa, provavelmente às ordens de milionários internacionais que, com isso, pretenderiam desequilibrar a vida dos países europeus para fins de estratégia internacional não confessada. Com o pretexto de que o português estivesse movido por fins humanitários de salvamento de pessoas em perigo de afogamento, o PR, sem procurar melhor informação, deixou-se arrastar para um acto que classificou de heroísmo. Mas a realidade, baseada em testemunhos apoiados em várias fotos, mostra que, na maior parte dos casos, não chegou a haver perigo de vidas, mas apenas mudança de meio naval, de pequenas embarcações pneumáticas, cujo combustível dava até ali, para embarcações de maior capacidade, onde se encontrava o nosso “herói”, que ali estavam preparadas para esta transferência e levar os falsos “náufragos” a porto italiano.

Todos os barcos estão controlados pela ONG, ao serviço de capitalista internacional que os financia e paga. Na origem, os traficantes de pessoas também recebem destas o pagamento da viagem. Este é um caso que exige boa investigação e não deve ser condenada ‘a priori’ a posição do Governo italiano nem o tribunal que age perante migração ilegal. Do outro lado, estão ocultos interesses políticos e financeiros contra os direitos de pessoas que vêm ameaçada a sua cultura tradicional, a sua história, a sua religião, os seus hábitos, etc. O Saber não ocupa lugar e surge de casos aparentemente insignificantes, que merecem ser bem ponderados. ■

sábado, 23 de agosto de 2014

IDANHA-A-NOVA TEM UMA BOA AUTARQUIA


IDANHA-A-NOVA TEM UM BOM PRESIDENTE. Na sequência de textos recentes sobre sinais de alterações sociais no sentido de AVANÇAR PARA UMA SOCIEDADE MAIS DEDICADA À QUALIDADE DE VIDA DAS PESSOAS, em que a educação deverá ser o ponto de partida, é com prazer que se depara hoje com a notícia de que a «Câmara de Idanha-a-Nova investiu 410 mil euros no apoio à educação em 2013/2014»

Se a saúde, a segurança, a justiça são aspectos de relevância, a EDUCAÇÃO deve ser a primeira prioridade, por ser o alicerce, a base da formação das pessoas que constituem a sociedade de amanhã. No atletismo, quando se prepara o salto em cumprimento, há dois cuidados prévios: o ponto de chegada em condições de não causar lesões aos atletas e o ponto de partida, o «ponto da chamada», em que assenta o impulso decisivo para o salto.

O Sr Presidente da Câmara de Idanha-a-Nova, Armindo Jacinto, merece ser apontado como exemplo brilhante, porque , pensando nas pessoas, considera que, "numa altura em que as famílias mais precisam de respostas sociais, estes apoios têm como finalidade implementar em Idanha-a-Nova uma oferta de qualidade na área da educação, desde o berçário ao pré-escolar, ensino básico, secundário, profissional e superior".

A João Soares

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

NUNO CRATO CONFESSA OMISSÃO


Quando era criança, aprendi que os pecados podem ser por pensamentos, acções ou omissões e agora deparo com o ministro Nuno Crato, depois de quase dois anos e meio de Governo, a confessar que ainda há muito a melhorar nas escolas portuguesas.

E que melhoramentos fez durante todo este tempo, mais de metade do mandato? Já houve tempo suficiente para analisar a situação, fazer o diagnóstico e aplicar a terapia para, no fim da primeira metade do mandato, começar a colher os louros das medidas tomadas. Isto evidencia que realmente o País precisa de muita coisa a melhorar, a reformar, mas não parece que tais tarefas estejam ao alcance dos actuais governantes. Pelo menos, depois de muito entrados na segunda parte do mandato, o Governo ainda continua à espera que um milagre resolva os problemas do País.

E ainda há quem repita que a culpa é do governo anterior!!! Afinal, para que serviu a austeridade que empobreceu grande parte da Nação? Ressalta assim outra notícia de título “O governo magoa a população e sente-se orgulhoso”

Imagem de arquivo

terça-feira, 13 de novembro de 2012

Ensino Dual e Reindustrialização

Por vezes, é indispensável um facto especial para ser chamada a atenção para ideias com interesse. É o caso da visita de Merkel.

O ministro da Economia diz que Portugal está interessado em apostar na reindustrialização. Explica que «temos de voltar a apostar na indústria. Será através da industrialização que voltaremos a ser mais competitivos e a crescer». E aponta o caso da Alemanha que« tem dado o exemplo de como a aposta na indústria é a melhor maneira de criar emprego».

E para atrair investimento estrangeiro destacou as «reformas para o fiuturo» que o país está a fazer: mercado de trabalho, licenciamento empresarial, novo código de insolvências, nova lei da concorrência, um pacote de privatizações ambicioso, fim das golden share, liberalização do mercado de energia. Diz que "Estamos a reconstruir Portugal, a devolvê-lo à indústria, ao sector produtivo e à agrícola... Fazemo-lo por nós".

Por outro lado, o jornalista Pedro Sousa Carvalho informa que «o ministro da Educação e Ciência, que segundo consta é economista e doutorado em Matemática Aplicada, está a fazer uma verdadeira reforma estrutural no ensino que, se for levada até ao fim, pode ter um impacto verdadeiramente importante na economia: o ensino dual.»

Diz que «o ensino dual, se for levado a sério, pode ser uma das soluções para o crescimento da economia a longo prazo. É Nuno Crato a importar o que de melhor se faz na Alemanha. No País de Merkel, onde o sistema dual envolve empresas que representam mais de 80% do PIB, os alunos desde os 10/11 anos são encaminhados, por recomendação dos professores e com o consentimento dos pais, para um sistema de ensino profissional, e quando terminam a formação técnica estão aptos para trabalhar nas Audis, Volkswagen, Bosch e Siemens desta vida.

«O ensino dual não é só importante para atenuar o desfasamento entre o que se aprende nas escolas e as necessidades do mercado de trabalho. Também é importante para contrariar uma tendência preocupante que se tem instalado na economia portuguesa nas últimas décadas que é uma grande predominância do sector dos serviços sobre a actividade industrial, que não se desenvolve e não atrai mais empresas estrangeiras também por culpa da falta de técnicos qualificados (…) E aqui, seja feita justiça a Álvaro Santos Pereira que nos últimos tempos tem batido muito na tecla da necessidade de reindustrialização para inverter uma lógica pouco saudável que se tem instalado no nosso tecido produtivo.

Imagem de arquivo

quarta-feira, 23 de maio de 2012

Ensino é factor valioso


Faça clic para a imagem avançar

Este vídeo extraído do blogue Sempre Jovens mostra que o ensino, por ser obrigatório e praticamente gratuito é considerado um castigo que tortura e oprime as crianças inocentes que apenas são ensinadas a exigir respeito pelos seus «direitos» sem lhes serem mostrados «deveres» que as preparem para a qualidade de cidadania, depois de adultos.

Há alguns anos, quando se pretendeu criar um serviço de saúde gratuito com remédios por conta do Estado, sobressaiu o conceito de que se os cuidados com a saúde não podem ser menosprezados, convém que não sejam totalmente gratuitos, porque o que é gratuito acaba por ser considerado sem valor e desprezado. E quando as pessoas apreciam uma coisa e gostam dela e do seu uso estão dispostas a pagar bons preços como é o caso do carro, dos equipamentos de comunicação e informáticos e com as roupas da moda.

Nesta óptica, seria lógico pensar que a dedicação aos estudos e o respeito pelos professores por parte dos alunos e das famílias atingiria um grau mais elevado se deixasse de ser obrigatório e gratuito. Aquilo que tem valor não pode ser gratuito nem obrigatório.

Poderá dizer-se que há uma faixa da população sem capacidade de pagar integralmente o estudo dos filhos, mas a esses aplicava-se um valor simbólico e dependente da capacidade de aprendizagem e do comportamento dos alunos. A um génio nascido em família pobre, o Estado tem conveniência em apoiar investindo nele com razoabilidade.

