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sábado, junho 21, 2025

TRIANGLE (2009)


TRIÂNGULO DO MEDO
Um filme de Christopher Smith






Com Melissa George, Joshua McIvor, Jack Taylor, Michael Dorman, Henry Nixon, Rachael Carpani, Emma Lung, etc.

GB-AUSTRÁLIA / 99 min / 
16X9 (2.35:1)


Estreia na GB (Film 4 Frightfest) em 27/8/2009
Estreia nos EUA (Screamfest Film Festival) a 24/10/2009
Estreia em PORTUGAL (Motel Horror Film Festival) a 3/10/2010




Jess [to Tommy]: «Oh you're just having a bad dream, that's all baby. That's all it was. Bad dreams make you think you're seeing things that you haven't. You know what I do when I have a bad dream? I close my eyes and I think of something nice - like being here with you»

Jess (Melissa George), mãe solteira de uma criança autista, embarca com uns amigos num pequeno iate para gozarem um dia de Verão ao largo da Flórida. É uma solarenga manhã de sábado, mas a passeata em breve se irá tornar no pior dos pesadelos. Inexplicavelmente o vento deixa de se fazer sentir e pouco depois uma violenta tempestade irrompe do nada virando a pequena embarcação. Um dos seis velejadores desaparece no mar e os cinco sobreviventes ficam sentados em cima do casco, virado do avesso, à espera de uma eventual salvação. Salvação que chega pouco depois, na forma de um navio antigo, de nome Aeolus (o deus dos ventos na mitologia grega). Sobem aliviados pela escada lateral, mas rapidamente se vêm imersos numa grande inquietação, ao constatarem a inexistência de vivalma a bordo. Jess, em particular, é assolada por sensações contínuas de “déjà vu” ao percorrer os longos e desertos corredores (inspirados por certo em “The Shining” de Kubrick - e não são a única referência ao filme do mestre). Os acontecimentos precipitam-se e as mortes começam a suceder-se…

Christopher Smith, realizador inglês nascido em Bristol [1970], tinha assinado até agora apenas duas longas-metragens, ambas localizadas nos domínios do filme de horror: “Creep / O Túnel do Medo” [2004] e “Severance / Mutilados” [2006]. Este seu terceiro trabalho (onde, à semelhança dos antecessores, assina de igual modo o argumento) afasta-se um tanto ou quanto do género, constituindo-se antes num excitante thriller psicológico. Nunca exibido comercialmente em Portugal (apenas passou no Motel de 2010), “Triangle” (“Triângulo do Medo” no Brasil) é um daqueles filmes que, mal acabados de ver, nos dão de imediato uma grande vontade de os revermos logo de seguida. Estou a lembrar-me de “The Sixth Sense” [1999], “Memento” [2000], “Identity” [2003], “Shutter Island” [2010] ou "Source Code" [2011], por exemplo. Tudo filmes que apenas no seu términus nos dão "a chave do enigma". Como acontece neste também.

É difícil falar de “Triangle” sem caír de imediato nos chamados spoilers. Mas pode-se falar num filme circular, vicioso, onde a sensação de “déjà vu” é levada a extremos inusitados e onde o suspense se relaciona directamente com situações vividas em moto-contínuo (perpetuum mobile, em latim), mas sempre de modos e perspectivas diferentes. Jess é o centro à volta do qual tudo gira, mas um centro mutável, em constante disseminação. No final a maioria das peças do puzzle encaixam na perfeição (daí a necessidade já referida de uma segunda visão), mas felizmente nem tudo tem uma explicação óbvia, ficando muita coisa entregue à interpretação de cada espectador. E isso apesar de Christopher Smith ter construído o seu filme de um modo extremamente sólido e coerente.

É inútil, portanto, tentar racionalizar-se este filme que, de certo modo, poderá ser visto como uma metáfora sobre a punição. Segundo o próprio realizador, “Triangle” é uma espécie de pesadelo que só a heroína, Jess, pode compreender. Certo, podemos não ter direito à plenitude dessa compreensão, mas isso não impede que possamos usufruir do prazer que é assistirmos a este pedaço de cinema. Um filme diferente, original, inteligentemente escrito e habilmente realizado, com uma fotografia luminosa, interpretado por uma magnífica (e convincente) Melissa George (a actriz australiana de “The Amityville Horror” [2005], “30 Days of Night” [2007] ou “The Betrayed” [2008]) e pautado por uma banda-sonora envolvente, lembrando por vezes a colaboração Hitchcock-Hermann, que tantos frutos deu no passado. Será preciso acrescentar mais alguma coisa para irem a correr fazer o download do filme?


sexta-feira, agosto 28, 2015

THE LAST HOUSE ON THE LEFT (2009)

À ÚLTIMA CASA À ESQUERDA
Um filme de DENNIS ILIADIS

Com Garret Dillahunt, Michael Bowen, Josh Cox, Riki Lindhome, Aaron Paul, Sara Paxton, Monica Potter, Tony Goldwyn, Martha MacIsaac, etc.

