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Manual Taxonomia

This document provides an introduction and manual for teaching taxonomy of flowering plants. It discusses the importance of taxonomy in plant classification and nomenclature. It covers the history of classification systems from early descriptive periods to modern systematic periods. Key topics include collecting, preserving, and recording botanical specimens; the diversity of angiosperms; and the use of identification keys. The goal is for students to gain experience identifying local plant species and families.
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Manual Taxonomia

This document provides an introduction and manual for teaching taxonomy of flowering plants. It discusses the importance of taxonomy in plant classification and nomenclature. It covers the history of classification systems from early descriptive periods to modern systematic periods. Key topics include collecting, preserving, and recording botanical specimens; the diversity of angiosperms; and the use of identification keys. The goal is for students to gain experience identifying local plant species and families.
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ – UFPI

CAMPUS PARNAÍBA
CURSO DE LICENCIATURA EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

MANUAL PARA AULAS DE TAXONOMIA DAS FANERÓGAMAS

Autores: IVANILZA MOREIRA DE ANDRADE

PARNAÍBA/PIAUÍ
2021
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ – UFPI
CAMPUS PARNAÍBA
CURSO: LICENCIATURA EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
TAXONOMIA DAS FANERÓGAMAS
PROF(a): Dra. IVANILZA MOREIRA DE ANDRADE

MANUAL PARA AULAS DE TAXONOMIA DAS FANERÓGAMAS

Autores: IVANILZA MOREIRA DE ANDRADE

PARNAÍBA/PIAUÍ
2019
SUMÁRIO

1. Introdução....................................................................................................................... 04
2. Taxonomia vegetal......................................................................................................... 05
3. Classificação dos vegetais.............................................................................................. 06
3.1. Histórico dos Sistemas de Classificação.................................................................. 06
3.1.1 Período descritivo ................................................................................................ 08
3.1.2. Período de Sistematização................................................................................... 11
4. Nomenclatura Botânica.................................................................................................. 22
5. Coleta, Herborização e Registro de Material Botânico.................................................. 31
6. Angiospermas ................................................................................................................ 41
7. Evolução e Classificação................................................................................................ 47
8. Chave de Identificação de Famílias (Ver chave de identificação de Sousa) ............... 66
9. Chave para gêneros de algumas famílias estudadas em sala de aula............................. 66
10. BIBLIOGRAFIA.......................................................................................................... 75
Anexos 77
Roteiro para a Diagnose Morfológica iisando a identificação de Angiospermas

Atividade para Identificação Das Famílias Botânicas


Guia Fitomorfológico.
Prática – Taxonomia de Angiospermas
Atividade Complementar
Ficha de coleta – Herbário HDELTA
4

1. INTRODUÇÃO

As angiospermas correspondem às plantas mais abundantes da flora atual, compreendem a


divisão Anthophyta, que inclui cerca de 250.000 espécies. Os trópicos do Novo Mundo foram, até o
presente, apenas parcialmente explorados botanicamente. Em um país de dimensões continentais
como o Brasil, cuja flora é pouco conhecida, é bastante provável que em algumas das excursões
botânicas realizadas sejam coletadas espécies novas, ou seja, ainda não descritas para a ciência.
Com exceção de algumas algas, todas as plantas cultivadas pelo homem para o seu sustento
são angiospermas. Elas surgiram no período Cretáceo há cerca de 120 milhões de anos e logo
depois já dominavam toda a terra.
Nas suas características vegetativas, as angiospermas são enormemente diversificadas. Seus
representantes variam em tamanho, desde espécies de Eucalyptus L’Her (Myrtaceae) com mais de
100m de altura e troncos de quase 20m de circunferência, até representantes de Lemna L.
(Lemnaceae) aquáticas com menos de 1mm de comprimento. Alguns dos representantes de
angiospermas são lianas, outros epífitas; alguns estão adaptados para crescer em regiões áridas,
outros crescem em regiões extremamente frias.
Angiosperma é um grupo de plantas com características especiais como a presença de flores,
e pelo fato de suas sementes se desenvolverem dentro de um fruto e possuírem um ciclo de vida que
as distinguem de todas as outras plantas. A flor das angiospermas é interpretada como um ramo
foliáceo altamente modificado e é possivelmente derivado do estróbilo das Gymnospermae.
As angiospermas foram tradicionalmente divididas em dois grandes grupos: as
dicotiledôneas e as monocotiledôneas. Esses grupos estavam separados por uma série de
características: dentre outras, raiz pivotante, folhas com nervação reticulada, presença de flores com
quatro ou cinco pétalas (ou um número múltiplo destes) nas Dicotiledôneas, enquanto nas
monocotiledôneas raiz fasciculada, venação paralelinérvea, presença de três pétalas ou múltiplos de
três. Além das sementes apresentarem dois cotilédones, nas dicotiledôneas, e nas monocotiledôneas
apenas um. Atualmente, através de análises filogenéticas, não se sustenta a divisão monocotiledônea
e dicotiledônea.
A nova classificação sustenta três grandes grupos: monocotiledôneas, eudicotiledôneas e as
“Angiospermas Basais” ou Magnoliideas. As monocotiledôneas e as eudicotiledôneas
compreendem cerca de 97% da divisão. As monocotiledônes tiveram claramente um único
ancestral, como indicam o cotilédone único e algumas outras características. O mesmo é verdadeiro
para as eudicotiledôneas, que apresentam uma característica claramente derivada: a presença de
pólen triaperturado (pólen com três fendas ou poros e também tipos de pólen derivados de pólen
triaperturado). Os 3% remanescentes das angiospermas vivas, as magnoliideas, incluem aquelas
com características mais primitivas. As relações evolutivas das magnoliideas não são ainda bem
compreendidas. Apesar de terem sido tradicionalmente vistas como dicotiledôneas, todas as
magnoliideas, como as monocotiledôneas, têm pólen com uma única abertura ou modificações deste
tipo de pólen.
A origem e radiação das angiospermas estão entre os assuntos mais fascinantes da botânica e
apesar do enorme progresso nos últimos anos, muito ainda está em aberto. A compreensão sobre a
origem e diversificação do grupo influencia diretamente os sistemas de classificação, assim como as
hipóteses de evolução dos caracteres. Além disso, o tema tem sido explorado por grandes cientistas,
oferecendo exemplos excelentes na abordagem de problemas em sistemática.
5

A disciplina de Taxonomia de Fanerógamas tem como um dos objetivos o reconhecimento


de espécimes vegetais da flora local pelo nome popular e identificar a qual grupo botânico em nível
de família pertence, os princípios, regras e recomendações da nomenclatura botânica; o histórico da
classificação vegetal; o processo de coleta e herborização de material botânico; e a diversidade de
famílias de angiospermas, através da utilização de chaves de identificação, além de obter outras
informações, tais como sinônimos populares e botânicos, significado do nome popular, descrição da
planta, como reconhecer a planta, ocorrência e amplitude ecológica, informações ecológicas,
fenologia, propagação, importância cultural, utilidades (madeira, ornamentação, medicina caseira,
comestível, forragem, apícola, reflorestamento, sistemas agroflorestais, industrial). Acredita -se que
o conhecimento é facilitado pela participação mais ativa dos alunos, através da coleta, herborização
e utilização de chaves de identificação.

2. TAXONOMIA VEGETAL
A taxonomia vegetal é um dos ramos mais antigos do conhecimento científico. Surgiu
quando o homem despertou para a multiplicidade e a diversidade de seres da natureza, e foi
tomando corpo a medida que se tornava perceptível a importância de determinados tipos de plantas
e a eles se davam nomes particulares, muitas vezes alusivos a certos atributos, facilitando-lhes a
identificação.
A taxonomia vegetal tem objetivos fundamentais relacionados com a diversificação e a
ordenação das plantas.

a. DENOMINAÇÕES
Os estudos relacionados com a diversificação biológica e com a ordenação dos organismos
em categorias hierárquicas têm sido designados com os nomes de Taxonomia e Sistemática.
A palavra taxonomia (do grego taxis – ordem, arranjo, e nomos – lei, norma) encerra um
sentido preciso, em perfeita consonância com a natureza dos estudos abrangidos por este r amo
científico. Por outro lado, sistemática (do grego syn – junto, com, e histamay – colocado) envolve
também um sentido de ordenação.
Segundo Heywood, o termo Sistemática é usado para designar o estudo científico da
diversidade e diferenciação dos organismos e das relações existentes entre eles, emprestando para a
Taxonomia o significado de parte da Sistemática que trata do estudo da classificação, incluindo suas
bases, princípios, procedimentos e regras.

b. IMPORTÂNCIA
A Sistemática Vegetal determina os nomes com que são conhecidas internacionalmente
milhares de espécies vegetais, estudando sua distribuição, indicando suas propriedades, acertando as
relações existentes entre os grupos taxonômicos e os outros pontos de interesse. Sua influência
manifesta-se em todos os ramos da Botânica.

c. OBJETIVOS
A Sistemática Vegetal, nos seus estudos relacionados com a diversificação a ordenação das
plantas, se ocupa com a identificação, classificação e a nomenclatura desses organismos.
a) Classificação – trata de agrupar os vegetais e ordená-los em categorias hierárquicas,
segundo as afinidades naturais ou graus de parentesco.
b) Nomenclatura – relaciona-se com as designações científicas aplicadas às plantas e com os
6

termos referidos às categorias ou aos grupos taxonômicos utilizados pela Sistemática Vegetal.
Obedece a um conjunto de princípios, regras e recomendações aprovados em Congressos
Internacionais de Botânica e publicados num texto oficial representado pelo Código Internacional
de Nomenclatura Botânica.
c) Identificação – consiste em fazer a indicação nominativa de qualquer material botânico,
após ser verificada sua equivalência com outro conhecimento e antes previamente denominado.

3. CLASSIFICAÇÃO DOS VEGETAIS


3.1. Histórico dos Sistemas de Classificação
Um sistema de classificação consiste em um meio de delimitar e arranjar grupos
taxonômicos. A necessidade de nomear os organismos e então agrupá-los em categorias é um
processo que o homem naturalmente e indistintamente alcança-o, e tem sido usados para o
reconhecimento acurado (identificação) de alimento, predadores, objetos, ou seja, tudo que é
essencial a sua sobrevivência.
Essa necessidade de reconhecer, identificar e dar nomes aos seres vivos, levou os mais
antigos estudiosos a elaborar sistemas de classificação para animais e vegetais.
À estimativa do número de plantas conhecidas mostra a enorme dificuldade em classificá -
las. Quase 300.000 espécies de plantas viventes são reconhecidas, acima de 100.000 fungos e
milhares de bactérias e outros organismos microscópicos que alguns biologistas classificam e
classificou como plantas.
Em 1938 Turril estimou que cerca de 2.000 espécies de plantas com flores são descritas
anualmente. É claramente impossível para qualquer botânico conhecer mais que uma pequena
fração do número total de espécies, por isso elas são agrupadas em categorias sucessivamente
ascendentes e maiores e por último em um único grupo que cubra todas as plantas. São as chamadas
classificações hierárquicas. É finalidade básica da sistemática vegetal a elaboração de um sistema
de classificação em que as plantas possam ser agrupadas em unidades hierárquicas (taxa) que
reflitam as semelhanças das espécies dentro do grupo e as diferenças entre grupos.
Um sistema de classificação pode ser construído com diferentes objetivos. Cada um deles
terá um princípio filosófico e normativo distinto, e irá empregar distinto conjunto de caracteres.
A elaboração de sistema ou grupos de classificações dos vegetais é realizada desde os
primórdios da civilização humana e é praticada quotidianamente pelas populações rurais e urbanas
de todo o mundo quando procura-se agrupar os vegetais, por exemplo, como plantas ornamentais,
hortícolas, daninhas, etc.
Antes da invenção da escrita tentativas de agrupar sistematicamente os vegetais já eram
feitas para auxiliar a distinção de plantas úteis e não úteis de acordo com a necessidade.
Todas as culturas que deixaram qualquer vestígio de sua passagem na história, também
deixaram sinais evidentes de que detinham conhecimentos positivos sobre as plantas. Com o passar
dos séculos e dos milênios, a cultura humana acumulou enorme massa de conhecimentos sobre
plantas, que afloram em diversos povos da antiguidade, porém de maneira especial na civilização
grega. Os estudos botânicos na Grécia clássica eram tidos como muito importantes. A própria
palavra Botânica (Botan=pasto) é de origem grega. Certas plantas, como o trigo e a uva, eram
consideradas dádivas especiais dos deuses. Os gregos foram o único povo da antiguidade a
desenvolver um sistema de classificação das plantas e a tentar descrever cientificamente suas
diversas partes.
Vários povos, como os egípcios, persas, medos, babilônios, árabes, chineses e outros
7

detinham admirável conhecimento empírico sobre sua flora. Vários desses povos escreve ram
compêndios de plantas medicinais, que eram utilizados como receituário, geração após geração.
Radford (1974) citou um trabalho botânico, produzido antes da era cristã (não datado) de
um escritor chamado Parasara. Trata-se de um livro texto de botânica geral com discussão de
morfologia, classificação e distribuição das espécies. As descrições são apresentadas com tantos
detalhes que o leitor moderno suspeitaria de que o autor teria usado algum tipo de microscópio ou
uma boa lente de mão.
Na idade Média, a Botânica quase não progrediu. A ênfase toda era direcionada as plantas
medicinais, cultivadas especialmente nos mosteiros.
Como visto acima, as primeiras tentativas de classificação estavam frequentemente ligadas
ou uso, hábito e outras características gerais. Através de novas idéias e metodologias, novos
sistemas mais trabalhados foram aparecendo. Diante do exposto, é possível sistematizar o
desenvolvimento histórico da classificação vegetal em dois grandes períodos, o período descritivo e
o período de sistematização.

3.1.1 PERÍODO DESCRITIVO


Este compreende duas fases:

FASE 1. Classificação antiga ( 1as civilizações)


Compreende o início das tentativas mais sérias de classificação das plantas, que pode ser
datado por volta de 370 a.C., até o fim da Idade Média. Foi representado pelos seguintes botânicos:
Theophrastus (370-285 a.C.) na Grécia
Discípulo de Plutão e Aristóteles foram o primeiro a
desenvolver uma classificação de forma lógica e permanente.
Foi considerado por muito tempo o pai da botânica. Classificou
os vegetais com base no hábito (árvore, arbustos, subarbustos e
ervas), nos tipos de inflorescência (centrípetas ou indefinidas e
centrífugas ou definidas), e observações de caracteres florais.
Alguns dos nomes que Theophrastus usou em seu trabalho De
Historia Plantarum foi depois adotado por Linaeus em seu
Genera Plantarum, e são ainda usados nos dias atuais.