Hoje, como mostra o vídeo, muitas crianças não estudam por gosto, por consciência de que precisam de aprender, mas porque a isso são obrigadas, porque têm de fazer «trabalhos» de casa, para satisfazer as exigências do professor, etc. Por isso, se sentem no direito de reclamar e insultar os seus «opressores». E nisso têm o apoio da família, quando esta não sente a necessidade de aquisição de conhecimentos e de valorização, para benefício futuro. Não encara o ensino como qualquer outro investimento nem sequer como uma despesa com brinquedo efémero. É visto como um direito, sem contrapartida de deveres e obrigações.

Por seu lado, o Estado também está a encarar o ensino como uma bandeira de competição com os países amigos, querendo mostrar estatísticas de êxito, que é falacioso, porque é obtido por provas fáceis, superficialidades, inutilidades e afastamento de uma finalidade prática na aplicação na vida corrente. A ostentação das estatísticas apresenta aspectos vergonhosos, com números falsos que ruiriam se fosse feita uma eficaz avaliação posterior de conhecimentos.

Em vez da obrigatoriedade, seria mais lógico e eficaz considerar o saber como um produto útil que cada um deve obter por sua iniciativa, esforço e dedicação. Isso devia ser posto em prática estimulando as famílias a interessar-se pela educação e instrução dos filhos com o mesmo entusiasmo com que compram o último modelo de telemóvel. Na vivência escolar, o professor deveria agir, em conformidade, com rigor e exigência, ensinando os alunos a ser responsáveis para se tornarem adultos válidos para si próprios e para a sociedade. Se, durante as aulas, o estudante mostrar que não tem vontade ou capacidade, deve ser-lhe imposto que vá fazer outra coisa ou pagar a um colégio especializado em ensinar os menos capazes.

Na sequência, os empregadores deveriam fazer uma avaliação das capacidades dos candidatos aos postos de trabalho e só admitir os melhores, com mais mérito para o desempenho das tarefas que lhes vão ser atribuídas. Esse seria o prémio aos bons estudantes e um estímulo para os estudantes gostarem de estudar responsavelmente.

É claro que ficariam muitos marginais, mas ao contrário de agora, esses não argumentavam que até têm diploma e não lhes dão emprego. A Justiça deveria ser rigorosa no combate à criminalidade ou acções anti-sociais. As prisões não deviam ser hotéis, mas locais de castigo com finalidade e possibilidade de recuperação social para reintegração na sociedade.

Mas, pelo contrário, a filosofia existente é de apoio à mandriice, à reivindicação de direitos e ao desprezo de deveres. E, neste caso, os professores são muitas vezes as maiores vítimas do sistema.

NOTA:
Tendo mostrado este vídeo e texto a uma professora conhecida, recebi comentário demolidor por a senhora se fixar apenas no pagamento e por pensar que era defendida a privatização do ensino. Enviou-me o vídeo seguinte que mostra jovens portugueses da escola Profissional de Música de Braga que integram a Orquestra sub-21 em Guimarães 2012, e que, ao contrário do comentário da senhora,  me merece a NOTA que se lhe segue.



A música, em coro ou em orquestra, constitui o resultado do tipo de ensino que se sugere na nota anterior. A aprendizagem da música assenta na motivação de cada aluno, na sua vontade de aprender. O aluno aprende e pratica o trabalho de equipa (orquestra) em que cada um actua com a máxima perfeição de que é capaz, respeitando o trabalho de cada um dos seus colegas. Assume esse dever, porque sabe que a falha de uma nota prejudica o resultado final da participação de todos, da obra colectiva. O professor ou maestro é respeitado e as suas indicações e correcções são ouvidas com vontade de serem fixadas e tidas em conta em qualquer momento.

Não importa que a orquestra do vídeo seja formada por alunos de escolas de música pública ou privada. Os métodos não podem ser diferentes, na sua essência, porque o resultado pretendido é o mesmo. O que pode ser discutido e deve ser bem analisado é o sistema que crie melhor motivação nos alunos para se dedicarem inteiramente à aquisição de conhecimento com respeito pelos professores e colegas e pelas regras a seguir. Mais do que em direitos, os alunos devem ser consciencializados para os seus deveres e aprender a viver em sociedade civilizada.

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

O essencial na Educação

O ministro Nuno Crato veio confirmar a fama de que está rodeado e alimentar a esperança que vem inspirando, ao afirmar que a avaliação dos professores não é o "problema fundamental" mas, pelo contrário, «o importante é a aprendizagem dos alunos».

Esta posição é um salto para fora do marasmo em que o País tem vegetado. A triste realidade mostra que a miopia dos governantes e dos sindicalistas arrastaram o País para um buraco. Não conseguem distinguir o essencial do acessório, não conseguem perceber as prioridades, não conseguem definir os reais objectivos das actividade e mantê-los como farol em cada momento em que têm que decidir. Ao analisar as hipóteses de solução para escolher a melhor, um dos factores a ter em consideração deve ser o essencial, o objectivo da actividade, o que é realmente importante e decisivo nos resultados, a fim de não se desviarem para o secundário e de não sobreporem isto ao essencial.

A Educação é uma actividade de formação dos futuros cidadãos e portanto tudo nela deve ser orientado para «a aprendizagem dos alunos». Isso é o objectivo, o importante, o essencial.

Imagem do Google

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Resultados do ensino onde estão ???

Seria suposto que as melhorias mostradas pelas estatísticas acerca de engenheiros e doutorados correspondessem a melhores resultados na evolução da economia. Mas, pelos vistos, não é assim.

Apesar da ênfase verbal dada ao Plano Tecnológico, e de Portugal nunca ter tido «tantos recursos humanos e tão qualificados nas ciências e engenharias, a economia nacional não parece estar a ganhar com isso, antes pelo contrário, os resultados são de perda, a avaliar pelos últimos dados oficiais. Por exemplo, apesar de ter mais profissionais nestas áreas, o país exporta menos alta tecnologia e não consegue criar mais empresas de grande intensidade tecnológica e de conhecimento.»

Serão efeitos da lassidão do ensino em que se advoga a abolição de chumbos e de retenções, serão os acessos às Universidades a partir das Novas Oportunidades? Serão as cábulas utilizadas como testes de graduação? Poderá haver uma associação de causas variadas e interactivas. Haverá que estudar o problema equacioná-lo e encontrar soluções.

Ao mesmo tempo surge a notícia de que «Cientistas concorrem com ideias inovadoras». Mais de 120 jovens, autores 87 projectos feitos em equipa ou individualmente, em exposição no Museu da Electricidade em Lisboa, que abrangem uma multiplicidade de áreas e vão desde a ideia mais simples à muito elaborada, estão, até terça-feira, sob a mira dos jurados do Concurso Europeu de Jovens Cientistas. Eles terão de explicar os seus projectos sempre que um ou mais elementos do júri mostrem interesse. E esse pode ser um bom sinal.

Desenvolver novas ideias, apresentar inovações, criar novas tecnologias, é sempre sinal positivo promessa de vida mais fácil, produtiva, eficiente. Não importa que venham ou não a ser aplicadas na prática, mas certamente, muitas serão aproveitadas. No momento da criação, aplica-se o conceito « a asneira é livre!» como dizia José Manuel Betencourt Rodrigues, quando professor e na prática de decisor, em relação ao terceiro passo da «preparação da decisão» referido emPensar antes de decidir.

Os jovens devem ser estimulados a inovar, mas têm que assumir a humildade de que nem todas as ideias serão aplicadas na prática de imediato e algumas poderão nunca o ser. Mas de entre elas aparecerão algumas que serão um presente dos deuses.

Imagem da Net

domingo, 5 de setembro de 2010

Educação sem objectivo bem assumido

Os professores universitários queixam-se de que os Alunos são "cada vez mais fracos". Há dias, na Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa, a professora de Técnicas de Laboratório e Segurança, Elvira Gaspar, reprovou quase 70% dos seus alunos, o que foi um escândalo por que se mostrou desinserida do objectivo fundamental imposto superiormente, pelo menos de forma implícita, informal, de mostrar boas estatísticas que evidenciem um bom sucesso escolar.

