Cyana Leahy-Dios |
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da poeta:
Poesia |
Cyana Leahy-Dios | |
Cyana Leahy, nascida nos anos cinqüenta, é niteroiense por opção. Escreve ensaios, ficção e poesia. Autora de dezenas de artigos, capítulos de livros e textos apresentados em congressos nacionais e internacionais, tem publicados: BIOMBO (1989, Ed. Cromos, com apresentação de Angelo Longo), seu livro de estréia na poesia; ÍNTIMA PAISAGEM (1997, Ed. Sette Letras, com apresentação de Marco Lucchesi), poemas escritos principalmente durante o período em que viveu na Inglaterra, uma espécie de 'canção do exílio' marcado pela saudade das paisagens familiares; e O LIVRO DAS HORAS DO MEIO (1999, Ed. Sette Letras), poemas que desvelam os limites e perspectivas da mulher madura, crítica e consciente do 'meio' das horas. Elogiados por Rose Marie Muraro, Olga Savary, Maria Helena Martins, Paschoal Motta, Norma Telles, Antonio Brasileiro e Danda Prado, dentre outros escritores e críticos, seus poemas revelam 'uma criadora de força, de humor prazenteiro, gargalhante às vezes, mas ferino e seco em outras - com uma nota melancólica' (Luiz Fernando Py). Como tradutora, Cyana Leahy verteu cinco livros para o inglês (Editoras Casa da Palavra e Fraiha). Ficcionista, tem dois livros de contos inéditos. Na área acadêmica, organizou, selecionou e traduziu A PALAVRA IMPRESSA (1999, Ed. Casa da Palavra), coletânea de ensaios sobre leitura e escrita no século 19. No prelo, com lançamento previsto para o segundo semestre de 2000, EDUCAÇÃO LITERÁRIA COMO METÁFORA SOCIAL (EdUFF), livro adaptado de sua tese de doutorado, defendida na Universidade de Londres, e LÍNGUA E LITERATURA: UMA QUESTÃO DE EDUCAÇÃO? (Ed. Papirus). Suas pesquisas acadêmicas privilegiam a educação literária (a educação pela literatura), assim como os estudos de gênero. Além de prêmios literários no Brasil e na Inglaterra, Cyana
Leahy recebeu por três anos consecutivos (1993 - 96) o prêmio de pesquisa
Overseas Research Award, outorgado pelos reitores das universidades inglesas a
trabalhos acadêmicos relevantes. Motivo de orgulho maior, porém, é o título de
destaque nacional e internacional como pessoa de cultura, recebido da Câmara
Municipal de Niterói em 1997. 1 LIVROS INDIVIDUAIS 1.01 —BIOMBO (1989) Niterói: Editora Cromos 1.02 —ÍNTIMA PAISAGEM (1997) Rio de Janeiro: Ed. Sette Letras 1.03 —LIVRO DAS HORAS DO MEIO (1999) Rio de Janeiro: Ed. Sette Letras 1.04 —A PALAVRA IMPRESSA (1999) Rio de Janeiro: Casa da Palavra 2 COLETIVOS 2.01 — 'Penultima Confissão' (1993) in ERÓTICA, São Paulo: Ed. Brasiliense 2.02 — 'Sagitariana' e 'Da Gata'(1996) in Antologia da Nova Poesia Brasileira, org. Olga Savary. Riode Janeiro: Rioarte/ Massao Ohno 2.03 — 'Kafka' (1996) in TO HER NAKED EYE. Londres: Pyramid Press 2.04 —'Eight scarce poems' (1997) in MANIFEST, Londres: University of London Institute of Education 2.05 —'Literature Education in Brazil (1997) in MACALESTER INTERNATIONAL, vol.5, St Paul: Macalester College Press 2.06 — 'Ercília Nogueira CObra: coragem e preço de um desafio' (1998) in SIGLO DIECINUEVE. Valladolid: Castellae Universitae 2.07 — 'Revolução sexual e pedagogia feminista em Ercília Nogueira Cobra' in LETRAS DE HOJE n. 113. Porto Alegre: PUC-RS
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Cyana Leahy-Dios |
paisagem na janela Quero
ler todos os livros e
reler os mesmos livros enquanto
envelheço sossegada quieta
e sossegada na poltrona macia como
a cabeça do homem que
espreitei pela vidraça caminhando
apressada pela
Malieban - Utrecht E
era grisalha a cabeça do homem E
era macia a luz sobre o texto E era
calmo o estar em si Ele lia
todos
os meus livros Todos os
livros que
quero e que quero reler nos
entardeceres à luz suave - abajur
e poltrona engrisalhando o
corpo acalmando a pele assim já
passou não foi nada não chore viver
foi só um susto feche os olhos está
quase passando não chore não chore
logo você verá acaba
num tão de-repente entardecendo apagando logo (inédito, a sair no livro Poemas dos Tempos, Cyana Leahy e Fred Schneiter) |
Cyana Leahy-Dios |
titia tarada
(do livro BIOMBO, 1989, Ed. Cromos). |
Cyana Leahy-Dios |
Não
confia, querido
por
eu estar tão bela hoje -
que
me enfeitei tanto e tão bem
que
me esqueci de ti
Confia
não.
Que
escrevo bilhetes de amor
em
línguas variadas que só eu
posso
entender. Perdoa, querido.
Pequei
em carne (desejei)
pequei
na alma (concedi)
E
não deves confiar: pura
e
linda e inteira jamais verias. Eu
caminhei
com pés doloridos
para
um, me dei a seus olhos e mãos
caminhei
para outro, para seus olhos
e
tentações
e
ainda outro mais, seus lábios
mãos
não. Enquanto isso
cavalguei
o cavalo de Tróia
e
danei minha alma.
Enquanto
isso vendi uma mãe
por
trinta dinheiros. Ah, amado,
confia
em mim hoje não.
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Cyana Leahy-Dios |
se
eu for com meu amor
ao
alto do Himalaia
será
um deus-nos-acuda
será
uma festa no céu
se
eu chegar com o amor
ao
pico do mais alto monte
na
volta plantarei alfaces
na
descida criarei bodes
na
várzea terei galinhas
e
paz na terra
e
o coração nas alturas
tudo
acontecerá se eu for
com
meu amor perfeito
ao
alto do Himalaia
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Cyana Leahy-Dios |
enquanto
enrubesço
me
ensina a pintar com o corpo
me
ensina a perder os medos
e
a poder sujar as pontas dos dedos
as
unhas e as palmas das mãos
nas
tintas de todas as cores
enquanto
enrubesço em vinho tinto
sê
meu mestre amor (do Livro das Horas do Meio, 1999, Sette Letras) |