Dioscorides (primeiro século d.C)


Também grego¸ foi um físico interessado nas propriedades médicas das plantas. Em seu De
Matéria Medica descreveu ca. 600 táxons, com observações e detalhes de sua aplicação. Seu
trabalho foi arranjado numa maneira menos ordenada que de Theophrastus, mas, contudo foi
considerado o trabalho de referência modelo para o milênio e não foi compl etamente substituído
antes do século XVI. Pode ser considerado o primeiro herbalista.

FASE 2. Os Herbalistas
Surgiram no período da Renascência. A botânica da Idade Média era sinônimo de
herbarismo, ou seja, estudo da planta em relação ao seu valor para o homem, particularmente como
alimentícias e medicinais. O termo “planta” é derivada de herva (herba, em latim).
8

Luca Ghini (1490-1556)- professor de Botânica em Bolonha,


Itália, iniciou o processo de prensar plantas, secá-las e montá-las em
papel. Esse processo, apesar de simples, foi revolucionário, pois a
planta, assim tratada, mantinha-se indefinidamente, podendo ser
estudada quando e onde se desejasse. Com o tempo, esse conjunto de
plantas secas para estudo recebeu o nome de Herbário. Essa foi a épo ca
dos herbalistas, pois o processo de Lua Guiné obteve grande aceitação e
surgiram grandes coleções de plantas. Até hoje ainda existem algumas
dessas coleções, em bom estado de conservação. Quem visita os
grandes herbários europeus, como os de Amsterdã e Leiden, pode
contemplar essas preciosidades científicas da renascença.
Durante o Renascimento originalidade tornou-se mais que uma virtude, e a invenção da
técnica de imprimir na Europa possibilitou a publicação e distribuição de um grande número de
trabalhos. Alguns dos herbalistas proveram os rudimentos de uma classificação natural, mas isto
não era seu objetivo e muitos foram arranjados artificialmente, às vezes alfabeticamente.
Entre os mais importantes estão:
Albertus Magnus (1193-1280) - Reconheceu a diferença entre dicotiledôneas e
monocotiledôneas com base na estrutura do caule.

Neste período podem ser citados ainda: Otto Brunfels (1530, 1464-1534), Leonard Fuchs
(1542, 1501-1566), Mathias de L’Obel (1570, 1538-1616), John Gerard (1545-1612), Charles
L’Ecluse (1601, 1526-1609).
A maioria dos trabalhos incorporava muito de mito e de superstição visto que se tratava de
uma época em que pensava-se que as plantas tinham sido oferecidas pelo criador ao homem, para
que este aproveitasse suas virtudes.
Herbalistas tornaram-se populares bem após o século XVI. Eles marcaram um importante
estágio de desenvolvimento não somente em Botânica e taxonomia de plantas, mas também em
Medicina e Farmacologia. É interessante notar que nos dias atuais têm-se um grande interesse pelo
ambiente e um desejo em alimentos e medicamentos naturais, com isso um número de cientistas
herbalistas tem se tornado populares pela descrição de espécies de plantas utilizando sistema
vernaculares que possuem valor medicinal e de utilidade doméstica.
Nota: A botânica como ciência médica ou não, era uma disciplina que despertava muito
interesse. Já então, existiam em Portugal botânicos que também se preocupavam com tais temas.
Um deles, era talvez o mais conhecido, foi Garcia da Orta. Este era médico português que estudou
na Espanha. Em 1534 partiu para a Índia e tornou-se um médico importante, estabelecendo-se em
Goa. O seu trabalho que tinha como título em português “Colóquios dos simples e drogas e coisas
medicinais da Índia e de algumas frutas”. Baseado no sistema de classificação de Clusius, descreve
todas as principais plantas de cultivo do Sul da Ásia. Embora direcionasse ao conhecimento das
plantas medicinais, incluiu plantas alimentícias no seu trabalho, tendo se tornado o primeiro autor a
referir frutos como a manga, por exemplo. Como o resultado do seu trabalho, tornou-se um
9

especialista em doenças da Índia e a sua descrição da cólera da Ásia tornou-se uma referência
standard. Os seus trabalhos foram os primeiros a serem impressos na Índia.

3.1.2. PERÍODO DE SISTEMATIZAÇÃO


No século XVI as plantas começaram a ser foco de atenção de um número de cientistas por
seu interesse intrínseco antes que seu valor nutritivo e medicinal, com isso sistemas de classificação
mais científicos e lógicos foram criados em lugar de arranjos mais informais. Os livros produzidos
por esses botânicos marcaram um importante passo para a classificação das plantas. Os sistemas de
classificação desde período são agrupados em três categorias:
Sistemas artificiais – Nestes são utilizados critérios arbitrários, geralmente de natureza
morfológica e de fácil reconhecimento. Podendo ser critérios vegetativos ou reprodutivos.
Apesar de simples, os sistemas artificiais apresentavam o inconveniente de reunir num
mesmo grupo plantas, táxons de parentesco genético muito diferente, ou ainda separar espécies
muito próximas. Apesar da fundamentação morfológica, os sistemas artificiais ainda se ressentiam
da influência filosófica relativa ao princípio da imutabilidade das espécies. Dentre os estudiosos da
época, destacaram-se pela criação dos sistemas artificiais:
Andrea Cesalpino (1519-1603).
Médico italiano, considerado primeiro taxonomista
vegetal, aplicava na botânica a filosofia aristotélica que
sobrepunha a observação, a razão. Considerava que as folhas
tinham como finalidade proteger as gemas, negou a existência
de sexo nas flores, etc. Seu sistema de classificação foi
reproduzido no trabalho De Plantis (1583), utilizava o hábito,
caracteres do fruto, sementes e estruturas florais, tais como,
posição do ovário, número de lóculos, ausência ou presença de
bulbos, de sulcos, etc.
Jean Bauhin (1541-1631). Elaborou a obra Historia Universalis (1560), em três volumes,
onde são tratados 5.000 espécies de plantas.

Gaspard Bauhin (1560-1624). Publicou em 1623 o


trabalho denominado Pinax (Registro) que trata de uma
classificação 6.000 espécies, com base na textura e forma das
folhas. É notável pela criação de sistema binomial de denominar
espécie de plantas, ou seja, uma nomenclatura binária composta
de nomes genéricos seguidos de um epíteto específico para
substituir os nomes polinomiais designados anteriormente para as
espécies. Mais tarde esse sistema foi sistematizado e popularizado
por Linnaeus.

J. P. de Tournefort (1656-1708). Inventou um sistema de


classificação baseado em grande parte na estrutura das flores. Em
1700 classificou ca. De 900 Spp em 698 gêneros e 22 classes. Seu
sistema foi largamente adotado na Europa. Ele é também
considerado o pai do conceito de gênero. Muitos dos nomes dos
gêneros foram adotados por Linnaeus são usados até hoje, p. e.
10

Salix, Fagus, Verbena. Tournefort foi o primeiro a conhecer o


gênero como uma unidade taxonômica básica representando uma
similaridade fundamental entre as espécies incluídas, as quais
considerou como variantes do gênero.

John Ray (1628-1705). Filósofo e naturalista inglês


publicou em 1703 a obra Methodus Plantarum Nova, onde propôs
um sistema de classificação baseado na forma externa das
estruturas. Descreveu 18.000 espécies. Foi o primeiro botânico a
reconhecer a importância do embrião na Sistemática e a presença
de um ou dois cotilédones na semente.

Carolus Linnaeus ou Carl Linné (1707-1778). foi o


mais famoso e importante botânico de todos os tempos. Era
sueco, mas estudou também na Holanda, onde publicou muito
trabalhos importantes. Nas mãos de Linnaeus, a botânica
sistemática passou a ser mais disciplinada e bem organizada,
principalmente para metodologia rigorosa, uniformidade e
economia de estilo dos seus trabalhos publicados.
Linnaeus inventou um sistema artificial – o “sistema sexual” - para classificar as plantas,
baseado no número de estames e de pistilos da flor. Pelo número ele estabeleceu 24 classe, cada
uma dividida em ordens baseado no número de pistilos. Uma dessas classes era Criptogamia
dividida em quatro ordens: Filices, Musci (Musgos conhecidos e hepáticas com filídios); algae
(algas, liquens e hepáticas talosas) e Fungi. Esta classificação permitiu pela primeira vez a
identificação, por qualquer pessoa interessada, de milhares de espécies de plantas então conhecidas.
A consequência deste grande feito foi a grande popularidade e larga difusão dos métodos e da
classificação de Linnaeus.
A época de Linnaeus foi também um período em que os países mais energéticos da Europa
estavam em plena expansão pelo mundo a fora explorando e conquistando novos territórios.
Embora Lineu tenha considerado o estabelecimento de um sistema de classificação natural, como
aspiração suprema da botânica, de nenhum modo poderia alcançar os objetivos de um sistema
filogenético, pois acreditava no dogma da imutabilidade da espécie.
O sistema de Linnaeus foi artificial, mas ele mesmo sabia disto e publicou também outra
classificação mais natural. Mesmo assim, a importância de Linnaeus reside na grande reorganização
que ele fez das informações já existentes, a utilidade de seu sistema para identificação e o sistema
binomial de nomenclatura, que simplificou muito o trabalho da sistemática.
É considerado o pai da botânica e zoologia, pois descreveu varias plantas e animais
provenientes de diversas regiões e deu-lhes nomes que foram adotados pela ciência. Seus trabalhos
foram: “Systema naturae” 1735; “Genera plantarum” 1737; “Species plantarum” 1735. O trabalho
“Species Plantarum” (1753) foi o ponto de partida para o sistema de nomenclatura que hoje usamos
na botânica. Nesta obra, o sistema binomial (sistema de dois termos) foi utilizado pela primeira vez
de maneira sistemática e a estrutura fundamental de apresentar informações de nomes botânicos:
1. Nome genérico
2. Nome específico (trivial para Linnaeus)
3. Frase diagnóstica da espécie (nome específico para Linnaeus)
11

4. Referências abreviadas a publicações e sinônimos em literaturas anteriores.


5. Proveniência da espécie.
O sistema Lineano de classificação atingiu marcante sucesso nos meios científicos europeus
de sua época, e sua aceitação atravessou uma completa geração, mesmo depois do seu
desaparecimento do cenário botânico. Contudo, a ciência botânica francesa nunca aceitou
definitivamente o sistema Lineano, apesar da tentativa fracassada de atrair Lineu para trabalhar na
França.
Sistemas naturais (1760-1880). Com a descoberta e ocupação de novos continentes, a partir
do século XVIII, grande número de excursionistas retornaram a Europa trazendo grandes coleções
de plantas vivas, de sementes e plantas herborizadas. Muitas dessas espécies que ampliaram
significativamente os herbários e jardins europeus eram novas para a ciência e tinham de ser
classificadas. Esse fato proporcionou um aumento nos conhecimentos da flora mundial e tornou -se
forçoso reconhecer que havia maiores afinidades naturais entre as plantas do que aquelas propostas
pelo “Sistema Sexual de Lineu”. Além disso, os botânicos franceses contemporâneos de Linnaeus
nunca aceitaram o sistema Lineano, preferindo continuar com a utilização da velha classificação de
Tournefort. Foi ele e seus colegas da nova geração, porém, que radicalizou a sistemática com seus
sistemas “naturais”, em que os táxons foram baseados numa gama bem maior de caracteres,
tentando estabelecer as afinidades naturais entre as diversas espécies através das semelhanças
morfológicas e anatômicas comuns entre elas existentes com o objetivo de refletir melhor seus
relacionamentos “naturais”. As plantas foram reunidas por existir correlação entre caracteres
comuns. Utilizavam um maior número de caracteres possíveis.
Os sistemas naturais mais utilizados foram:
Michel Adanson (1727-1806). Após várias viagens a África e
extensas observações da flora, cedo constatou as deficiências da
taxonomia, pois esta baseava-se num pequeno número de caracteres.
Foi dos primeiros botânicos a advogar que um sistema de classificação
deveria ser baseado no maior número possível de caracteres, a tentar
determinar qual o número mínimo de caracteres a serem usados numa
classificação e se os caracteres deveriam ser pesados. Descreveu grupos
semelhantes as atuais ordens e 58 famílias (nível hierárquico sugerido
por Ray) no seu “Families de Plantis” em 1763.

Sistema de Jussieu (1748-1836) (Antoinie Laurent de Jussieu). Foi o mais importante


deste grupo. No seu Genera Plantarum (1789) apresentou uma classificação que dividiu as plantas
com flores em 15 classes e 100 “ordens naturais”, baseado em caracteres do aparelho reprodutor e
vegetativo. Essas ordens são em boa parte, equivalentes as nossas famílias de hoje, e por isto A. L.
Jussieu é considerado o pai das famílias das angiospermas. Taxa como Palmae, Lilaceae, Araceae,
Amaryllidaceae, Coniferae, Urticaceae e outras, apareceram pela primeira vez, em forma
reconhecível usando os critérios atuais. O trabalho de Jussieu foi fundamental para este período, e
todos os sistemas que apareceram posteriormente, até a época da sistemática evolucionária,
seguiram mais ou menos os conceitos estabelecidos por ele. Jussieu dividiu o reino vegetal em:
Acotyledoneae, Monocotyledoneae e Dicotiledonae.
B. P. Lamark. (1744-1829). Biólogo Francês, em 1778, na sua obra Flore Française
explicou uma série de regras que devem ser consideradas ao criar classificações naturais, e
desenvolveu um método analítico de identificação muito semelhante ao utilizado nas chaves
12

modernas.

Sistema de Augustin Pyramus de Candolle


(1778-1841). Separou as plantas vasculares
das talófitas, mas incorreu no erro de incluir
na Sistema
classe II Monocotiledoneae,
de George Bentham a subclasse
(1800-1884) e Joseph Dalton Hooker (1817-1911). Na obra
2ª cryptogamae
Genera Plantarum publicaram a última
que correspondia as grande classificação a seguir o sistema estabelecido por
Jussieu, baseado diretamente no de A. de Candolle. São três volumes em latim onde foram descritos
Pteridófitas
todos os gêneros de plantas com sementes. Estes autores dividiram as Dicotiledôneas em
Polypetalae (pétalas livres), Gamopetalae (pétalas fundidas) e Monochlamydae (apétalas), as quais
se seguiam as Gimnospérmicas e as Monocotilédones, totalizando 200 famílias e 7.569 gêneros. As
descrições feitas por eles são completas, baseadas em material depositado nos herbários Britânico e
Continental. O grande herbário dos Royal Botanic Gardens, Kew, Londres, é ainda organizado de
acordo com este sistema, em boa parte porque os dois trabalharam lá.
Os botânicos deste período trabalhavam com um conceito fixo de espécies, e a sistemática
deles é assim considerada pré-evolucionária. O sistema não representava um esquema filogenético.
È importante saber que a publicação das teorias da evolução e origem das espécies de Darwin
coincidiu com a época em que saiu o primeiro volume do Genera Plantarum de Bentham &
Hooker, e que este tentou reformular sua classificação, no que foi impedido por Bentham, que não
aceitou a essência do trabalho de Darwin, embora o fizesse uma década depois. Este período foi
encerrado pela difusão da teoria de evolução de Darwin e Wallace, que explodia no mundo com a
publicação de On The Origen of Species por Charles Darwin (1859).