As notícias parecem conduzir à conclusão de que os professores universitários estão desinseridos da filosofia da ministra da Educação que defende que não deve haver chumbos nem retenções. Aluno que entra na escola deve chegar ao 12ª sem ser incomodado!!! Porque é que no ensino superior não se sintonizam com esta modernidade e não dão os diplomas a alunos que nada saibam???!!!

Os concursos televisivos em que os concorrentes ao prémio têm de responder a perguntas de escolha múltipla, mostram o nível de conhecimentos de muitos diplomados que por ali passam. Uma triste imagem dos resultados dos critérios do «sucesso escolar». E o espectáculo ainda vai no início!

Além de sugerir a leitura dos artigos atrás linkados, transcreve-se a crónica seguinte


Uma perigosa reaccionária
JN. 100825. 00h12m. Por Manuel António Pina

Uma professora da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa ficou sem a regência de duas cadeiras por ter chumbado mais de 50% dos alunos. O motivo invocado pelo Departamento de Química da Nova para a punição não deixa dúvidas: "Aumento súbito do insucesso escolar".

O resultado das recentes políticas de ensino

Desde que, no sistema educativo português, foi consagrado entre os direitos, liberdades e garantias fundamentais o direito ao sucesso escolar, quem se meta entre um aluno e o diploma a que tem direito (atrevendo-se, como no caso, a dar notas negativas em exames finais) é culpado do pior dos crimes, o de terrorismo anti-estatístico.

Se o futuro licenciado sabe ou não sabe alguma coisa (ler, escrever e contar, por exemplo), é irrelevante; o país, as estatísticas e as caixas dos supermercados precisam de licenciados. Foi isso que a professora da Nova não percebeu. Arreigada a valores reaccionários, achava (onde é que já se viu tal coisa?) que "um aluno só merece 10 valores se adquiriu as competências mínimas nas vertentes teóricas e práticas da disciplina". Campo de reeducação em Ciências da Educação com ela.


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Novas oportunidades. Oposição quer explicações

Transcrição de artigo seguido de NOTA:

Oposição vai pedir explicações ao governo sobre Novas Oportunidades
Ionline. Por Sónia Cerdeira, 20-08-2010

A oposição vai pedir explicações ao governo sobre a existência de alunos certificados do programa Novas Oportunidades com trabalhos copiados na integra da internet, tal como o i noticiou ontem.

"Facilitismo", "branqueamento de estatísticas" e "pressão política" são farpas disparadas pela oposição. "Infelizmente isto vem confirmar de forma mais grave muitos alertas que o PSD fez. O programa é um expediente estatístico para números sem cuidar da formação das pessoas", diz ao i o deputado social-democrata Pedro Duarte. "Esta política de facilitismo e de trabalhar para as estatísticas do governo leva a estas situações inadmissíveis", afirma por seu lado o deputado do CDS-PP José Manuel Rodrigues.

O problema do plágio via internet é transversal a todo o sistema de ensino, lembra o deputado do PCP Miguel Tiago: "O plágio de trabalhos escolares tem vindo a aumentar de forma brutal e as Novas Oportunidades estão mais permeáveis a isso. Há uma tentativa de branqueamento das estatísticas porque o governo opta pela via mais fácil: em vez de garantir a formação e a educação, distribui certificação."

O deputado do Bloco de Esquerda José Moura Soeiro, alerta para a "pressão política do governo para que haja muita certificação, o que pode interferir com os critérios científicos e pedagógicos da avaliação".

O i noticiou ontem que a Agência Nacional de Qualificação (ANQ), entidade criada sob a tutela do Ministério da Educação e do Ministério do Trabalho, detectou candidatos certificados com trabalhos retirados integralmente da internet e com base nos quais é feita a validação e a certificação de competências nas Novas Oportunidades.

PSD, CDS-PP e PCP admitem questionar a ministra da Educação, Isabel Alçada, e o secretário de Estado do Emprego e da Formação Profissional, Valter Lemos, já no arranque da sessão legislativa, em Setembro. "O PSD apresentou, na legislatura passada, uma iniciativa para criar uma entidade externa que cuidasse da avaliação e da fiscalização. Disseram-nos que estava a ser feito pelo governo. Mas agora o PSD não vai deixar de interpelar novamente o executivo assim que abrir a sessão legislativa." Também o CDS-PP admite "voltar à carga" na questão da fiscalização e interrogar a ministra, garantiu José Manuel Rodrigues. "Questionaremos Isabel Alçada e Valter Lemos como já temos vindo a fazer insistentemente devido a esta chapelada estatística monumental que não é mais que um mecanismo de ilusão de massas", afirma Miguel Tiago.

Os partidos ensaiam soluções: pedem mais fiscalização e uma melhor avaliação do programa. "Tem de se reforçar a fiscalização para que não voltem a acontecer este tipo de coisas. A avaliação do programa tem de ser feita no seu todo - às aulas, processos de aprendizagem, conhecimentos adquiridos - e não apenas a posteriori", afirma o deputado centrista. "Há um efeito perverso duplo: as pessoas são iludidas com um diploma que não tem relevância social. Mesmo nos casos em que há formação séria, foram todos contaminados com esta imagem geral de facilitismo e total ausência de fiscalização", diz o deputado do PSD.

Miguel Tiago aproveita para denunciar a "proliferação de entidades certificadoras para as quais não está garantida a avaliação do ensino": "Andamos a enganar a Europa dizendo que já não temos problemas de formação". Também José Soeiro lembra a "situação precária dos técnicos das Novas Oportunidades a recibos verdes": "A maior parte dos técnicos não tem dignidade laboral e é-lhes exercida uma pressão muito grande para certificar. O governo tem tido uma grande obsessão pela certificação. Os técnicos deviam ter mais tempo com cada formando e ser reconhecidos profissionalmente."

A oposição reconhece a tentativa de elevar a formação dos portugueses através do Novas Oportunidades, mas denuncia a subversão do programa. Nas palavras de José Soeiro e de Miguel Tiago, já não são só pessoas fora da idade escolar a obter os diplomas, mas também jovens que são para ali canalizados de modo a obter certificação de ensino profissional.

NOTA: Este assunto já foi aqui abordado nos seguintes posts:

- «Novas Oportunidades» será isto???
- Ensino a brincar ou a sério?
- Novas oportunidades

Imagem da Net.

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Poder dos sindicatos

O meu amigo JR Coelho, conhecido por «o intelectual» nos tempos de estudante, contou há dias que em tempos numa aula de inglês para gente crescida, o professor, inglês, depois de ter explicado a estrutura política inglesa, perguntou «quem tem o verdadeiro poder no Reino Unido?». Houve várias respostas, e o professor considerou todas erradas, dizendo que o verdadeiro poder está nos sindicatos.

Recordei agora esta conversa ao ler os títulos aparentemente irreverentes «Fenprof acusa ministério de “incompetência” no concurso de professores» e «Fenprof denuncia erros informáticos no concurso de professores».

E veio-me à memória uma curta passagem do livro já aqui citado «Tempos Difíceis», do amigo MP Marques, onde diz: «Vamos no 28º Ministro da Educação nos anos da democracia e em duas ou três lideranças sindicais nesta área. Como a estabilidade confere poder e, este, liberdade de acção, é evidente que o poder de gerir estatutos profissionais e condições remuneratórias tem estado do lado da corporação dos professores e não do lado do poder político» (pág 17, linhas 12-18).

Esta passagem de um livro, que é um manual valioso para se compreender melhor o que se passa na envolvente dos factos sócio-políticos, coloca a tónica na continuidade. Porém, mais importante do que a continuidade das pessoas deve ser a elaboração de decisões bem preparadas e destinadas a vigorarem por largos anos, estabelecendo estratégias e normas de gestão que serão válidas por vários anos, não por mero conservadorismo, mas pela sua validade por terem sido baseadas em estudos em que se contou com evoluções previsíveis. Mas, infelizmente, as equipas do ministério, formadas por pessoas sem a devida maturidade, deslumbradas pelo conforto dos gabinetes e da sensação de poder que dai resulta, por efeito de «deslumbramento», ousam tomar as mais disparatadas decisões, que não lembram ao Diabo, e que têm de ser anuladas como foi por exemplo a célebre TLEBS.

