Metereologia 24 h

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segunda-feira, 14 de novembro de 2022

Conversa informal de autocarro

 

Nem estava a prestar atenção. O meu foco estava nas horas no display do autocarro. Tinha 15 minutos para bater o ponto. E um percurso que podia levar mais que isso. A pontualidade era incerta e um desafio que aceitei ao receber, 10 minutos antes, uma chamada telefónica para ir trabalhar ontem, Domingo, às 10 da manhã. No total tive 30 minutos desde o desligar da chamada para sair da cama  e estar no emprego a trabalhar. Só o percurso demora mais que isso. Tinha de me apressar. 

Em 3 minutos estava fora de casa, em nove no autocarro que apareceu mesmo quando estava quase a alcançar a paragem. Corri para o apanhar e entrei. Os meus olhos no display que diz qual o próximo destino e mostra os minutos que faltam até chegarem as 10 da manhã. O autocarro vai parando nos semáforos, nas suas paragens obrigatórias e demorou-se logo na segunda, para poder facilitar a entrada a uma senhora em cadeira de rodas. Algures depois ou antes da entrada desta, um vulto feminino a falar ao telemóvel tinha entrado também e passado por mim. Sentou-se algures atrás. A voz não era muito alta. Mas a rapariga, britânica, falava claramente e dava para escutar o tema da conversa.

O meu foco está nas horas. Perderam-se quase 3 minutos na paragem onde entrou a senhora, com o marido e uns outros tantos. Até foram rápidos. A agilidade da senhora e a força de braços - louvei-lhe. Via-se bem que era uma senhora de garra, independente, com identidade que não estava presa à cadeira. E ponderei se homens conseguiriam ser assim. 


Talvez por essa distração a voz da rapariga ao telemóvel tornou-se percetível. E era esta a conversa dela: 

Acordou sem se lembrar de nada mas com aquela sensação "lá em baixo" (Ria-se). Tinha quase a certeza que teve relações sexuais mas não se lembrava de nada. Explicou que toda a gente falava daquela droga muito boa e que tinha de experimentar. Achou graça que a droga era tão boa que a tornou desmemoriada e provavelmente manteve relações sexuais. Com quem? Com o quê? Com quantos? - não faz ideia nem nunca vai saber.

A rapariga estava OK com esta experiência. Até ri, e sem ser de nervoso. Ri com gosto. Ri por ter aquela história fantástica para contar. E conta com tanta casualidade, que o faz no meio de um autocarro cheio de gente. 


Qualquer dia...

https://www.cmjornal.pt/mundo/detalhe/casal-faz-sexo-em-frente-a-criancas-dentro-de-autocarro




quarta-feira, 31 de julho de 2019

Não saber estar num autocarro


Cheguei à conclusão que aqui nesta cidade as pessoas que andam de autocarro são todas burras.
Calma! Não estou a ofender ninguém à toa. Então justifiquem lá isto: quando entram e os lugares sentados estão ocupados, ficam-se pelas portas traseiras. Ninguém sobe para a parte de trás, onde certamente vão vagar mais assentos na paragem seguinte. Eu se poder, fico por ali, porque além da possibilidade de me sentar ser mais elevada, é também o único lugar num autocarro por vezes lotado onde não se viaja apertado.

(estes ingleses são muito burros!)

Todo o cuzinho que entra no autocarro, acumula-se ali na porta traseira, entre o degrau para subir e o piso inferior, com a barriga e as malas enfiadas no sentido onde gostariam de ir, quase a meterem-se no "colo" do passageiro sentado na cadeira perto do degrau. 





Mas o que me enerva todos os dias é um hábito que todos aqui têm. Acho-o repulsivo. Tenho vontade de dar uma lição de civismo nestas pessoas. 

Então não é que assim que alguém desocupa um lugar, os que já viajam sentados correm para o apanhar? Falo, claro, dos lugares à janela... Podem vagar cinco e tu, que acabaste de entrar para sentar, não tens hipótese. Só vês vultos a mexer e subitamente os lugares vazios são todos à coxia. 


Para mim é um comportamento altamente condenável. De bom tom é, se já viajas sentado, deixas-te estar sentado. Ou trocas de lugar sim, mas não quando outros estão para se sentar, não quando estão passageiros a entrar com essa finalidade. Se o teu CU já viaja sentado, que direito pensas ter de especial para poder fazer "upgrade" do trono??


E tem outra... Quando está sol, o comportamento é oposto. Fogem dos lugares à janela e vão para a sombra na coxia. É ou não é repulsivo? Demonstração pura de egoísmo. 

Para não falar dos lugares reservados a idosos e deficientes. Em Lisboa, de vez em vez, ainda se vê o autocarro com gente em pé mas esses lugares continuam vazios. E as pessoas cedem sempre a quem de direito. Aqui sentam-se neles quem quiser. Jovens principalmente. Se aparecer alguém mais idoso, ninguém oferece o lugar. Esperam que o peçam e, na realidade, a menos que a pessoa venha a coxear ou use uma bengala, tornando assim a sua necessidade obvia, ninguém se move. 

Uma vez ofereci o meu lugar a um casal de pessoas enxutas, mas mais velhas, pois percebi que era-lhes difícil segurarem-se e equilibrarem-se com o movimento do veículo. Ela estava a amparar o homem. Ofereci e ela recusou. Logo de seguida duas pessoas ao meu lado largam o lugar e o casal senta-se e relaxa. Bem que podia ter aceite o meu lugar, não os estava a chamar de velhos por causa disso. O alívio e conforto que retornou aos seus rostos quando se sentaram foi obvio. E o casal que se levantou, se ia sair na paragem seguinte, também podia ter demonstrado a mesma atitude que eu. Mas não. Preferiram continuar a viajar sentados até o último minuto. O casal podia ter pedido os lugares reservados, mas também não o fazem. Só pessoas com bengalas ou a coxear são capazes, diante do obvio, solicitar ou esperar que o simples visualizar da sua situação faça com que esses lugares vaguem. Pessoas idosas, sem dificuldade de locomoção visível, parece que são orgulhosas demais para tal.

À entrada do autocarro estão dois lugares individuais isolados, um em cada lado, à semelhança do que acontece em Portugal. Um atrás da cadeira do motorista, outro do outro lado, idêntico. Noutro dia enervei-me em silêncio com o que vi. Viajava atrás e os lugares à minha frente estavam todos vazios. Vejo duas mulheres que conversavam sem parar, a entrar em primeiro lugar e percebo que, mesmo viajando juntas, vão cobiçar os lugares individuais. Dito e feito: A primeira a validade o passe sentou-se na cadeira individual e a outra fez o mesmo. Antes mesmo do terceiro passageiro passar, já o palrrear das duas, mais os movimentos dos braços, atrapalhavam quem queria passar. Cada uma delas virada para o centro, cada qual a falar mais alto para se escutar.

Não era mais civilizado não imporem a conversa privada a todo o autocarro e terem-se sentado uma ao lado da outra, num dos tantos lugares disponíveis? Claro que sim. Mas as pessoas aqui regem-se por um princípio de egoísmo que não entendo.

Outra coisa que aqui não se faz: não existe respeito pela ordem de chegada na paragem. Tanto pode entrar primeiro no veículo a pessoa que chegou naquele instante, como outra qualquer. A que estiver mais perto da porta, entra. Não há cá "direitos" civis não pronunciados mas seguidos, regras de etiqueta, de cortesia, de educação, que ditem que é de bom tom permitir que as pessoas que aguardam a chegada do veículo há mais tempo, entrem primeiro. 