George Bentham Joseph Dalton Hooker


Sistemas filogenéticos (1880 – atual) – A teoria da evolução ofereceu, pela primeira vez,
uma explicação racional e não teológica para a existência dos taxa natural já reconhecida pelos
taxonomistas do período anterior. Esses sistemas tentam arranjar os taxa em ordem evolutiva
baseada em ideias de progressão evolutiva de mudança de caracteres taxonômicos, por exemplo,
estruturas simples são consideradas mais primitivas do que as mais complexas. Assim, é
imprescindível informações de vários ramos da Ciência, tais como, Fitopaleontologia, Genética,
Embriologia, Bioquímica e outras para que seja possível a elaboração de um esquema de
13

classificação de acordo com a teoria da evolução.


Desde o início compreende-se que o desenvolvimento e construção de sistemas de
classificação sofrem de graves problemas, sendo um deles, talvez o mais importante, a falta de
registro fóssil que impede a reconstrução das vias evolutivas. Há dificuldades na hora de definir
quais grupos são monofiléticos e quais taxa são os mais e/ou menos especializados.
Entre os muitos sistemas filogenéticos, podemos citar:
Eichler (1839-1887). O sistema elaborado por Eichler foi criado
em 1875 e até hoje é o sistema de classificação evolucionário que forma
o esquema que todos aprendem na escola. O reino vegetal foi dividido
em Criptógamas e Fanerógamas. Os Criptógamos foram divididos em
talófitos, briófitas e pteridófitas, e os fanerógamos em Angiospermas e
Gymnospermas, todos ordenados em sequência evolutiva. Tratou as algas
separadamente dos fungos, dividindo-as em quatro grupos distintos:
Cyanophyceae, Chlorophycee, Phaeophyceae e Rhodophyceae. As
bryophyta em musgos e hepáticas; as Ptridophyta em Equisetinae,
Lycopodium e Filicinae; e as Phanerogamae em Angiospermae e
Gymnospermae.
Sistema de Engler (1844-1930) Heinrich Gustav Adolf Engler. Em 1892 surgiu um
sistema que era parte de um guia do Jardim Botânico de Breslau e se baseava fundamentalmente no
sistema de Eichler, diferindo deste por detalhes nomenclaturais. Nesse sistema, o reino vegetal foi
dividido em 14 Divisões que por sua vez se compunham de subdivisões e estas de classes, ordens e
famílias supostamente relacionadas. Por esse sistema as Angiospermas foram divididas em duas
classes (mono e dicotiledôneas) baseadas no embrião mono ou dicotiledonar, na persistência da raiz
principal, na nervação das folhas, na presença ou ausência de bainha foliar e no número de
segmentos do cálice e da corola. Nas primeiras edições de seu sistema, considerou a classe das
monocotiledôneas mais primitivas que a das dicotiledôneas. Na última edição do Syllabus, porém,
as Monocotiledôneas já foram tratadas depois das dicotiledôneas. Ele dividiu as Dicotiledôneas em
duas subclasses: Archyclamideae (aclamídeas, mono ou diclamídeas com pétalas livres entre si)
com 37 ordens e Sympetalae (heteroclamídea de corola simpétala) com 11 ordens. Considerou as
Casuarinales o grupo mais primitivo por ter como uma das características, aclamídeas. Bessey
(1987) foi o primeiro a discordar das teorias de Engler. E Arber e Parkin (1907) chegaram a
conclusão que a família Magnoliaceae representava a Angiosperma atual com maior número de
caracteres primitivos, e que as plantas como as Casuarinales, Fagales, e outras, desprovidas de
pétalas, são tipos reduzidos derivados de ancestrais petalíferos e desse modo, não poderiam iniciar
um sistema, como Engler o fizera. O sucesso do trabalho de Engler foi devido apresentar chaves de
determinação de gêneros, amplas diagnoses das famílias, descrições das características mais
importantes dos gêneros e boa ilustração.
Sistema de Wettstein (1862-1931) Richard von Wettstein. Apresentou uma classificação
bastante parecida com a de Engler, mas baseada num entendimento mais profundo de filogenia de
plantas. Ao contrário de Engler, considerou as Dicotiledôneas mais primitivas que as
Monocotiledîoneas.
Sistema de Bessey (1845-1915) Charles E. Bessey. Este sistema deu uma grande
contribuição para a classificação das plantas. Assemelhou-se ao sistema de Engler, diferindo por
tanto, na natureza dos caracteres primitivos, e daí dos grupos mais primitivos, dentro das
angiospermas. Sua classificação baseou-se em vinte e dois princípios. Considerou que a evolução
14

tanto pode ser uma progressão como uma regressão de caracteres e que a evolução não abrange
todos os órgãos ao mesmo tempo, etc.
Este sistema juntamente com o de Harllier (1868-1932), que é semelhante em alguns
aspectos, são classificações filogenética-evolucionária que formam a base dos sistemas modernos
de classificações, tais como, Takhtajan (1987), Cronquist (1981), Sporne (1974) e Dahlgren (1989).
Os sistemas de Tahktajan e Cronquist, embora tenham elucidado alguns pontos
controvertidos, são restritos as plantas superiores.
Hutchinson no seu Families of flowering Plants (1973) e no Genera of floering Plants,
propôs um sistema de classificação semelhante ao de Bessey, mais diferindo em alguns pontos
importantes. Hutchinson considerava que as Angiospérmicas derivava de um hipotético ancestral
designado “proangiospermicas”, as quais seriam plantas de transição entre Angiospérmicas e
Gimnospérmicas. Considerava que o hábito lenhoso e o hábito herbáceo representavam diferentes
vias evolutivas importantes; dividia as angiospérmicas em três grupos: Monocotyledones,
Herbaceae, Dycotyledones e Lignosae Dycotyledones. Propunha, também que as monocotiledôneas
seriam um grupo primitivo com origem nas dicotiledôneas herbáceas. Contudo, embora o seu
trabalho tivesse sido extremamente válido e coerente, a divisão das dicotiledôneas lenhosas e
herbáceas, foi considerada infeliz e pouco natural, por situar famílias aparentadas longe uma das
outras.
Atualmente, os sistemas de classificações do reino vegetal são continuamente modificados à
medida que nova informação é reconhecida. Nos últimos anos, as classificações de plantas tem
evoluído ao beneficiarem da inclusão de dados de áreas recentes como a paleobotânica, a ultra-
estrutura ou a bioquímica. A incorporação e combinação de dados tão diferentes com os dados do
tipo tradicional (morfologia, anatomia comparada, etc.) tem permitido refinar as classificações.
Tahktahan (1910). Apresentou um sistema de classificação baseado em 67 princípios
filéticos e em dados provenientes de todas as áreas disciplinares, classificando as Angiospermas
como divisão Magoliophyta, dividindo-a em duas classes: Magnoliopsida (dicotiledôneas) e
Liliopsida (Monocotilédoneas). Neste sistema as classes se subdividem em dez subclasses (sete
Magoliatae e três Liliatae), 92 ordens e 418 famílias.
Considerou as ordens Magnoliales e Laurales independentes entre si e subordinou a ultima
as Chloranthaceae. Considerou Magnolidae e Ranunculidae duas subclasses distintas.
Arthur Cronquist (1916-1993). O sistema de classificação de Cronquist (1988) foi o
sistema mais utilizado nos últimos anos. Trata-se, na verdade, do sistema de Taktajan aperfeiçoa do
com algumas modificações. Cronquist usou uma gama muito maior de caracteres que os anteriores,
e aproveitou dos rápidos avanços em novas áreas de investigação, como palinologia, fitoquímica e
citologia. Procurou comparar e interpretar estruturas, que considerou primitivas. Cronquist tratou as
Angiospérmicas como divisão Magnoliophyta. Considerou 83 ordens e 383 famílias. Atualmente,
seu trabalho tem importância apenas como referência nomenclatural para os grandes grupos de
Angiospermas, tais como Magnoliideas, rosideas, etc..
Dahlgren. Botânico dinamarquês. O sistema de Dahlgren (1985) é baseado no nível
hierárquico de superordem – nível acima de ordem e abaixo de subclasse. É mais complexo que o
de Cronquist, talvez por isso nunca tenha conseguido maior adesão pela comunidade botânica.
Considerou a classe Magnoliopsida dividida nas clases Magnoliidae (dicotiledôneas) e Liliidae
(monocotilédones). Dividiu as Magnoliopsida em 34 superordens (27 dicotiledôneas e sete
monocotiledôneas) e 96 ordens. O sistema é representado graficamente como uma árvore filética. A
posição relativa das ordens foi determinada pelo maior número de caracteres afins dos seus
15

componentes. De acordo com Dahlgren, as monocotiledôneas formam um grupo monofilético


devido à presença de um cotilédone e corpos de proteína triangulares nos plastídeos.
Os sistemas de Cronquist, Dahlgren e de outros autores da mesma época são enciclopédicos
quanto à base de dados usada em sua estruturação, ou seja, todos os sistemas propostos até 1990
têm agora apenas interesse histórico.
Vale ressaltar que nenhum desses sistemas foi construído com base em metodologia
cladística (põe ênfase na filogenia de modo a refletir a história evolutiva), e podemos denominá -los
mais precisamente de sistemas cladístas. Dentre os autores citados apenas Dahlgren demonstrou
maior preocupação com a construção de filogenias, e chegou a realizar tratamentos cladísticos para
as monocotiledôneas.
Ressalta-se ainda, que duas abordagens novas de maior importância apareceram na
sistemática, a sistemática fénetica e a sistemática filogenética, esta última sendo baseada em análise
cladística. Os dois resultam diretamente do emprego de computadores possibilitando o uso de
quantidades de dados muitos maiores do que anteriormente. Na sistemática filogenética, os
caracteres empregados são geralmente considerados de igual valor e procura-se usar o máximo
possível de caracteres, e a atitude que a filogenia tem um papel secundário na criação das
classificações, ou ainda faz uso da evolução como principal (ou único) critério para a classificação
dos organismos, incluindo as plantas.
Na sistemática filogenética, o objetivo é revelar o verdadeiro padrão de filogenia das
plantas. Quem tem esta atitude acredita também que uma classificação filogenéti ca bem
estabelecida é de grande utilidade para a ciência, enfim, para todos.
A sistemática filogenética foi gradativamente consolidando-se como paradigma em botânica,
e a partir da década de 90 muitos trabalhos integradores trouxeram progressos imensos par a nosso
entendimento da evolução das plantas e consequentemente aprimoramento da sua classificação.
Atualmente, a grande maioria dos taxonomistas que realiza trabalhos filogenéticos, recorre
às técnicas moleculares, i. é. Sequenciamento de DNA, que tem vindo a criar novas perspectivas e
abordagens na elaboração de classificações. O termo filogenia Molecular é o estudo das relações
evolutivas entre organismos, através do estudo do DNA e RNA. Um exemplo deste tipo de estudo é
o de Mark Chase (e cerca de 30 co-autores), que utilizou seqüências do gene rbcl (cpDNA) para
comparar cerca de 500 angiospermas.
Atualmente, considera-se como uma qualidade importante num sistema de classificação a
sua previsibilidade ou o seu poder de predição. A qualidade mais importante para um sistema de
classificação é que ele retrate, tão fielmente quanto possível, a árvore da vida. Se ele tiver sido
construído com base em clara detecção de homologias entre caracteres, gerando um corpo de
hipóteses de parentesco entre grupos expresso na forma de cladograma (árvore filogenética-
diagrama que indica os ancestrais e os descendentes e agrupa os organismos de acordo com o grau
de parentesco entre eles), os táxons serão consistentes representando linhagens evolutivas que
devem ter tido existência na natureza. Em conseqüência, o seu poder de predição também será
avaliado.
O sistema de classificação mais atual é o APG – Angiosperm Phylogeny Group. Trata-se de
um sistema construído com base em sequenciamento de nucleotídeos de regiões do DNA, rbcl e
atpb (cloroplastos) e 18S (núcleo). Através dos resultados do sequenciamento de genes e os critérios
da sistemática filogenética (cladística) se estabelece as conexões entre os táxons.
Esses estudos filogenéticos mostram que apesar das monocotiledôneas formarem um grupo
monofilético, as dicotiledôneas são parafiléticas, com alguns grupos mais relacionados com as
16

monocotiledôneas do que com algumas dicotiledôneas. Desta forma, atualmente é reconhecido o


grupo das Eudicotiledôneas, fortemente sustentada em análises cladísticas e reconhecidas por
apresentar pólen tricolpado ou derivado desse. As angiospermas passaram a ser divididas em
angiospermas basais formando um grado na base, seguidas por um clado composto de grupos de
Magnoliideae contendo 6% das angiospermas mais as Monocotiledôneas com cerca de 19% e
finalmente as Eudicotiledôneas com os restantes 75%. Atualmente, estudos com um número maior
de dados mostram que as Magnoliideae não estão mais relacionadas com as Monocotiledôneas e
sim com as Eudicotiledôneas, de modo que com exceção de Amborella, as aquáticas Nymphaeales e
três pequenas famílias, Iliciaceae, Schizandraceae e Trimeniaceae, as Euangiospermas poderiam
sim ser divididas em dois grandes grupos semelhantes às tradicionais Mono e Dicotiledôneas. É
importante levar em conta que ainda não há uma publicação apresentando uma classificação
filogenética ou fenética para todos os organismos. A rápida difusão da sistemática filogenética
molecular está oferecendo, na nossa época uma ferramenta capaz de providenciar um novo período
sintético na sistemática, com futuros novos sistemas verdadeiramente filogenéticos.