Pelo contrário, o sindicato, formado por professores experientes e intérpretes do pensamento dos colegas, cuidaram de estabelecer estratégias que foram aperfeiçoando e deduziram delas os argumentos mais adequados aos objectivos e sempre apoiados por valores éticos, sem se deixarem arrastar pelas falácias dos governantes e foram vencendo, passo a passo, as suas lutas intermédias, com a vista focada no objectivo final.

Voltando mais uma vez ao livro «Se, a título de exemplo, olharmos para o conflito à volta do processo de avaliação dos professores, verificamos que os professores ‘nunca lutaram contra a avaliação’. Opunham-se e opõem-se à ‘maneira como é feita’. Porque é que declaradamente lutam? Lutam ‘pela dignificação da carreira docente’, dizem.» Pág. 16-17). Esta estratégia inatacável burilada ao longo de anos, sem haver zigue-zagues, sem hesitações nem recuos, devia servir de modelo aos políticos para não andarem, qual cata-vento, a mudar de rumo diariamente.

Com as actuais inconstâncias dos governantes, não seria possível construir uns Jerónimos ou um Mosteiro da Batalha, como não o foi a barragem de Foz Côa ou o aeroporto da OTA.

Imagem da Net.

sexta-feira, 4 de junho de 2010

O saber científico e a realidade

Tendo passado muitas décadas em estreito contacto com pessoas de grau académico superior fui confirmando a frase que um dia ouvi – o generalista sabe nada de tudo enquanto o especialista sabe tudo de nada. O generalista tem vagas noções, por vezes demasiado superficiais de uma vasta gama de assuntos, e o especialista sabe com profundidade um estreito sector do conhecimento.

Na vida prática em que são frequentes equipas de trabalho multidisciplinares é fundamental a função dos generalistas que têm que quebrar as barreiras separadoras dos especialistas de sectores diferentes e obter deles o contributo aplicável à melhor consecução do objectivo que o grupo pretende atingir. Um dos maiores óbices é, muitas vezes, o hermetismo da linguagem de especialistas, demasiado egocêntricos e com exagerada auto-estima, mostrando muitas vezes conhecer de cor textos de grandes sábios, sem tornarem evidente que digeriram bem tais teorias. O generalista deve saber dialogar com os especialistas e facilitar que eles dialoguem entre si com vista ao objectivo, a missão da equipa a que pertencem.

Segundo o ministro da Ciência e Tecnologia, Mariano Gago, «Portugal publica por ano 7 mil artigos científicos com relevância internacional», isto é, cerca de 20 por dia, o que constitui um factor de riqueza para o País. Assinalou que a publicação de artigos científicos no nosso país registou, na última década, um “crescimento explosivo, o maior crescimento europeu”. Neste espaço já foram referidos casos que vieram na imprensa mas, pelos vistos, eram uma amostra minúscula, certamente dos mais preocupados pela publicidade e que deram entrevistas aos jornais.

Segundo a notícia «Criar a ponte entre o 'saber' e o 'fazer'», constata-se que têm sido raros os casos em que se processava a transferência de conhecimento e inovação das universidades portuguesas para o tecido produtivo, à custa de dificuldades de comunicação e conjugação de interesses. Não era fácil a ligação da ciência à realidade prática. Contudo, o cenário tem vindo a mudar e a cooperação entre os meios académico e empresarial, principalmente nortenhos, tem sido uma prova dessa alteração. As pessoas consciencializaram-se de que "o funcionamento em rede entre empresas, universidades e organismos de investigação, é fundamental para a competitividade do país e traz vantagens mútuas para todas as partes" como disse Nuno de Sousa Pereira, director da Escola de Gestão do Porto - University of Porto Business School (EGP-UPBS).

Ainda bem que o panorama nacional está a olhar para as realidades da indústria e para as unidades criadoras de riqueza através da actividade económica. Com efeito, tendo sido encerradas as antigas escolas técnicas, comerciais e industriais o que. agora se considera um grave erro com efeitos de enfraquecimento do valor da mão-de-obra, por desqualificação, parece agora necessário criar formas de formação profissional devidamente estruturadas.

Quanto ao hermetismo e obsessão de especialidade, há quem diga que um dos grandes males do país é aparecerem muitos professores universitários no governo. Sem terem capacidade para descer à realidade e para decidirem em termos práticos e com utilidade para a vida dos portugueses. Outro mal do Estado é a percentagem excessiva de gente do Direito nas estruturas mais elevadas do poder.

Trata-se do oposto à China, em que sendo as inundações periódicas das extensas planícies pelas enchentes provindas do degelo, levaram à predominância de engenheiros hidráulicos nos órgãos do poder e com a sua colaboração e integração nos objectivos do Estado têm contribuído para um desenvolvimento de cerca de 10% ao ano em anos consecutivos. Entre nós, pelo contrário, a chusma dos de Direito não tem justificação racional e não tem aumentado a segurança das pessoas e bens, não tem melhorado o funcionamento da Justiça e a própria feitura das leis tem sido de tal forma deficiente que se fala agora que vão para o lixo três centenas de leis.

Quanto ao fraco desempenho de «cientistas» na vida real, há dias uma entidade, de alto nível académico, disse que há muito previa a actual crise financeira e que desde 2003 escreveu sobre isso, mas na realidade, embora com audiência e com cargos de responsabilidade, não se nota que tenha feito o suficiente para evitar a crise, nem para lhe atenuar os efeitos, nem agora para a resolver, atacando frontalmente os factores estruturais de erro que a causaram. E sem esses factores serem eliminados, a crise, mesmo que agora se resolva, voltará a aparecer em breve.

Teorias sem prática, sem enfrentar o óbvio, o simples, o real, não têm utilidade e até podem ser nocivas, pelo gasto de recursos em aventureirismos descabidos.

É realmente urgente que se crie a ponte entre o «saber e o «fazer».

quinta-feira, 25 de março de 2010

Pais educadores e alunos

Depois de ter aparecido em público de forma chocante a violência e indisciplina nas escolas aqui reflectida em alguns posts (Valores éticos são pilares da sociedade, Ressuscitar os valores éticos, Futuros cidadãos no Portugal de amanhã, Professores educadores), vale a pena referir a notícia do JN de hoje «Professor do ano diz que "pais, às vezes, demarcam-se das suas funções"».

Nela é divulgado que o professor de Física Alexandre Costa de 45 anos, docente há duas décadas, recebeu hoje o Prémio Nacional de Professores, numa cerimónia realizada na Universidade de Évora e presidida pela ministra da Educação, Isabel Alçada.

No seu discurso fez várias afirmações que merecem ser meditadas e aplicadas na prática.
"Os meus alunos e eu temos uma relação de grande empatia no trabalho, mas não é de amizade. Não sou amigo no sentido em que eles são amigos dos seus colegas adolescentes. Sou tão amigo quanto um pai ou um educador pode ser", afiançou.

Confessou manter uma relação de "grande empatia", mas não de amizade, com os alunos e defendeu que pais e docentes não se devem demitir das suas funções educativas.

Considera importante que estes papéis não se confundam e que pais e encarregados de educação não se demitam do papel que têm como educadores.

"A educação não se pode isolar da sociedade", alertou, sustentando que um dos "maiores problemas" actuais, neste âmbito, é a existência de "uma certa demissão das pessoas" relativamente ao que são "as suas funções".

"Os pais, às vezes, demarcam-se de ser pais e da sua responsabilidade na educação, transferindo isso para a escola" e, noutros casos, é o professor que "está mais preocupado em ser amigo dos alunos do que em ser seu professor".

"Há um contexto social no seu todo que leva a que, neste momento, o ensino tenha algumas deficiências".

Este cenário, defendeu, só se ultrapassa através da "educação da própria sociedade" e da "redescoberta" do que é "ser pai, professor ou aluno" e das "regras básicas de convivência entre as pessoas".

domingo, 14 de março de 2010

Professores educadores

Há pessoas muito atentas, com bons arquivos e com bom sentido das oportunidades. Depois dos suicídios de um aluno em Mirandela e de um professor em Rio de Moura, o problema da indisciplina nas escolas veio à conversa.

