Mostrar mensagens com a etiqueta entrudo. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta entrudo. Mostrar todas as mensagens

quinta-feira, janeiro 24, 2019

Ser e parecer



André Ventura é uma daquelas personagens que não se acanham. O teor das suas afirmações públicas não coincide com o manifesto que juntou às assinaturas recolhidas com a finalidade de fazer aprovar o Chega, esse projecto de partido que gatinha graças à exposição mediática conseguida por Ventura nos espaços de debate futebolístico da CMTV. 

Perante os juízes do Tribunal Constitucional, Ventura faz luzir sobre a cabeça uma auréola de santinho respeitador da Constituição, cá fora, quando lhe é oferecido o espaço mediático, não se coíbe em mostrar os dentes e afirmar aquilo que não se atreve a registar no manifesto. André ora é bom ou mau, afável ou agressivo, tudo depende. Sendo contido numa certa comparação zoológica pode-se considerar que André é um camaleão.

A Democracia tem destas coisas, permite que germinem no seu seio personagens que a odeiam e que tudo farão para acabar com ela. Personagens como André Ventura chegam montadas em cavalos brancos, prometendo isto e aquilo, de acordo com o que lhes pareça ser o sentimento mais larvar e profundo que germine no descontentamento de certas tribos mais ou menos marginais à inteligência humana. 

Na maior parte dos casos, estes napoleões de pacotilha não conseguem desmontar do cavalo, não têm estofo para cavalgar outra coisa que não seja a desgraça e o descontentamento o que acaba por levá-los numa correria louca em direcção ao abismo do esquecimento quando o logro que é o seu completo vazio se revelar aos olhos de todos, correligionários incluídos. 

André Ventura quer ser uma coisa parecendo outra e vice-versa; Ventura é uma excrescência na Democracia. Pim.

quarta-feira, fevereiro 22, 2012

O dia seguinte

Entrudo e Carnaval são coisas de gente pobre e, como são dias de virar o mundo às avessas, a gente ri, mas lá no fundo estamos a gritar tristeza. O Rei Momo é um palhaço (quererá isto dizer que somos governados por palhaços?) e os seus súbditos saltam como macacos, fazem esgares de macaco e guincham como macacos. São festejos onde os pobres têm direito a deitar para fora tudo o que lhes vai na alma e com isso enchem ruas e avenidas das mais destrambelhadas atitudes, em desfiles alucinados.

Quando a festarola chega ao fim, o mundo é devolvido à sua ordem natural. Os macacos do desfile voltam a vestir os seus fatos de gente verdadeira, os Reis de Facto regressam às cadeiras do poder e metem outra vez tudo nos eixos. O mundo não é aquela coisa distorcida e grotesca. É distorcido e grotesco mas de outra forma. A regra não é o samba nem a batucada. A alegria, obrigatória do Carnaval, volta a ser acidental, acontecendo de vez em quando.

Os homens e as mulheres que andam a limpar o chão da rua não estão mascarados de varredores.