Sistemática Molecular APG I


O APG I surge em 1998, trazendo uma nova proposta de classificação, onde as famílias
botânicas sofrem um novo arranjo. Percebe-se que a classificação e nomenclatura utilizada por
Cronquist (1988) é reformulada, e as famílias passam a pertecer a agrupamentos denominados de
clados. Enquanto que em Cronquist eram agrupadas em classes e subclasses, no APG, passam a
pertecer aos seguintes clados: monocotes, que agrupam as monocotiledôneas e as dicotiledôneas
passam a chamar-se Eudicotiledoneas, subdivididas em rosideas, que por sua vez se subdividem em
Eurosidea I e Eurosidea II, e em Asteridea, que também se subdividem em Euasteridea I e
Euasteridea II.
Nota-se, que há incorporação de famílias em uma única família, como é o caso da
Malvaceae que engloba as famílias Tiliaceae, Sterculiaceae e Bombacaceae, e também a Família
Capparaceae é inclusa em Brassicaceae.

Sistemática Molecular APG II


Em 2003, é publicado o APG II, onde traz uma reformulação do APG I, como um arranjo
mais aprimorado e tentando fazer um agrupamento mais simples que o primeiro, ou seja, trazendo
uma maior relação monofilética aos grupos.
Uma das inovações desse sistema foi a criação da família Euphorbiaceae latu sensu, que
engloba as famílias Euphorbiaceae stricto sensu, Pricrodendraceae e Phyllantanceae, que era o
gênero Phyllanthus das Euphorbiaceae.
Há também a incorporação de espécies da família Flacourtiaceae pela família Salicaceae, e
também a inclusão da família Cecropiaceae dentro de Urticaceae.

Sistemática Molecular APG III


O APG III é publicado em 2009 e traz novas mudanças, principalmente, nomenclaturais pois
há a formação de um novo clado basal denominado magnolídes, e as eudicotiledôneas passaram a
ter uma nova subdivisão, no caso as rosídeas passam a se subdividirem em fabídes e malvides, e as
asterídes em lamiídes e campanulídes.
Quanto às mudanças de famílias, há uma grande novidade que é o desmembamento da
família Capparaceae da família Brassicaceae, fusão essa, ocorrida no APG I.
17

O gênero Cleome pertencente às Capparaceae é elevado a família denominada de


Cleomaceae, e a família Turneraceae incorpora a família Passifloraceae.

Sistemática Molecular APG IV


Quando comparado com o sistema APG III, o sistema APG IV (2016) reconhece cinco
novas ordens (Boraginales, Dilleniales, Icacinales, Metteniusales e Vahliales), bem como algumas
novas famílias, resultando num total de 64 ordens e 416 famílias de angiospérmicas. Em termos
gerais, os autores admitem que utilizaram uma abordagem "conservadora", apenas fazendo
alterações ao sistema APG III quando estava demonstrada uma "uma necessidade bem
fundamentada" de mudança. Esta abordagem por vezes resultou em posicionamentos que não são
imediatamente compatíveis com os resultados de alguns estudos publicados, mas onde mais
investigação é necessária antes da classificação poder ser mudada com confiança.
18

Sistema de Classificação Angiosperm Phylogeny Group: APG IV, 2016


19

4. NOMENCLATURA BOTÂNICA
a. Códigos de Nomenclatura
Os códigos de nomenclatura são sistemas compostos por regras e recom endações. O
objetivo do Código é promover a estabilidade e a universalidade dos nomes científicos dos animais
e assegurar que cada nome seja único e distinto. Suas disposições são todas subordinadas a esses
fins e nenhuma restringe a liberdade de pensamento ou ação taxonômica.
Códigos de Nomenclatura:
• Código Internacional de Nomenclatura Zoológica – animais e protozoários;
• Código Internacional de Nomenclatura Botânica – plantas superiores, fungos, algas,
cianobactérias;
• Código Internacional de Nomenclatura Bacteriológica – bactérias.
Datas de início para a nomenclatura:
Animais 1 de janeiro de 1758 10ª edição Systema Naturae
Plantas 1 de maio de 1753 1ª edição Species Plantarum
Fungos 1 de maio de 1953 1ª edição Species Plantarum
Bactérias 1 de janeiro de 1980 Lista de Bactérias Skerman et al.

A nomenclatura botânica é parte da Botânica Sistemática que se dedica a dar nome as


plantas e grupos de plantas. Os primeiros nomes foram vernáculos ou nomes comuns, mas esses
tinham os seguintes inconvenientes:
• Não são universais, são aplicados somente em uma determinada língua;
• Somente algumas plantas têm nomes vernáculos;
• Duas ou mais plantas não relacionadas podem ter o mesmo nome comum ou uma mesma
planta tem diferentes nomes comuns;
• Aplicam-se indistintamente a gêneros, espécies ou variedades.
Para evitar esses problemas existem as regras do Código de Nomenclatura Botânica. Na
antiguidade (época pré-linneana) cada planta era conhecida nos círculos eruditos por uma larga
frase descritiva em latim, o sistema polinomial ou polinominal, que crescia à medida que se
encontravam novas espécies semelhantes. Assim, por exemplo, a “carlina sem caule” ( Carlina
acaulis L.) se mencionava como: Carlina acule unifloro florae breviore.
O primeiro sistema que sugeriu adotar somente duas palavras (sistema binomial) foi Gaspar
Bauhin. Entretanto, não foi adotada até a publicação de Species Plantarum (1753) por Linneu, que
estabeleceu definitivamente o sistema binomial, descrevendo e nomeando todos os organismos
conhecidos até então.
O nome científico ou nome específico de um organismo vivo é uma combinação de duas
palavras em latim: o nome genérico ou gênero a qual a espécie pertence (muitas vezes associado a
um substantivo) e o epíteto específico que designa espécies diferentes dentro de um mesmo gênero
(associado a um adjetivo). Assim, por exemplo, o carvalho é Quercus rotundifolia Lam. e o
pinheiro-do-norte é Pinus pinea L. Ao nome científico sempre acompanha o nome do autor,
abreviado ou por extenso, depende como foi validada a primeira publicação. Lam., por exemplo, é a
abreviação de Lamarck e L. de Linneu. Nenhum nome científico está completo sem estar
acompanhado do nome do autor ou da forma abreviada deste. Os nomes científicos também podem
estar acompanhados de sinônimos, que são nomes diferentes que se aplicam ao mesmo táxon, sem
confundir com os homônimos que são nomes iguais que se aplicam a táxons diferentes.
20

b. Categorias Taxonômicas
Sendo muito elevado o número de plantas, ressalta a vista a necessidade de serem ordenadas
em categorias a que se filiam os grupos taxonômicos. Os termos categoria e táxon, por vezes mal
interpretados, são perfeitamente distintos, embora relacionados.
Categorias sistematizadas – representam níveis hierárquicos segundo critérios adotados nos
diversos sistemas de classificação. Ex. família;
Táxon – corresponde a termos aplicados aos agrupamentos considerados incluídos nessas
categorias. Ex. Araceae;
Categorias Sistematizadas:
Divisão – formada por um conjunto de classes. Geralmente são utilizados caracteres
relacionados com estruturas reprodutivas, morfológicas ou anatômicas. Sufixo phyta. Subdivisão
sufixo phytina.
Classe – conjunto de ordens. Sufixo opsida. Subclasse idae.
Ordem – conjunto de famílias. Sufixo ales. Subordem ineae
Família – conjunto de gêneros. Sufixo aceae + radical do nome de um dos seus gêneros.
Subfamília oideae; Tribo eae; Subtribo inae.
Gênero – categoria formada pela reunião de espécies semelhantes.
Espécies – designada por duas palavras latinas ou latinizadas, correspondendo ao nome
genérico e ao epíteto específico. Ex: Croton sonderianus.
Categorias hierárquicas
Divisão ou Filo -phyta Magnoliophyta
Classe -opsida Magnoliopsida
sub- -idae Asteridae
Ordem -ales Gentianales
Família -aceae Apocynaceae
sub- -oideae Asclepiadoideae
Tribo -eae Asclepiadeae
sub- -inae Asclepiadinae
Gênero Asclepias L.
outras categorias entre gênero e subgênero, secção, subsecção
espécie
Espécie Asclepias curassavica L.
outras categorias infraespecíficas subespécie, variedade,
forma....

c. Normas para escrever os nomes científicos


Todas as letras em latim devem estar em itálico (cursiva), sublinhadas ou em negrito.
A primeira letra do gênero ou categoria superior deve vir em maiúscula. Ex: Rubus
cardianus; Malvaceae.
O resto do nome em letras minúsculas (exceção: alguns casos onde se comemora nomes
importantes, a primeira letra do epíteto era maiúscula).
Nomes de híbridos precedem o símbolo x, e. g.: x Rhaphano brassica; Mentha x piperita.
A pronúncia dos nomes científicos é em latim.

d. Código Internacional de Nomenclatura Botânica (ICNB)


O Código Internacional de Nomenclatura Botânica permite o estabelecimento de um método
estável para as denominações científicas empregadas, de modo a evitar ou rejeitar termos ou nomes
que possam ter sentido ambíguo ou ser causa de erro. Adota preceitos que regem o uso, em
Taxonomia Vegetal, de uma terminologia adequada à designação dos grupos de plantas nas
respectivas categorias. Compreende, fundamentalmente: Princípios, Regras e Recomendações,
constantes do corpo do Código.
Os princípios constituem a base do Código Internacional de Nomenclatura Botânica e são
21

enunciados como se vê abaixo:


1º Princípio – A nomenclatura botânica é independente da nomenclatura zoológica. O
Código se aplica uniformemente a todos os nomes de grupos taxonômicos considerados como
plantas, mesmo que não tenham sido tratados na origem como tais.
2º Princípio – A aplicação dos nomes de grupos taxonômicos é determinada pelo método
dos tipos nomenclaturais.
3º Princípio – A nomenclatura de um grupo taxonômico está baseada na prioridade da
publicação.
4º Princípio – Cada grupo taxonômico de delimitação, posição e categoria particulares não
pode ter mais de um nome correto, o mais antigo que esteja de acordo com as Regras, com exceção
de casos especificados.
5º Princípio – Os nomes científicos dos grupos taxonômicos são tratados como latinos
qualquer que seja sua etimologia.
6º Princípio – As Regras de Nomenclatura têm efeito retroativo, salvo indicação contrária.

As Regras, expressas em artigos, têm por objetivo ordenar a nomenclatura do passado e


prevenir em relação ao futuro. Os nomes contrários a uma Regra não podem manter-se. As
Recomendações tratam de assuntos subsidiários, tendo por finalidade dar uma maior uniformidade e
clareza à nomenclatura, prevenindo contra futuros inconvenientes ou impropriedades.

e. Tipificação
O processo de indicação ou designação de um tipo nomenclatural, é obrigatório pelo CINB e
aplica-se aos nomes botânicos. Tem a importância de assegurar máxima estabilidade e firmeza a
nomenclatura, compatível com a natureza mutável e dinâmica do sistema taxonômico.
Na tipificação um nome é dado permanentemente ao seu tipo nomenclatural. Assim, o táxon
será definido para incluir o tipo de um nome e, esse nome deve aplicar-se ao táxon.
Caso se queira, mais tarde, substituir o tipo do nome para outro posicionamento taxonômico,
então um nome novo deverá ser aplicado ao táxon que entra na posição do tipo que saiu.
O tipo de um nome é formalmente definido como o elemento sobre o qual está baseada a
descrição que valida a publicação do nome.
O termo “elemento” significa diferentes coisas, de acordo com a categoria do táxon
concernente. O tipo do nome de uma espécie, por exemplo, é em geral uma simples espécie de
herbário, a partir da qual se faz um perfil descritivo que valida o nome.
Quando de um gênero, quem validade o nome do tipo é a espécie descrita originalmente
quando de uma família ou de um táxon de categoria mais alta, quem valida é o gênero descrito
originalmente.
Somente os nomes tem tipos. Os táxons não. Nunca se reporta ao tipo de um táxon e sim o
tipo de um nome específico.
Um tipo é simplesmente um espécime aleatoriamente escolhido para a descrição, validando
a publicação de outros nomes baseados nele.
Quando os espécimes são classificados em espécies, um espécime tipo é tratado como
qualquer outro.

Classes de tipos
Holótipo – o espécime ou outro elemento usado pelo autor ou designado por ele como tipo
22

nomenclatural e que, portanto regulará a aplicação do nome correspondente.


Isótipo – uma duplicata do holótipo, que forma parte da re-coleção original.
Lectótipo – espécime ou elemento selecionado a partir de material original para servir como
tipo nomenclatural quando não foi registrado um holótipo junto a publicação ou devido a perda da
informação. O lectótipo deve ser eleito entre os isótipos, mas caso não existam isótipos, deve -se
eleger entre os síntipos, caso não haja síntipos elege-se um neótipo.
Síntipo – é um dos espécimes originalmente citados pelo autor que não designou o holótipo
ou que enumerou vários, simultaneamente como tipos.
Neótipo – é um espécime ou qualquer outro elemento elegido para servir de tipo
nomenclatural quando falta todo o material sobre o qual está baseado o nome do táxon.
Parátipo – é um espécime citado na descrição desde que este não seja o holótipo, um
síntipo, isótipo ou lectótipo.
Epítipo é um espécime ou ilustração selecionado para servir de tipo quando nenhum dos
tipos designados anteriormente servir para identificar o nome da espécie, geralmente devido à
ambiguidade do material.

Tipos de categorias de espécie ou infraespecíficas


O tipo (holótipo, lectótipo ou neótipo) do nome de uma espécie, ou de um táxon
infraespecífico consiste em um espécime único, exceto para as plantas herbáceas de pequena
estatura e para a maioria das plantas não vasculares, pois, esses tipos consistem em vários
indivíduos que devem conservar-se de maneira permanente sobre um mesmo registro de herbário ou
exsicata. Os espécimes tipo, de nomes de táxons de plantas atuais, devem ser conservados de
maneira permanente e não devem estar vivos ou em cultivo (às vezes podem ser uma figura ou uma
descrição), (artigo 9 do CINB).