Nada!
Aqui até se surpreendem comigo, quando digo à pessoa que estava à minha frente, para fazer o favor de entrar.


Conclusão: aqui as pessoas não sabem utilizar o autocarro. 
Não digo em toda a inglaterra, porque creio que no centro de Londres é diferente.
Mas nesta cidade da periferia... é como descrevi.



quinta-feira, 4 de julho de 2019

Falar, calar, comunicar e manguito


Falar ou calar? - Pergunta deixada neste blogue.

Esta questão motivou-me a vir aqui escrever sobre este lado da natureza humana: do falar e do calar.


FALAR:
Na viagem de autocarro ontem de noite, entrou um passageiro com aspecto de morador de rua e lentidão nos movimentos. Comprou bilhete com o motorista e enquanto lentamente colocava o bilhete na carteira  fez um comentário qualquer. 

O motorista parou o veículo, perguntou-lhe se estava bêbado e disse que queria-o fora dali, que recusava-se a transportá-lo. Portanto, ou ele saia, ou o autocarro não andava.

Quase 23h da noite. O autocarro cheio de pessoas ansiosas para chegar a casa. Todas a querer ver o autocarro a mexer. O homem, ficou parado e imóvel no mesmo sítio.  Um outro passageiro de fato e  gravata dirigiu-se a ele de forma autoritária, fazendo o papel que devia ser do motorista e disse com voz muito firme: "saia deste autocarro. O motorista pediu-lhe para sair, ele não vai arrancar com o veículo consigo cá dentro. Todos nós queremos chegar a casa, você já está a fazer-nos perder tempo.". Foi aqui que o homem estranho finalmente falou. E apenas disse: "comprei o meu bilhete quero viajar neste autocarro". Ao que o homem bem vestido retaliou: "Tem de sair deste autocarro agora. Comprou bilhete mas o motorista não o quer transportar. Portanto saia. Simplesmente saia. O motorista disse que podia usar o bilhete no próximo autocarro". E nisto toca no braço do homem estranho, querendo dirigi-lo à porta de saída. "Acalme-se. Não seja violento" - diz o homem-estranho. (aqui não se pode ter qualquer contacto físico, é onde estabelecem o limite, identificam quem toca como a primeira pessoa a iniciar o assédio).  Enquanto este diálogo entre passageiro indesejado e outro passageiro ocorria, o motorista manteve-se calado. E sossegado, no seu cubículo protegido por flexi-glass

O homem bem vestido, que se nota que é culto, inteligente, capaz em todas as suas faculdades físicas e psicológicas, continua o confronto verbal com o homem estranho, a maior parte das vezes mudo e sem reação. Repete-lhe a ordem para sair do autocarro e às tantas diz-lhe: "Quer discutir leis? Pois muito bem. Vamos falar da lei!".

O que achei inapropriado. O homem-estranho estava claramente numa posição de inferioridade e também não me pareceu ter capacidades intelectuais muito desenvolvidas. Nesse instante não gostei da atitude do homem-bem-vestido. Acho que não gostei quase de imediato. Acho bem que fale, que expresse a sua opinião. Mas há um limite entre o falar, o ordenar, o se mostrar e o tirar proveito de uma situação desfavorável para outra pessoa. Ele estava a ser mais confrontacional que a suposta ameaça e a retirar do motorista o dever de impor a autoridade. Este bem que se calou e não impediu ninguém no autocarro de confrontar o homem-estranho

A quietude deste tanto podia dar para a violência súbita, quando para a total incapacidade de reagir. Por isso cabe ao motorista zelar pelo bem-estar de todos os passageiros. Neste país faria todo o sentido se o motorista pedisse ao homem-bem-vestido para não intervir mais, pois já estava a chamar a polícia pelo rádio. Mas o motorista deixou as coisas rolarem. E se o homem-estranho, ao ser tocado, desse para desatar a bater em alguém? Podia ou não o motorista ser responsável já que não fez nada para acalmar os ânimos? 

Não simpatizei muito com a intervenção do homem bem-vestido. Que depois foi reforçada por outro homem bem-vestido que estava sentado ao meu lado. Dois galos de capoeira... contra um homem barbudo, transportando uma mochila de campismo nas costas e segurando um pau de caminhada. Dificilmente os seus movimentos podiam estar soltos para atacar alguém. Mas no caso de um ataque de fúria tudo é possível.

Este homem não falava, não se movia, foi como se tivesse sido apanhado de surpresa. Só então, muito depois, o primeiro passageiro que interviu decidiu entrar pela abordagem mais serena: "Tem algum problema médico? Precisa de tomar alguma medicação?". 

O homem nada dizia e não se movia. Eu é que me movi. Pedi licença para passar, dizendo que ia apanhar o próximo autocarro já que aquele não saia dali. Na realidade, mexi-me para ver se o homem-estranho também se decidia a sair, ao ver outra pessoa abandonar o veículo. E também porque não queria estar ali a presenciar mais aquilo. Sinto-me muito voyerista, embora o meu lado que sempre gostou de registar o quotidiano sentisse uma vontade compulsória para começar a gravar. Hoje em dia todos fazem isso porque existem smartphones, mas eu sinto estes impulsos desde criança, antes mesmo de câmaras de filmar estarem ao alcance do cidadão comum, quanto mais existirem telemóveis ou smartphones. Mas Mas agora que fazer gravações é algo banal e tão criticado, algo que me dava gosto fazer com todos os cuidados e respeito, já não faço com tanta normalidade. Resisto ao impulso.

Basta recordar aquele post onde contei que fui insultada por duas tipas que passaram por mim enquanto tirava fotografias a uma igreja. Por acaso esta é uma boa história para recordar, pois passei por lá faz dois dias e no exacto lugar onde eu me encontrava a tirar a foto, estava uma outra rapariga a fazer o mesmo. LOGO me ocorreu que ela era uma sortuda. Porque eu não ia parar e recriminá-la por aquilo que estava a fazer como as outras duas doidas fizeram comigo. E ela pode seguir caminho sem nunca conhecer a sensação que é passar por aquilo.

Bom, regressando ao episódio no autocarro. Eu saí, outra passageira veio atrás, depois outro mas a verdade é que a pesar de o autocarro estar imobilizado fazia já muito tempo, o próximo ainda estava a 12 minutos de distância! Não sei como mas o homem-estranho acabou por sair. E nós regressamos ao veículo. Eu agradeci ao homem-estranho, que estava como um zombie parado no lado de fora do autocarro e agradeci ao motorista ao entrar. Sentei-me e senti um tanto de desconforto com a gargalhada e risos que o homem-bem-vestido exibia à medida que relatava o seu confronto com o estranho. Disse ele que era capaz de o arrastar para fora do autocarro se fosse preciso.

Um tanto gabarolas para o meu gosto pessoal. 

Quanto ao homem-estranho, não sei o que lhe aconteceu. O motorista alertou o motorista seguinte, fez a descrição física completa do indivíduo e acusou-o de o ter insultado e recusado a abandonar o veículo. Não cheguei a entender se existiu insulto, embora o homem tenha ruminado algo ao entrar. Agora ficou marcado, como se calhar também eu podia ter ficado naquele mesmo dia, caso o motorista ao qual fiz o gesto do manguito, tenha achado esse gesto ameaçador e impróprio para a sua nobre pessoa. 