EUA / 114 min / COR / 
16X9 (1.85:1)

Estreia nos EUA: 13/3/2009
Estreia em PORTUGAL: 2/7/2009


If bad people hurt someone you love,
how far would you go to hurt them back?



Esta nova versão de “The Last House On The Left” (1972) é uma das excepções que confirma a regra. E essa regra é a de que a grande maioria dos remakes é inferior ao produto original. Não é o caso aqui. E também, diga-se de passagem, não seria muito difícil melhorar o filme de Wes Craven (que curiosamente produz este segundo filme), atendendo a que se tratava de algo de qualidade muito rasca, que ainda hoje custa a acreditar que se tenha tornado num filme de culto. Talvez devido a todas as proibições que despoletou um pouco por todo o lado, ou talvez pela novidade do argumento, que transforma predadores em presas: os assassinos das duas raparigas irão sucumbir, sem dó nem piedade, às mãos implacáveis dos pais de uma delas. Mas nem a originalidade da história seria aproveitada da melhor maneira. Na verdade, o filme com que Wes Craven debutou em 1972, e para o qual também escreveu o argumento, é algo a que falta practicamente tudo aquilo que é necessário para que, pelo menos, possa ser visto sem grande enfado e com um mínimo de interesse por parte do público. A realização (montagem incluída, também da responsabilidade de Craven), é feita às três pancadas, denotando uma ignorância atroz das mais básicas técnicas cinematográficas; a direcção de actores é péssima; a interpretação idem, idem; até a música utilizada (algo bizarro, que oscila entre o bluegrass e a música country)  é de péssimo mau-gosto.


Dennis Iliadis, o director grego que assina esta nova versão, nasceu em Atenas, tendo passado a sua adolescência em Paris e no Rio de Janeiro. Frequentou a Brown University, em Rhode Island, mudando-se depois para Londres, para a Royal College of Art. Rapidamente ganhou espaço no mundo do cinema, tendo dirigido a sua primeira longa-metragem na Grécia, (“Hardcore”, 2004), um filme sobre prostitutas, que viria a ganhar o Audience Award no Festival de Oldenburg, na Alemanha. Não conheço, pelo que não me é possível emitir qualquer opinião sobre esse filme-estreia. Mas esta segunda incursão na realização (o seu primeiro filme americano), é uma boa surpresa. Pelo menos, Iliadis consegue algo essencial neste tipo de filmes, que é a criação de uma atmosfera forte e credível, que se encontrava completamente ausente no primeiro filme. Longe de ser um grande filme, este “Last House On The Left” tem vários pontos de interesse, sobretudo para os aficcionados  do slash-horror, que começa logo no aproveitamento eficaz do argumento original, eliminando o supérfluo ou o simplesmente anedótico (a parelha dos polícias que anda completamente perdida no primeiro filme). De igual modo, Iliadis substitui o tipo de música, adicionando ao seu filme temas adequados, onde a inquietação e o suspense estão sempre presentes. A direcção de actores é muito boa e, de um modo geral, é de louvar o ritmo e o estilo conseguidos desde os créditos iniciais. Aquela última cena, de tão absurda e gratuita, é que era perfeitamente escusada. É algo que está a mais, que destoa do resto, mesmo que nesse resto existam algumas sequências de extrema violência.


