Marcantonio Costa
Caro Soares Feitosa, só agora li o arquivo da entrevista. O mínimo a dizer: ótima!
Confesso que fiquei surpreso de flagrar um conceito que pode realmente balizar uma original poética, aquele que desvia nossas atividades artístico-poético-literárias para o chamado lado noite da vida. Não me recordo de ter ouvido algo assim formulado.
Subverte a própria visão ancestral da noite, tão própria para terrorificos sabás e valpurgis. A sua noite é própria para criar, gozar da arte e de desafiadoras visões sobre a palavra.
Serve também para inserir e contextualizar, as condições sociais da nossa contemporaneidade (ô palavrinha...): de dia, espaço para Adam Smith e Marx; de noite, a ambiência lúdico-espiritual para Goethe, Castro Alves, e Watteau e viagens a Citèra.
E não é negação, mas o reconhecimento de duas dimensões que têm de conviver.
Juntando-se tudo o que há de simbólico nesse espaço virtuoso da noite, há no conceito muito pano para manga. Todo um tecido favorável a uma poética.
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