Metereologia 24 h

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domingo, 17 de abril de 2016

Os perigos que por vezes cruzam o nosso caminho


Não devia mesmo assistir a documentários reais tarde de noite... Mas gosto ao menos de os ouvir no youtube, enquanto estou no computador a fazer outras tarefas. Também são assim, fazem tarefas em simultâneo? Comigo é quase sempre, ehehe.

Bem, mas numa altura em que a sociedade tecnológica evoluiu tanto, esta ferramenta que é a internet, assim como outras, são um pau de dois bicos. Tanto espeta de um lado como o outro pode ser empurrado para espetar em nós. E não é a única. Vivemos num mundo todo conectado. E isso pode acarretar perigos.

Num post anterior falei sobre o Boato e como este encontrou na internet um veículo de propagação que em nada fica a dever às capacidades de contágio de um qualquer vírus infectuoso. E nele partilhei duas histórias de stalking/perseguição obsessiva, uma presencial, outra à distância, envolvendo a internet.

Agora vou falar especificamente da obsessão com perseguição, para que os sinais sejam mais conhecidos. Fico a pensar que é informação útil para a neta de alguém, para a filha de alguém, para homens também, pois como se lê no post anterior, naquele caso a vítima foi um homem.

Neste novo caso, a vítima é mulher. E o uso, ou melhor, o abuso ao recurso da tecnologia para lhe infernizar a vida não encontrou limites. Imaginem tudo o que se pode fazer... Foi feito. Se calhar mais até do que a imaginação de algumas pessoas consegue atingir porque, felizmente, nem todos temos imaginações tão cruéis e obsessivas.


Esta mulher conheceu um homem. Até aqui tudo bem. Simpatizaram um com um outro de imediato. Ao terceiro encontro ela lá lhe disse onde morava porque, até então, foi cautelosa e não permitiu que ele soubesse a morada da sua casa, onde vive com a filha adolescente. Com a morada, ele lá conseguiu enviar-lhe as flores que tanto queria. A seguir surgiram outros presentes: chocolates, lingerie... Todo o final do dia ela chegava a casa e encontrava à porta um embrulho: era um presente dele para ela, com amor.

A relação entre os dois estava naquela fase fantástica, da descoberta, dos carinhos e um dia, ele presenteou-a com um iphone. Mas a mulher começou a sentir que a relação estava a avançar rápido demais e decidiu terminá-la.

Até aqui, tudo normal, certo?
Bom, excesso de presentes pode ser romântico ou pode indicar uma personalidade obsessiva que está a querer controlar tudo. E se assim for, como reage a pessoa quando rejeitada?

Bom, na realidade ela já está a agir desde o primeiro instante. Frustrado por não conseguir os seus intentos, este homem, tão generoso que tinha inclusive oferecido um iphone, na realidade deu-lhe um presente envenenado. Ele usava o iphone como aparelho de localização. Sabia sempre onde ela estava, com quem ela falava, lia todas as suas mensagens, escutava as suas conversas... aquilo era um aparelho de vigilância! 

Para se vingar ele pegou em todos os contactos de amigos e família que já tinha copiado do telemóvel e começou uma campanha de difamação indecorosa. Enviou mensagens a todos os amigos dizendo que ela tinha contraído doenças sexualmente transmissíveis, eliminando assim qualquer eventualidade de ela encontrar um outro parceiro rapidamente. 


Fez-se passar por ela para gerar conflitos, para isolá-la. Como ela recusou-se a recebê-lo de volta, não importava os argumentos, ele garantiu que ia destruí-la, ameaçando contar a todos os amigos, família e colegas de trabalho que ela era uma puta. Depois enviou a todos os que ela conhecia, sem deixar escapar um, um link de um site de acompanhantes femininas de luxo, no qual ela aparecia. As pessoas inicialmente acreditaram que haviam tropeçado num segredo oculto daquela mulher. Ele continuou, colocando anúncios de oferta de serviços sexuais dando como contacto o número de telefone do emprego dela. Os homens ligavam constantemente, a requisitar serviços da "Soraia".


