Metereologia 24 h

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quinta-feira, 21 de novembro de 2019

Musicoterapia e o além


Este post é longo. Mas leiam até ao fim Sff.

Nos posts anteriores dei dicas de como recuperar de um intenso sofrimento amoroso e falei do quanto ainda tenho o pensamento dominado por lembranças e desejos. O que não sabem é que a ordem de publicação está inversa. Primeiro escrevi o texto sobre a recuperação. Depois, aquele em que menciono o quanto ainda penso no "gajo". 

Pode parecer que um anula o outro, mas não. Creio que esta "bipolaridade" emocional faz parte do processo. Há momentos esperançosos em que se está para cima e momentos de recaídas. 

Vim aqui escrever sobre um dos momentos "up!".
Estranhamente, surgiu na tarde de uma manhã devastadora: Terça-feira. 
(este post será publicado mais tarde para não existir demasiada quantidade diária).


Nessa manhã fui trabalhar de madrugada e durante o turno foi difícil não ter o pensamento invadido por ele. Senti imenso a sua falta. Fiquei em baixo, sem energias para dedicar a outra coisa. Às seis da manhã, fui para casa, comi e dormi quatro horas, acordando pelo meio umas seis vezes. Ao despertar de vez, o pensamento e o sentimento ainda estavam fixados nele. Dou por mim a desejar tanto lhe falar, que decido apelar à oração aos "dois que partiram". Não querendo abusar, que estas coisas não são para ser usadas amiúde. Mas tinha de suplicar para o voltar a ter à minha frente, para podermos falar. Então Pedi... pedi-lhe

O que também não sabem é que algo no meu instinto está a dizer-me que existe uma razão desconhecida que não quer que isto aconteça. Daí nenhuma oração ou desejo resultar. Ainda não entendi o motivo, ou a lição. Por isso apelei a quem acho que podia conceder-me essa graça. Ficaria tão grata pela oportunidade! O ter ou não um envolvimento com ele já não está em causa. O que me faz falta é entender o que se passou. Porquê passar por todo este sofrimento? A ausência de uma conversa de esclarecimento que tudo podia evitar? O que lhe deu? Por isso pedi. Com jeitinho, a "ela". 

Depois decidi cumprir com o que havia dito a mim mesma que ia fazer durante a tarde: sair de casa. Mesmo não tendo uma razão para tal. Foi um esforço, para ver se encontro outra coisa que me ocupe a mente. Talvez pudesse esbarrar com ele... Não é uma coisa tão patética? O gajo sabe onde moro, tem o meu número de telefone e o meu email! Só não contacta porque não quer. Ainda assim, aposto que todos nesta situação pensam o mesmo.

Senti-me deprimida na loja onde entrei. As decorações de Natal.. tudo parece-me sombrio. Não me apetece o Natal... e é talvez a primeira vez na vida que não o sinto como habitualmente. E nada tem a ver com o "gajo", mas com a força bruta e consumista com que o comércio usa a quadra religiosa para impingir produtos e por terem-no feito ainda no verão. Desejo que ele tenha um feliz natal, mesmo tendo-me dito que odeia a quadra e detesta estar com a sua família, preferindo não o fazer. Como será que se está a preparar para a ocasião? Terá agendado uma viagem para fugir?

Ver prateleiras com produtos não surtiu qualquer efeito. Toda a pressão para nos tornarmos pessoas consumistas de bens inúteis causa-me cada vez mais asco. Ainda assim decidi esforçar-me para não me enfiar novamente em casa e fui para a paragem de autocarro, rumo a um supermercado que fica noutra localidade. (Quem sabe o encontrasse lá?). Foi outra decepção. Nada me distraiu. Ele e a dor estavam a ocupar cada vez mais espaço no meu ser, como uma bola a ser insuflada... Foi então que escutei o telemóvel tocar. Chamada não identificada. Atendo. É da agência de emprego, a disponibilizar um turno de trabalho às seis da tarde. "Do you whant it?" - perguntou-me a voz masculina. -"Yes, I'll do it". 