Tipos de categorias supraespecíficas


O tipo do nome de um gênero ou de todo o táxon situado entre o gênero e a espécie,
constitui-se por uma espécie; o tipo de uma família ou de todo o táxon entre a família e o gênero,
constitui-se do gênero cujo nome atual ou antigo tem servido como base para o nome do táxon em
questão. Os nomes de táxons de posição superior a família não se aplica ao princípio de tipificação
(artigo 10).

f. Prioridade de Publicação
A nomenclatura de um grupo taxonômico está baseada na prioridade de publicação
(princípio de prioridade, princípio III). A data de 01 de maio de 1753, publicação da obra Species
Plantarum por Linneu é considerada o início para a aceitação como válidas as publicações sobre
nomes de plantas (Spermatophyta e Pteridophyta).
Considera-se uma publicação como válida quando cumpre esses requisitos: (I) ser efetiva,
isto é, com o nome publicado em publicações oficiais de âmbito botânico; (II) cumprir as regras
nomenclaturais específicas de sua categoria taxonômica; (III) constar de uma descrição ou diagnose
em língua latina e outra moderna (inglês); (IV) ter a indicação do tipo nomenclatural (exsicata de
herbário).

g. Conservação de nomes
Cada grupo taxonômico só pode ter um nome correto (associado a um tipo nomenclatural),
23

exceto alguns casos considerados como nomina conservanda:


Palmae (Arecaceae tipo Areca L.)
Gramineae (Poaceae tipo Poa L.)
Cruciferae (Brassicaceae tipo Brassica L.)
Leguminosae (Fabaceae tipo Faba Mill.)
Guttiferae (Clusiaceae tipo Clusia L.)
Umbelliferae (Apiaceae tipo Apium L.)
Labiatae (Lamiaceae tipo Lamium L.)
Compositae (Asteraceae tipo Aster L.)

h. Mudança de gênero
Quando uma espécie muda de gênero, o autor do primeiro nome dado a espécie deverá ficar
entre parênteses (autor do basiônimo), seguido do nome do autor, fora do parêntese.
Ex: Tabebuia alba (Cham.) Sadw
Basiônimo: Tecoma alba Cham.(ipê-branco)

Dois ou mais autores responsáveis pelo nome


Faz-se uso da designação et ou &. Nesses casos, os autores devem ter identificado,
classificado e publicado juntos sobre o espécime. Ex: Senna multijuga (Rich.) Irwing et Bam.

Quando dois autores aparecem no nome, mas apenas um publicou


Faz-se uso da designação ex. Nesses casos, o segundo autor citado foi responsável pela
publicação, o primeiro autor pode ter escrito o espécime em uma etiqueta de herbário, perdeu as
informações, não teve tempo de publicar, entre outros problemas.
Ex: Persea pyrifolia Nees et Mart. ex Nees

Publicação efetiva
A publicação é efetiva somente pela distribuição de matéria impressa (através de venda, permuta
ou doação) ao público em geral ou pelo menos à Instituições Botânicas com bibliotecas geralmente
acessíveis aos botânicos. Não é efetiva pela comunicação de novos nomes em palestras públicas,
pela colocação de nomes em coleções ou jardins abertos ao público, ou pela edição de microfilmes
feitos de textos holográficos ou datilografados, ou todo material não publicado, pela publicação “on
line” ou pela disseminação de matrial distribuível por via eletrônica.

Publicação válida
“De forma a ser validamente publicado, o nome de um táxon deve: ser efetivamente publicado;
ter uma forma que esteja de acordo com as normas estabelecidas no CINB; ser acompanhada por
uma descrição ou diagnose ou pela referência a uma descrição ou diagnose prévia e efetivamente
publicada. Neste Código, a não ser em indicação contrária, a palavra “nome” significa o nome que
tenha sido publicado validamente, sendo ele legítimo (de acordo as recomendações do CINB) ou
ilegítimo (sem obedecer ao CINB).

EXERCÍCIO PROPOSTO
24

1. CLASSIFICAÇÃO, TAXONOMIA E SISTEMÁTICA

a. Qual a diferença entre a taxonomia e sistemática?


b. Qual a importância da sistemática para a biologia?
c. Qual a importância da sistemática para a sociedade?
d. Quais as prioridades para os sistemas de classificação atuais?
e. Qual a diferença entre classificação e identificação?
f. O que é um táxon?
g. Compare os seguintes tipos de trabalhos taxonômicos: lista de espécies, floras, revisões,
monografias?
h. O que é o processo de herborização?
i. Qual a diferença entre um espécime e uma exsicata?
j. Que dados devem ser incluídos em uma caderneta de campo e na ficha de herbário?
k. Qual a importância do herbário?
l. O que é código de nomenclatura botânica?
m. O que é tipificação? Quais as categorias de tipos e como podem ser definidos?

1. CÓDIGO INTERNACIONAL DE NOMENCLATURA BOTÂNICA

1. Considerando o princípio da prioridade, indique os nomes válidos para as espécies abaixo, as


quais possuem as seguintes sinonímias:

a. Aristolochia gardens Lineu (1856)


Aristolochia glabra Benton (1873)

b. Gaudinia hispanica Stace & Tutin (1967)


Gaudinia holosica Moore (1952)

c. Omphalobium ovatifolius Martius (1817)


Omphalobium glabratum A. DC. (1978)

d. Combretum Loefl (1758) (Nomina conservanda)


Crislea Lineu (1753)

e. Viburnum fragrans Bunge (1831)


Viburnum fragrans Lorsel. (1824)

2. Analise a nomenclatura empregada para as espécies, indicando: gênero, epíteto, autor (es) do
nome (s) e características taxonômicas que o nome está evidenciando.

a. Vulpia ciliata Dumont subsp. Ambigua (Le Gall) Stace & Auquier, comb. et stat. nov.
b. Gaudinia hispanica Stace & Tutin, sp. nov.
c. Ranunculus acris L. comb. nov
d. Cassia conferta Betham var. machrisiana (Cowan) Irwin & Barneby, stat. nov.
e. Cordia hermanniifolia var. calycina Cham.
25

f. Silene dioica subsp. Zetlandia var. Alba

3. Das citações abaixo, indique: Autor do nome, autor que validou o nome da espécie e ano da
publicação válida.

a. Viburnum ternatum Rehder in Sargent, Trees and Scrubs 2:37. 1907


b. Teucrium chademii Sadwich in Lacaita, Cavanillesia 3:38. 1930

4. A espécie Iridophycus splendens Stech et Gardner foi coletada por Gardner 7781 (Registro de
Herbário: UC 539565), sendo posteriormente modificada para:

Iridaea splendens (Stech et Gardner) Papenf.


O descrito acima é um exemplo de: ( ) sinonímia; ( ) parátipos; ( ) basinômio; ( ) autônimo

5. Pode existir um nome legítimo com publicação inválida? Explique.

6. A espécie Melochia cordata Burm. 1768 foi revisada por Borssum em 1966, que chegou a
conclusão de que esta pertencia ao gênero Sida, modificando seu nome. Qual será a atual
nomenclatura desta espécie?

7. Leia a informação abaixo e responda as perguntas:

“Panicum maximum Poir. in Lam., Encycl., suppl. 4: 281. 1816. Planta herbácea, estolonífera ......
cariopses amarelo-avermelhados. Material selecionado: BRASIL. Rio Grande do Sul: Cachoeirinha,
3/II/1999, Mattos 2233 (SP, RB, UEC); São José dos Pinhais, Roseira, 5/XI/1961, Hatschbach 8444
(MBM, US)”.

a. Quem foi o primeiro autor a descrever esta espécie?


b. Qual o autor e o ano da publicação válida?
c. O que significa “Mattos 2233”?
d. Como eu posso identificar os herbários possuidores de exemplares desta planta?
e. O que significa “MBM, US”?
f. Explique o texto sublinhado

8. Os textos abaixo foram extraídos de títulos de monografias. Alguns apresentam erros de


nomenclatura. Escreva a forma correta.

a. “Biologia floral de Cassia conferta IRWIN & BARNEBY”.


b. “Estudos polínicos da família amaranthaceae”.
c. “Morfologia floral de Eucalyptus maculata Hook.”
d. “Sinopse da família ACANTHACEA”.
e. “Análise da fenologia de Echinodorus macrocarpus do maciço de Baturité, CE”.
f. “Variação intrapopulacional de Ficus Benjamina L.”
g. “Leguminosae do Estado do Ceará”.
9. Explique a citação dupla de autores nas seguintes ocasiões:
26

a. Cyathocalyx apoensis (Elmer) J. Sinclair


b. Cyathocalyx crassipetalus R.J. Wang & R.M.K. Saunders, sp. nov.

10. Observe os dados abaixo e responda (2 pontos):

A espécie Iridophycus splendens Stech & Gardner teve sua nomenclatura modificada por Papenf., o
qual foi responsável pelo seu posicionamento no gênero Iridaea.

a. Escreva a nomenclatura atual desta espécie, indicando a citação dos autores.


b. Explique a citação dupla de autores na expressão: Dugueia moricandiana Mart., in Mart., Fl.
Bras. 13(1): 25. 1841.

11. Observe os dados abaixo e responda :

“Polygala warmingiana A.W. Benn. ex Martius, Eichler & Urban, Fl. Bras. 13: 6. 1874. Tipo:
Brasil. Minas Gerais, Lagoa Santa. Warming 436. (Lectótipo C)”.

a. Se você fosse citar esta espécie num trabalho científico, de maneira sucinta, como você
escreveria?
b. Caracterize o tipo de exemplar que está depositado no Herbário C.

5. COLETA, HERBORIZAÇÃO E O REGISTRO DE MATERIAL BOTÂNICO


Toda pesquisa envolvendo vegetais origina a necessidade do registro biológico. Desta forma,
a coleta e herborização adequada tornam-se uma prática imprescindível no campo da pesquisa,
permanecendo em depósito os diversos espécimes (“vouchers”), representantes incontestes de cada
trabalho desenvolvido. Sugere-se, portanto, que todos os setores da pesquisa biológica que
desenvolvem estudos com vegetais, tenham a coleta de material botânico nos seus planejamentos de
pesquisa. Apresentamos aqui orientações básicas sobre a herborização e a inclusão de material
botânico em um Herbário.

a. Herbário
Um herbário consiste basicamente de coleções de material botânico provenientes de diversas
regiões geográficas, servindo como documentação e referência de informação botânica para
diversos fins, como: (1) Conservação florística; (2) Monitoramento ambiental; (3) Conhecimento da
flora e seus recursos: alimentação, apicultura, paisagismo, compostos fitoterápicos etc.; (4)
reconstituição palaeo-ecológica de uma região.

b. Coleta e Herborização
Para a obtenção de amostras botânicas é necessário: sacos grandes, tesoura de poda, facão,
podão, prensa (a prensa é formada por duas grades formada de sarrafos de madeira, com 40 cm
compr. e 30 cm larg., acompanhada por papelões de espessura dupla com as m esmas dimensões,
jornais, duas cordas ou cordões grossos ou, cintas com fivelas para amarração), fichas de campo e
caderneta de campo. De um modo geral, só plantas férteis, contendo flores e/ou frutos, devem ser
coletadas. Isto porque estas estruturas são essenciais para a identificação das plantas. Coleta-se
27

quantidade de amostras o suficiente para possibilitar a identificação e a permuta entre herbários


(pelo menos cinco amostras). Além disto, procura-se representar, sempre que possível, a variação
existente na população e no próprio indivíduo.
Na caderneta de campo e nas fichas devem ser registrados: nome (s) do (s) coletor (es); data
de coleta (dia/mês/ano); localização, fornecendo referências geográficas, município, estado e, sendo
possível, coordenadas; tipo de vegetação e substrato; informações sobre altura, cor de órgãos, etc.
As amostras devem ser prensadas e desidratadas. A prensagem consiste em manter o
material coletado sob pressão para se obter um exemplar dessecado e livre de enrugamentos. Para
isto, as amostras devem ser colocadas entre folhas de jornal dobrado, dispostas na seguinte ordem:
grade de madeira, papelão, folhas de jornal com as amostra e sua ficha de campo; papelão, outra
amostra e assim sucessivamente, até fechar com a segunda grade de madeira. Finaliza-se o conjunto
pela amarração com cordas. A secagem deve ser realizada em estufas ou, quando não disponível, em
calor ambiente, quando então o jornal deverá ser trocado diariamente.
Material para coleta

Sacos plásticos Tesoura de poda GPS

Facão Cordão Prensas, jornal e papelão

Herborização

Montagem para secagem Prensagem Secagem

Freezer (choque térmico) Montagem de exsicatas Depósito em Herbário


28

TÉCNICAS DE COLETA E HERBORIZAÇÃO


Materiais necessários:
Tesouras de poda e de poda alta (podão)
• Prensas de madeira • Sacos plásticos
• Jornal • Pincel
• Papelão • GPS
• Caderneta de campo • Altímetro
• Lápis ou caneta de tinta indelével • Cordões

Alguns implementos indispensáveis


a) uso pessoal
b) coleta: prensas; corda; luvas; facão; tesoura de poda e outros
c) instrumentos: maquina fotográfica; altímetro; binóculo; lupa manual etc.
a) Diversos: etiquetas, mapas, cola, pincel, caderneta de campo, etc.
Metodologia
1. Coletar plantas férteis (flores e/ou frutos).
2. Plantas de hábito herbáceo  coletar todo o indivíduo.
3. Plantas de hábito arbustivo ou arbóreo  Coleta-se o ramo florido com dimensões de mais ou
menos 20 cm.
4. Planta ultrapassar as dimensões do papel, dobra-se preferivelmente em forma de “N”.
5. Folhas devem ficar sob o caule, se necessário retira-se algumas folhas, deixando o pecíolo.
Colocar sempre uma folha com a parte abaxial visível.
6. O número do coletor deverá constar sempre no papel jornal.
7. Coleta-se, no mínimo, cinco exemplares de um mesmo indivíduo.
8. Indivíduos da mesma espécie, porém coletados separadamente recebem número de coletor
distintos. P ex: planta com flor (Nº 1) e a mesma planta com frutos (Nº 2).
9. Caderno de campo de boa qualidade. Anotações necessárias:
Data, nome dos coletores (só o primeiro é que dará número as coletas), local da coleta (país,
estado, município, localidade, coordenadas geográficas, localização em relação a um lugar
geograficamente conhecido), tipo de vegetação, hábito da planta, nome vulgar
10. Informações importantes: estado da vegetação, textura do solo, freqüência, drenagem, textura
das folhas, coloração dos elementos florais e do fruto.
11. A série dos números do coletor deve começar com 1 e continuar, sem repetições.
12. A citação do nome do coletor poderá inicia pelo seu sobrenome, seguido da inicial do nome
ou o inverso.
13. Preferivelmente efetua-se todas as coletas das plantas férteis de um só lugar, em vez de
poucas coletas em locais diferentes.
14. Identifica-se a planta até onde for possível.
15. As plantas coletadas e postas entre jornal, papelão e nas prensas, estão prontas para o
processo de secagem.
16. Deve-se colocar em local visível da prensa a data de sua formação e o nome do coletor
responsável.
OBS: Levando-se em consideração que o uso da estufa, faz-se necessário que o aluno da referida
disciplina colabore levando seu próprio jornal, papelão e pressas, uma vez que a estufa também é
utilizada para fins de trabalhos e projetos científicos.
35

HÁBITO E FORMAS DE VIDA DE PLANTAS VASCULARES

HÁBITO
Erva – É uma planta com caule tenro (não lenhoso), o qual não vive muito mais de um ano em
geral.
Arbustos e árvores são plantas lenhosas com caule e ramos, que vivem vários anos, tornando-se
mais espessado em cada estação, à medida que o câmbio vascular adiciona novas camadas de
xilema e floema
Arbustos – ramificação aparecem ao nível do solo
Árvore – tronco com ramos apenas na parte superior. Formas intermediárias:
o Sub-arbusto – planta geralmente pequena com base levemente lenhosa e resto herbáceo,
pouco ramoso, geralmente vivendo vários anos.
o Arvoreta – uma árvore de baixo porte ou com tronco principal muito curto.