Conseguem imaginar o terror que é estar a trabalhar num banco entre colegas, escutar o som de um telefone e sentir pavor de que possa ser outro homem a requisitar os seus serviços de prostituta? A vergonha de ter os colegas a olhar de lado e a desconfiar? As piadas, as mudanças de atitudes, o desprezo? Acabou por ser demitida. Foi aí que ela foi online verificar o que se passava. Sentiu-se totalmente roubada, difamada, violentada com o que encontrou.  

Com a quantidade de informação pessoal que hoje é mantida nos aparelhos tecnológicos, contas de email, etc, ele conseguiu cancelar-lhe o serviço de água, de electricidade, gás. Tudo fez para a prejudicar. Ela foi à polícia mas... esta não pode fazer muito sem provas. Ele tinha gravado secretamente um vídeo dos dois a fazer sexo e espalhou-o por toda a parte, começando, novamente, por aquela lista de contactos e fornecendo-o a vários sites pornográficos. Fazendo-se passar por ela, ele enviou mensagens aos amigos adolescentes da filha, oferecendo-se para prestar serviços sexuais. E mais tarde, ele incluiu o nome da menor no anúncio, deu a morada da casa das duas e a qualquer hora do dia ou da noite, homens apareciam-lhe em casa, tocavam-lhe à campainha para obter serviços sexuais. Noutra ocasião ele pegou numa faca e furou-lhe todos os pneus do carro. Aqui foi preso, em flagrante.

Foi então que se descobriu que ele era casado há muitos anos e tinha um filho menor de idade. Não era rico como dava a entender, e a esposa dele começou a receber as contas milionárias dos presentes oferecidos, das viagens em deslocações. Ainda por cima, ela é que "bancava", lol. Este perseguidor, perigoso e obsessivo, casado e com um filho, que aparentava ser normal e inofensivo, acabou sentenciado a sete anos de prisão, pelos crimes de roubo de identidade, perseguição e tentativa de extorsão. A mulher que ele perseguiu e a filha ainda têm de lidar com as consequências das mentiras que ele espalhou. E que a tecnologia ajudou a propagar.

Estes detalhes todos que escrevi servem para denunciar comportamentos perigosos para que possam ser detectados a tempo e para ilustrar o quanto a tecnologia pode ser usada como uma arma que faz tantos estragos quanto uma de verdade. 

Nada na vida desta mulher alguma vez voltou a ser seguro. E até hoje ela teme que ele, doente como é, a mande matar ou lhe faça algum mal, a ela ou à filha, ainda na prisão ou quando for posto em liberdade. E tem razões para isso. 


O que não faltam são histórias de mulheres assassinadas por ex-companheiros. Infelizmente vemos disso nas notícias. Vem-me à mente a esposa morta por seis tiros à porta do emprego, depois o ex ainda colocou um aparelho explosivo no corpo dela. Esta tragédia aconteceu depois do natal do ano passado, em Sacavém. Mas enquanto pesquisava para a confirmar os factos, encontrei com facilidade e horror tantos outros casos! Alguns de anos passados, outros infelizmente já datados deste ano. Uns cá, outros no Brasil, tão gratuitos e ousadamente cometidos em qualquer lugar diante de quaisquer testemunhas.Ver aqui, aqui, aqui, aqui



quinta-feira, 14 de abril de 2016

Say it to my face - Diz-mo na cara!


Lembram-se de um post que fiz sobre o suicídio? A ideia que nele quis passar é que ninguém está inocente de responsabilidade. É ao mesmo tempo um acto de coragem e de cobardia, cuja derradeira responsabilidade cabe ao autor, mas cuja causa também pode e deve ser dividida por todos os que cruzaram vidas com ele.


Volto a este tema depois de ver uma série de casos impressionantes de injustiça, todos com situações trágicas e mesmo fatais. 
Preocupa-me muito para onde a sociedade está a evoluir. O que vejo preocupa-me. Ao invés de estarmos a caminhar para entendimentos e ausência de equívocos, parece que os alimentamos. 


