Rara Avis in Terris, JUVENAL, Sátiras, VI, 165
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sexta-feira, 17 de janeiro de 2020

Nenhures


Califórnia, Ribatejo


Enquanto, hoje, atravessava a Califórnia, ironia materializada, ouço uma notícia que bem reflecte o perigoso jogo de reflexos em que o Mundo se revê.


O Globo, 17/01/20


E...de um lado a bandeira pátria...e do outro lado a cruz de Lorena, símbolo da fé de Roberto Alvim. 
Estranhos e perigosos andam os tempos!


Como quando Fernando Pessoa afirmou:

«A arte suprema tem por fim libertar...

A arte suprema tem por fim libertar — erguer a alma acima de tudo quanto é estreito, acima dos instintos, das preocupações morais ou imorais.
A arte nada tem com a moral, quanto ao fim; tem, quanto ao conteúdo.
Toda a arte deve dar prazer — o tipo de prazer é que varia. A arte inferior dá prazer porque distrai, liberdade porque liberta das preocupações da vida; a arte superior menor dá prazer porque alegra, liberdade porque liberta da imperfeição da vida; a arte superior dá prazer porque liberta, liberdade porque liberta da própria vida.
Um assunto sexual deve ser tratado em arte de modo que não suscite desejo. Para suscitar desejos, serve melhor uma fotografia pornográfica.»
13-10-1914?
Páginas de Estética e de Teoria Literárias. Fernando Pessoa. (Textos estabelecidos e prefaciados por Georg Rudolf Lind e Jacinto do Prado Coelho.) Lisboa: Ática, 1966.
  - 53.








sábado, 5 de janeiro de 2019

Da utopia

Este foi o presente da minha querida Janaína Amado. Obrigada!

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Carlos Ribeiro - já leu?

Em videoconferência com o escritor, a partir do Brasil.

Mergulhada em trabalho...com muito gosto, mas sem tempo. Voltarei devagar...

videoconferência





RIBEIRO, Carlos, «A cidade Revisitada», Contos de sexta-feira e duas ou três crónicas, Bahia, selo Primeira Edição, 2010

            Observamos o livro que atravessou o Atlântico e pensamos em antigos baús incógnitos que, nos idos, terão feito o percurso inverso carregando velhas edições que escaparam à apertada malha inquisitória. Mergulhamos na leitura e deixamo-nos cativar pela Língua. A matéria linguística transmuda-se num discurso eivado de simbologias que a frase curta, ritmada e poética faz emergir de um tempo futuro, «naquela manhã ensolarada de Agosto do ano de 2018»[1], que regride a um passado/presente o qual possibilita retornos, ainda mais remotos, a uma memória umbrosa e original.
            A personagem central, «O homem de óculos e roupas surradas»[2], persona que regressa, ocultando o seu olhar transformante, ao jeito aristotélico, mas deambulando com uma construção de nouveau roman, tal como Alain Robbe-Grillet no-la propôs, reforça-nos a maturidade literária do texto. Viajamos, num táxi rotineiro, acompanhando o olhar oculto do homem. Não saberemos o nome da personagem, mas ela nos guiará pela orografia e toponímia de Salvador e a cidade – agora perfeita, ideal e luminosa – oscila numa vertigem temporal entre a realidade e o imaginário. Uma tecitura complexa de recriação de um espaço – tempo que se instaura no universo do mito. «O homem de óculos» percorre o lugar de uma ausência. O seu mundo, moldado por parcos advérbios que abrem a clivagem subjectiva do sujeito («Sorri timidamente»[3], «surpreendentemente boas»[4]), é percorrido pelo olhar num jogo especular surpreendente. Ocorre-nos uma frase de John Berger – A vista chega antes das palavras [5]. A vista, afirma o mesmo autor e já o sabemos, «estabelece o nosso lugar no mundo que nos rodeia»[6]. A narrativa de Carlos Ribeiro testemunha-o bem.  
A personagem sabe que num presente anterior ao tempo da história o caos e a descaracterização urbanística foram uma «tragédia absurda»[7]. A recordação de uma paisagem impoluta e natural feita de areias, coqueiros e mar – qual éden inicial – sacraliza o espaço. A ele se regressa num tempo de imagens diurnas, por «um túnel de bambus»[8], numa passagem ritual magnífica. A seguir, com uma recorrência ab initio, numa ironia subtil eivada de hipérbole e de pormenores que o olhar capta, enquanto deambula com sentimento de pertença e maravilha, leva-nos ao intertexto in memoriam de Vasconcelos Maia. E, a cidade brilha, cristalizada, instala-se na ficção – lugar ideal em sobreposição temporal e textual. O outro habita a linguagem, numa duplicidade que exige medo e contenção. Salvador recobrou a sua autenticidade toponímica, pois nomear é sacralizar. Como em M. Duras, as personagens desencontram-se na linguagem, estranham-se e repelem-se, «Ele não responde. O motorista liga o rádio»[9]. O homem que regressa é escritor e conhece o frágil equilíbrio dos lugares belos, «Lugares escolhidos para ali se viver, residências invisíveis que construímos para nós à margem do tempo»[10] e o vértice desses lugares culmina no farol, onde o ritual de observação do pôr-do-sol, às sextas-feiras, era momento redentor. O largo da prefeitura metamorfoseou-se, através de um processo de idealização diurna e recuo autístico, num espaço ajardinado. Incrédulo, o homem percebe que a vida regressou ao centro da cidade antiga, «ambas convivendo em perfeita harmonia, no espaço ideal da memória e da afectividade»[11].
A cidade ideal, sonhada pelos construtores fraternos e pacíficos, renasceu e recobrou a magia, numa cosmogonia que, sabemo-lo, não é do domínio da ciência, mas etérea e poética, como a escrita de Carlos Ribeiro.
Foi uma leitura de um fôlego, pura fruição do texto, foi a atracção magnética de uma prosa que nos deu uma visão da Salvador idealizada, mas mais do que isso, o Autor transferiu-nos para uma generosa expressão do homem no mundo. Concluímos, com o receio do narrador «de que tudo aquilo não passe de um sonho»[12]. Logo, o acto de ler/escrever continua a ser o pharmacon[13] para a interpretação do real aparente.