No jornal de Notícias a notícia «Professores não sabem lidar com indisciplina» mostra que a gestão de conflitos nas aulas está nas mãos do docente e que há cada vez mais professores a procurar formação para aprender a lidar com a indisciplina.

Assiste-se a uma "mudança social no relacionamento das pessoas". Perdeu-se a solidariedade e a empatia, a comunicação na sala de aula complicou-se. Nem sempre é assertiva e positiva como deveria ser. No entanto a estrutura escolar não funciona devidamente e «a gestão da disciplina na sala de aulas está nas mãos de quem ensina».

Mas o que queria salientar é a oportunidade com que me foi enviado o seguinte texto, já conhecido de há muito, mas que com interesse:

Educadores mais do que professores – Duas histórias

1ª história

Num liceu no Porto estava a acontecer uma coisa muito fora do comum. Um "bando" de miúdas andava a pôr batom nos lábios, todos os dias, e para remover o excesso beijavam o espelho da casa de banho.

O Conselho Executivo andava bastante preocupado, porque a funcionária da limpeza tinha um trabalho enorme para limpar o espelho ao fim do dia e, no dia seguinte, lá estavam outra vez as marcas de batom.

Um dia, um professor juntou as miúdas e a funcionária na casa de banho e explicou que era muito complicado limpar o espelho com todas aquelas marcas que elas faziam e, para demonstrar a dificuldade, pediu à empregada para mostrar como é que ela fazia para limpar o espelho.

A empregada pegou numa "esfregona", molhou-a na sanita e passou-a repetidamente no espelho até as marcas desaparecerem.

Nunca mais houve marcas no espelho...

2ª história

Numa dada noite, três estudantes universitários beberam até altas horas e não estudaram para o teste do dia seguinte.

Na manhã seguinte, desenharam um plano para se safarem. Sujaram-se da pior maneira possível, com cinza, areia e lixo. Então, foram ter com o professor da cadeira e disseram que tinham ido a um casamento na noite anterior e no seu regresso um pneu do carro que conduziam rebentou. Tiveram que empurrar o carro todo o caminho e portanto não estavam em condições de fazer aquele teste.

O professor, que era uma pessoa justa, disse-lhes que fariam um teste-substituição dentro de três dias, e que para esse não havia desculpas. Eles afirmaram que isso não seria problema e que estariam preparados.

No terceiro dia, apresentaram-se para o teste e o professor disse-lhes com ar compenetrado que, como aquele era um teste sob condições especiais, os três teriam que o fazer em salas diferentes. Os três, dado que tinham estudado bem e estavam preparados, concordaram de imediato.

O teste tinha 6 perguntas e a cotação de 20 valores.

Q .1. Escreva o seu nome ----- ( 0.5 valores). Q.2. Escreva o nome da noiva e do noivo do casamento a que foste há quatro dias atràs ---(5 valores ). Q.3. Que tipo de carro conduziam cujo pneu rebentou.--( 5 valores). Q.4. Qual das 4 rodas rebentou ------- ( 5 valores ). Q.5. Qual era a marca da roda que rebentou ---- (2 valores). Q.6. Quem ia a conduzir? ------ (2.5 valores).

Há professores e educadores...

Futuros cidadãos no Portugal de amanhã


Recebi por e-mail do amigo FR, a quem agradeço a simpatia e amizade, cópia da notícia da RTP com este preocupante título «Ministério da Educação quer suspensão imediata de agressores nas escolas». Fica em link para os interessados verem os pormenores, e segue-se uma pequena nota.

E qual é o destino dos meninos expulsos, mesmo que seja por poucos dias? Vão enveredar pela marginalidade para que têm apetência? Como se evita o acréscimo de crimes violentos com essas pessoas à solta? Não seria melhor anunciar medidas de reabilitação em recinto fechado durante algum tempo? Não seria oportuno anunciar o aumento das medidas de disciplina nas escolas? Que futuros cidadãos pretende formar o ministério da Educação?

O problema não é de fácil solução, porque não é pontual, mas fruto de uma continuada ausência de autoridade e de uma deseducação sem normas cívicas, éticas, morais, em que tudo tem sido permitido para não «violentar» as personalidades dos menores, só que se estão a criar indivíduos sem personalidade ou com ela deturpada e anti-social.

Não esqueçamos que a escola deve ser o nascer do sol para as crianças, cidadãos do futuro Portugal. Se, em muitas actividades, as atenções devem estar centradas no presente e no curto prazo, na escola, pelo contrário, deve pensar-se no longo prazo para
preparar o futuro do País.

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Professores prestigiados em Espanha

“Ao serem reconhecidos como autoridade pública, os professores – tal como os juízes, polícias, médicos e pilotos e comandantes de navios – contam com uma protecção especial. A agressão a um professor está tipificada pelo Código Penal como atentado contra a autoridade

“Além de serem autoridade pública, têm presunção da verdade, o que significa que a sua palavra tem mais valor do que a de outro cidadão”

NOTA: Os dois pequenos parágrafos traduzidos do castelhano foram transcritos do blog A Tulha do Atílio. Evidenciam que a Espanha, apesar de ter no Governo um partido de cor igual à do partido do Governo português, tem uma noção muito real e autêntica da importância do ensino na preparação do futuro do País. É na escola, quando as crianças aprendem os primeiros passos na convivência com os outros que se deve aprender o civismo, o respeito pelos direitos dos outros, o sentido do dever e da responsabilidade, a importância do trabalho, da perfeição, da excelência, do cumprimento de prazos, de pontualidade, etc.

Por cá, pelo contrário, não se respeitam os professores e eles usam da maior lassidão, aceitação, excessiva tolerância, permissividade, que tem como efeito a impreparação das crianças para uma vida digna, feliz e produtiva. Iniciam a vida com ideias e hábitos desajustados ao progresso e ao desenvolvimento.

Há pouco tempo ouvi na TV um empresário queixar-se de que a produtividade da empresa não poderia melhorar muito por carência de profissionalismo, de sentido da responsabilidade, de ausência de gosto pela perfeição, pela na excelência, do pessoal a todos os níveis. O lema do português fica bem expresso naquilo que Elisa Ferreira respondeu a uma florista no mercado, referindo-se ao seu papel no Parlamento europeu: é um trabalho sossegadinho e bem pago.

E esse empresário atribuía as culpas ao papel das escolas em que não se criam bases para desenvolver qualidades válidas nos futuros obreiros de Portugal. Sem profissionalismo responsável, sem obediência a regras, não se pode ir longe. E é na Escola que deve começar a mudança da cultura nacional, da mentalidade das pessoas, de procurarem merecer aquilo de que necessitam para viver sem estarem à espera do subsídio e do apoio dos outros, através do Estado, da Segurança Social.

E para começar, a mudança tem de ser feita nas escolas, no papel dos professores que têm forçosamente de ser prestigiados e apoiados, como está a ser feito em Espanha. É certo que antes de entrarem na escola, as crianças já devem possuir hábitos salutares, mas a realidade mostra que muitos pais os não possuem e não podem ensinar o que não sabem nem praticam. O mal vem detrás e, agora é preciso arrancar para a boa rota com a acção educativa dos professores. Oxalá Portugal aprenda com a Espanha.

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Ensino a brincar ou a sério

Publicado em 30 de Setembro de 2008 no blogue Do Miradouro.

Transcrição de texto referido por e-mail, já com várias achegas de percurso. Dá para pensar. Oxalá nunca tenha de ser atendido pelo Sr. Dr. Pedro Póvoa.

O atleta vai das Novas Oportunidades para o curso de Medicina

Pedro Póvoa concluiu o 12º ano um dia antes de viajar para a China, para participar nos Jogos Olímpicos. O português do taekwondo frequentou o programa Novas Oportunidades e foi aprovado. E termos académicos, fará uma progressão rápida, uma vez que se segue a candidatura à Universidade. Ainda pensou em escolher Psicologia ou Gestão, mas candidatou-se a uma vaga na Faculdade de Medicina da Universidade do Minho e deve entrar, dado que tem estatuto de atleta de alta competição. O problema será depois compatibilizar um curso tão exigente com os treinos.