“The Last House On The Left” afasta-se um pouco dos clichés que a grande maioria dos filmes de terror apresenta actualmente, bem como dos maneirismos técnicos comuns a tantos eles. Os movimentos de câmara são precisos e objectivos - o oposto das tremideiras que se verificam em grande parte de filmes do género (uma moda que se deseja passageira, criada por filmes como "REC", Paranormal Activity" e respectivas sequelas) - denotando já uma competência bastante eficaz de Dennis Iliadis, que consegue extrair o máximo de emoção e energia dos seus actores. Estes têm desempenhos francamente bons (talvez Riki Lindhomme, no papel de Sadie, seja a excepção), sobretudo Monica Potter e Tony Goldwyn (os pais de Mari) que dominam o écran na segunda parte do filme, ao levarem a cabo a vingança sobre os assassinos da filha. Para quem nunca viu o filme de 72, um conselho: não gastem tempo (ou sobretudo dinheiro) com ele, porque com toda a certeza saíriam defraudados da experiência. O melhor mesmo é esquecerem que este novo filme é um remake, pelo simples facto de ele possuir o seu mérito próprio, que seguramente merece ser levado em conta. Para os mais impressionáveis, não resisto a citar a publicidade feita para o primeiro filme:

TO AVOID FAINTING
KEEP REPEATING
IT'S ONLY A MOVIE
... ONLY A MOVIE
... ONLY A MOVIE
... ONLY A MOVIE
... 


CURIOSIDADES:

- Numa entrevista de Março de 2009, Sara Paxton revelou que a sequência da violação levou 17 horas a filmar.

- Tony Goldwyn esteve inicialmente relutante em aceitar o papel do pai de Mari, devido à violência descrita no argumento. No entanto, mudou de ideias depois de ver o primeiro filme de Iliadis, “Hardcore” (2004)




Notação do filme de 1972: 

segunda-feira, dezembro 09, 2013

INVICTUS (2009)

INVICTUS
Um Filme de CLINT EASTWOOD


Com Morgan Freeman, Matt Damon, Tony Kgoroge, Adjoa Andoh, Marguerite Wheatley, Patrick Lyster, Pennie Downie, etc.

EUA / 134 m / Cor / 16X9 (2.35:1)

Estreia nos EUA a 11/12/2009
Estreia na ÁFRICA DO SUL a 11/12/2009
Estreia em PORTUGAL a 28/1/2010

«He was a prisoner who became a president. To unite his country, 
he asked one man to do the impossible»

Exceptuando documentários, Nelson Mandela só foi objecto de grandes abordagens ficcionais neste século, ou seja, depois de abandonar o poder em 1999. De todas, a que mais perdura - e sempre perdurará - é a que Clint Eastwood encetou em 2009, "Invictus". Para se apontar a sua relevância, lembremos a abertura do filme. Depois de uma espécie de prólogo em que, em jeito paradocumental, se traça o caminho que Mandela trilhou da libertação à eleição para Presidente da República da África do Sul, Eastwood entra pela ficção. Cena nocturna. Mandela acorda, levanta-se, ajeita a cama, a evocar uma práctica carceral. Veste um fato de treino e sai para a rua para uma caminhada a pé, ainda nem a aurora rompeu. No exterior da casa, dentro de um carro, dois seguranças lamentam a cronométrica rotina que faz do Presidente um alvo fácil. Mandela começa a andar pelas ruas desertas, sempre acompanhado pelos guarda-costas, pergunta pela saúde da mãe de um deles, congratula-se que esteja melhor - o cineasta começa a afinar a nossa percepção quanto à a fabilidade do personagem.


Uma legenda diz-nos que é o primeiro dia do mandato do Presidente. Logo uma carrinha em movimento desarvorado aparece algures, ainda não em relação com os personagens, mas nós estabelecemos de imediato uma ameaça. Um breve plano do interior da carrinha para o exterior introduz a ideia de que os seus ocupantes estão à procura de qualquer coisa. E eis que desemboca na rua onde Mandela caminha, os guarda-costas ficam alerta, a carrinha para, abruptamente, logo à frente. Mandela encosta-se à parede, os outros cobrem-no, prontos a sacar das armas. Um homem sai da carrinha a correr, larga um monte de jornais no passeio, a tensão esvai-se. Mandela aproxima-se para ver a primeira página. Está escrita em africânder, a língua dos brancos. Um dos guarda-costas pergunta o que lá está escrito. Mandela traduz: «Ele pode ganhar uma eleição, mas poderá dirigir um país?» 


