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sábado, agosto 16, 2025

SOMEWHERE IN TIME (1980)

ALGURES NO TEMPO
Um filme de JEANNOT SZWARC




Com Christopher Reeve, Jane Seymour, Christopher Plumer, etc.

EUA / 103 min / COR / 
16X9 (1.85:1)

Estreia nos EUA a 3/10/1980



Elise McKenna: «Is it you?»
Richard Collier: «Yes»

Este pequeno diálogo corresponde a dois olhares enfim (re)encontrados no tempo. E esses dois olhares são o cerne deste filme: uma deslocação (e não propriamente “viagem”) ao passado, para concretização de uma obsessão amorosa. Richard Collier (Christopher Reeve, a provar aqui que não foi apenas o intérprete de "Superman") é um autor contemporâneo de peças de teatro que durante a estadia num hotel vê o retrato de Elise McKenna (bela Jane Seymour), uma actriz muito popular em 1912. A fascinação vai tomando conta do escritor, à medida que uma série de sinais parecem indiciar uma relação anterior entre os dois. Completamente absorvido pela necessidade irresistível de encontrar aquela mulher, Richard descobre finalmente uma maneira de concretizar o seu desejo: um regresso ao passado por sugestão auto-hipnótica.




Concordo plenamente: trata-se de uma idiotice completa, sem pés nem cabeça. Mas a verdade é que tudo aquilo “funciona”! Uma vez introduzidos na trama do filme, passamos a acreditar, convictamente; e temos quase a certeza da possibilidade física de tal retorno. O filme tem realmente o poder de nos conduzir a um mundo mágico onde os maiores desejos podem sempre ser realizados. É talvez essa a razão da grande popularidade de “Somewhere in Time que desde a sua estreia, em 1980, tem progressivamente vindo a tornar-se na referência primeira do filme-romântico. A ponto de ter já originado um clube de fans ("INSITE - The Int'l Network of Somewhere in Time Enthusiasts") que, entre outras coisas, organiza periodicamente estadias no Grand Hotel do Michigan, onde o filme foi rodado. Como já vem sendo hábito, disponibiliza-se a banda-sonora do filme  aqui.                                                                                    

CURIOSIDADES:

- Devido a direitos de autor, a versão video substituíu o "Theme from Somewhere in Time" tocado durante a projecção do genérico final pelo pianista Roger Williams por outra música.

- O professor universitário chama-se "Finney", uma homenagem de Richard Matheson a Jack Finney, escritor de ficção científica.

- A circulação automóvel não é permitida em Mackinac Island, Michigan, onde se situa o Grand Hotel e a maior parte dos locais de rodagem do filme. Assim, foi necessária uma licença especial da câmara da cidade para que pudessem ser usados carros durante as filmagens. Mas tal licença não abrangeu os elementos da produção (actores e técnicos) que não puderam guiar os carros fora das filmagens.

- A edição especial em DVD (Região 1) para comemorar o 20º aniversário do filme foi digitalmente remasterizada para uma melhor imagem e inclui um novo documentário de 60 minutos intitulado "Back To Somewhere In Time", com entrevistas aos actores e técnicos, bem como um comentário audio do realizador e uma pequena abordagem ao clube de fans do filme. Aqui disponibiliza-se o Blu-Ray, com uma imagem ainda melhorada.



 
PORTFOLIO:
















quinta-feira, junho 19, 2025

THE NIGHT OF THE GENERALS (1967)

A NOITE DOS GENERAIS
Um filme de ANATOLE LITVAK



Com Peter O'Toole, Omar Sharif, Tom Courtenay, Donald Pleasence, Joanna Pettet, Philippe Noiret, Charles Gray, Coral Browne, John Gregson, Nigel Stock, Christopher Plummer, etc.