Acho que aqui abusam nos direitos e esquecem-se um pouco da educação. Como se sabe, em Lisboa, se um motorista passa com o autocarro cheio de passageiros e não pára quando fazes sinal, é costume ele assinalar com um gesto de mão ou abanando a cabeça - mas é RARO não existir essa comunicação. Existe o cuidado, a atenção, de deixar saber aos passageiros à espera na paragem o que está a acontecer. Aqui não. Estou à espera do veículo, vejo-o a aproximar-se, faço sinal. Espero que se aproxime mais, volto a fazer sinal. E este passa por mim sem reduzir velocidade, o motorista nem me olha na cara, vem a mascar pastilha e ignora-me! Acho isto do mais rude que pode existir. Acho-os muito rudes muitas vezes, naquilo que podiam ser gestos muito simples e fáceis de ter.

Custava acenar com a cabeça? Fazer um gesto? Deixar-me saber que não ia parar?
Como era a única na paragem e obviamente ninguém tocou na campainha para sair naquela onde me encontrava, o motorista ignorou-me! Senti-me insultada. Fiz-lhe rapidamente um manguito que espero sinceramente que ele tenha visto através do espelho retrovisor.

Já que não sabe comunicar, eu sei! Se não aprendeu o que é comunicação visual, eu ensino-lhe.
Se eles, motoristas, sabem acenar uns aos outros quando se cruzam e sabem fazer sinais de luzes para se cumprimentarem, o que custa? O que custa comunicar ao passageiro que ignoras que não paras por algum motivo de força maior?

É que é muito rude.
Muito mesmo.

Novamente hoje, já com a paragem cheia, o autocarro passa a alta velocidade e não pára para nos deixar entrar. Todos olharam uns para os outros. Obviamente. Ninguém gosta de ser ignorado! Não sou só eu, foi a paragem inteira. Mas desta vez, viu-se um outro autocarro a aproximar-se. No meu caso, eu vi DOIS passarem enquanto caminhava para a paragem mais próxima e aguardei aquele por cinco minutos.

Estava longe de esperar que fizesse aquilo. Já tinham passado DOIS! Esperei mais 17 minutos pelo próximo. E aqui é muito tempo! Porque é suposto eles passarem em intervalo de seis minutos entre si. 


Bom, mas desviei-me muito do tema principal. Há dias assim. 

FALAR ou CALAR?

No caso do homem-estranho, ele devia ter-se calado ao entrar. Não calou, o motorista achou que tinha sido insultado e reagiu de forma extrema. Escudado pela lei, ninguém o podia punir. Está no seu direito e nem digo que tenha feito mal, pois quando vi o homem estranho entrar, pensei comigo mesma que ele não devia entrar. Era muito lento nos gestos, estava a tomar o seu tempo... como se vivesse num tempo próprio, só seu. E isso não cai bem ali. Até nem procurou se sentar de imediato, levou o seu tempo, tanto tempo que ruminou alguma coisa que despoletou tudo o que aconteceu de seguida.

E FALAR?
Devia ter falado quando lhe dirigiram a palavra. Devia ter tentado justificar-se, defender-se, até mesmo desfazer qualquer equívoco. E agir. Mas calou-se quando não devia e falou quando devia estar calado.

Quantos de nós não faz o mesmo?
Infelizmente identifico-me bastante com essa parte do estar calado quando se devia estar a falar. Há situações em que se está tão certo que quando se escuta tanta coisa errada, fica-se mudo. Pela injustiça. Já vos aconteceu?


quarta-feira, 27 de junho de 2018

No Porto


Vale a pena ler o relato de uma alternação (palavra gentil) entre três mulheres e um segurança, na noite de S. João, no porto, enquanto esperavam um autocarro. 

Há tanto de português nisto... 
E não menciono o racismo.
Pelo simples facto de uma das mulheres ter chegado DEPOIS e "cortado" a fila (foi juntar-se às amigas que estavam na frente) um gajo impediu-a de tal (tal é a ânsia pelo assento) e tudo resultou e murros no rosto, sangue, insultos, cuspidelas - uma violência desnecessária. 


A polícia?
Não mugiu nem tossiu.



Tudo porque passou à frente na fila do autocarro...
E aqui na terrinha de sua Majestade, o que me irrita é que esse conceito de ordem de chegada é inexistente. 

As pessoas enfiam-se no autocarro de forma ordenada mas, não por ordem. Não têm noção dessa ética social. É o primeiro que se chegar na porta e todos aqueles que fizerem fila dupla atrás. Nada de respeitar a chegada, posso ser a primeira e não existir ninguém mais por uns bons 10 minutos. Não faz diferença. Aqui na cidade onde estou não respeitam ordem nem dão prioridade a idosos na entrada do veículo. Têm prioridade nos assentos da frente  - como em Portugal. Mas antes disso... esqueçam. 

Se fosse reagir assim por cá... por entrarem no autocarro fora da ordem de chegada... 
Ai, ai. 
Apenas bufo, abano a cabeça ou reviro os olhos.

quarta-feira, 13 de dezembro de 2017

Falta de noção com falta de moral


Isto aconteceu comigo à pouco e achei que era um bom assunto para trazer até o blogue.
(mesmo existindo uma hipótese de exposição)

Estava a sair da estação do metro (quase meia-noite) rumo à paragem de autocarro. Nisto escuto a música ambiente bastante alta. 

«Há noite o metro vira uma discoteca!» - pensei a ironizar. 
«Podia já fazer-se uma festa aqui» - acrescentei.

E como quase sempre acontece quando me deparo com uma situação caricata, "saco" do telemóvel na intenção de registar o insólito. 


E como quase sempre acontece, quando se tem algo mesmo «giro» que se quer registar, o telemóvel está a perder a bateria e o armazenamento atingiu o limite :)

Pela altura em que consigo chegar à camara, carregar no botão e ver aquilo reagir ao comando, já a música tinha chegado ao fim. Quando regressou, como temi, veio um pouco menos alta. E manteve-se assim, oscilando entre o baixo e o alto, mas não aos berros como estava quando me surpreendi com o inusitado. Fiquei a pensar quem é que estava responsável pela sonoridade da estação e se estavam a pensar se divertir naquela noite, quanto todos tivessem ido embora...


Há medida em que fui avaçando, fui percebendo que outra música ambiente da estação estava a tocar no fundo. Muito ténue, quase imperceptível. Existiam então DUAS fontes de som ambiente? Estranho. Nunca percebi tal situação. Observei ao redor enquanto me dirigia para a saída da estação, a tentar perceber se estavam em reparações ou a fazer testes. Nada percebi nenhum indício. Mas era distinto a presença da música alta com a ténue e discreta. DUAS fontes de música inundavam o mesmo espaço público.

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Saio então da estação e, cá fora, na rua, após sair do elevador que me isolou do subterrâneo musical, os ouvidos foram novamente surpreendidos pelo mesmo volume de decibéis exageradamente elevados. De onde vinha a música? De um aparelho transportado a tiracolo por um rapaz. Deve ser aquilo a que chamam boombox. Em termos sonoros é o equivalente às colunas de som stereo daqueles automóveis mais irritantes, que quando param num semáforo com a música aos altos-berros, só dá é nos nervos de quem está em casa a tentar se concentrar numa qualquer tarefa. Só que, desta feita, fizeram-nas portáteis para humanos. 