O segurança insurge-se dizendo que já está a ser atacado mesmo antes de começar a governar. Mandela contraria-o, sustentando que é uma pergunta legítima - e sai do plano como se tivesse algo de inadiável para fazer. Esta sequência não chega a ter dois minutos e meio, mas é daquelas que deviam ser mostradas nas escolas de cinema, pela mestria narrativa que revela. Tem uma tensão de quase thriller, boa ferramenta para agarrar a nossa atenção. Introduz um tempo, é o primeiro dia do mandato. Dá-nos indicações precisas sobre o carácter do personagem central - hábitos monásticos que evocam a prisão, modéstia, afabilidade humana, lucidez política destituída de ressentimentos. No fundo, é isso e apenas isso que "Invictus" vai desenvolver e aprofundar nas duas horas e tal seguintes em que se mostra a astúcia e a compaixão com que Mandela pacificou uma nação dilacerada em ódios.

(Jorge Leitão Ramos in semanário Expresso, 7/12/2013)

Agora que o mundo lamenta o desaparecimento do histórico líder sul-africano (falecido na quinta-feira passada, dia 5, aos 95 anos), e antes da estreia, ainda esta semana, do auto-biográfico "Mandela: Longo Caminho Para a Liberdade", uma realização do britânico Justin Chadwick, torna-se oportuno uma (re)visão deste "Invictus", para melhor compreender a enorme estatura do homem que ficará para sempre como uma das maiores figuras do século XX. Se possível, acompanhada pela leitura da autobiografia, publicada em 1995, e onde Mandela conta a história extraordinária da sua vida - uma narrativa épica de lutas e confrontos, derrotas e vitórias, contrariedades e esperanças, que sempre o acompanharam, desde os tempos de clandestinidade e relativo anonimato (a nível internacional, pelo menos) até à sua libertação triunfal no dia 11 de Fevereiro de 1990, após 27 anos de prisão (foi o prisioneiro 46664 de Robben Island, ao largo de Cape Town, número que significava que tinha sido o 466º encarcerado durante o ano de 1964).


Em "Invictus", Clint Eastwood centra-se no campeonato do mundo de rugby de 1995, onde a África do Sul se sagrou pela primeira vez campeã, frente à sempre temível selecção neozelandesa. Uma final histórica, cujo êxito só foi possível devido ao empenhamento pessoal de Mandela, que viu naquele desporto (desde sempre glorificado pela minoria branca e repudiado pela maioria negra) um veículo ideal para conseguir atingir a unificação do país, na altura uma nação ainda dividida pelo apartheid, apesar das mudanças trazidas pelos ventos históricos. Para além de toda a sua mestria habitual, Eastwood demonstra aqui também um grande conhecimento da vida de Mandela, expresso em pequenos detalhes ao longo do filme: a preservação do gabinete multi-racial logo no primeiro dia do mandato, o jogging madrugador, o isolamento familiar, a cumplicidade com as suas secretárias, o seu peculiar humor, ou a modéstia traduzida em prescindir de um terço do seu salário doando-o a obras de caridade.


O resultado é uma interacção constante entre os ideais desportivos da selecção springbok, capitaneada por François Pienaar (Matt Damon) e algumas das primeiras acções políticas levadas a cabo pelo recém-eleito Presidente (uma interpretação notável de Morgan Freeman, que confere à personagem de Mandela uma veracidade a todos os níveis credível). "Invictus" é um filme notável e emocionante, que chega a ser impressionante nas cenas da grande final do estádio Ellis Park. Mas, acima de tudo, enaltece a personalidade extraordinária de Nelson Mandela, um homem grande que soube ser grande, ao deixar para trás qualquer sentimento de vingança para abraçar a causa de unir toda uma nação através do perdão dos crimes praticados pelos seus torcionários, percebendo claramente a necessidade da superação dos anseios individuais pelo bem-estar de todo um povo. Não existem muitos casos na História em que uma nação se tenha unido de uma forma tão rápida.


CURIOSIDADES:

- Antes da produção do filme se iniciar, Morgan Freeman e o produtor Lori McCreary deslocaram-se à África do Sul, afim de conseguirem o acordo de Nelson Mandela. No encontro com o líder sul-africano, Freeman começou por dizer: «Madiba, há muito tempo que estamos a trabalhar neste projecto, mas só há pouco tempo ouvimos falar de algo que pode vir a revelar melhor a sua personalidade…» Mandela interrompeu-o, dizendo: «Ah, o Campeonato do Mundo!». A maneira expressiva como Mandela se referiu ao evento desportivo fez que Freeman e McCreary compreendessem de imediato que iriam ter o seu apoio total.

- Por ser canhoto, Morgan Freeman treinou-se a escrever com a mão direita por causa das cenas em que a personagem de Mandela (que era destro) é filmada a escrever.