GB - FRANÇA / 148 min / COR / 
16X9 (2.35:1)



Estreia na GB (Londres) a 29/1/1967
Estreia nos EUA (Nova Iorque) a 2/2/1967



Inspector Morand: «But, murder is the occupation of Generals»
Major Grau: «Then let us say what is admirable on the large scale 
is monstrous on the small. Since we must give medals to mass murderers, 
why not give justice to the small... entrepreneur»

Segunda Guerra Mundial. Varsóvia, 1942; Paris, 1944. No espaço de dois anos duas prostitutas são brutalmente assassinadas e mutiladas nos órgãos genitais, indiciando crimes de índole sexual. Os suspeitos são os mesmos nas duas ocasiões: três generais alemães, comandantes das forças invasoras de Hitler na Europa: Gabler (Charles Gray), um adúltero compulsivo, Kahlenberge (Donald Pleasence), cuja grande preocupação é o derrube do Fuhrer, e Tanz (Peter O’Toole), um militar frio e calculista, considerado um herói na batalha de Estalinegrado. Se no primeiro crime houve apenas uma testemunha inconclusiva (reveladora apenas do facto do assassino ser de facto um general, por causa da risca vermelha das calças do uniforme), já no segundo acompanhamos passo a passo a execução do novo assassínio. Ou seja, a identidade do criminoso é revelada muito antes do final do filme, o que contudo não equivale a um decréscimo de interesse por parte do espectador.

Uma das personagens centrais do filme é o cabo Hartmann (Tom Courtenay, ainda na retina de muitos espectadores por causa do seu excelente desempenho em “Dr. Zhivago”, dois anos antes) que para além de ser a testemunha directa do segundo crime (e que se revelará vital na conclusão da investigação) mantém uma ligação amorosa com a filha de um dos generais suspeitos – Ulrike Gabler, a bonita Joanna Pettet, papel que esteve para ser desempenhado na altura por Marianne Faithfull. Sendo destacado para motorista de Tanz com o intuito de lhe mostrar as vistas de Paris, Hartmann desenvolve uma curiosa relação com o General presenciando a sua face oculta, a insanidade por detrás da aparente normalidade – inesquecíveis as cenas passadas na galeria de arte (o auto-retrato de Van Gogh a funcionar como porta para a loucura), na esplanada, no hotel, no night-club e, finalmente, no local do crime.

Baseado numa novela de Hans Hellmut Kirst (ao que parece inspirada em factos reais), e com argumento assinado por Joseph Kessel e Paul Dehn, “The Night of the Generals” é uma obra bem típica dos anos 60, recheada de belissimos actores entre os quais, e para não destoar do que naquela altura era usual, o excelente Peter O’Toole, que tem aqui mais um dos seus míticos desempenhos. Com duas horas e meia de duração, esta produção franco-inglesa de Sam Spiegel foi bastante popular na altura da estreia por se tratar de um filme carismático que embora situado em cenários do conflito mundial ia um pouco mais além do tradicional filme de guerra. Com uma interventiva banda-sonora assinada por Maurice Jarre (um must daqueles anos) e uma fotografia fortemente apelativa (da autoria de Henri Decae), “The Night of the Generals” oferece ainda uma reconstituição muito credível dos acontecimentos históricos, desde o plot conspirativo para assassinar Adolph Hitler até à ocupação da capital francesa pelo exército nazi.

Outro dos aspectos interessantes do filme é a longevidade da investigação iniciada pelo Major Grau (Omar Sharif, de novo a contracenar com O’Toole, após “Lawrence of Arabia”, cinco anos antes) e depois continuada pelo Inspector Morand (Philippe Noiret), que atravessa os anos da Guerra para se concluir vinte anos depois, já em plena década de sessenta (coincidente, portanto, com o lançamento do filme em 1967). É curioso vermos os mesmos personagens mas agora integrados noutro tipo de realidade. Um novo tempo em que contudo as feridas do passado não foram esquecidas. “The Night of the Generals” é um filme ainda hoje muito agradável de se (re)ver, que paralelamente ao seu interessante enredo transporta em si muita da nostalgia presente nos filmes rodados durante a década de sessenta.







sexta-feira, abril 08, 2011

CLOSING THE RING (2007)

O ELO DO AMOR
Um filme de RICHARD ATTENBOROUGH

Com Shirley MacLaine, Christopher Plummer, Neve Campbell, Pete Postlethewaite, Mischa Barton, David Alpay, etc.