FORMAS DE VIDA (Raunkiaer, 1934; Mueller-Dombois & Ellenberg, 1974)


1. PLANTAS HETEROTRÓFICAS
a) Parasitas – parasitas plantas vivas. Ex. cipó-chumbo
b) Saprófitas – nutrem-se de matéria orgânica morta. Ex. algumas orquidáceas.

2. PLANTAS SEMI-AUTOTRÓFICAS OU HEMIPARASITAS


Ex. erva-de-passarinho

3. PLANTAS AUTOTRÓFICAS
a) Hidrófitas errantes – vivem sobre a superfície da água, não fixas. Ex. aguapé (Eichornia,
Pontederiaceae)
b) Plantas que se auto-sustentam (não se apóiam sobre outras):
✓ Fanerófitas – lenhosas ou herbáceas perenes, com altura superior a 50 cm, cujos ramos não
morrem periodicamente. Ex. a grande maioria das árvores e arbustos.
✓ Caméfitas – lenhosas ou herbáceas perenes, com altura inferior a 50 cm ou quando mais
altas com os ramos morrendo periodicamente. Ex. muitas ervas e subarbustos dos cerrados
e brejos temporários; plantas com estolhos ou ramos prostrados, etc.
✓ Criptófitas – perenes, herbáceas, com a parte principal do sistema caulinar reduzida a
bulbo, cormo, xilopódio ou rizoma e com as gemas abaixo da superfície do solo. Podem -
se distinguir as geófitas (critófitas terrestres), as hidrófitas fixas (plantas aquáticas com
gemas escondidas no fundo da massa líquida ou enterrados no lodo) e as helófitas (plantas
de brejo com gemas enterradas)
✓ Hemicriptófitas – perenes, herbáceas, com redução periódica do sistema caulinar a um
órgão com as gemas a nível da superfície do solo, podendo ser um rizoma ou xilopódio,
por exemplo.
✓ Terófitas – anuais; completam todo seu ciclo de vida dentro de um ano, morrendo após a
frutificação e passando a estação desfavorável sob a forma de semente. Ex. grande número
de plantas invasoras, milho (Zea mays, Gramineae)
c) Plantas que crescem sobre ou apoiadas em outras:
Lianas – plantas que germinam no solo, escalam um suporte, mas mantém sempre o contato
36

com o solo. Ex. a grande maioria dos cipós.


Hemiepífitas (ou pseudolinas) – plantas que germinam sobre outras e depois estabelecem
raízes no solo (como as figueiras mata-pau, Fícus sp); ou plantas que germinam no solo,
escalam um suporte e posteriormente rompem sua ligação com o solo (algumas Araceae,
Piperaceae).
Epífitas – germinam e enraízam sobre outras plantas vivas ou mortas, ou eventualmente sobre
outros suportes, como cercas, postes, etc. As plantas que crescem sobre rochas são
denominadas ripícolas.

c. Identificação de Plantas
A identificação de uma planta desconhecida consiste em determinar se é idêntica ou
semelhante a outra planta previamente conhecida. Dispondo de uma planta desconhecida e de um
manual apropriado, ou seja, uma chave de identificação (Modificado de Lawrence (1951).
Inicialmente utiliza-se uma chave para determinar a família a que pertence a planta
desconhecida. Caso a identificação da família seja realizada, faz-se necessário por meio de chaves
de gêneros, ter o mesmo procedimento para a determinação do nome genérico.
Um segundo método de se identificar uma planta desconhecida é o da utilização das últimas
floras de um estado, região ou unidade política mais pequena, que podem possuir chaves e
descrições.

Lupa Chaves de identificação Literatura especializada

Fonte de informações sobre a flora brasileira


1. Flora Neotropica, NYBG
2. FLORA BRASILIENSIS (séc. 18-19) P. Martius
<//florabrasiliensis.cria.org.br> , <www8.ufrgs.br/taxonomia; Links>
3. Flora Brasilica (séc. 20) F.C. Hoehne
4. Flora Catarinense, Herbário Barbosa Rodrigues
5. Flora Rizzo, Universidade Federal de Goiás
6. Flora do Rio Grande do Sul, UFRGS
7. Flora Fluminensis, Flora da Guanabara, JBRJ
8. Flora da Reserva Ecológica de Macaé de Cima, JBRJ
9. Flora da Reserva Ducke, INPA
10. Flora da Serra do Cipó, MG, Bol. USP
11. Flora da Ilha do Cardoso, SP, Acta bot. bras., Bol. USP, Rev. Bras. Bot.
12. Flora Fanerogâmica do Estado de São Paulo
<www.bdf.fat.org.br/florasp>
37

13. Flora do Brasil < http://floradobrasil.jbrj.gov.br>


O terceiro método, um dos mais seguros se o material que representa a planta desconhecida
estiver razoavelmente completo, é a identificação por meio de trabalhos monográficos atualizados
(teses, revisões publicadas).
Fontes de informação sobre trabalhos monográficos, por exemplo:
Biological abstract <www.periodicos.capes.gov.br>
Index to American Botanica l Literature <www.nybg.org/science2>, Resources, Index.
CNIP – Centro Nordestino de Informações sobre Plantas, UFPE
Taxonomia do Brasil – “Especialistas”, “Táxons em estudo” <www8.ufrgs.br/taxonomia>
Teses brasileiras www.ibict.br
Base de dados – Scupos <http://www.scopus.com/home.url>
Base de dados - SciVerse http://www.info.sciverse.com/

As chaves são esquemas úteis na identificação de uma planta desconhecida. Uma chave é
um esquema ou arranjo analítico artificial, pelo qual é proporcionada uma escolha entre duas
proposições contraditórias, dela resultando a aceitação de uma e a rejeição de outra. Uma chave
pode ser pequena e limitada a um único par de proposições contraditórias (uma copla) ou pode ser
constituída por uma série extensiva de proposições.
O tipo de chaves habitualmente convencional e mais aceitável é o de chaves dicotômicas,
tipo em geral com dois formatos.
Em qualquer chave, cada disposição de uma copla é denominada alternativa ou denteada. Na
maior parte da literatura taxonômica botânica, as alternativas colaterais de uma dada copla estão
dispostas aos pares, sendo cada alternativa reconhecida por uma letra ou algarismo. Cada par
subordinado sucessivo caracteriza-se por apresentar todas as características dos agrupamentos
precedentes.
A segunda disposição de uma chave dicotômica possui as alternativas emparelhadas ou
paralelas. As duas alternativas de cada copla estão sempre juntas.
As vantagens e inconvenientes em cada um destes tipos de chaves dicotômicas. O tipo de
chave denteada tem a vantagem de agrupar os elementos semelhantes de tal maneira que podem ser
apreendidos visualmente como grupos. Contudo, é evidente do exemplo supra que em chaves
extensas daquele tipo há um encurtamento e desvio das linhas para direita, acompanhado da
resultante perda de economia de espaço de página.
No tipo de chave emparelhada ou paralela, perdem-se as vantagens do formato indentado e,
reciprocamente, são eliminadas as desvantagens, visto que no tipo de chaves emparelhadas não há
oportunidade para agrupar, visualmente, conjuntos de alternativas com elementos que possuam um
ou mais caracteres em comum. Neste tipo de formato, contudo, todas as alternativas tem
aproximadamente o mesmo comprimento de linha, produzindo um máximo aproveitamento no
espaço da página. Alguns autores que utilizam o segundo formato não desfazem as coplas
alternantes e, em lugar disso, colocam-nas todas numa margem comum à esquerda da página.
Regras a considerar na elaboração de qualquer chave:
- Assegurar que a chave seja sempre dicotômica.
- Escolher caracteres opostos um ao outro, de modo que as duas alternativas de cada copla
compreendam duas proposições contraditórias, uma das quais servirá a situação e a outra não.
- As frases alternativas devem ser, tanto quanto possível, afirmações positivas, em especial a
alternativa inicial da copla.
38

- A palavra inicial de cada alternativa da copla deve ser a mesma. Isto é, se a primeira
alternativa começa pela palavra “flores”, a segunda alternativa da mesma copla também deve
começar por “flores”. Isto facilita a orientação das alternativas de qualquer copla.
- Duas coplas consecutivas não devem começar com a mesma palavra. Esta fonte de
confusão potencial pode ser evitada se a palavra inicial repetida da segunda copla for precedida pelo
artigo definido.
- Evitar o emprego de limites sobrepostos de variação, ou generalidades ao opor as
alternativas de uma copla.
- Utilizar, tanto quanto possível, caracteres morfológicos na separação de grupos (família,
gênero, espécie, etc.). Isto é, evitar a separação com bases em distribuições geográficas disjuntas,
porque nem sempre se pode saber a origem de uma planta desconhecida. Os caracteres citológicos
por si mesmos, ou isoladamente pouco ajudam na identificação de uma planta. Os números
cromossômicos podem ser significativos do ponto de vista biológico, mas não podem ser
determinados num espécime de herbário, não ajudando nada numa chave.
- Nas chaves para identificação de plantas dióicas, é útil fornecer duas chaves à parte, uma
utilizando os caracteres da planta masculina e outra os da feminina.
Passos para construir uma chave:
1. O primeiro passo é elaborar uma matriz de características diferenciais entre as plantas;
2. Determinar os pares de caracteres diferenciais;
3. Elaborar a chave.
Exemplo: Veja a chave indentada e paralela das seguintes plantas: roseira, feijoeiro,
mangueira e bananeira.
Matriz
Características Hábito Folhas Cor da Flor No. de
Plantas cotilédones
Roseira Arbusto Composta 5 folíolos Vermelha 2
Feijoeiro Trepadeira Composta 5 folíolos Lilás 2
Mangueira Árvore Simples Amarela 2
Bananeira Erva Simples Creme 1

Chave indentada
1. Dois Cotilédones
2. Folhas compostas
3. Arbusto com 5 folíolos...................................................................................Roseira
3´. Trepadeira com 3 folíolos...........................................................................Feijoeiro
2´. Folhas simples...............................................................................................Mangueira
1´. Um cotilédone.......................................................................................................Bananeira

Chave paralela
1. Dois Cotilédones.................................................................................................................2
1. Um cotilédone.................................................................. .....................................Bananeira
2. Folhas simples.......................................................................................................Mangueira
2. Folhas compostas..................................................................................................................3
3. Arbusto com 5 folíolos..............................................................................................Roseira
3. Trepadeira com 3 folíolos.........................................................................................Feijoeiro
39

6. ANGIOSPERMAS
As angiospermas são plantas que possuem óvulos em carpelos, ou de maneira mais popular,
são as conhecidas plantas com flores. Elas reúnem ca. 250.000 espécies extremamente diversas
morfologicamente, dificultando o estudo comparativo. Ocorrem em todas as regiões do planeta,
principalmente em formações terrestres, e são menos freqüentes nas flores ta de coníferas e nas
tundras. No Brasil são 217 famílias nativas, que correspondem a aproximadamente metade de
Angiospermas reconhecidas por APGII (2003). Além disso, 39 ocorrem apenas em cultivo. As
características que as reúnem não são apenas reprodutivas e nem sempre exclusivas e/ou universais;
convergência com outros grupos que produzem sementes, assim como reversões em grupos mais
derivados de angiospermas, são freqüentes: floema com elementos de tubos crivados e células
companheiras; elementos de vaso no xilema; folhas com venação reticulada; pólen columelado;
óvulos bitegumentados; ovário; redução do gametófito feminino (oito núcleos); redução do
gametófito masculino (três células); endosperma triplóide.
A compreensão sobre a origem e diversificação das angiospermas influencia diretamente os
sistemas de classificação, assim como as hipóteses de evolução dos caracteres. Desta forma, um
ponto essencial para que se possa investigar a origem das angiospermas é que as angiospermas
existam, ou mais fundamentalmente, que elas tenham uma única origem, sejam monofiléticas.
Geralmente, o grande número de sinapomorfias é usado para justificar a origem única das
angiospermas, já que seria mais provável que essas várias similaridades tenham derivado de um
ancestral comum em vez de surgido independentemente em diversos grupos. Essa investigação é
realizada através de registros fósseis e através da morfologia comparada e investigações
filogenéticas, tanto de grupos atuais relacionados evolutivamente, como de grupos f ósseis. Outra
linha de pesquisa com bastante êxito nos últimos anos é a combinação de estudos moleculares e
ontogenéticos de modo a entender a evolução do desenvolvimento e assim reavaliar hipóteses de
homologia.
Uma das abordagens clássicas para se investigar as relações dos grupos que compõem as
angiospermas é procurar características semelhantes em grupos proximamente relacionados
evolutivamente. As características compartilhadas seriam consideradas primitivas e justificadas pela
origem comum. Grupos com grande número de características primitivas seriam então fortes
candidatos para representar os grupos basais de angiospermas. Os grupos mais relacionados com
angiospermas devem ser procurados dentre as demais espermatófitas.
O reconhecimento da importância do embrião na sistemática e a presença de 1 ou 2
cotilédones na semente foi realizado por John Ray (1628-1705). Jussieu dividiu o reino vegetal em
Acotyledoneae, Monocotyledoneae e Dicotyledoneae. A divisão Dicotiledôneas e
Monocotiledôneas estabelecida no século XVII por John Ray não reflete uma classificação
filogenética e por isso se faz inadequada dentro dos princípios modernos de sistemática. No sistema
de Cronquist (1981), a divisão Magnoliophyta (Angiospermae) abrange duas classes,
Magnoliopsida (dicotiledôneas; Dicotiledoneae no sistema de classificação de Engler) e Liliopsida
(monocotiledôneas; Monocotiledoneae, no sistema de classificação de Engler). Essa dicotomia foi
refutada em meados dos anos 90, pois as Análises cladísticas, quer baseadas em morfologia, quer
em dados moleculares, não sustentam, no entanto, esta classificação uma vez que as dicotiledôneas
tem sido interpretadas como um grupo parafilético.
Apesar dos problemas em reconhecer táxons basais de Angiospermas, a distinção entre
Dicotiledônea e Monocotiledônea é ainda muito útil, embora haja muitas exceções e não há nenhum
caráter, dentre os citados abaixo, que possa isoladamente, identificar de forma infalível uma planta
40

como Dico- ou Monocotiledônea.