- A cela da prisão que a equipa de rugby visita numa sequência do filme é a verdadeira cela de Robben Island, onde Mandela cumpriu 24 anos da sua pena.

- Morgan Freeman, que já conhecia Mandela há vários anos (tinham mesmo uma relação de amizade), baseou a sua interpretação em vários vídeos, de onde copiou o seu modo de falar, quer na pronúncia quer no ritmo das palavras. Mas o mais difícil de tudo foi tentar transmitir o seu carisma pessoal: «Eu queria evitar actuar como ele, precisava mesmo era de ser o próprio Mandela. Mas quando se está na frente dele apercebemo-nos da sua grandeza e da sua magia. E estas não podem ser imitadas.»




- Nelson Mandela afirmou numa entrevista que só Morgan Freeman o poderia ter representado no cinema.

- Matt Damon visitou François Pienaar na sua casa, afim de lhe pedir ajuda para a preparação do papel. Quando os dois se encontraram, houve um momento de silêncio, devido à grande diferença de estatura entre os dois. Damon quebrou a tensão, dizendo: «Olhe que a câmara me faz muito mais alto!» Pienaar prepararia mais tarde um jantar gourmet para os dois. A partir desse dia tornaram-se amigos. Pienaar afirmaria mais tarde: «Fiquei fascinado com a sua humildade e perverso sentido de humor. Ele quis aprender tudo o que pôde sobre mim, sobre a minha filosofia enquanto capitão dos springboks e o que significou para nós a conquista do Campeonato do Mundo, em 1995. Até aspectos técnicos do jogo eu lhe ensinei. Divertimo-nos muito.»

- A Associação de ruby neozelandesa enviou um perito para fiscalizar a dança guerreira The Haka, que os actores que interpretavam os jogadores da selecção All Blacks tiveram de aprender.

- A banda preferida de Nelson Mandela, The Soweto String Quartet, foi contratada para participar no filme.


- O escritório presidencial, no qual Mandela toma chá com Pienaar é uma divisão dos Union Buildings, a sede do Governo Sul-Africano em Pretória. Foi a primeira vez que um filme lá foi rodado.

- Todas as sequências dos jogos foram filmadas no próprio estádio onde o campeonato do mundo teve lugar, o Ellis Park Stadium de Johannesburg. As diferenças entretanto ocorridas no aspecto do recinto (tinham decorrido já 14 anos), foram equiparadas ao original através de efeitos gráficos computarizados, os quais também foram usados para “expandir” para 60 mil os cerca de 2 mil espectadores-extras que assistiam às filmagens.

- A sequência em que o avião sobrevoa o estádio com uma mensagem de apoio aos jogadores, aconteceu na realidade. A única diferença é que o evento foi previamente planeado e autorizado, enquanto que no filme o mesmo acontece como de uma surpresa se tratasse – o que ocasiona apreensão nos elementos da segurança de Mandela.






A BANDA SONORA:


terça-feira, novembro 12, 2013

ORPHAN (2009)

A ORFÃ
Um filme de JAUME COLLET-SERRA




Com Vera Farmiga, Peter Sarsgaard, Isabelle Fuhrman, etc.

EUA-CANADÁ-ALEMANHA-FRANÇA / 
123 min / COR / 16X9 (1.85:1)

Estreia nos EUA a 21/7/2009
Estreia em Portugal a 5/9/2009


Apesar da presença de muitos clichés do género, este thriller assinado por um espanhol de 36 anos, oriundo de Barcelona, consegue ainda assim ultrapassar a mediania e fazer com que passemos duas horas de puro entretenimento. O suspense é genuíno, bem arquitectado e onde não falta até o tal "segredo" de que nos fala a publicidade - «There's something wrong with Esther». Há de facto algo errado com a criança de 9 anos que um casal vai resgatar a um orfanato, e que só muito perto do fim do filme nos é revelado. Um argumento deveras original que por isso mesmo foi escrito às avessas. Ou seja, pegou-se naquela boa ideia e depois foi-se inventando o percurso para se chegar ao final desejado. Uma fotografia apelativa, com algumas sequências que nos ficam na memória (a introdução inicial no hospital ficará certamente como uma referência futura), e uma excelente direcção de actores compõem o ramalhete. Destaque para o desempenho da protagonista principal, a jovem Isabelle Fuhrman, de 13 anos, e da belissima actriz que é Vera Farmiga, a mãe do rapaz com o pijama às riscas ("The boy in the striped pajamas"), filme de 2008.


sexta-feira, setembro 28, 2012

THE MILLENNIUM TRILOGY (2009)

MILLENNIUM 1: MÄN SOM HATAR KVINNOR / OS HOMENS QUE ODEIAM AS MULHERES
Um filme de NIELS ARDEN OPLEY

Com Michael Nyqvist, Noomi Rapace, Lena Endre, Sven-Bertil Taube, Peter Haber, Peter Andersson, etc.