Ao desligar a chamada, olhei para o céu, soltei um suspiro profundo e agradeci por ter algo com que ocupar-me. Não teria de passar o resto do dia somente à mercê do tempo livre e das emoções. 

Fui para casa, para descansar um pouco antes de rumar ao segundo turno de trabalho. Foi a primeira vez que me pediram, no mesmo dia, para ir trabalhar no mesmo local. Fiquei verdadeiramente grata e contente.

Chegada a casa tenho a sensação de estar melhor. Menos pesada com pensamentos dolosos. O facto de me saber necessária e ter de ir trabalhar faz-me bem. Ligo o computador e, quando dou por mim estou a cantar. A cantar e a trabalhar no computador. Canto em voz alta uma música inteira três vezes, até que dou conta o quão inusitado é AQUELA melodia. De onde terá surgido? Porque surgiu na minha cabeça? Deu-me prazer cantá-la, fez-me sentir bem. Mas ninguém canta aquilo. Só em ocasiões solenes. Achei intrigante, mas relevei.


Minutos depois, estava a sorrir. É que estabeleci a ligação. Lembrei-me. Algo que já não lembrava e dificilmente ia relacionar uma coisa com a outra. A pessoa a quem mais cedo "orei", pedindo para que providenciasse um encontro entre mim e ele, estava a cantar esta mesma canção antes de falecer. Foi o último som que emitiu em vida, a sua despedida. Não é espantoso?!?

Coincidência? Não creio. É uma das formas de comunicação a que temos de estar atentos. Talvez quisesse dizer que este amor tem de morrer... que não mo vai trazer porque não é suposto. Sei lá... Digo eu. Só sei que comecei a sentir-me melhor. Passei um batom dourado nos lábios e um lápis castanho nos olhos, ambos "mal dá para ver". Pela altura de sair de casa, estava a sorrir (sem sofrer)

Não deixei de pensar na bipolaridade disto tudo...  Estou de rastos, estou a rir.... Como??

A música continuou a acompanhar-me no percurso até o emprego. Fui ouvindo-a através dos phones pela rua e estava a fazer-me bem. Mas certeza mesmo só tive quando saí do autocarro e comecei a cantarolar e a abanar o "capacete" ao som do Efectivamente, do Rui Reininho. Até dei umas risadinhas com partes como "Cágados de pernas pró ar". 


Uma letra que não faz nenhuma referência a amores ou desamores. Um factor raro, cuja importância mencionei no texto com dicas para recuperar de um intenso desgosto amoroso. Todas as músicas ao acaso que surgiram daí adiante na playlist, tiveram essa particularidade de não falarem de amor.  António Variações com o seu "O Corpo é que Paga" a dizer que a cabeça precisa ter juízo, seguido de melodias sem qualquer letra - que referi serem importantes para ajudar a curar um desamor. 

Durante o trabalho não desliguei os phones e continuei a cantarolar as músicas que escutava. Cantei, gesticulei... ajudou-me a trabalhar mais focada e bem disposta. Mostrei-me mais eficiente, mais segura do que fazia, atenta, prestativa, bem humorada e sem hesitações. Uma grande diferença de pessoa em relação ao turno da madrugada. 

Contudo, existiu uma peculiaridade, peculiaridade essa que há muito tem vindo a incomodar. Todos me perguntaram se estava a sentir-me bem. Assim, de "tiro". Finalmente sinto-me verdadeiramente bem disposta, leve, livre do sufocante amor ferido a dominar-me o pensamento e à minha volta mencionam que aparento estar cansada ou triste. Fui metralhada com: "Estás bem? Tudo bem contigo?". "Pareces cansada... o teu rosto....".