Quando era adolescente, Pedro Póvoa fazia parte dos Ultras da Ribeira no apoio ao FC Porto. Há duas semanas, o líder dos Super Dragões, Fernando Madureira, apresentou-o a um dirigente do clube para ser estudada a sua contratação.
*
É mais uma história de sucesso do Programa Novas Oportunidades, o tal programa tão elogiado pelo primeiro-ministro. Um programa que conduzirá Portugal ao primeiro lugar mundial nas estatísticas sobre Educação. Agora, ficamos a saber que Pedro Póvoa, atleta de Taekwondo, vai entrar em Medicina sem nunca ter posto os pés numa escola secundária. Desta forma, o Governo manda uma mensagem a todos os jovens portugueses: não é preciso estudar Biologia nem Química para entrar em Medicina. Nem é preciso frequentar o ensino secundário durante 3 anos. Bastam 6 meses no Nova Oportunidades. E a Ordem dos Médicos fica calada? Está revoltado? Não vale a pena revoltar-se. Não queira ser apelidado de 'pessimista de serviço'!
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Já se sabia que o Novas Oportunidades está a dar diplomas do ensino secundário à velocidade da luz. Ficamos agora a saber que há quem veja nele o caminho mais curto para ser médico. Já tínhamos engenheiros civis sem Matemática e Física do secundário, economistas sem Matemática e linguistas sem Latim. Agora passamos a ter médicos que tiraram o 12º ano em 6 meses. Estudar Biologia? Para quê? Química? Não é preciso! Matemática? É chato!
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Um caso exemplar. Todos os que tiverem dificuldades nos estudos devem arranjar um pretexto para lhes trazerem a casa um diploma de doutor. MPR fala nisso com as tuas amizades para conseguires um doutoramento para o Bruno. Ele que comece a procurar a picada para lá chegar. O Póvoa era dos Super Dragões, mas o Bruno é militar, o que não deve ser considerado menos importante!!! Não te parece? Ele que trate do caso.
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Um verdadeiro escândalo. Não dá para acreditar. Isto nem no 3º mundo (propriamente dito) porquanto já basta este nosso!!! (4º, 5º. 6º, ou…)
De resto foi como (acho que se deveria denominar ‘novas calamidades’ que o Sousa grassou nas engenharias (ultra independentes!!!) Haja Deus!
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Agora fica tudo mais fácil no ensino: exames fáceis para melhorar as estatísticas, trabalheira que um professor tem para dar um chumbo, promessa da ministra de deixar de haver chumbos até ao 9.º ano, generalização do Magalhães às criancinhas, etc.
Mas esta de em Medicina onde tem sido muito difícil entrar se poder acessar vindo das tai oportunidades… meu Deus!!!

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Ensino - Ferramenta do desenvolvimento

Publicado em 5 de Fevereiro de 2007 no Do Miradouro.

O convite para ombrear com escritores tão competentes, tanto no aspecto literário como na capacidade de investigação e análise e na explanação de raciocínios bem elaborados de forma lógica e racional constitui para mim um desafio difícil mas também uma oportunidade de aprender com eles, com as suas opiniões orientadas para o aprofundamento de assuntos que virão enriquecer os meus conhecimentos. Porém, temo não poder dar grande contributo por ser um ignorante, descomprometido, fora de qualquer sistema e que apenas pretende olhar com isenção, à distância, no âmbito dos conceitos, os problemas que condicionam o desenvolvimento de Portugal que amo, embora me desiluda em muitos aspectos. Procurarei traduzir a posição do pastor de cabras da Serra da Estrela, sem escolaridade significativa, sem acesso à comunicação social, limitando-se ao pequeno rádio de pilhas, e aos contactos eventuais quando da ida à aldeia comprar o pão e as azeitonas que lhe servem de alimento na serra. Mas do alto do mirante, olhando de longe planície, os pensamentos vogam libertos, sem amarras, fixando-se num ou outro ponto que pareça mais significativo na vida colectiva. Crítico, por vezes incisivo, por vezes irónico, ele deixa sempre uma pista, mais ou menos explícita e optimista para sair da situação em observação. Quem veste esta capa serrana, merece condescendência, compreensão e tolerância, qualidades que todos devemos cultivar para que o convívio numa sociedade civilizada seja mais harmónico e pacífico. Procuro ser merecedor da boa vontade dos meus leitores.

Orientado pelo grande desejo de ver o País no caminho dos maiores, escolho para abertura da minha colaboração o tema do Ensino, por ele constituir a base em que assenta tudo o que de melhor pode ser feito, para engrandecer este rectângulo pequeno, mas com «metástases» de emigrantes em todos os continentes. É de desejar e esperar que surjam opiniões diferentes, até frontalmente opostas às que aqui deixo, mas peço que não me chamem burro, mesmo que possa parecê-lo, pois para mostrarem que não concordam com as minhas opiniões, a melhor forma é exporem as vossas e explicarem as vossas razões e deduzirem soluções, práticas e viáveis, para os problemas que afectam o futuro dos nossos vindouros.

O ensino é uma parte da educação, tendo esta início desde o nascimento da criança ou, segundo alguns cientistas, desde a gestação, pois o feto já é receptivo a influências do ambiente sonoro em que a mãe se movimenta. Mas, após o nascimento e com as primeiras mamadas, a criança começa a receber condicionamentos das suas atitudes e comportamento que é desejável serem adequados à sua integração na sociedade. A palavra disciplina poderá parecer muito agressiva, mas no fundo é disso que se trata, pois o civismo, o convívio com os outros não a dispensam. A integração na família e na sociedade obriga a «ter maneiras», isto é, a respeitar os direitos dos outros a fim de merecer o direito a ser respeitado. Em sociedade ninguém tem apenas direitos, tem também deveres para com os outros e, por isso, é errado convencer as crianças que têm direito a tudo e nenhum dever para com a sociedade. Essa educação consiste em ensinamentos de convivência, ou como agora fica bem dizer, de democracia, de civismo, quer na família quer na sociedade em que a criança se vai sentindo à vontade e vai exercitando a sua vida. Simultaneamente, a criança, ao manusear os seus brinquedos e ao imitar os pais nos trabalhos em casa, vai aprendendo a utilizar os talheres e outras ferramentas e a fazer alguns serviços, começando a ter o seu quarto e os seus pertences arrumados.

E, entretanto, chega o momento de pertencer a uma família mais alargada, mas mais uniforme ao entrar na creche, no ensino pré-escolar e por aí adiante. Nessa altura, já é tarde para lhe ser ensinado aquilo que devia ter aprendido com a mãe desde os primeiros dias de vida. É suposto que essa matéria já está sabida e já não é fácil ser ensinada e aprendida. Tudo tem o seu momento ideal. Daqui, uma primeira dedução: a educação começa em casa e não se pode culpar o ensino das consequências da ausência da acção educativa familiar.

Mas também, no ensino, a qualquer nível, os professores não devem restringir a sua actuação a papaguear o assunto do manual, sem mais comentários. Não faltam oportunidades para explicar a utilidade prática do conhecimento teórico. Recordo com muita satisfação, depois de muitas décadas, os ensinamentos práticos ouvidos dos professores de Físico-Química, Ciências Naturais, Matemática, etc. Que Deus os tenha em repouso pelo bem que me fizeram. Ao falar-se das leis da alavanca, pode ensinar-se o funcionamento da chave de parafusos e a importância do diâmetro do seu cabo; e ao falar-se da energia cinética pode explicar-se o funcionamento do martelo, e a importância do seu peso e do comprimento do cabo, ou o perigo da velocidade excessiva na segurança rodoviária, etc.