O rapaz também se dirigia à paragem. Onde já se encontrava um outro. Este também estava a escutar música, mas usava phones nos ouvidos. Daqueles que não deixam transbordar ruído para fora (esses são um atentado!). Este rapaz, que já se encontrava ali, teve de se afastar. Certamente para não se sentir incomodado. Afinal, se já estava a escutar música - certamente da sua preferência, não tinha porquê ter de ser sujeito a escutar outra, que não podia escolher se queria ouvir ou não.

Eu fiquei curiosa e quis registar o inusitado. Mas com o telemóvel a dar as últimas, fiquei ali a tentar apagar cenas que ocupam espaço para ver se apanhava um pouco daquela curiosidade. Discretamente, ou tentando ser discreta. Gosto de registar, mas não torno público coisas que, mesmo sendo feitas em lugares públicos, possam afetar a identidade de terceiros. Quem me conhece daqui sabe o que penso a respeito dos direitos de cada um.

E por isso mesmo tive o ímpeto de chegar perto do rapaz e lhe perguntar: "O que te faz pensar que não faz mal impores assim a música às outras pessoas?". 


Sério... tive curiosidade. Inclusive dirigi até o rapaz, que por esta altura conseguiu a proeza (imagine-se como) de ter o banco da paragem exclusivo para seu usufruto. Nem eu, que pretendia aguardar a chegada do autocarro ali sentada, nem o outro rapaz, ficámos por perto. Tanto ele como eu nos afastámos um tanto. Os décibeis eram realmente altos. Tenho a certeza que se faziam ouvir nitidamente nas habitações dos prédios à volta. Aquela música podia ser escutada nos arredores e num raio enorme de alcance. Cada uma das pessoas já em suas casas, dentro daqueles apartamentos, nos prédios de 10 andares, três ou quatro fogos cada, mais de duas centenas de áreas de habitação, cada qual com o seu número variável de ocupantes - todos podiam escutar a música.

O que justifica a minha curiosidade. Queria mesmo saber o que fazia o indivíduo achar que fazia bem ouvir música assim. Alta, àquela hora da noite - quase meia-noite. 

O indivíduo até me pareceu que podia ser boa gente - embora com falta de respeito e provocador. Sorriu, percebeu que os restantes se afastavam e até aumento mais ainda o volume da música por causa disso. De alta passou a altíssima. E ficou ali, senhor e rei do espaço, sentado ao centro do banco que dá para três se sentarem, de pernas ligeiramente abertas, mãos nos bolsos, por onde controlava o volume da maquineta. De vez em vez, olhava para nós - que nos afastámos.

Olho no seu rosto, ele olha no meu. Avanço dois passos na sua direcção para lhe perguntar o que o faz pensar que está bem ouvir música assim, e fazer todos ouvi-la também. Mas opto por recuar, abanando a cabeça e esboçando um sorriso intrigado, mas não crítico. Quero é registar o inusitado - sem com isso pretender incomodar o indivíduo - mesmo este estando a incomodar todos. 

Ocorreu-me até pergunta-lhe se o podia filmar um pouco - só para registar a situação. A pesar de ele estar num local público e não ser proibido recolher imagens em sítios que são para usufruto de todos e pertencem aos cidadãos no geral. É uma questão de ética pessoal. Mas ia pensar nisso assim que conseguisse por o telemóvel a funcionar. Tive até de o re-iniciar, porque é tão velho que fica "cansado" e reage com lerdeza a quase todos os comandos, podendo até "apagar-se" se puxarem muito por ele.

Quando finalmente deu sinais de vida, o autocarro tinha acabado de abrir as portas. Apressadamente ainda carreguei no botão, que demorou a reagir. Primeiro, "fugiu" o menu, tive de voltar a este e então carregar novamente, já o indivíduo estava dentro do veículo, onde reduziu consideravelmente o volume da música, embora não a desligasse. 

Assim que pisei dentro do veículo com o meu telemóvel em riste, como o vinha a ter desde que saí do metropolitano (até então estava no bolso), o rapaz de imediato começou a fixar-me. Acho que achou que o estava a filmar e pareceu que talvez não gostasse. Mantive o telemóvel na mão, mexendo nos menus e vendo a imagem do rapaz. Ainda que não conseguisse registar o momento mais alto de toda a situação, quis registar algo. 

O rapaz parece olhar muito para mim mas para ser honesta, eu nem liguei. Estava mais a olhar para fora da janela, a tentar absorver um pouco das parcas decorações natalícias. 

Nisto o autocarro chega a uma paragem, o rapaz sai e quando o pé já vai meio de fora diz-me assim: "Se isso aparecer nas redes sociais processo você".



Aquilo desiludiu-me. Deixou-me chateada.
A lata, o descaramento... e a cobardia.
Se tem algo a dizer, que o diga de modo a poder escutar uma resposta. Se quer fazer uma ameaça, que a faça quando já não está a fugir do local onde deixa a ameaça. 

Mas o que realmente me incomodou foi ele me nivelar ao seu patamar. Eu jamais colocaria nas redes sociais. Tenho noções de ética e respeito que claramente lhe escapavam. Estar a nivelar-me pelo seu exemplo deu-me asco. 

Gosto de registar momentos - todos os que poder, de inócuos a aparentemente relevantes. Gosto de fotografar sombras e paisagens. E geralmente aguardo as pessoas desaparecerem destas ou não ficarem identificáveis. Ainda assim, o que registo é para mim, não exponho ninguém em fotos que possa disponibilizar a mais alguém. A menos que não tenha hipótese, como por exemplo, se achar inusitado uma fila enorme para... comprar pastéis de Belém, por exemplo. Aí, se fotografo ou filmo a fila, esta é composta de seres humanos com rosto... algum terá de ficar mais exposto. Mas também, aí é local público. Até eu, por ter a semana passada circulado na baixa para ver as decorações natalícias, sei que fiquei registada por uma dúzia de câmaras que filmavam e fotografavam. Haviam turistas que, quando eu dava por ela, já me tinham enquadrado na sua mira fazia tempo.

Nessa ocasião, ao me dar conta que uns indivíduos estavam a tentar vender maconha aos que passavam, tentei registar a situação - mais uma vez pelo inusitado. Sempre ouvi falar mas nunca tinha "apanhado", ali, no centro da rua augusta, tal coisa. Mas claro: assim que o telemóvel que já trazia a gravar o ambiente tentou discretamente apanhar os indivíduos a abordar alguém, os mesmos pararam de o fazer. E eu acabei por afastar-me.

No fundo, sou uma colectora de vida. Só gosto é de registar os momentos tal como eles são. Fico triste quando os observo mas os perco, e lamento quando cessam só porque notaram que os tentava registar. Não pretendo com isso mais nada senão apanhar o quotidiano, o dia-a-dia, os costumes. Daqui a uns anos estes mudam tanto que será uma preciosidade existir qualquer registo dos mesmos. Basta pensar na dificuldade que é hoje ter em registo em vídeo ou fotografia de uma qualquer cena quotidiana dos anos 80 - como por exemplo aqueles rádios portáteis gigantes, com um deck para cassetes, usados na rua pelos "rockeiros", que se balouçavam ao som daquilo e que geralmente transportavam em cima dos ombros, bem perto do ouvido (como se fosse possível não escutar, ahaha) enquanto mascavam pastilha elástica para ter «estilo».  Este «puto» no metro não inventou nada que ninguém não tenha vivido antes, apenas era uma versão modernizada de um mesmo costume. 