Que onda...! A sério. Tenho mesmo de investir na minha aparência. Foi um dos motivos que me levou a agir (além do principal). Estar farta e desgostosa de escutar regularmente estes comentários. Principalmente porque parecem aumentar quando me sinto bem, não o contrário.

Será que os sinais de sofrimento têm efeitos retardados? Chegam ao rosto depois do seu pico? É que estava a sentir-me realmente bem. Como tal, achei que só podia estar radiante. Mas pelos vistos não. Ou foi o cansaço que realmente surgiu no rosto, ou então a minha falta de talento para a maquilhagem foi responsável pelos "olhos inchados" - como me disseram. (E nesse dia nem chorei!).


É uma droga... a idade. Os sinais de envelhecimento. A falta de mais horas de sono. Quando estou tão mal que penso em terminar com tudo, sou até capaz de receber elogios e galanteios. Ou fico sexy nestas alturas depré ou andam aqui fios cruzados,  Kkkkk.

Ao longo do dia daí para adiante, tenho estado a cantarolar. (escrevo terça-feira, depois do segundo turno). Espanta-me o tipo de músicas que me vêm à cabeça. São muito inusitadas! Devem vir de algum lugar... Melodias infantis que agora não recordo quais, cantares populares e também esta marchinha aqui:


Serei eu? 
Será ela?
Musicoterapia no seu maior!


PS: Amanhã um novo e surpreendente post sobre a evolução desta coisa...  Mas não tema! O blogue não será só sobre isto. É sobre a vida. E, neste momento, a minha está nesta fase. Sejam felizes! 

quarta-feira, 20 de novembro de 2019

Como recuperar de um (intenso) desgosto amoroso


Não tenho nenhuma fórmula milagrosa mas descobri técnicas que ajudam.


 QUEM CANTA OS SEUS MALES ESPANTA  


Esta é uma verdade. Cantar ajuda. Sei que parece difícil, mesmo impossível, porque tudo o que se tem vontade é de chorar. Mas cantar ajuda a afastar o pensamento, que teima em se fixar na pessoa e naquilo que viveram juntos. Disso a extrapolar para o que o/a terá afastado/a é um instantinho e a dor intensa que daí advém chega à velocidade-luz. 

Não permita! Por isso, CANTE. Escute músicas que ANIMAM, batuques sem letras, porque, indubitavelmente, as líricas são quase todas sobre amores que não deram certo. Dessas você precisa fugir. Por isso, fuja! Escute coisas aceleradas, rock pesado, preferência só instrumental. 


Esta é uma das dicas que acho mais úteis.

Não permitir que a cabeça se ocupe a pensar no que só nos traz sofrimento. 


2º) APROVEITE OS MOMENTOS UP

Não são muitos - são raros, mas se por um instante sentir-se em cima, não permita que as lembranças o empurre para baixo. Quando gargalhar, tente que hajam mais gargalhadas. Tentar divertir-se é essencial, mas muito complicado e não apetece de todo quando queremos é ficar sós para chorar. Por isso contradiga essa tendência. Não o/a leva a lado algum. Se tiver amigos que a/o puxam para cima, não os largue. Insista, mesmo estando a sentir-se miserável e triste. Aproveite cada instante de alegria, seja porque o seu animal de estimação fez algo engraçado, seja porque ele se enroscou a si. Mas concentre-se no bem que isso lhe faz, não na falta que sente do carinho e da alegria da pessoa de quem sente falta. 


3º) ACREDITAR NO SEU VALOR

Não é fácil vermos-nos a nós próprios com bons olhos, quando deprimidos e derrotados, a sentir que nada na vida faz sentido. Será que Deus tem um plano para nós? Porquê estamos a sofrer desta maneira? Qual o motivo? Qual a lição que daqui temos de tirar?