SUÉCIA - DINAMARCA - ALEMANHA - NORUEGA / 152 min (180) / COR / 
16X9 (2.35:1)
Estreia na SUÉCIA e DINAMARCA a 27/2/2009
Estreia em PORTUGAL a 24/9/2009
Estreia no BRASIL a 23/10/2009
Estreia nos EUA a 7/11/2009



MILLENNIUM 2: FLICKAN SOM LEKTE MED ELDEN / A RAPARIGA QUE SONHAVA COM UMA LATA DE GASOLINA E UM FÓSFORO
Um filme de DANIEL ALFREDSON

Com Michael Nyqvist, Noomi Rapace, Lena Endre, Peter Andersson, Michalis Koutsogiannakis, Annika Hallin, Sofia Ledarp, Jacob Ericksson, etc.

SUÉCIA - DINAMARCA - ALEMANHA / 
129 min COR / 16X9 (1.85:1)
Estreia na SUÉCIA e DINAMARCA a 18/9/2009
Estreia em PORTUGAL a 25/3/2010
Estreia nos EUA a 9/7/2010



MILLENNIUM 3: LUFTSLOTTET SOM SPRÄNGDES / A RAINHA NO PALÁCIO DAS CORRENTES DE AR
Um filme de DANIEL ALFREDSON

Com Michael Nyqvist, Noomi Rapace, Lena Endre, Annika Hallin, Jacob Ericksson, Sofia Ledarp, Anders Ahlbom, Micke Spreitz, etc.
SUÉCIA - DINAMARCA - ALEMANHA / 
147 min / COR / 16X9 (1.85:1)
Estreia na SUÉCIA e DINAMARCA a 27/11/2009
Estreia nos EUA a 13/10/2010
Estreia em PORTUGAL a 29/9/2011




Stieg Larsson, escritor e jornalista sueco, nasceu a 15 de Agosto de 1954 e faleceu novo, com apenas 50 anos, a 9 de Novembro de 2004, vítima de ataque cardíaco: o stress permanente, o fast-food e os muitos maços de tabaco diários foram algumas das causas que levaram ao seu desaparecimento precoce, sem sequer se ter podido aperceber do enormíssimo sucesso da sua trilogia "Millennium" (que Larsson tinha projectado expandir até aos 10 volumes) nos quatro cantos do mundo. Os três livros continuam a vender como pãezinhos quentes, tendo nos finais de 2011 atingido a incrível cifra dos 65 milhões de exemplares, num total de 46 países. Só na Dinamarca (país de pouco mais de 5 milhões de habitantes), a trilogia vendeu cerca de 1 milhão, o que a tornou a obra mais vendida de sempre, ultrapassando até a própria Bíblia.

Quando tinha apenas 15 anos, Larsson testemunhou a violação de uma rapariga por um grupo nazi. Chamava-se Lisbeth e a ocorrência marcou-o para sempre - ao longo da vida, Larsson foi sempre um defensor acérrimo dos direitos das mulheres e um implacável inimigo de todas as ideologias de direita, nomeadamente o nazismo. Essas duas directrizes mestras orientaram o seu trabalho futuro nas vertentes de escritor, jornalista e activista político, sendo a trilogia "Millennium" um espelho perfeito de todas as suas ideias e convicções. Eva Gabrielsson foi a sua companheira durante 32 anos, não se tendo nunca casado por razões de segurança (Larsson recebia frequentemente ameaças de morte de grupos de extrema-direita devido ao seu trabalho como jornalista na revista “Expo”). Por essa razão, e devido à lei sueca, toda a fortuna póstuma de Larsson reverteu para o pai e o irmão, e Eva não teve direito a nada.