Quanto à preparação dos jovens para a vida prática é impressionante a ignorância da realidade (excepto do futebol!) com que hoje se chega à vida adulta, o que tem sido notório em concursos televisivos. Soube, há cerca de 20 anos, que num quartel do Exército foi indagado junto dos recrutas quem sabia de pedreiro, pintor, canalizador, electricista, mecânico, serralheiro, etc. Ninguém sabia. À pergunta do que tinham feito na vida, reposta era sempre a mesma, eram estudantes. O resultado era totalmente diferente 10 anos antes, porque havia escolas técnicas e, nessa idade, já havia muita gente empregada. Outro caso: o filho de um casal conhecido pediu-me para lhe arranjar emprego numa grande tipografia, o que não me foi difícil, mas passados poucos dias desistiu porque tinha sido colocado como ajudante na equipa de uma máquina impressora e o que ele pretendia era «trabalhar» num gabinete com um computador!

O Ensino deve ser olhado por professores e alunos como uma aquisição útil para a vida, uma ferramenta indispensável em qualquer profissão. Sem a convicção da sua utilidade, os alunos poderão não se sentir motivados para uma dedicação séria ao estudo. «O saber não ocupa lugar» diz o ditado e podemos acrescentar que nunca é supérfluo e «até morrer andamos a aprender». Quanto mais é o saber, melhor é a análise global dos assuntos e a sua inserção e interacção no conjunto dos conhecimentos. A tentação muito vulgar de se utilizarem modelos (as chocas) arrasta por vezes para erros muito perigosos devido ao facto de, ao fazer a colagem, não ter sido feita a necessária adequação à alteração dos dados, das circunstâncias. Não há soluções eternamente válidas, elas devem ser permanentemente adequadas às condições ambientais, circunstanciais, sempre em alteração.

O desenvolvimento da memória com a tabuada e da capacidade de método e de raciocínio com a resolução de problemas de matemática são um exemplo prático para esclarecer sobre a utilidade do ensino para a vida desde as acções mais simples às mais complexas. É vulgar ver pessoas a emitirem opinião sobre um assunto que não conhecem minimamente sem terem arrolado a analisado os dados, sem terem relacionado estes em função do objectivo pretendido, sem o terem equacionado por forma a visualizarem cada uma das vias possíveis para chegar ao fim, sem as terem comparado em cada um dos seus vários aspectos a fim de poderem escolher a melhor, a qual será a solução mais adequada, económica, eficaz e rápida. Viver é fazer escolhas e estas obrigam a um método de preparação que não deve restringir-se ao conhecimento dos preparadores bem preparados, mas ser divulgado à generalidade das pessoas, para lhes tornar as vidas mais eficientes e reduzir os desaires.

Por tudo isto, além de bons programas que consigam dar realce tanto à parte científica como às técnicas que permitam a sua utilidade prática, são necessários professores que, em cada momento, não se esqueçam de que estão a formar pessoas, como uma tela em branco a transformar numa obra de arte, uma porção de argila a tornar numa escultura. Não podem refugiar-se na desculpa de que os alunos vinham mal educados de casa ou mal preparados do ano anterior. Há que fazer um esforço para suprir essas deficiências e conseguir a elaboração da obra de arte final, em que gostem de se rever.

Mas, para o ensino funcionar com professores que actuem como artistas, é preciso que estes sejam pessoas bem preparadas, dispondo da educação que possam transmitir através do exemplo e da palavra, sabedores da matéria que ensinam, e com uma noção alargada da utilidade prática do saber que transmitem. Um professor, perante os seus alunos, não pode estar preocupado com qualquer problema pessoal que, nesse momento, deve estar fechado à chave numa gaveta do seu cérebro. A formação dum qualquer bom profissional leva-o a colocar de lado a sua vida privada no momento em que deve concentrar-se na actividade do seu mister, principalmente quando se trata de comunicar com pessoas, como é o caso dos professores.

Não deve contribuir-se para que a criança interprete liberdade como libertinagem. A criança deve aprender a ser um cidadão digno e competente, procurando a excelência. Não pode recusar-se a estudar um ou outro assunto com o pretexto de que isso não interessa para a carreira que quer seguir. Por exemplo, um médico deve grande parte da sua formação a assuntos diferentes da ciência médica em sentido restrito: tem de saber bem português para interpretar os tratados de medicina e para se expressar de forma clara nos trabalhos que escreve, tem de saber línguas para pesquisar em publicações estrangeiras e comunicar com colegas de outros países, tem de saber matemática, física e química para perceber e exprimir-se sobre assuntos da especialidade, etc. Há, pois, uma base alargada que é indispensável em qualquer profissão, porque um bom profissional não pode comparar-se a um robô, tem de perceber e raciocinar sobre o que está a fazer e ter capacidade de evoluir. Cabe aos pais e aos professores esclarecerem os alunos sobre a necessidade da cultura geral e estimulá-los na sua obtenção.

Tendo sempre presente a finalidade do ensino como ferramenta do desenvolvimento, não pode ser manipulado para caprichos de «intelectuais» para experiências abstrusas, autênticas masturbações idílicas, onanismos virtuais, como é o caso da TLEBS (Terminologia Linguística para o Ensino Básico e Secundário) que tanto espaço tem ocupado na Comunicação Social, tal é a insensatez em que assenta. E a pior utilização abusiva dos alunos veio há dias nos noticiários e refere um a crianças de pouco mais de 10 anos acerca da vida sexual dos pais. O ensino, dada a importância de que se reveste na vida dos povos modernos, deve ser respeitado pelas famílias dos estudantes, por estes e, fundamentalmente pelos professores e outros responsáveis pelo sistema educacional. Olhando para as notícias mais recentes conclui-se que o Ministério da Educação está a precisar de uma vassoura mecânica, daquelas que não descriminam pela cor dos olhos, nem por amizade, nem por confiança política, nem por pressões dos lobis editores. Em seguida, a ministra, se não for levada pela vassoura, escolherá pessoas inteligentes, competentes, com espírito de serviço público competentes, que se orientem pelos interesses nacionais e objectivos do ensino e não segundo s suas ambições pessoais, dos amigos ou dos partidos. Portugal precisa de saneamento, desde o básico ao superior.

Não posso encerrar estas reflexões sem referir as infra-estruturas físicas – a escola. Esta deve ser espaçosa, limpa, arrumada, para tornar possível o ensino e para criar hábitos positivos nos alunos. Estes devem poder estudar, conviver e distrair-se com alegria, comodidade e segurança. A prática de desportos tem o mérito de enfatizar o conceito da conveniência do trabalho de equipa. Não é admissível que os alunos ou os professores sejam vítimas de violências ou agressões, venham de onde vierem. A educação e o ensino exigem que na sociedade em geral e nas escolas, em particular, haja o culto do respeito por cada um e a observância de princípios e valores universalmente defensáveis. Tudo evolui, mas há valores que são perenes, convindo diferenciar o que é transitório daquilo que é permanente numa sociedade civilizada e democrática.

domingo, 16 de agosto de 2009

Custos escolares. 060827

(Para o blogue «A Voz do Povo» em 27 de Agosto de 2006)

Tem sido muito atacado o valor exorbitante que as famílias gastam com a abertura do ano escolar. Além dos manuais escolares e outro material obrigatório, conta muito a exigência dos estudantes de produtos de marca, para não ficarem mal vistos na competição da ostentação com os colegas. Uma mãe queixava-se: «Como é que eu explico à minha filha de seis anos que ela não pode ter aquilo que todos os outros têm? Que ela deve aguentar porque o orçamento familiar não dá?». Os pais atacam as grandes superfícies por procurarem atrair os clientes para os produtos mais caros. Atacam a publicidade por exercer grande poder de influência no potencial consumidor.

Como não consigo ficar indiferente a uma situação tão «dramática» como a daquela mãe, penso que poderá ser útil lembrar a muitas pessoas, como ela, que o ensino, ou melhor a educação, começa em casa, quando ainda se pode «torcer o pepino», e que há além de outras, estas três coisas que é imperioso e urgente ensinar aos filhos:

1. As pessoas devem dar mais valor à originalidade, à inovação, à criatividade nas soluções, do que à imitação, à cópia e ao seguidismo da moda e do que vêm nos outros. É degradante ver os meninos da escola todos com mochilas com o mesmo boneco. Parece uma formatura de militares, e hoje todos criticam a Mocidade Portuguesa!!