Monocotiledôneas “Dicotiledôneas”
Feixes vasculares dispostos em torno de um
Estrutura interna do Feixes vasculares do caule dispersos,
cilíndro central, Crescimento secundário
caule Crescimento secundário ausente
presente
Sistema radicular Adventícias Raízes desenvolvendo-se da radícula
Contém o pecíolo, Nervuras reticuladas, Folhas
Folhas Nervuras paralelas, Folhas invaginantes
pecioladas
Compostas por 2 ou 5 elementos ou seus
Número de elementos Composta por 3 elementos ou seus
múltiplos (flores tetrâmeras ou pentâmeras,
que compõem a flor múltiplos (flores trímeras)
respectivamente
Pólen Com um colpo ou poro Com 3 colpos ou poros

Embrião Com um cotilédone com dois cotilédone

Número de lojas dos


Frutos com 3 lojas (ou múltiplos) Frutos com 2 ou 5 lojas (ou múltiplos)
frutos
Alho, cebola, aspargo, abacaxi, íris, Vitória-régia, eucalipto, abacate, rosa,
Exemplos
bamabu, grama, , aveia, etc. morango, , jabuticaba, algodão, etc.
Estudos filogenéticos mostravam que apesar das monocotiledôneas formarem um grupo
monofilético, as dicotiledôneas seriam parafiléticas, com alguns grupos mais relacionados com as
monocotiledôneas do que com algumas dicotiledôneas. Tornou-se importante nessa época a
distinção de um outro grupo, as Eudicotiledôneas, fortemente sustentada em análises cladístic as e
reconhecidas pelos pólen tricolpado ou derivado desse. As angiospermas passaram então a estar
divididas em angiospermas basais formando um grado na base, seguidas por um clado composto de
grupos de Magnoliideae contendo 6% das angiospermas mais as Monocotiledôneas com cerca de
19% e finalmente as Eudicotiledôneas com os restantes 75%. Atualmente, estudos com um número
maior de dados mostram que as Magnoliideae não estão mais relacionadas com as
Monocotiledôneas e sim com as Eudicotiledôneas, de modo que com exceção de Amborella, as
aquáticas Nymphaeales, Choloranthaceae, Ceratophyllaceae, Austrobaileyales poderiam sim ser
divididas em dois grande grupos semelhantes às tradicionais Mono e Dicotiledôneas.

7. GRUPOS BASAIS
Utilizando a classificação de APG II (2003) as antigas Magnoliopsidas são todas as
Eudicotiledôneas e mais cinco ordens e oito famílias das Angiospermas Basais. As Angiospermas
Basais formam um grupo parafilético, Amborellaceae, Chloranthales e Ceratophyllales são ordens
monotípicas. Nymphaeales é constituída por duas famílias, ambas representadas no Brasil,
Austrobaileyales inclui quatro famílias.
Amborellaceae é uma família de plantas endêmica da Nova Caledônia. A família consiste
de uma ínica espécie, Amborella trichopoda. O APG II reconhece esta família mas não reconhece a
ordem Amborellaceae devido a incerteza sobre sua relação com a família Nymphaeaceae.
Entretanto, especialistas na família reconhecem a ordem Amborellales. Amborella é considerada
como a linhagem mais basal no clado das Angiospermas, baseada nas regiões de DNA de plastídios
e análises filogenéticas e caracteres estruturais de genes classe B (Soltis, 2005)
41

O Amborellaceae são arbustos ou árvores pequenas com folhas sem estípulas. As folhas possuem
margens onduladas. As plantas são dióicas, e as flores são pequenas, em inflorescências cimosas
terminais, com um perianto de sépalas e pétalas indiferenciados organizado em espiral, em lugar de
whorls de angiosperms mais derivado.

Chloranthaceae
Chloranthaceae é uma família pantropical, com quatro gêneros, apenas Hedyosmum (40
spp.) ocorrendo na região Neotropical. As folhas são opostas e serreadas. O ovário é unicarpelar,
uniovular, geralmente superior. O óvulo é pendente, ortótropo, bitegumentado. Em Ascarina e
Hedyosmum as flores são geralmente unissexuais. Em Ascarina (Malásia, Polinésia, Nova
Zelândia), as flores são extremamente simples, as masculinas (em amentilho) possuem apenas um
estame (como em Hedyosmum) e as femininas exclusivamente um carpelo (em Hedyosmum, a flor é
subtendida por uma bráctea e possui um discreto perianto trilobado). Nesses dois gêneros, o
conectivo das anteras é elongado, a quantidade de pólen produzida é grande e o estígma seco e
amplo, sugerindo a polinização pelo vento. Em Sacandra e Chloranthus (ambos do leste Asiático e
Indomalásia), as flores são bissexuais, com um ou três estames (sinângios). Nesses gêneros, pela
mudança de cor durante a maturação da parte reprodutiva e produção de odor, parece que a
polinização é feita por besouros.
A simplicidade contrasta com o arquétipo de flores primitivas, com muitas peças florais.
Alguns autores interpretaram as flores bissexuais de Sacandra e Chlorantus como pseudanto,
formado pela fusão de duas flores unissexuais. A estrutura reprodutiva bastante particular dificulta o
estabelecimento das relações com outros grupo e Chloranthus já foi incluído em Loranthaceae e
Caprifoliaceae, assim como Chloranthaceae nas ordens Piperales, Magnoliales, laurales e
Annonales, até finalmente na década de 80 ser considerada em uma ordem a parte. O pólen
columelado, reticulado, principalmente de Ascarina, muito semelhante aos primeiro grãos de pólen
do registro de angiosperma e a ausência de vasos em Sacandra indicam a antiguidade do grupo.
A família inclui ca. 75 espécies, distribuídas na região tropical e subtropical. No Brasil, ocorre
principalmente H. brasiliense, cuja as folhas são utilizadas em infusão para o tratamento de febres e
reumatismos, como diurético, etc.

Sarcandra glabra (Thunb.) Nakai Chloranthus japonicus Siebold

Nymphaeaceae
São plantas aquáticas com folhas flutuantes. As flores grandes, bissexuais, com 3-5 (ou
muitas) sépalas e 4 a muitas pétalas, petaloides ou não. São muitos estames laminares, espiralados,
estaminódios geralmente presentes, 3-47 carpelos pós-genitalmente sincárpicos e sem um cômpito
interno, o ovário pode ser súpero ou ínfero. São muitas as peças florais. Victoria, possui órgãos
estéreis entre os estames e os carpelos (interpretados como paracarpelos ou inter-estaminódios) e
42

flores termogênicas, com calor gerado nos apêndices dos carpelos. O estilete não é distinto e existe
um corpo de alimento no ápice do estigma. Existe um cômpito extra-ginoecial devido a presença de
secreção. Os óvulos podem ser 3 até mais de 400, crassinucelados, bitegumentados e anátropos
(raramente ortótropos); em Nymphaea a placentação é parietal (laminar).
Ocorrem no mundo todo, Nymphaea (40 spp.) e Victoria (vitória-régia)

Nymphaea odorata Aiton Nymphaea sp.


O CLADO MAGNOLÍDEAS é constituído por quatro ordens, todas representadas no
Brasil. Canellales (Canellaceae e Winteraceae), Laurales (Siparunaceae, Monimiaceae,
Hernandiaceae, Lauaraceae), Magoliales (Magnoliaceae, Myristicaceae, Annonaceae) e Piperales
(Hydonoraceae, Aristolochiaceae e Piperaceae).
As Magnoliidae são conhecidas por apresentarem o grupo mais conservativo entre as
gimnospermas. O número e a filotaxia dos carpelos e das demais partes flor ais são bastante
variados. Ao longo da evolução, entretanto, houve uma tendência à fixação do número floral em 3,
4 e 5 e o padrão verticilado das peças (a seleção do padrão verticilado deve ter facilitado a formação
de um cômpito interno em gineceus sincápicos). Os estames são caracterizados em alguns grupos
pela quantidade elevada de tecidos ao redor dos sacos polínicos e falta de uma diferenciação entre
anteras e filetes. Esses estames laminares são supostamente primitivos, mas como as plantas desse
grupo são em muitos casos protogínicas e polinizadas por besouros, mudanças para esse estado
poderiam ser justificadas pela maior proteção dos sacos polínicos. Num segundo momento, eles
poderiam ajudar também na atração de polinizadores, tornando-se vistosos e produzindo odores.
Com a diminuição do tecido, passou a haver uma diferenciação entre estilete e anteras e a forma
ficou mais conservativa.
O gineceu é geralmente apocárpico (como também o é nas primeiras angiospermas fósseis)
ou unicarperlar, mas não é raro a presença de um cômpito, região que permite a distribuição dos
tubos polínicos entre os carpelos. Nos grupos basais o cômpito é geralmente extra-ginoecial,
composto por um trato comum secretado pela região estigmática e que forma uma camada sobre o
gineceu. Ele funciona, então, como um hiperestigma. A sutura do carpelo é a região por onde o tubo
polínico germina para penetrar no ovário e é responsável pelas reações de incompatibilidade. As
superfícies internas dos carpelos são geralmente fundidas pós-genitalmente, mas em alguns casos a
abertura não é obstruída e sim preenchidas por uma secreção (como em Nymphaeales). Os óvulos
são geralmente crassinucelados, bitegumentados (os unitegumentados parecem ser derivados) e
anátropos (os ortótropos parecem ter surgido diversas vezes, geralmente em carpelos uniovulados),
de um a muitos por carpelos. A micrópila é fechada pelos tegumentos (exceção em Myristicaceae,
fechada por secreção. Nesses grupos, a polinização é realizada por besouros e moscas. A corola
resultou da modificação de estaminódios periféricos. As flores bissexuais nas Magnoliales são
sempre protogínicas. (para morfologia e anatomia floral das angiospermas basais veja Endress
1986, Endress & Hufford 1989, Endress & Igershein 1997, Igershein & Endress, 1997, Igershein &
Endress 1998).
Enquanto em gimnosperma existe um investimento maciço em lignina e taninos, oferecendo
proteção mecânica e repelência genérica, respectivamente, as angiospermas passaram a produzir
43

toxinas mais específicas. A produção desses compostos surgiu com a redução da cadeia metabólica
que leva ao alcool cinamílico envolvido na produção de lignina e também na produção de taninos
através do ácido cinâmico. A interrupção da cadeia em fenilalanina implicou a diminuição de
lignina e permitiu a diversificação de uma série de compostos químicos. Como alcalóides derivados
de fenilalanina geralmente não retêm terpenóides, esses componentes voláteis passaram a
desempenhar papel importante na atração de polinizadores pelo odor (Gomes & Gottl ieb 1979). Em
Magnoliidae, são comuns os alcalóides benzil-isoquinolínicos. Em Ranunculales e Papaverales, eles
aparecem extremamente diversificados, característica que foi usada para justificar a posição dessas
ordens em Magnoliidae.
Para uma caracterização das angiospermas de acordo com a classificação atual visite o
Angiosperm Phylogeny Website, para descrições de famílias o Advanced Plant Taxonomy e para
figuras de angio e gimnosperms veja o Vascular Plant Family access Page (endereços na minha
página).

SUBCLASSE MAGNOLIIDAE
Embora seja claro que as Magnoliidae reúnem o maior conjunto de caracteres primitivos,
não há um conjunto simples de atributos que possa ser usado para definir a subclasse. Qualquer
caráter que se escolha para definir as Magnoliidae esbarra em uma dificuldade: a de encontrar-se
importantes exceções dentro do grupo, ou seja, sempre haverá famílias numerosas que não
apresentam aquele caráter.

Em geral, as Magnoliidae se caracterizam pelos seguintes atributos:


1. Perianto bem desenvolvido, muitas vezes sem diferenciação em cálice e corola
2. Cantarofilia.
3. Numerosos estames centrípetos.
4. Flores apocárpicas.
5. Embrião pequeno; abundante endosperma.
6 Pólen uniaperturado, monossulcado.
7. Células oleíferas esféricas.
Todos os caracteres acima são admitidamente primitivos. Outros caracteres
acentuadamente primitivos que podem mais raramente encontrar-se no grupo são: flores acíclicas
ou hemicíclicas, carpelos sem soldadura em suas margens e ausência de elementos de vasos.

7. EVOLUÇÃO E CLASSIFICAÇÃO
A ordem basal na subclasse é representada pelas Magnoliales, um conjunto de famílias com
a maior concentração de caracteres primitivos. Aqueles mencionados como raramente encontrados,
só são encontrados nesta ordem.
Células oleíferas, pólen uniaperturado e hábito lenhoso, que parecem ser caracteres básicos
da subclasse, comuns nessa ordem. É muito comum também a presença de flores trímeras. Estas
características são compartilhadas com as Laurales, embora esta última tenha pólen inaperturad o ou
biaperturado, em geral, com flores menores, podendo ser períginas ou epíginas; as flores estão
dispostas em inflorescências.
A ordem Piperales dividem com as Magnoliales a presença de pólen uniaperturado e c élulas
oleíferas. São plantas em geral não lenhosas e com flores anemófilas, extremamente reduzidas e
reunidas em inflorescências em espigas altamente congestas. As ordens Nymphaeales não
44

apresentam células oleíferas. As Nymphaeales são aquáticas, desprovidas de elementos de vasos.

Magnoliaceae (Magnoliales)
Plantas arbóreas, com folhas simples e alternas; estípulas que protegem a gema apical.
Flores isoladas, acíclicas e trímeras. Androceu polistêmone, com estames rudimentares. Gineceu
multicarpelar e apocárpico. e.g.: Magnolia, Michelia, etc.

MAGNOLIALES. A_D. Magnolia grandiflora. A. Flor mostrando


numerosas tépalas, Detalhe do pistilo; C. Flor mostrando carpelos, D.
Frutos com folículos agregados.

Fonte: SIMPSON, 2006


Winteraceae (Magnoliales)
É considerada a família dotada dos caracteres mais primitivos em todas as Magnoliophyta,
devido às características dos carpelos conduplicados e não soldados pelas margens, além do xilema
desprovido de elementos de vaso. e.g.: Drimys.

