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quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Poemas de Lalo Arias



DORMIR AO RELENTO

De onde vem
essa doce lembrança
e o simples hábito
de despertar feliz
neste tempo
de ausência
de misericórdia
e de uma palavra
com 4 letras?
De onde vem
a sensação
de que o vento
a passagem dele
corta e afaga
magoa e acolhe?

Pense no vento,
digo a ela,
ele é poderoso
só por ser invisível

DEUS MORREU ONTEM À NOITE

Com a lua cheia
entre os dentes
e eu te pergunto:
você poderia tocar
meu centro?
No lugar onde estamos
tudo virará pó
Sou um homem
pobre
meus sapatos pesam
poderia estar descalço
poderia estar nu
Mesmo assim você me tocaria?
Se eu fosse verdadeiro
seria só alma
Estou ao teu lado
e você não me vê
Não vou perguntar
outra vez
(fevereiro, 2012)

Posted 10th February by Lalo Arias
Labels: Deus Morreu Ontem à Noite
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ALÉM DA PASÁRGADA

Como se houvesse algo realmente importante
pra dizer
Como falar do cansaço
e do terror?
Mas é bom lembrar que também vi paisagens
e uma era mais perfeita que a outra
porém
elas cambiavam eternas
Diferente do que acontece
nesta vida
Não falo de toda a vida
mas do tempo de espera
– como este ar congelado
em pleno verão
Vou sentir falta
de sentir
Estarei perto de quem amei?
Gostaria de saber
Gostaria que alguém me dissesse algo
a respeito

encontro dos poetas insones
ENCONTRO DOS POETAS INSONES

Numa noite
cheia de tédio e heroísmo
desespero, saciedade
caminhamos
mais uma vez
sob chuva
e fomos a chuva
Em nome do amor, da rebelião
naquela noite clamamos sob o torpor
do vinho
e fomos o vinho
De um lado
ou acima
pouco importa
choveu e choveu
Um disse
estamos a salvo
Outro calou
mas sorriu
como se declarasse amor
mais uma vez
ao vento
E fomos o vento
Somos tantos
apaixonadamente plenos de raiva
e separação
Somos tantos
uma insígnia
ao lado de outra insígnia
estrela ao lado de estrela
Pouco importa
Declaramos guerra
à guerra
Mais uma vez
não estaremos a salvo

Mais da poesia de Lalo Arias AQUI


Seleção de Maria da Graça

domingo, 30 de setembro de 2012

Dois poemas de Lalo Arias


    • Lalo Arias ,o poeta que faz do sentir um momento maior!

      (Graça de Souza Feijó)





      CORAÇÃO




      tenho medo

      de não ouvir mais a tua voz

      ou de esquecer

      de ontem

      quando você saiu

      pra comprar um par de sapatos

      e voltou

      com três pares de sapatos

      tenho medo

      de ser sentimental demais

      e tenho medo do tempo

      mas ele é meu aliado

      ele me ampara

      enquanto eu respiro

      enquanto eu fico calado

      no balcão do bar

      em frente ao amigo

      que me serve

      alegria,

      por favor,

      é aqui que vivo

      é aqui que morrerei

      tenho medo

      que não haja mais tempo

      de dizer

      pai

      eu te amo

      ou de ouvir minha filha

      dizendo

      pai

      eu te amo

      tenho medo que não haja 

      mais tempo

      de ouvir as crianças

      recitando

      meus poemas


      (setembro, 2012)





      O MAIOR AMOR DO MUNDO


      Ontem saltei pela sétima vez
      da ponte
      A mesma ponte sem rio por baixo
      sem trovoadas por cima
      Imaginei um oceano
      coroando a noite
      como um mar de pétalas
      que se junta
      a um mar de pérolas
      que resulta
      num mar de pedras
      rolando
      por baixo da ponte
      E o frio era tanto
      que abraçar a mim mesmo não bastava
      Agarrar o ar
      revendo
      um barco que aderna
      por trás do horizonte
      enquanto salto
      pela sétima vez

  •  Lalo Arias

    (Dê um click)




sábado, 15 de setembro de 2012

3 grandes poetas contemporâneos: Lalo Arias, Assis Freitas e Nina Rizzi


A CAIXA DE COSTURA DE DONA ANA

Este é um lugar cheio de fraturas
Pequeno osso
transformado em botão
Outro pequeno osso
outro botão
As cores são magníficas
e elas resistem há várias vidas
Estou cheio de fraturas
e agulhadas
Também
demorei meses para abrir
a caixa
E as linhas
então
enfileiradas
continuam enroladinhas
como se estivessem prontas
Carretéis de todos os tons
prontinhos pra partir
Certamente a espera
é a minha bagagem

Lalo Arias


ciranda de desconhecimento para senhora dos lilases

eu nada sei sobre o princípio das coisas
perscruto arcturus, aldebarã
espero um novo big bang para florir
por enquanto contemplo o caos
quero um estojo de madrepérolas
uma coleção de heliantos tardios
quem sabe o infinito esteja em teus lábios

Assis Freitas


lastro

a poesia dizia que a gente não ia mais parar
de se olhar. nunca mais, nunca mais.
e eu não li mais nada. quiçá viouvi. Amiúde

deixei de me derramar também. hoje,

eu dou umas risadinhas como as suas. umas
risadinhas assim, meio de leve, de olhar buendía. de você
peguei isso, assim, sem querer. você

me dá vontade de chorar.

Nina Rizzi
http://ninaarizzi.blogspot.com.br/