Não sei as respostas para tudo mas sei que aos poucos chegam. Deve-se afastar a vontade de morrer, a sensação de que está tudo perdido. Porque nós temos valor! Alguém nos ama, ainda que não sintamos assim. Algures alguém tem por nós um amor autêntico, puro, que nos é dirigido. Para quem tem fé, pode auxiliar-se no amor do Senhor - eterno e incondicional.  Para quem não tem, há que acreditar no próprio valor. 


terça-feira, 19 de novembro de 2019

O que me ajudou a recuperar (do sofrimento)



Três meses de sofrimento diário e uma intensa dor que, não tendo origem física, é ainda mais devastadora e maléfica do que uma maleita na carne. Dia e noite, qualquer instante de consciência, foi passado a pensar nisto. A senti-lo. A disfarçá-lo quando em público com pessoas conhecidas, a senti-lo intensamente a cada distracção dos seus olhos. A chorar por ter soltado um riso e estar triste. 

Pensei que não ia parar nunca. Mas rezei para que isso acontecesse. Orei a santos, a Deus, a Jesus, a Maria, a várias Nossas senhoras, aos pássaros, às árvores, às flores, ao vento, à chuva, ao sol, ao mar, à lua, às estrelas, às nuvens, ao céu, aos gatos vadios que me miravam na rua... Fui a igrejas, acendi velas, orei, pedi, supliquei. Supliquei muito, com muita fé, angústia e desespero.

Mas por algum motivo, não estava a surtir efeito. Ninguém me escutou, nenhuma mezinha resultou. Era suposto sentir-me assim por quanto mais tempo? Talvez se ele se dignasse a aparecer e me contasse o que lhe deu, talvez só assim passasse. Mas ele não o ia fazer. Sabia disso. Restava-me continuar a orar, mas também isso não estava a resultar!

Na noite de terça-feira passada, chovia bastante e decidi ir a pé a hora e meia do emprego para casa. Chuva, vento, o caminho todo em lama, pés e pernas ensopados... nada disso me afectava. O meu pensamento estava nele e só nele, como sempre. Como água que escorre para terreno mais baixo. É inevitável.

Mais sofrimento, mais lembranças, mais e mais dor! Parecia que não ia terminar nunca. Três meses haviam passado e eu nisto! Queria que terminasse. Se ele não vai aparecer-me à frente e dignar-se a conversar comigo, então que algo me fizesse esquecer que ele alguma vez existiu! Que me desse uma amnésia selectiva e pudesse esquecê-lo a ele, só ele. A dor, tão intensa, fez-me novamente rogar, suplicar, pelo fim desta emoção tão dolorosa.

Foi então que dirigi as minhas preces diretamente a pessoas de quem muito gostei e há muito partiram. E disse do fundo do coração e cheia de emoção: "Por favor, (....), acaba com isto, faz com que a dor pare!" "Por favor, (....), não posso mais com este sofrimento! Faz com que pare!".


Talvez um minuto depois, por uns instantes, consegui perceber uma mudança. Ténue. Mas senti-a. Por uns instantes, o meu pensamento voou para outro lado, deixou de se fixar nele. E isso foi o sinal. A dor, ainda que presente, pareceu pela primeira vez, que ia transformar-se em não dolosa. Ia ser ultrapassada.

Foi há uma semana. De lá para cá, continuo a tê-lo na minha mente quase 24h por dia. Ainda faço "filmes" sobre o que poderá acontecer caso o encontre e lhe consiga falar. Mas tenho agora pequenos e breves instantes em que o consigo afastar. Não totalmente, mas do consciente ele passa para o sub-consciente e mantenho-o lá o máximo de tempo que conseguir.