Mas isso que descrevo é outro tema. Contudo foi essa situação que me enervou. O descaramento! A «ameaça» do rapaz, por temer ir parar a uma qualquer rede social. Ameaça essa que, se me tivesse afectado, seria no sentido de me alertar para ponderar fazê-lo. Nem se deixa rasto... Certamente ele o faria, sem pensar duas vezes. Se calhar já o fez a outros. Só posso deduzir assim, devido às circunstâncias.

Quem estava a cometer uma ilegalidade ali, que eu saiba, era ele. É mesmo proibido pela lei do ruído (e isso inclui o volume de música) produzir sons altos ou ritmados que possam interferir com o sossego e descanso das pessoas. Fazê-lo dá direito a coima. Penso até que nem é preciso esperar pela meia-noite - hora para a qual os ponteiros do relógio estavam quase a chegar. Julgo que é logo a seguir ao final de um típico expediente de trabalho das 9h Às 18h que não se pode mais fazer ruído. E este tipo estava a cuspir música a altos décibeis para toda a região escutar, desrespeitando o espaço dos outros. Quando pressente o seu invadido, aí é que se sente incomodado?
Achei de uma evidente falta de noção e falta de moral.



PS: gravei uns segundos da música, quando esta estava alta, não no volume máximo em que o tipo a pôs mas perto. Mesmo com um mau gravador - um gravador de tanga e com uns metros de distância, surpreendeu-me a clareza e nitidez que ficou registado. Quando souber como colocar aqui um clip de som - ou quando me apetecer saber, incluo porque isso é aquilo que falei acima: gosto de registar os momentos. Ler é bom, mas nada explica melhor do que ver ou ouvir.


sábado, 9 de dezembro de 2017

Lisboa não é amiga dos Lisboetas


Lisboa não é para os Lisboetas.
Não sei para quem é, mas talvez seja para os turistas.

Desde que cheguei que tenho tentado não me aborrecer com aquelas coisas que sempre me aborreceram. Coisas relacionadas com incompetência, falta de respeito, maus serviços, etc, etc.

Estou que não posso...
Tudo o que vou relatar gera um nível de stress brutal.



Seja em que hora for, andar nos autocarros da Carris é difícil, mas a um sábado é impossível! Só para quem gosta de ser torturado. Gostam de tortura? Viagem pela CARRIS

Se gostas de viajar apertado entre muitas pessoas, que ficam a respirar em cima de ti, a cuspir em cima de ti, a gritar nos teus ouvidos, a pisarem-te os pés, a darem-te encontrões, a segurarem-te a ti como se fosses um poste -- então Lisboa É PARA TI.

Os únicos que parecem não se incomodar com esta situação são exatamente os turistas. Estão sempre a gargalhar. Para eles tudo é uma festa. Estão de passagem, o que custa andar num autocarro/elétrico sobrelotado? 


É ouvi-los a rir, a falar uns com os outros sem parar, a dar gargalhadas. Acham piada. Piada ao facto de não se poderem mexer, de estarem num espaço confinado, de verem mais e mais pessoas a entrar e nenhuma a sair. Amanhã apanham um avião rumo a outro destino e a experiência teve graça. Mas para quem vive em Lisboa como é que é?

Divertido?
Dá vontade de rir?
Fica-se bem disposto?
Sente-se descontraído?

Dá vontade é de matar uns tantos...
Dá vontade de meter todos os ministros e políticos a viajar de autocarro!



Desde que cheguei a Portugal, seja a que hora for, não há um Sábado em que consiga viajar num transporte da Carris que não esteja sobrelotado. 

Se este é um dia da semana de muito movimento, então aumentem as carreiras, a frequência de carros e, no metro, ao invés de escolherem carruagens com apenas três elementos na linha verde e afins, continuem a usar os mais longos! 


Porque como está, é um desrespeito pelos utentes. Haviam pessoas a queixarem-se que não viam um autocarro passar fazia uma hora! E o pior, a meu ver, é a inutilidade das carreiras. Não há alternativas. Só se pode apanhar UMA. Podem passar cinco veículos numa paragem mas, para ir ao ponto C, só uma carreira serve. Principalmente a certas horas e aos fins-de-semana. É tudo tão mal feito - feito apenas para contenção de custos. Isso é tão visível que eu até já sei que, aos Sábados, vou encontrar um dos acessos ao metro vedado e metade das escadas rolantes desligadas. 


E depois vejo aquelas pessoas de mais idade, com uma mobilidade mais reduzida, a quererem sair do autocarro... e penso: bolas pá! Nem para estas pessoas são amigos. Não pensam no conforto das pessoas. Obrigam todas a viajar apertadas como sardinhas em lata. E se uma destas cai? E se magoa? Quem é o responsável? É que TODOS os autocarros em que hoje pus a vista em cima circulavam sobrelotados. Não havia alternativa. Para que entendam, hoje passaram pela paragem onde eu aguardava o meu uns três e nenhum parou! Por não terem mais espaço para receber passageiros!! 

É inadmissível.


E tu ficas ali, a vê-los passar sem parar para entrares, enquanto um electrico verde, decorado com azevinhos e conduzido por um pai Natal, passa pela rua a acenar...

O Pai Natal que vá mas é de trenó, que o que os passageiros precisam é de um elétrico livre! 


sábado, 8 de abril de 2017

Terá sido o gato ou a Brenda?


Hoje o trabalho correu bem. Fiquei feliz com o ambiente - livre das pragas infestantes dos que têm má energia. Finalmente algo que vinha a pedir fazia dois meses foi realizado. E para completar, atendi um cliente simpático, inteligente e poliglota - cinco línguas (entre as quais árabe) que durante anos exerceu a mesma profissão em que me formei. Só por ter esse breve contacto já fiquei feliz. 

A meio da tarde terminaram as minhas 9h de trabalho. Estava um sol radioso, muito surpreendente para uma manhã nublada, em que a respiração saia do nariz em forma de vapor. 


O que fazer? Ir para casa descansar ou ir para o parque espairecer?

Vontade tinha eu para as duas coisas. Optei por ir para casa. O sábado é um dos dias de trabalho de um dos ocupantes. Com sorte, a outra ocupante também estaria fora e eu poderia simplesmente relaxar, sabendo-me só. Cheguei, desabafei com os meus botões sobre a minha felicidade pela conversa tida com a tal pessoa interessante e só reparei que não estava sozinha em casa quando fui petiscar à cozinha e avistei um rosto à janela. Com o sol das 17h a brilhar lá fora, decidi sair. Finalmente ia ao «meu» parque. Já tinha vontade de lá passar faz um bom tempo.

Apanhei o autocarro e fui. Cansada de andar com malas, optei por enfiar o que precisava nos bolsos do casaco (já que não tinha outros): O telemóvel, a carteira e a cartão do passe. Na mão, apenas uma garrafa de água e posteriormente um pacote de batatas fritas, que, pelo sim pelo não, comprei antes de entrar no autocarro.