EUA-GB-CANADÁ / 118 min /
COR / 16X9 (1.85:1)

Estreia no Canadá em 14/9/2007
Estreia na GB a 21/10/2007
Estreia nos EUA a 9/1/2009
Estreia em Portugal a 30/4/2009


Marie: «Everybody needs to talk»
Jack: «No, honey, everbody needs to cry. And your mother never did»

Richard Samuel Attenborough, actor, realizador, produtor e lorde inglês, nascido em Cambridge a 29 de Agosto de 1923, dirigiu este seu 12º filme depois de um interregno de 8 anos após “Grey Owl / A História de Um Guerreiro” (1999). Aos 84 anos de idade Attenborough evidenciava ainda toda uma paixão pela sua profissão ao transcrever para o écran mais uma história, desta vez baseada num argumento de Peter Woodward, inspirado em factos reais ao que parece. Tendo como pano de fundo a 2ª Guerra Mundial, “Closing the Ring” é um drama romântico, recheado de emoções, que envolve diferentes gerações e que se divide por dois locais separados no espaço e no tempo: North Carolina, nos EUA e Belfast, na Irlanda do Norte.


Quatro anos antes de eclodir o conflito, Ethel Ann (Mischa Barton), uma bela rapariga de Branagan, Michigan, é o centro das atenções por parte de três amigos, Teddy (Stephen Arnell), Jack (Gregory Smith) e Chuck (David Alpay), todos eles enamorados dos seus encantos. Teddy, que vem a ser o feliz eleito, inicia a construção de uma casa, e desposa Ethel Ann em segredo antes da partida de todos os três para a Irlanda, como aviadores. Temendo o pior, Teddy obriga um dos amigos  (no caso, Chuck) a prometer-lhe que cuidará da esposa, caso alguma coisa lhe venha a suceder. A tragédia acaba mesmo por se consumar, quando o B-17 de Teddy se despenha na Black Mountain, junto a Belfast. Após um período de dez anos, Chuck cumpre a promessa feita ao amigo e desposa Ethel Ann.


O filme começa na actualidade (1991), em que uma Ethel Ann septuagenária (Shirley MacLaine) procede às exéquias do funeral do marido, juntamente com a filha Marie (Neve Campbell) e o amigo de sempre Jack (Christopher Plummer). A partir daqui os fantasmas do passado regressam e o filme vai revelando segredos há muito adormecidos, promessas feitas na juventude que vêm agitar a vida de todos, sobretudo de Marie, que cresceu sempre na ignorância dos factos do passado.


“Closing the Ring” podia ter sido algo magnífico a todos os níveis se não fosse a desastrada montagem. Com efeito, o recurso sistemático a flash-backs retira muito do seu impacto, importunando a concentração do espectador e chegando a ocasionar alguma confusão na primeira meia-hora, em que os personagens não se encontram ainda bem definidos no espírito do público. Os constantes avanços e recuos da história contribuem desse modo para um certo desfasamento agressivo entre o passado e o presente, que só é em parte ultrapassado pela excelência da maioria dos actores. Apesar das suas inegáveis qualidades, “Closing the Ring” ficará como exemplo daquilo que se não deve fazer numa mesa de montagem (Lesley Walker foi o técnico responsável por este ónus do filme).


O percurso de tortura psicológica que Shirley MacLaine tão brilhantemente nos apresenta na figura de uma mulher que nunca soube chorar, é uma peça fundamental para a sedução que o filme acaba por exercer no espectador. Tal como a caracterização de Christopher Plummer como alguém que sempre conseguiu ocultar os seus mais íntimos sentimentos. “Closing the Ring” é, na sua essência, um filme épico em termos emocionais, que seria certamente muito mais apreciado pelas plateias dos cinemas dos anos 50, que rejubilavam por este tipo de histórias, envolvendo promessas de amores eternos. Hoje em dia tenho as minhas dúvidas sobre a aceitação do filme por parte da grande maioria dos espectadores, sobretudo nas camadas mais jovens. A não ser em casos pontuais, onde a nostalgia do passado se sobreponha à realidade do presente. Tal como acontece comigo.