O BOATO

Este é o tema que hoje quero abordar.
Fui apresentada às consequências dele muito cedo. Ainda era criança quando espalharam mentiras terríveis a meu respeito. Como eu soube? Não soube, Durante muito tempo só senti. As pessoas mudaram a atitude delas comigo. Eu chegava perto para conversar, para brincar, e elas afastavam-se. Outras vezes olhavam-me e começavam aos segredinhos. A minha vida nunca mais foi a mesma. Acabei por me retrair um pouco. Vim a saber do que se tratava um ano e pouco mais tarde, quando um grupo de crianças fez-me uma "espera" para me encher de insultos e ameaças. Nunca fui covarde, ainda hoje não sei bem o que isso é. Pelo que fiquei ali a tentar esclarecer a situação porque nem estava a entender de onde vinha tudo aquilo. Já havia notado animosidade, má vontade, implicação. Mas não existindo razões para isso, relevei e achei que era mau feitio. Nessa espera onde estava tão em desvantagem numérica, triunfei. Quem não tem o que temer não treme de medo. Ouvi muitos absurdos, escutei ofensas e palavrões que até desconhecia. Até que uma revelou que estavam ali para acertar contas comigo por eu as ter denunciado de terem feito batota num teste. E queriam vingar-se. "Quem disse tal coisa?" - perguntei. "Não vamos dizer porque ele (já sabia o género) pediu para não dizermos porque tem medo que lhe batas". "Eu?! Isso é mentira!" "Não é não, que ele nos disse que já lhe bateste!" "Então se é verdade, ele que o diga na minha cara, quero ver se tem coragem!". Não teve. Meteu a cauda ainda mais entre as pernas e fugiu. 

Depois a turma de «linchamento» dispersou e foi então que comecei a escutar o motivo... Parece que eu tinha o que hoje se chama de stalker. Um rapaz obcecado que, não conseguindo os seus intentos de obter a minha atenção total e absoluta, decorreu à difamação do carácter e alienação de oportunidades de relacionamentos de amizade. 
Foi um caso destes que vi agora, entre adultos, mas adaptado aos tempos modernos. Dou «graças a deus» por ao menos a minha experiência ocorrer tão cedo que ainda não existiam estas modernidades da internet para facilitar a vida a estas pessoas que, pelos vistos, já nascem doentes ou começam a manifestar a doença em jovem idade. 

No caso que vi, a vítima era um homem adulto, trabalhador, com dois filhos, separado e noivo de uma jovem. Estava a ser difamado num site na internet. O que ele sentiu foi as pessoas a ficarem estranhas com ele, começou a perder clientes até que foi demitido. Demitido depois de uma catástrofe pessoal: a noiva foi assassinada. Os boatos insinuavam que ele podia ter alguma coisa a ver com a morte dela. (que maldade!!). Contaram que era drogado, que já havia estado em várias clínicas de reabilitação, que era um tarado sexual. Isto não se faz! Ainda que alguma coisa menos grave fosse verdade, não é necessariamente motivo para descriminação. Mas as pessoas engolirem estas tretas sobre um indivíduo local que conhecem há anos e do qual não têm razão de queixa é que me desilude tremendamente. Vá que existem casos assim, de indivíduos aparentemente bons que se descobrem perigosos. Mas geralmente esses são exageradamente amados por muitos e silenciosamente mal vistos por poucos. O que condeno é que não tenha existido uma alminha que se dignificasse a revelar ao senhor o que se estava a passar. Ele só veio a descobrir por ter sido destratado pela família da noiva durante o funeral.