A viagem foi rápida. Julguei-a mais demorada mas foi num ápice que me vi a sair na paragem da rua com o nome de um famoso pintor inglês. A caminhada para o tal parque ainda é longa. Mas compensa. E se compensou! Nunca lá tinha ido a um fim-de-semana. O parque parecia transformado. Era outro. Conclui que durante a semana é um parque diferente daquele que é nos fins-de-semana. Estava cheio de crianças cujas vozes entusiastas de pequenos seres a se divertir a brincar ecoavam por toda a parte num certo frenesim barulhento, sobrepondo-se ao perpétuo chiar dos pássaros. E cheio de pessoas de diversos tons de pele, a falar todos o tipo de dialectos, usando diferentes tipos de indumentária. 

Explorei novas partes do extenso parque. Aquilo mais parece uma floresta! Cheguei mesmo a encontrar uma extensão de densas árvores altas, por caminhos estreitos de terra batida e cheguei a pensar... «talvez não seja muito aconselhável trilhar por aqui». Mas trilhei. Era uma zona de "Ape experience". Os britânicos colocam cabos bem no alto das árvores e sobem lá acima, preso por arnazes, indo de árvore em árvore, seguros pelo cabo. Vi uma rapariga a executar esses procedimentos e devo dizer que me pareceu demorado e monótono. Os «macacos» (apes) não se demoram assim, eheheh.



Antes de chegar a essa zona mais isolada, quando ainda estava perto do extenso relvado verdejante apinhado de famílias em pique-nique, casais deitados a namorar, jovens a fumar e pessoas a jogar badminton, vi muitas pessoas a aparecer com cones de gelado na mão. Deu vontade. Mas, onde os teriam obtido? Não foi preciso pensar muito: sabia onde ficava o único sítio que parecia ser comercial. Um bar-restaurante dividido no espaço de duas grandes casas em madeira, que sempre tem a tocar uma deliciosa música country. É um estilo que muito me apraz e garanto que dá vontade de ali passar e ali ficar sentado um bocadinho, a relaxar.

Nem posso falar da vista para o lago! Não posso, porque o meu telemóvel perde bateria muito rápido. E perdeu antes de conseguir tirar uma fotografia. A única vez que me sentei num dos muitos bancos que por lá andam - o banco da Brenda - foi a vez que me proporcionou a melhor vista para as águas do lago. Uma paisagem quase cinematográfica que pode tirar o fôlego. Aquele parque agradou-me ao espírito e à alma logo na primeira visita. Os pulmões foram os primeiros a se sentirem felizes. O ar que se respira ali é mais agradável. Nunca lá tinha ido num dia como o de hoje. E desta vez estou a falar do solo. Porque sempre fui em dias que o chão tem consistência de lama. Desta vez tudo estava tão seco que pude caminhar tranquilamente por todos os recantos. É um lindo parque mas, se se optar ir para lá numa de aventura entre a natureza, regressa-se sujo, empoeirado e enlameado.

Mencionei o «Banco da Brenda». O que quer isso dizer - perguntam.

Bom, como acho que já havia mencionado, por cá têm o hábito de colocar nos bancos de jardim placas com o nome de uma pessoa falecida. Como já expliquei, acho isso um pouco estranho. Porque é o mesmo que dizer às pessoas para se sentarem num túmulo! Pois se tem data de nascimento e falecimento, nome da pessoa e as habituais referências de "adorada mãe e avó, para sempre nos nossos corações" brrrrrr!

Banco raro, com duas placas com nomes de pessoas falecidas

Se é por essa razão, não sei. Mas a verdade é que não é fácil ver alguém sentado num desses bancos. Eu tive a audácia, depois de muito caminhar, de me sentar num. No banco da Brenda. Só me lembro do primeiro nome porque, de certa forma, pedi mentalmente «licença» à Brenda para me sentar no banco dela... Como se o corpo dela tivesse enterrado por debaixo e o seu espírito fosse possessivo e por ali se mantivesse. Sentar num banco com o nome de um morto... Mas todos os bancos vêm com nomes de mortos. O que fazer? Uma pessoa tem de descansar.

Por esta altura estava um pouco triste. Tinha passado por umas pequenas flores azuis e senti o impulso de colher um raminho. Coisa que só não fiz porque o parque estava cheio de gente e mesmo num canto distante, sempre aparece alguém. Nesta ocasião foi um casal com um cão (e se os há por lá!) a falar polaco ou uma língua similar, pois não a conheço em concreto. Decidi então levantar-me do banco da Brenda e voltar atrás. Tinha apanhado um pequeno ramo florido. Mas era pouco. Senti vontade de decorar o quarto com mais alegria floril. Voltei ao espaço que me tinha agradado - o jardim da paz - e apanhei outro raminho, coisa pouca e a tal flor azul em último. Esta tinha o cale leitoso. Percebi que precisaria de a colocar em água rapidamente.


O resultado final.
Não ficou bonito?




Só então prossegui caminhada para sair do parque. Secretamente ia a tentar adivinhar onde poderá vir a ser o meu banco. Sim, porque quero um. É curioso. Estranho mesmo este costume dos britânicos em darem o nome de mortos aos bancos de jardim. Mas desde que os vi naquele parque quero um. Mas só ali. Noutro lugar não me apraz. O cantinho ainda está para ser descoberto. Não o quero na «lama». O branco da "Brenda" está completamente fora de questão em dias que não sejam de verão. Até chegar a ele enterram-se os pés!

Homem com cão
Pelo caminho avistei por trás o perfil de um senhor idoso com chapéu, bengala, uma sacola vermelha pelas costas e um cão delgado, tipo galgo, ambos a contemplar o horizonte. Imaginei que o senhor estaria a pensar onde ia querer o seu banco. Apressadamente, retirei o telemóvel do bolso esquerdo do casaco, na esperança que ao re-acender o aparelho já sem bateria, ainda teria energia suficiente para registar aquele instante. Mas já não fui muito a tempo. Homem e cão retomaram marcha e o que registei empaleceu diante do que vi.


Ser sábado também trouxe outro tipo de surpresa... Foi encontrar alguns desses bancos com flores e vasos de plantas depositados ali como se um túmulo fosse! Flores frescas, cheias de vigor, flores de verdade. Colocadas em ramos em cima dos bancos... Ora, isso é o quê? Só pode ser uma oferta ao falecido. Uma cena de facto rocambolesca.... Será que visitam os bancos como se fossem túmulos? 

Ramo de flores e vaso de era com brilhantes dourados
firmemente atados num banco com placa referindo um marido
saudoso, falecido em 1988, com 50 anos.


Caminhei. caminhei... já passava das 19h30.. Queria chegar à paragem do autocarro antes deste acabar de partir. Estar vazia era um mau sinal. Mas é sábado, fiz questão de perguntar ao motorista do autocarro no qual fui para lá se este tinha hora para cessar serviço. Disse-me que não, que até de noite havia autocarro. Por isso sosseguei. Aqui os sábados, domingos e os transportes não «casam» muito bem... Hoje atrasei uns minutos a chegar ao emprego, mesmo tendo saído de casa dois quartos de hora antes do tempo máximo que leva o dito autocarro a percorrer a distância. E, como é sábado e ainda nem eram 7 da manhã, o autocarro nem sequer viu UMA VIATURA à sua frente enquanto fez o percurso. Ainda assim, atrasado chegou. A tal da pontualidade britânica é um mito.