Segunda-feira pela manhã, ele acordou comigo e logo com intenções de dominar-me o pensamento e encher-me de mais uma sessão de "porrada" emocional. Mas quando desci para a sala, a paz e o sossego que lá senti, fez-me querer ficar por ali. Senti que o quarto está povoado de lembranças e era o pior lugar para me enfiar. Fiquei pela sala, onde estava a sentir-me bem. Mesmo quando outros logo apareceram para marcar lugar, esperando que saísse dali, não o fiz. Se voltasse ao quarto, ia fazer o mesmo que na véspera: a clausura ia fazer-me pensar, sentir, chorar e ia terminar a desabafar horas em vídeo tudo o que quero dizer. Não queria isso. Já tenho uns 100 vídeos... Precisei contar esta história em voz alta, contar o meu ponto de vista, o que penso, o que sinto. Não para alguém, mas para mim mesma.

Ainda não estou curada, mas sinto que também já não estou totalmente presa. Começo a pensar que sou alguém e preciso cuidar de mim. Não por dor, mas por merecer. Por ser uma pessoa, por já não ter muito tempo de vida na terra, e por isso ter de aproveitá-la melhor, para ser feliz, não miserável. Já chega de tristezas. Esta dor também irá ser (mais) uma que vai passar (?). Espero não esquecê-la, para que possa aprender a não voltar a cair em nada parecido. Mas quero, sinceramente, começar a viver a vida pelo prisma oposto àquele que me é mais oferecido: O sofrimento. Quero explorar as alegrias, o bem-estar, a felicidade.

Tenho esta dor como entrave e muitas outras contrariedades também. Mas faz parte da vida. Não se pode deixar que nenhuma delas tenha mais importância ou se sobreponha à vontade/necessidade de se viver feliz.

E acredito mesmo que "eles" é que me ajudaram.
Eles escutaram-me. E logo a bondade neles se compadeceu.
Onde estão só há amor e amor é o que sentem por mim.

Temos de nos sentir abençoados.

sexta-feira, 15 de novembro de 2019

Histórias de amor na telinha


Uma novela que me apaixonou há uns anos está em reprise. Uma mulher e um homem perto dos 30 conhecem-se e perdem-se de amores. Mas por contratempos e interferência de terceiros, os dois separam-se, acreditando que foram traídos pelo outro. 

Ela é a primeira a sofrer. Já se imaginava casada e com filhos - sonho que havia enterrado e que, por aquele sentimento que ele lhe despertou, voltou a ser real e tornou-se desejado. É nesse instante que se dá o golpe emocional: é subitamente atirada para a lama ao receber uma carta de rompimento (que não é dele mas pensa ser por não ter tido tempo de lhe conhecer a caligrafia). Julga-se abandonada, percebe-se usada de forma vil e cruel. Isso praticamente a destrói. 

Ela não vê mais sentido para continuar a viver! A menos que encontre o sacana para se vingar das mentiras e da forma vil como a usou e brincou com os seus sentimentos. O tempo que teve para viver o romance foi tão curto, que não deu para saber nada realmente sério sobre ele: quem era a sua família, onde morava. Só lhe sabia o nome, nada mais!

Ela faz disso o seu motivo para continuar viva e fica obcecada: quer descobrir onde ele anda, qual o seu paradeiro. "Vingar-se" - diz ela.

Começa a gastar rios de dinheiro - todas as suas poupanças (de mulher rica), em investigações que não levam a lado algum e quase colocam a sua vida em risco. Fica à beira da falência. Até que decide aceitar o afecto de um cavalheiro igualmente sofrido, que lhe oferece o casamento e a vida com a qual passou a sonhar e que viu ser brutalmente esmagada.


Revejo-me um pouco nesta história. Removendo a parte da vingança, pois já não sou dada a esses impulsos juvenis. Tenho maturidade suficiente para não ir por aí e a minha inclinação é desejar bem às pessoas, mesmo as que me ferem. Pelo menos costumava ser assim. Agora talvez abra excepções.

Revejo-me também na parte em que ela gasta rios de dinheiro - todas as suas economias, para o tentar encontrar. Ainda não tive tempo para contar essa parte da minha actual história. Continuo a rever-me na de ficção, mas optei por um caminho diferente, embora o resultado seja o mesmo: esbanjar as poupanças.

