Catedral da Sé de São Paulo: história e características

Sónia Cunha
Sónia Cunha
Licenciada em História da Arte
Tempo de leitura: 5 min.

A Catedral da Sé, ou Catedral Metropolitana de São Paulo, foi uma das primeiras igrejas construídas em São Paulo e hoje é considerada um dos maiores monumentos do neogótico do mundo.

Porém, até se alcançar o resultado final, o templo foi reconstruído três vezes desde a sua primeira edificação (em 1591), e o projeto arquitetônico atravessou vários problemas até à sua finalização.

catedral

A Catedral

A última versão, a que hoje podemos contemplar, da Catedral da Sé foi projetada pelo alemão Maximilian Emil Hehl, naquela época professor de Arquitetura na Escola Politécnica.

O monumento é reconhecido como um dos maiores templos neogóticos do mundo, título que as suas impressionantes dimensões justificam.

Dimensões da Igreja

A Catedral tem 46 metros de largura, 111 de comprimento e uma cúpula de 65 metros de altura.

As torres têm 92 metros cada e no seu interior o templo tem capacidade para abrigar até oito mil pessoas.

A construção do edifício foi feita em granito maciço e nos seus acabamentos foram usadas 800 toneladas de mármore.

É de notar ainda o grandioso órgão, o maior da América Latina, fabricado em Milão pela indústria Balbiani & Bossi. O instrumento possui cinco teclados manuais, 329 comandos, 120 registros e 12 mil tubos com bocas com relevos entalhados à mão.

Detalhe do Órgão e da Rosácea vista do interior.

Arquitetura

A Igreja tem a forma de cruz latina, possui cinco naves e transepto com uma cúpula sobre o cruzeiro. Na fachada podemos contemplar um portal principal encimado por uma grande rosácea. Duas torres altas flanqueiam a fachada.

O neogótico foi o estilo arquitetônico que mais influenciou a obra, mas esta pode também considerar-se como sendo arquitetura eclética, pois combina elementos de diferentes estilos e épocas.

Esse fato é mais evidente na inclusão de uma cúpula de concreto sobre o cruzeiro, de influência renascentista. A ideia foi inspirada na grandiosa cúpula de Santa Maria del Fiore de Florença, projetada por Filippo Brunelleschi.

Detalhe da Cúpula e das torres.

Mas é a influência do revivalismo gótico que mais sobressai na construção da Catedral. Exemplos disso podem ser constatados na utilização de elementos arquitetônicos como a abóbada de cruzaria de ogivas ou do arco quebrado.

Também a rosácea e as grandes janelas (em forma de arco quebrado) decoradas com vitrais, são imagens que marcam o estilo gótico.

Os vitrais possuem grande riqueza artística e iconográfica. Neles se retratam passagens bíblicas e até fatos históricos como a chegada dos portugueses ao Brasil. A maioria deles foi encomenda e trazida da Itália. Os criadores foram artistas como Max Ingrand, Francesco Bencivenga e Gilda Nagni.

Mas apesar da principal influência ter sido as grandes catedrais europeias da época medieval, características da cultura brasileira estão presentes, diferenciando a obra das suas irmãs distantes no tempo e no espaço.

Nos capitéis das colunas estão, por exemplo, representados animais da fauna brasileira, como o tatu, e plantas como o maracujá ou a jabuticaba.

Na Catedral encontram-se ainda várias esculturas em bronze e também esculturas em mármore assinadas por Francisco Leopoldo, irmão do arcebispo Dom Duarte Leopoldo e Silva, o principal responsável pela construção da Sé.

Detalhe do Portal.

A cripta da Catedral da Sé

Sob o altar-mor localiza-se a cripta, onde várias figuras da história de São Paulo, e também do Brasil, se encontram sepultadas.

É lá que está sepultado o Cacique Tibiriçá, o primeiro índio convertido e batizado pelos jesuítas José de Anchieta e Leonardo Nunes. Este foi aliado dos portugueses e teve um papel importante na fundação da cidade de São Paulo.

História da construção

A primeira versão da Igreja foi construída em 1591 em taipa de pilão, uma técnica de compressão de terra em forma de madeira (taipa).

Em 1745, contudo, à "velha Sé" foi atribuída a categoria de Catedral. Como a construção do primeiro edifício fora feita utilizando uma técnica rudimentar e pouco estável, determinou-se a necessidade de erguer uma segunda versão da igreja, exatamente no mesmo lugar.

Apenas em 1913 se deu início à construção da igreja tal como hoje a conhecemos. A obra foi terminada apenas 41 anos depois.

Desta vez, como não se considerou possível a sua construção no mesmo local das anteriores (Largo dos Curros), a nova catedral foi edificada na Praça da Sé, sendo o antigo templo demolido.

Os materiais de construção eram encomendados e trazidos da Europa. Esse fato acabou representando o principal obstáculo à finalização da obra, pois as duas grandes Guerras Mundiais (1914 – 1918 e 1939 – 1945) acabaram atrasando consideravelmente os trabalhos de construção.

A Catedral foi inaugurada no dia 25 de janeiro de 1954, no quarto centenário da cidade de São Paulo, mas ainda inacabada.

Na ocasião da inauguração ainda estava faltando a construção das duas torres principais, que apenas ficariam prontas na década de 70.

Conheça também

Sónia Cunha
Sónia Cunha
Licenciada em História da Arte pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto (2003), e em Conservação e Restauro pelo Instituto Politécnico de Tomar (2006).