Cheguei à paragem às 19h44m. O painel eletrónico indicava que a próxima viatura passava naquele lugar dali a 26 minutos!! Uma eternidade, para os meus pés cansados, numa altura em que o dia estava já a falecer para dar lugar à noite. Foi então que comecei a sentir uma mudança de energia. Um receio, uma sorte má. Não quis dar ouvidos mas estava receosa de ali ficar tanto tempo, sozinha. Um homem «mau encarado» andava próximo. Ia e vinha, mas não se aproximava. O que quereria? Mantive-o debaixo de olho. Mantive todos os que se aproximavam debaixo de olho. Passou uma mulher com um andar algo cambaleante e uma postura estranha. Parecia drogada, pela forma como andava sempre com as mãos unidas à sua frente mas com os braços todos caidos para baixo, pelas suas roupas e botas datadas no tempo sendo ela visivelmente jovem. Mantive debaixo de olho todos aqueles que chegavam e entravam dentro das suas casas. Caso precisasse correr e bater por ajuda em alguma porta. Coisas que nos passam pela cabeça quando se vive ou viaja sozinho.

Mal cheguei à paragem e aparece de imediato um autocarro, mas no sentido contrário. Controlo o impulso de atravessar a estrada e meter conversa com o motorista. Porque era o mesmo que me trouxe até lá e me deu as informações. Queria dizer-lhe que a minha espera era de quase meia-hora! Provavelmente indo a pé em 30m chegaria a meio do caminho... Mas acordada desde as 5 da manhã, de pé durante 9h de trabalho e mais duas horas de caminhada a ideia era absurda e de imediato foi descartada. 


Continuei vigilante ao que me rodeava. Aos postes de iluminação ainda apagados. A luz do dia quase a desaparecer, tépida. A lua branca lá no topo do céu, mesmo à minha frente. Foi então que avistei um gato preto à minha esquerda, um tanto distante. Atravessava a estrada para a rua em frente. De imediato lembrei-me da crendice: "Gato preto dá azar!". Mas tentei afastar essas superstições, enganando a mente da seguinte forma: "ele não se atravessou à tua frente. Se não passar à tua frente, não há mal algum". Vejo-o atravessar e logo depois põe-se a caminhar para a direita. Passa por uma porta de uma casa, depois outra, outra sebe... até que não o vejo mais passar. Ufa! Penso. Foi por pouco. Passado um bocado o gato completa o resto do percurso e passa todo lagueiro à minha frente. "Bolas" -pensei. "Mas foi do outro lado da estrada, talvez não conte".

Espero e espero e espero... Os minutos parecem não querer passar rapidamente. Está a escurecer. Os candeeiros acendem-se. Faltam 10 minutos para o autocarro. E é aí que surge outro, no sentido oposto. Reparo então numas pessoas com crianças a correr. O homem toma a dianteira a ver se consegue chegar à paragem a tempo de mandar parar o autocarro. Sim, porque aqui meus queridos, nenhum pára alguns centímetros antes, ou depois. Nem sequer param se estiveres a fazer sinal e a correr para o alcançar. Já vi muitos a «molengar» na paragem, com percepção de que pessoas estão a correr para o alcançar e depois arrancam quando a pessoa está quase a conseguir. Aconteceu comigo uma vez e já vi acontecer com outras pessoas também. Portanto, para mim, isso é um costume. Aqui não existe a CORTESIA que existem em Portugal. No que respeita a motoristas de autocarro, existem boas diferenças. São cordiais, claro. Mas nestas pequenas coisas que fazem toda a diferença, são todos «fodidos». 

Ocorre-me que podia atravessar a correr para o outro lado da estrada e assinalar ao motorista para parar, de modo a dar tempo à família de o apanhar. Porque eu não ia querer entrar na viatura que não se dirigia para onde pretendia ir. Era só mesmo para ajudar aquelas pessoas e «tramar» o motorista que, quase de certeza, não ia parar. Mas ao mesmo tempo que senti este impulso muito rapidamente também me ocorreu que ter uma família de 5 crianças e 3 adultos por perto era-me vantajoso. Não queria estar ali sozinha. Ao menos sentia-me mais segura tendo por perto pessoas  aparentemente inofensivas. 

Por mais que o homem corresse e apanhasse a dianteira da corrida, não chegou a tempo ao poste que assinala a paragem. E eu vi, nitidamente, o motorista do veículo a virar o pescoço e olhar para o homem no preciso momento em que o ultrapassou. E continuou a andar, sem parar para os deixar entrar. A um SÁBADO, final do DIA, uma família com cinco crianças, sabendo que a frequência das viaturas é muito espaçada entre si. Não teve esse gesto de cortesia. Aliás, desconhecem-nos de todo. Seja o motorista inglês ou polaco, africano, etc... 

A família, de origem desconhecida mas com ascendência africana e a falar um linguajar num misto de francês, com africano e inglês, era barulhenta e irrequieta, mas normal. Acabaram por atravessar a rua para o meu lado, para a minha paragem. As crianças, duas meninas gémeas e três rapazes, corriam à volta da paragem, falavam e gritavam alto, pediam comida à mãe, uma das mulheres pôs-se a falar ao telemóvel... Uma família barulhenta com miúdos irrequietos e pouco disciplinados, mas uma família boa e normal, podia perceber. Os miúdos tinham uma cara linda e imaginei que iam se transformar em adultos charmosos. Uma das meninas tossia cada vez que dava dois passos de corrida. Achei que pudesse sofrer de asma... Coisas que nos passam pela cabeça assim, sem mais nem menos. Faltavam então 8 minutos para o autocarro aparecer. Mas ao invés do autocarro o que vejo aparecer à minha direita, vindo da frente do passeio para o meu lado, é o tal gato preto. Ele traçou um quadrado perfeito em torno de mim. Não me deixou nenhum «flanco» em aberto...


Faltam dois minutos para o autocarro aparecer, os miúdos estão numa algazarra e eu decido tirar logo o passe do bolso para o ter à mão e rapidamente o usar. É então que não dou com ele no bolso direito do casaco. Espreito no do esquerdo. Não sinto nada! Não tenho mais bolsos, não está no pacote de batata frita... Perdi-o. Ao mesmo tempo que isto me alarma, ao mesmo tempo sinto que não vou ficar apeada. Não tenho dinheiro comigo para a compra do bilhete com o motorista. Só tinha cartão de débito - e estes não são aceites. O próximo autocarro chegaria dali a tanto tempo que sabia que não podia esperar. O autocarro chegou enquanto ainda procurava, em vão, dar com a carteirinha do passe. Não dei. Preparava-me para entrar em primeiro lugar na viatura quando as crianças e o pai já se estavam a tentar enfiar primeiro. Uma das meninas entrou e correu para o fundo do autocarro, sendo de imediato reprimida pelo motorista, que gritou para que voltasse, perguntou se ela estava comigo, porque não podia entrar sem a presença de um adulto. A menina recuou e eu comecei a explicar ao motorista que tinha acabado de perceber que tinha perdido o passe.

A reação dele? Aqui não querem saber. Não tens como pagar o bilhete, não fazes a viagem. Simples, seco, sem peso de consciência.

Perguntei-lhe quanto custava o bilhete. Nem lhe disse para que destino - não pareceu fazer diferença. Ele logo respondeu: 2£40. Eu só tinha 2£ comigo... porque guardava na carteira uma moeda de estimação. Nova e reluzente. Era também uma moeda cunhada por ocasião especial, mas já nem recordo qual. Tive de a gastar por causa do gato preto ter-se atravessado no meu caminho...