2. A publicidade não é feita para benefício do consumidor mas sim para lucro do produtor e do vendedor. Cada consumidor deve avaliar as suas necessidades e ver, de entre os produtos existentes, qual o que mais lhe interessa, atendendo ao dinheiro de que dispõe e às outras despesas que tem de fazer. Estou de acordo com as técnicas de venda dos hipermercados e com todos os tipos de publicidade, desde que não seja enganosa e que não recorra a imagens de violência ou de imoralidade. As pessoas reflectem sobre ela e, depois, são livres de tomar as suas decisões. Recebo vários telefonemas por semana a quererem vender-me maravilhas; ai de mim se não soubesse pensar e dizer que não estou interessado!!

3. O dinheiro é um bem finito. Aquele que se gasta na guloseima deixa de estar disponível para o lápis e a borracha ou o caderno. Habituar os miúdos à mesada ou semanada pode ser útil para aprenderem a gerir o dinheiro, sabendo o seu valor e os seus limites, e a importância da pequena poupança para fazer face a necessidades advindas.

Claro que há pessoas como a referida mãe que não sabem dizer não aos filhos e aproveitar a oportunidade para lhes explicar estas coisas que são lições práticas da vida. Mas, sem estas lições na tenra idade, está-se a criar uma geração de futuros empresários e políticos incapazes de gerir os interesses das empresas e do país. E... depois, como será o país? Que futuro irão ter esses meninos de hoje? Ser pai exige muita responsabilidade. «Quem dá o pão, dá a educação».

Quanto a ultrapassar o receio de os filhos se sentirem discriminados negativamente perante os seus colegas, filhos de gente rica, um amigo lamentava este facto e procurava descortinar uma solução que contrariasse esta tendência social para a competição nos aspectos da ostentação de riqueza, desprezando os verdadeiros valores pessoais. Recordou-me que, em fins da década de 1940 numa cidade de província, o reitor do Liceu obrigava ao uso de uma bata branca, que ocultava as diferenças dos sinais exteriores de riqueza. À chegada, os alunos passavam pelo vestiário onde deixavam o guarda-chuva, a gabardina, etc. e vestiam a bata, fazendo o inverso à saída. Os cadernos diários das disciplinas eram de modelo único adquiridos na cantina liceal.

Havia um aluno, filho de proprietários agrícolas de poucas posses, que se deslocava diariamente a pé, entre a sua aldeia e o Liceu. Usava botas de «sola de pneu» e as roupas, devido à poeira, à lama, à chuva e ao vento, das suas viagens de duas vezes seis quilómetros, não apresentavam aspecto muito famoso.

Como por essa data, não havia competição pelo calçado, roupas, mochilas, etc. de marca, como os artigos escolares não se prestavam a ostentação, como era usada a bata, esse aluno nunca foi discriminado, antes foi apreciado por todos por conseguir altas classificações. Estas eram um factor primordial de apreço, muito acima dos aspectos exteriores.

Da recordação de tudo isto e da reflexão sobre o actual problema dos pais, surgem as perguntas: um aluno de hoje, em condições semelhantes às daquele que se recordou, a perder em viagens perto de três horas por dia, a fazer os trabalhos de casa à luz do petróleo, a passar vários dias com a roupa molhada pela chuvada matinal, conseguiria suportar a pressão dos colegas ricos e obter boas classificações e acabar o curso superior bem cotado?

Como garantir hoje que os jovens saibam assumir aquilo que são, os seus valores intrínsecos, e aprendam a viver com o que têm? Como aprenderão que «basta ser feliz; não é necessário ser mais feliz do que os outros»?

O ensino e a vida real. 060811

(Publicada no Independente em 11 de Agosto de 2006)

Embora não seja grande consumidor de TV, tive há dias o prazer de ouvir parte de uma entrevista de um director de instituto universitário, com larga experiência na Suíça e nos EUA, que me levou a concluir que lá fora há a preocupação de basear o ensino, não na memória como cá, mas a capacidade de raciocínio, de formulação de dúvidas, de investigação, de procura de esclarecimentos. Tem-se como ponto de partida que a informação essencial de um curso, do Direito à Medicina, pode ser adquirida em pouco tempo, e antes dela, há que obter conhecimentos gerais, curiosidade pelo saber e hábito de pesquisa para a saciar. Desta forma, pela vida fora, o profissional manter-se-á sempre actualizado e competente, enquanto o que foi preparado pelo modelo baseado na memória depressa ficará desactualizado e ultrapassado pelo progresso da ciência, que não estava previsto nos manuais que estudou.

Esta deficiência do nosso ensino constata-se na ignorância da realidade e na incapacidade de encarar situações novas. Daí, surgem os mortos nas estradas e nas praias por não saberem raciocinar sobre os cuidados a ter; os políticos que perante situações nefastas e recorrentes decidem agravar leis antigas sendo as novas mais desprezadas do que as anteriores, mantendo a situação na rampa do agravamento; os adiamentos da venda do selo do carro por impossibilidade de avaliar o problema quanto à finalidade pretendida, a método e meios, etc. Será mesmo indispensável a fixação do dístico no pára-brisas? Não haverá outra forma mais prática de controlar os precaricadores, utilizando o cruzamento de dados?

Com tal ensino, parece ser cada vez mais difícil encontrar um técnico da função pública capaz de analisar um problema, com todos os seus condicionamentos, todas as consequências das diversas hipóteses de solução, sem o que resultam soluções claudicantes, a pedir emendas sucessivas e a agravar os problemas que era suposto resolverem, com os inerentes custos de toda a ordem.

Ensino com sezões crónicas. 060521

(Publicada no Público em 21 de Maio de 2006, pág. 6)

Num jornal de 12 de Maio vem em destaque a seguinte frase da ministra da Educação: «Mais de 400 mil alunos passaram nos últimos anos pelo secundário sem o concluir. Esta tendência não é natural nem aceitável face ao esforço financeiro do Estado». Realmente, não é aceitável termos sucessivos ministérios da Educação que tenham deixado chegar esta coisa a situação tão deplorável. 400 mil alunos constituem uma amostra demasiado representativa que impõe profundas reflexões e não se resolve com uma simples declaração pública. Se o ensino estivesse estruturado com realismo e adequação à sociedade a que se destina e às condições do País, não nos confrontávamos agora com este valor, demasiado escandaloso e dramático. Pergunta-se o que tem feito a ministra para estancar esta deserção maciça?

Por outro lado, a ministra usa como argumento, muito do gosto dos actuais governantes, o «esforço financeiro». Aqui o argumento joga contra ela e os seus colaboradores, pois, pelas suas palavras, fica provado que o ministério tem gasto muito dinheiro dos contribuintes, inutilmente ou de forma contraproducente. Aquilo de que o ministério tem necessidade não é de dinheiro que, pelos vistos, abunda e é mal utilizado, mas sim de pessoas competentes e sensatas, sem ambição de publicidade e popularidade, que se compenetrem dos verdadeiros objectivos do ensino e, com a colaboração de professores, determinem as medidas mais adequadas para incentivar os alunos a estudarem aquilo que lhes é útil para se transformarem em profissionais capazes de fazerem progredir Portugal, na produtividade da sua economia, no aumento das exportações e, consequentemente, no acréscimo do bem-estar e qualidade de vida deles próprios e dos seus futuros descendentes.

Sem a visível utilidade das matérias ensinadas, sem uma metodologia aliciante ao estudo e à investigação, não poderá estancar-se o êxodo dos alunos. Sem uma visão realista e sensata, escusa a ministra de exaurir os cofres do Estado, porque já abunda nas cadeiras dos ministérios quem cometa o crime de lesa-Pátria de fazer avultadas despesas improdutivas e inúteis. E nunca deve esquecer que os países que se destacam por terem sentido grande surto de desenvolvimento e nos darem lições, iniciaram o seu processo pela adequação do ensino às necessidades dos projectos económicos, sendo esse o primeiro passo, o qual, segundo as palavras da ministra, ainda não se vislumbra quando será dado. E assim continuaremos até...