No pico daquele desespero de lágrimas sem fim e angústia no coração, sei que mencionei aqui que fiz umas compras por impulso. Soube de imediato porquê as fiz. Foi a minha maneira de me agarrar a algo. um impulso que nunca antes tive. Assim como ela se agarra à vingança, eu decidi investir em mim. Por impulso, entrei numa loja oculista e fiz um teste à vista. Que, claro, acusou necessidade de usar uns para combater o "cansaço e esforço" ocular. Deixei-me levar e paguei por algo que não uso e coloco em causa que faça falta. Depois comprei roupa, acessórios. Uns estão ainda por usar. Logo de seguida decidi ir em frente com algo interrompido, e optei por arranjar os dentes, não importa quanto me fossem cobrar. E depois, decidi seguir os concelhos de uma especialista, para melhorar a minha aparência. E decidi afastar-me viajar mais. Comprei mais passagens de avião. Ao todo, desde que tudo aconteceu há pouco mais de dois meses, já esbanjei 15.000€. 

E não teria gasto um centavo, não fosse pelo impacto emocional causado pelo seu comportamento inexplicável.

Podia tão bem ter gasto o mesmo em coisas tão melhores, feitas a dois... ai.


Mais gastos podem vir a caminho. Não vejo resultados alguns no "aperfeiçoamento" da imagem e isso pode levar-me a fazer experiências ainda mais caras. Nesse sentido, sei não ter economizado o suficiente para tamanha ambição. 15.000€ é muito dinheiro, mas não é nada se pretender enveredar pelo caminho dos tratamentos estéticos. Por exemplo: se um especialista dizer-me que necessito de implantes mamários, isso não faz parte dos meus planos mas, se ficar convencida que faz sentido e como sei que não estou satisfeita com a direcção para a qual os seios estão a ir, ele poderá convencer-me que é o melhor. E eu vou considerar essa opção. Estou disposta a isso. 

Tudo por causa do que me motiva a investir em mim: recuperar-me e esconder uma dor, um conjunto de muitos sofrimentos de uma vida inteira, decepções a perda de sentido em continuar respirando. Uma última forma de vir à superfície em busca de ar. 

Ao mesmo tempo, talvez não queira fazer nada. Não tive grande saída: ou era isso, ou desistir de vez. As duas decisões em si podem parecer opostas, mas não estão afastadas. Ambas são um acto extremo para um sentimento idêntico: uma dor tão poderosa, que se torna incapacitante e remove o sentido a tudo.


A história da novela não tem qualquer hipótese de acontecer nos dias de hoje - podem estar a pensar. Enganam-se. Basta substituir a carta por um SMS e é tão contemporânea quanto sempre será. Decepções amorosas são eternas e, pessoas a querer intervir numa história de amor e alterar a vida das outras também. 


Agora que estou a ficar mais velhota (e menos observada na rua), cheguei a contemplar a ideia de um dia vir a saber o que é ser rejeitada. Não que nunca tenha acontecido gostar de quem não gostasse de mim, e ser ignorada, ou preterida ou ter sofrido antes... Mas assim, de chapada na cara, seca, agressiva... Nunca. (Ou quase nunca, não sem ficar com uma ideia de um possível motivo).

Cresci a ser assediada, a ser mirada, achei que era assim com todas as mulheres. Não sabia que não era. (sorte das que não são, aproveitam melhor a vida). Aprendi a fazer cara feia, para dissuadir esses comportamentos, que sempre me deixaram desconfortável ou irritada. E descudei-me, apreciando a alteração de comportamentos que isso trouxe. Embora bastasse vestir-me um pouco melhor, para os ver regressar. Porém, a flacidez idade não perdoa nem a mais bela das mulheres (não, não me considero uma, nunca considerei). Acho que devo começar a contemplar coisas melhores, pois, mesmo na fantasia, o cupido sádico só sabe apanhar as partes que lhe interessam.

Sejam felizes.