Nem olhei para as feições da moeda, de modo a me despedir dela. Quando a apresentei ao motorista, que me ordenou que lha mostrasse, pousei-a no recipiente para o efeito que existe na porta que separa o condutor dos passageiros. Foi aí que quase tive a visão ofuscada pelo seu brilho reluzente. Tão nova que parecia acabada de sair da casa da moeda. O motorista, seco, indiferente, pegou nela e olhou-a por uns estranhos segundos, como que a duvidar da sua autenticidade. Depois repetiu que não podia me deixar entrar sem que pagasse o valor do bilhete. Ao que eu me virei para trás e pedi àquela família que me emprestasse os 0.40p. Algo me dizia que ia conseguir chegar a casa nesse sentido, e não me enganei. Uma das senhoras não hesitou em completar o valor, ao que lhe agradeci e como gesto de reconhecimento ofereci um snack que encontrei no bolso: uma barra de cereais. Mas ela compreensivelmente recusou. 

Entrei então com bilhete comprado... Mas não graças ao motorista. Por esse podia ficar a dormir na rua, eles não querem saber.

Muito diferente de portugal, decerto. Não que os nossos nos deixem entrar sem bilhete (bom, muitos fingem não ver os que o fazem de propósito). Mas nós temos mais coração e mais alma. Temos ainda isso... Eles já os perderam para as normas e regras.

Lembro-me perfeitamente de uma ocasião em Lisboa, no terminal rodoviário, em que esqueci a carteira em casa e não tinha dinheiro comigo. Precisava entrar na camioneta para ir trabalhar. Expliquei tudo ao motorista que, ao contrário de todos os outros dias, não reconheci. Novo ali, um homem de outra nacionalidade, algures de um país de leste. Que me estava a ver pela primeira vez. Ele foi tão simples e descomplicado, deixou-me entrar só com a promessa de que depois pagaria o bilhete - o que fiz, com ele próprio, na ocasião em que o avistei pela segunda e última vez. Ele foi tão... que eu o tomei por um anjo reencarnado. A sério que sim! Parece uma coisa ridícula mas, se existirem anjos deste género, eles são um pouco como o Michael Landon no seu seriado "Um anjo na terra". Parecem-se com homens comuns, não têm nada de especial, podem até ter um ar rude, feio, estranho. Mas se eles te virem a alma ou receberes um gesto especial, entendes.


No autocarro continuei a «sentir» com as mãos os bolsos do casaco na esperança de encontrar o passe mensal. Sei que não está comigo, mas isso não me impede de repetir o gesto. Chego então ao destino, saio do autocarro - já o motorista é outro, pois mudaram na paragem anterior - e vou a caminhar para casa a pensar na despesa que vou ter de fazer pela manhã, quando tiver de apanhar novamente o autocarro para ir trabalhar. Vou gastar umas 8 libras para pagar viagens que já havia comprado. Perder o passe não me incomoda, porque acho que posso pedir outro, ainda carregado com essas viagens. Mas acho que a companhia não vai fazer isso, e se fizer, não será rápido. Embora fazer um passe seja no próprio instante. Mas uma segunda via não sei qual o processo,muito menos a um Domingo. Podem até estar fechados.

No meio desta falta de sorte trazida pelo gato preto, existiu alguma sorte. De tudo o que tinha nos bolsos do casaco - telemóvel, carteira com documentos, passe de autocarro e barra de cereais, podia ter perdido coisas mais importantes. Como a barra de cereais, ahahaha!

Caminhava então para casa, desejando encontrar no chão uma moeda para contrariar a má sorte. Já avistava a esquina com a luz do candeeiro que antecede a escuridão, quando dou por mim a pensar no gato preto e na autenticidade dessa crendice. E nesse instante, quando vou para passar pela esquina, penso: "Espero que ao dobrar a esquina não me apareça outro gato à frente".


Dobro a esquina e logo me aparece junto com um Miau um... gato! Vem direito a mim, roça-se nas minhas pernas, mostra-se meigo, mia, cheira o saco das batatas fritas, volta a enrolar-se em mim... Um mimo. É um gato felpudo, de pelo algo branco e alaranjado, com uma cauda comprida e felpuda, meio gordo.


Provavelmente uma gata, pois só elas são assim dóceis. Já a havia avistado antes, em Dezembro, através da janela do quarto. Percebi que era gato de rua, talvez cuidado por pessoas, mas de rua. E é destas redondezas. Nunca mais o avistei, até este instante que descrevi.

Acariciei-o de volta e perguntei-lhe:
"Olá fofinho. Vens me dar sorte? Não és como o teu amiguinho, que me deu azar, não é?".

Acariciei-o mais vezes, ele continuou a roçar-se nas minhas pernas. Início de cio? Não me pareceu... Ou talvez. Não importava. Os gatos são por natureza fugidios e este «saltou» á minha frente para me acariciar. Agradeci-lhe. Mas precisei continuar caminho, estava quase perto de casa. Decidi dar um passo em frente, sem saber se a gata ia reagir afastando-se. Ela pareceu querer seguir-me. Ainda se roçou um pouco mais nas minhas pernas, seguiu-me até o atalho e ficou a roçar-se numas ervas altas. Eu prossegui caminho pelo carreiro estreito e ela ficou algures na escuridão. Entrei em casa direta para a cozinha, peguei num recipiente em plástico, numa lata vazia que vi na reciclagem, enchi a lata de leite, aqueci no microondas a única comida que tinha em casa - pedaços desfiados de borrego e fui deixar lá, onde avistei a gata pela última vez. Porque já não a encontrei. Será ela a decidir se vai querer encontrar-me novamente.

Recuei e não pude deixar de reparar na lua. Está próximo o dia 11/12/13... datas que têm implicado consternações no passado. Coincidentes com o início do dia de lua cheia. Tudo isto são crendices mas digo-vos... estou muito mais sintonizada com este género de coisas do que gostaria. Começo a aceitar que possam ter fundamento. Porque são coincidências... que coincidem demais.


A lua hoje está praticamente totalmente CHEIA.
Surgem gatos pretos e gatas laranjas felpudas...

Agora resta saber se foi o gato preto ou a ousadia de me ter sentado no banco da falecida Brenda!
Mas cá para mim foi o gato.

Voltei depois a sair. Lembrei-me que podia ter levantado o dinheiro que vou precisar para a passagem logo pelas 7h da manhã. Costumo ir sempre à multibanco do meu banco, que é perto mas como fica no centro da cidade, dá muito nas vistas. E a zona não é bem frequentada quando anoitece. Por isso precavi-me. E por estar cansada, usei a máquina MB do banco que fica mais próximo, nas traseiras da minha casa. Procurei confirmar se era "Free", porque aqui cobra-se uma taxa por se usar os terminais multibanco. Lá dizia que permitiam levantamentos «de graça» aos cartões de débito. O meu é de crédito. Mas quis acreditar que o FREE era sem restrições. Afinal, free é free. E tinham-me dito que basta ter essa indicação que não vão cobrar dinheiro. Lembrei-me apenas ao chegar a casa, de olhar o recibo. Mostrava o saldo disponível e o saldo. Com uma diferença de CINCO libras. Fiquei sem saber que diferença era essa. Depois poderei confirmar mas, acho cá para mim que o poder do gato preto perpectuou-se e esse valor foi quanto me custou o levantamento naquele terminal.

Haja formas estúpidas para se gastar dinheiro arduamente ganho!!