Acabou por ter de se mudar para outra cidade, com os filhos. Ficou provado que o assassinato foi cometido pelo ex-marido, provavelmente irritado por a ex estar a construir a vida ao lado de outra pessoa. Portanto, este homem estava a viver uma tragédia pessoal tremenda e a ser bombardeado por todos os lados. E não sabia porquê! Ninguém lhe contou nada. A ele, que nunca fez mal a ninguém. Quem lhe desejava tanto mal? Mas a internet deixa pegadas...E num momento em que estava deprimido a contemplar o suicídio, acabou por encontrar um homem das leis disposto a lutar por justiça. Sozinho, este justiceiro solitário que fala na cara das pessoas lá descobriu os sites, investigou, conseguiu um IP e localizou o difamador: uma mulher cujo nome nem dizia nada à vítima! A psicopata (porque era) não se demoveu. Ela tinha razão. Tudo mentira, mas ela é que estava certa. Inventou que ele roçou nela e era um pervertido. Mas cá para mim ela estava obcecada por um homem que nunca lhe olhou duas vezes. E o resto é doença mental e muita, muita malícia e cobardia.


Infelizmente ao longo da vida senti mais vezes este tipo de atitudes de exclusão e mudança de comportamento que este homem à beira do suicídio também sentiu. A última vez foi à coisa de dois anos. Senti pessoas a olhar de lado, a poupar nas palavras, a mudar a atitude, até mesmo quem não me conhecia de todo a fugir e a mandar indirectas. Isto aconteceu depois de me ver alvo de uma animosidade sem fundamento num grupo no facebook. O que fiz? Na primeira oportunidade perguntei o que se passava. "Ah, nada, nada. Foi um engano, já percebi". Pois. Mas engano ou não, eu não percebi nada, o mal estava feito e perpetuado. Até hoje não sei a razão de alguns desses comportamentos que pontualmente ocorreram. E tem alturas em que a imaginação corre solta. Tem dias em que a lembrança atormenta, corrói. A intuição diz muita coisa mas não prova nada. Fica o tormento, a tortura de não saber. 

As pessoas que espalham vis mentiras são criminosas e reles como indivíduos, mas aquelas que vão atrás e escolhem acreditar não são melhores. Defendo que devia existir uma lei que responsabilizasse estas pessoas que agem discriminadamente com base em boatos. Mas têm o quê? Doze anos??

Era essa a idade que tinha no caso que relatei e ainda assim existiram pessoas, poucas mas boas, que vieram ter comigo para me transmitir apoio e contar da obsessão daquele indivíduo. "Parecia doente", "Não se calava", "Só sabia dizer que se ia vingar de ti". Mas hoje? Hoje ninguém diz nada na cara da outra pessoa. A não ser para insultar, claro. De preferência em matilha, tal como na «espera»... Ninguém a avisa, a alerta para uma situação injusta. Calam-se. Em conivência silenciosa. Já não se procura o esclarecimento e, principalmente, ninguém se rectifica. No meu caso, um ano depois, uma delas teve coragem e, inesperadamente, pediu-me desculpa, disse-me que há muito que vinha a desejar fazê-lo, que se arrependeu e percebeu que não devia ter feito o que fez. Não acreditava em nada. Até hoje interpreto isso como uma atitude digna e necessária.

Se amanhã cometer suicídio, quem garante a estas pessoas que uma parcela do que me levou a fazê-lo não reside nestas suas atitudes? É aqui que quero chegar


Impune ninguém está. Por isso peço a quem me lê que não compactue com intentos maliciosos como os boatos... Não descrimine ninguém. Não vire a cara. Por mais que simpatize com a pessoa que lhe conta os «podres», desconfie sempre, dê o benefício da dúvida. Confronte o acusado, ele merece estar a par do que lhe está a ser feito. Todas as pessoas merecem ser escutadas antes de descriminadas por atos de fundamento distorcido, descontextualizado ou que estão longe de ter cometido ou de vir a cometer. Telefone ou entre em contacto com alguém a quem deixou passar essa oportunidade. É para isso que estamos nesta vida!

E já agora. atenção ao espalhar de boatos cibernéticos via partilha de informação e likes. Quase tudo é falso e tem um propósito malicioso.


Character Assassination = Crime