Segundo a nota editorial, "Millennium" não é um livro policial no sentido habitual do termo. O estilo de Stieg Larson é minucioso, detalhado, lento. Como se dispusera de todo o tempo do mundo para apresentar aos leitores as personagens e tudo o que as rodeia. Detalhes, pequenas histórias, situações paralelas, descrições exaustivas. Como referiu Helena Vasconcelos no jornal “Público”, «Larsson cria um retrato poderoso e fiel deste tempo conflituoso e inquietante em que as mulheres são abusadas e as crianças e animais sujeitas a violência e maus tratos. [...] apesar deste policial ser duro e feroz com os ingredientes que são próprios do género, a verdade é que o autor não negou a sua cultura, mostrando uma preocupação saudável em relação aos problemas de consciência social e política com um olhar extremamente perspicaz no que diz respeito às várias patologias da mente do homem e da mulher contemporâneos.»

Mikael Blomqvist (Michael Nykvist), jornalista e sócio-fundador da revista "Millennium", dedica a sua vida a denunciar o crime e a corrupção que minam a sociedade sueca. Como resultado, tem vários inimigos e é tido como culpado num caso de difamação. Um dia é procurado por Henrik Vanger (Sven-Bertil Taube), um conhecido empresário, obcecado em deslindar o mistério em torno do desaparecimento da sua sobrinha, há mais de 40 anos. Vanger acredita que alguém da família poderá estar relacionado com o desaparecimento de Harriet, cujo corpo nunca foi encontrado. O empresário faz então uma proposta irrecusável ao jornalista: dá-lhe acesso total à sua vida, documentação pessoal e dados familiares em troca da solução para o caso. Com a ajuda de Lisbeth Salander (Noomi Rapace), uma hacker profissional com um passado misterioso, Mikael vai-se envolver na história da sua vida.

Neste primeiro filme da trilogia, “Os Homens Que Odeiam as Mulheres”, o enredo à la Agatha Christie é apenas um pretexto para introduzir o público àquilo que realmente interessa: a relação entre Mikael e Lisbeth, sendo esta última um dos personagens mais fascinantes do cinema actual. Vão-nos sendo dadas algumas pistas sobre o seu passado, mas sómente no segundo filme, “A Rapariga Que Sonhava Com uma Lata de Gasolina e um Fósforo” (para mim o melhor dos três) é que Lisbeth Salander atinge o zénith, passando toda a trama a girar à sua volta. Noomi Rapace (actriz sueca nascida em 28 de Dezembro de 1979) interpreta o seu personagem às mil maravilhas, de tal modo realista e convincente que dificilmente poderá ser lembrada por um qualquer outro que venha a incarnar no futuro.

O terceiro e último filme, “A Rainha no Palácio das Correntes de Ar”, é porventura o menos excitante da trilogia, dando-nos, ainda assim, algumas sequências de alto gabarito, como por exemplo a do julgamento de Lisbeth Salander. À semelhança dos livros, também a trilogia dos filmes tem suscitado bastante interesse, um pouco por todos os países onde vai sendo exibida. Como não podia deixar de ser, Hollywood aproveitou-se de imediato desta nova galinha dos ovos de ouros, tendo feito já o remake do 1º filme (“The Girl With the Dragon Tatoo”), com Daniel Craig e Rooney Mara nos papeis principais (a 2ª parte encontra-se já prevista para um futuro próximo). Assinado por David Fincher (compreende-se muito bem o fascínio do realizador por esta história, basta lembrar-nos do “Seven”) o filme segue de muito perto a versão original, mas não hesita em americanizar alguns detalhes. Mesmo assim é algo que se vê bem, apesar de se tornar dispensável para quem já viu o filme original. Para quem não viu, a versão norte-americana servirá certamente de isco para despertar o interesse dos espectadores para a trilogia sueca.

CURIOSIDADES:

- Noomi Rapace declarou numa entrevista à BBC que se preparou durante 7 meses para o papel de Lisbeth Salander. Essa preparação incluiu uma severa dieta, aulas de kick boxing, obtenção da licença de condução para motocicletas e a introdução de piercings no nariz e numa sobrancelha.

- Toda a música para os três filmes foi escrita em apenas 4 dias. Jacob Groth, o compositor, disse que as folhas para orquestra pesavam cerca de 33 quilos.

- A mãe de Lisbeth é interpretada por Nina Norén, que na vida real é mãe da própria Noomi Rapace.

- O primeiro filme, "Os Homens Que Odeiam as Mulheres". conquistou o BAFTA para o melhor filme em língua não inglesa.