Ana Tapadas e 12.º ano D
ESPS – Junho/2011



[1] RIBEIRO, Carlos, «A cidade Revisitada», Contos de Sexta-feira e duas ou três crónicas, pág.37
[2] O.c., pág. 37
[3] Idem, ibidem
[4] Idem, ibidem
[5] BERGER, John, Modos de Ver, Edições 70, Lisboa, 1972, pág. 11
[6] Idem, ibidem
[7] RIBEIRO, Carlos, o.c., pág. 37
[8] Idem, ibidem
[9] RIBEIRO, Carlos, o.c., pág. 41
[10] YOURCENAR, Marguerite, Memórias de Adriano, Editora Ulisseia , Lisboa, s.d., pág. 269
[11] RIBEIRO, Carlos, o.c., pág. 42
[12] Idem, ibidem
[13] RICOEUR, 1976


quinta-feira, 25 de novembro de 2010

A Verdade

Brasil: Confrontos nas favelas transmitidos em directo nos canais televisivos. Diário de Notícias

Balanço de ataques criminosos no Rio de Janeiro indica 27 mortos e 46 veículos queimados.

  Agência Lusa , 25 de Novembro de 2010



A porta da verdade estava aberta,
Mas só deixava passar
Meia pessoa de cada vez.
Assim não era possível atingir toda a verdade,
Porque a meia pessoa que entrava
Só trazia o perfil de meia verdade,
E a sua segunda metade
Voltava igualmente com meios perfis
E os meios perfis não coincidiam verdade...
Arrebentaram a porta.
Derrubaram a porta,
Chegaram ao lugar luminoso
Onde a verdade esplendia seus fogos.
Era dividida em metades
Diferentes uma da outra.
Chegou-se a discutir qual
a metade mais bela.
Nenhuma das duas era totalmente bela
E carecia optar.
Cada um optou conforme
Seu capricho,
sua ilusão,
sua miopia
.


Carlos Drummond de Andrade

sábado, 31 de janeiro de 2009

Parar e Pensar

Globo.com
Austrália

TVI.iol
Brasil

domingo, 14 de dezembro de 2008

Realidade(s)


RIO DE JANEIRO -

Foto: Bruno Domingos/Reuters

« A ONG brasileira Rio de Paz colocou hoje 16.000 cocos verdes BA areia da praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, que representam o mesmo número de mortes violentas ocorridas na cidade nos últimos anos». in Estadão