Annonaceae (Magnoliales)
Plantas arbóreas com folhas simples, alternas, sem estípulas. Flores em inflorescências,
hemicíclicas, trímeras. Androceu polistêmone, estames diferenciados em antera, conectivo e filete,
este com diâmetro grande e carnoso. Gineceu multicarpelar e apocárpico. e.g.: Rollinia, Annona.

MAGNOLIALES. Annonaceae. Annona cherimola. A. Caule, mostrando folhas dísticas. B. Detalhe do caule, com folhas
jovens. C. Flor em detalhe, mostrando perianto não diferenciado. D. Flor, perianto removido. Note androceu com estames
numerosos stamens and apical, apocarpous gynoecium of numerous pistils.

Fonte: SIMPSON, 2006


45

Lauraceae (Laurales)
Plantas arbóreas, com folhas simples, alternas, sem estípulas. Flores pequenas, em
inflorescências, cíclicas, trímeras. Androceu com poucos verticilos de estames altamente
diferenciados, com anteras abrindo-se por valvrs. Gineceu tricarpelar, sincárpico, unilocular, ovário
súpero, com um óvulo de placentação apical. e.g.: Laurus, Persea, Ocotea.

LAURALES. Lauraceae. A. Sassafras albidum. B–D. Laurus nobilis,. B. Ramo. C. Flor mostrando tépalas
e estames D. Antera, mstrando deiscência valvar na base da antera, uma valva por teca . E–I. Persea
americana, Abacate. E. Inflorência . F. Flor. Fonte: SIMPSON, 2006

Nymphaeaceae (Nymphaeales)
Plantas aquáticas. Flores isoladas, grandes, tépalas numerosas. Androceu polistêmone, os
estames mais externos, petalóides. Gineceu sincárpico, ovário súpero ou ínfero, placentação
laminar, muitos óvulos por carpelo. e.g.: Nymphea.

Magnoliaceae
As folhas são espiraladas, com estípulas. Podem ter perianto trímero ou com muitas partes.
Possui 1-222 carpelos, arranjados de maneira espiralada ou irregular, livres mas em alguns casos
unidos pos-genitalmente no fruto ou já na flor. O estigma é uma crista na porção apical do carpelo,
quase seco. Óvulos, geralmente de 2-12 por carpelo, são bitegumentado, anátropos. Em Michelia
são dois óvulos por carpelo e o fruto apresenta os carpelos bem separados, como frutículos.
Ocorre nas Américas e sudeste Asiático até a Malásia, contando com ca. 225 espécies. Talauma é o
único gênero, mas Magnolia e Michelia são utilizadas na urbanização.

Winteraceae
É considerada entre os grupos mais antigas, possui pólen registrado para o Início do
Cretáceo e ausência de vasos. As folhas são espiraladas. Possui 2-4 lobos no cálice e de 2 a muitas
pétalas. São geralmente muitos estames espiralados e o pólen está arranjado em tétrades. Possui de
1 a 50 carpelos, livres ou sincárpicos pós-genitalmente. O estigma é uma crista curta ou longa e o
transmissor de tubos polínicos se estende até a região placental. Os óvulos, 5-60 por carpelos, são
bitegumentados e anátropos. A filotaxia floral é variada (verticilada, irregular ou espiralada),
especialmente o androceu, e o tamanho e número das partes também podem variar
consideravelmente até mesmo em uma mesma espécie.

CANELLALES
Atualmente incluí 4-9 gêneros e 60-100 espécies, geralmente de regiões tropicais montanas.
No Brasil, o único representante é Drymis.
46

Lauraceae
Com exceção de Cassytha (parasita), são lenhosas. As flores são bissexuais (raramente
unissexuais), reduzidas, trímeras, poucos verticilos de estames com aberturas valvares e
freqüentemente um par de glândulas basais, estaminódios freqüentes. O gineceu é unicarpelar, com
um óvulo bitegumentado, anátropo, de placentação apical (pendente). O ovário é geralmente
superior, mas está incluído em um receptáculo, raramente ínfero. O estigma é capitado. O pólen é
geralmente inaperturado e esferoidal. A produção de frutos é relativamente pequena, ca. de um a
cada 1000 flores, e a maturação lenta, podendo chegar a mais de um ano. A dispersão é feita
principalmente por pássaros e secundariamente por roedores.
A família é pantropical contando com 2000 espécies e 50 gêneros não muito bem definidos.
Os gêneros mais representativos no Novo Mundo são Ocotea (300-500 spp.) espécies e Nectandra
(114 spp.). São importantes economicamente a canela (cinnamomum), o abacate (Persea
americana). O louro (Lauro), de origem mediterrânea, era usado na coroa de heróis e atletas na
Grécia, tradição que se estendeu até o tempo dos Césares, em Roma.

Monimiaceae
Árvores ou arbustos, com folhas opostas e flores em muitos gêneros unissexuais. O
diocismo parece ter surgido diversas vezes no grupo. Perianto com 4-6 sépalas, mas geralmente
tetrâmero, oito a muitos estames. Os carpelos podem chegar a 2000 (perde para Ranunculaceae que
podem ter até 10.000), verticilados, espiralados ou irregularmente arranjados Eles são livres e
expostos ou podem estar incluídos em uma taça floral (receptáculo), tendo apenas a região receptiva
exposta por um poro estreito, formando assim um hiperestigma. O óvulo 1 a muitos, é anátropo,
bitegumentado (raramente unitegumentado). A família apresenta uma redução do tamanho e dos
números de partes florais, uma reestruturação da disposição espiralada para radial e finalmente
decussada, uma transição de carpelos livres para sincárpicos e ínferos, progressão de monoecia para
dioecia (Santos & Peixoto 2001).
A família compreende 30 gêneros e 400-450 espécies. Ocorrem nas regiões tropicais e
subtropicais do mundo, especialmente do hemisfério sul (SE do Brasil e arquipélago malaio). No
Brasil, ocorrem seis gêneros, destacando-se Mollinedia (ca. 90 que podem ser reduzidas a 20
espécies) e Siparuna (74 espécie, América tropical, parece que o dioicismo surgiu diversas vezes no
grupo). A abrangência da família inclui um grupo polifilético e a separação do grupo de Siparuna
deve ser considerada.
Possui aplicação para extração de óleos aromáticos e o boldo-do-chile é amplamente
empregado no tratamentos hepáticos e anti-inflamatórios.

Piperaceae
As flores são bissexuais. Geralmente dois a três estames, mas até 10, e com geralmente até
quatro carpelos. O carpelo possui apenas um óvulo basal, ereto, ortótropo e bitegmentado (exceção
Peperomia, que é unitegmentado, mas com evidências de redução) e de 1-7 estigmas, sugerindo
uma sincarpia original para os carpelos com mais de um estígma. O óvulo. A polinização é pouco
estudada, mas deve ser realizada principalmente por abelhas, besouros e moscas; em espécies
brasileiras de Piper foi detectada a ambofilia (Figueiredo & Sazima 2000).
47

A distribuição é pantropical. No Brasil, estão presentes os dois maiores gêneros, Piper (ca.
1000 spp.) e Peperomia (flores bastante reduzidas, com um ovário e dois estames, subtendidos por
uma brácteas.
Pertencem a esta família algumas plantas utilizadas como medicinais, como a pariparoba ou
caapeba (Piper umbellata) e o falso-jaborandi (Piper spp.), além de plantas condimentares, como a
pimenta-do-reino (Piper nigrum). Algumas espécies de Peperomia são utilizadas como
ornamentais, em canteiros ou em vasos como planta pendente ou ereta, com nome popular igual ao
do gênero.

PIPERACEAE. A. Piper nigrum, pimenta . Morfologia vegetativa . B. Peperomia


argyreia, . Espádice em inflorescência . C. Peperomia sp. Detalhe da inflorescência ,
mstrando numerosas brácteas. D. Planta com espádice. Fonte: SIMPSON, 2006

Aristolochiaceae
São plantas volúveis, lenhosas ou não, raramente eretas, com folhas cordadas e venação
palmatinérvea. Flores hipo ou epígenas, bissexuais, com cálice tubular ampliado e corola reduzida
ou ausente. Possuem 5-12 estames, parcialmente conados, pólen inaperturado (?), 3-6 carpelos,
basal até completamente sincárpico. Em Aristolochia o gineceu é fundido congenitalmente com os
estames, formando um ginostêmio. O estigma é comum a todos os carpelos (cômpito interno); em
alguns casos parece que houve um aumento na quantidade de estígmas, que são mais numerosos
que os carpelos. Pode ter de 2 a150 óvulos por carpelo. Eles são crassinucelados, bitegumentado e
anâtropos. Saruma representa uma ligação interessante entre Aristolochiales e as demais
Magnoliidae, graças ao pólen monossulcado e gineceu multicarpelar, apocárpico, unidos apenas na
base, mesmo o ácido aristolóquico parece derivar de alcalóides aporfínicos característicos da
subclasse. Conta com ca. 410 espécies

ARISTOLOCHIACEAE. A. Asarum canadense, wild ginger. A.


Planta mstrando cálice trímero. B,C. Hexastylis minor. B. planta.
C. Detalhe do cálice petalóide D,E. Aristolochia elegans. D. Gema
floral. E. visão da gema floral na maturidade. F,G. Aristolochia
macrophylla. F. Trepadeira,com grandes folhas cordatas. G. Flor
48

Annonaceae
As flores são geralmente trímeras, com diferenciação entre cálice e corola. Pólen
inaperturado, em tétrades. Possui de 1-400 carpelos, geralmente livres e arranjados de maneira
verticilar ou irregular. O estigma é papilar e bastante secretor, a secreção forma uma camada
naqueles gêneros com numerosos carpelos. Essa camada secretora se estende até a placenta, e
envolta dos funículos dos óvulos. São de 1-30 óvulos bi(tri)tegmentados e anátropos por carpelo.
Uma das maiores famílias de Magnoliidae com ca. 128 gêneros e 2300 espécies, de
distribuição pantropical. No Brasil, são relacionados 26 gêneros (seis endêmicos) e 260 espécies
(Maas et al. 2002), destacando-se Guateria com 250 espécies e Annona (graviola e fruta-do-conde).
São geralmente espécies florestais, mas também podem ocorrer em áreas abertas.

Myristicaceae
Facilmente reconhecida pela produção de exudado avermelhado. As folhas são espiraladas,
as flores monoclâmideas com arranjo do perianto verticilado, geralmente trímero. Apenas um
carpelo uniovulado, completamente ou quase plicado, o óvulo é anátropo, sub-basal. O estígma é
unicelular, papilado, bastante secretor.
Inclui 300-475 espécies e tem distribuição pantropical. No Brasil, destaca-se a Virola,
utilizada por índios como alucinógeno em rituais religiosos.

7. AS EUDICOTILECÔNEAS OU CLADO DAS FAMÍLIAS TRICOLPADAS


Quase 2/3 das Angiospermas estão incluídas nas Eudicotiledôneas. Este clado tem aparecido
com grande sustentação nas diversas análises baseadas em dados macromoleculares. O único
caráter morfológico que parece emergir como sinapomorfia desse grande grupo de angiospermas é
o pólen triaperturado (mais precisamente tricolpado, isto é, com 3 aberturas em forma de colpo,
nome que se dá a sulcos alongados dispostos ao longo da região equatorial do grão de pólen). Deve
ser ressaltado que muitas famílias dentro desse grupo apresentam na verdade tipos polínicos
derivados do tipo basal tricolpado, como por exemplo: grãos triporados e poliporados (abertura em
forma de poro), grãos colporados (abertura composa de colpo e esporo), etc. Talvez no futuro venha
a ser demonstrado que outros caracteres morfológicos, como flores 4-meras ou 5-meras, possam
também representar sinapomorfias deste clado, uma vez que nos clados basais de angiospermae
(incluindo monocotiledôneas) predominam flores 3-meras.
Nas Eudicotiledôneas são reconhecidas as tricolpadas basais-Ranunculales, Proteales e outras
“tricolpadas basais” e tricolpadas centrais ou “eudicotiledôneas centrais”

TRICOLPADAS BASAIS: RANUNCULALES


Este clado é considerado monofilético baseado em caracteres moleculares e morfológicos
(hábito herbáceo, presença de alcalóides benzil-izoquinolínicos, flores hipóginas com as partes
florais livres, geralmente com muitos estames e sementes com embrião delicado e endosperma
abundante). A ordem consiste de 7 famílias e ca. de 3490 espécies; as maiores famílias incluem
Menispermaceae, Berberidaceae, Ranunculaceae e Papaveraceae.
Cronquist (1988) incluiu Ranunculales e Papaverales (ambos com pólen triaperturado) no complexo
“complexo magnoióide” (pólen uniaperturado), principalmente pelo gineceu apocárpico e
49

elementos florais espiralados na primeira e pela presença de numerosos alcalóides benzil -


isoquinolínicos na segunda.

PROTEALES E OUTRAS “TRICOLPADAS BASAIS”


Várias famílias com flores reduzidas, anemófilas, muitas vezes agregadas em inflorescências
do tipo amentilho, têm sido tradicionalmente agrupadas num grupo chamado Hamamelidae
(Cronquist, 1988). Como mostrado por numerosas evidências, este grupo não é monofilético. Dados
morfológicos, seqüências de rbcl e 18 rDNA suportam o arranjo basal destas famílias tricolpadas,
com Proteaceae, Platanaceae, e Nelumbonaceae formando o clado denominado Proteales.
O clado das eudicotiledôneas centrais compreendem 7 subclasses: Gunnerales,
Berberidopsales, SAxifragales, Santanales, rosids, Dilleniaceae/Caryophyllales e Asterids. Embora
todos os subclados sejam geralemtne fortemente suportados em análise envolvendo dois ou três
genes, relações entre eles ainda permanecem mal resolvidas.

ORDEM CARYOPHYLLALES
Constituem um grupo relativamente bem representado no Brasil. Das 29 famílias que
compõem a ordem 14 possuem espécies nativas. Além disso, Nepenthaceae, que é constituída por
um único gênero, Nepenthes, é cultivada devido ao fato das espécies serem carnívoras.
Tamaricaceae possui representantes cultivados no Sul do Brasil, além de uma espécie
subespontânea no Rio Grande do Sul: Tamarix gallica.
O conceito atual de Caryophyllales inclui, além das famílias tradicionalmente reconhecidas
na ordem, outras comumente incluídas em outras ordens de Caryophyllidae: Poligonaceae
(Poligonales) e Plumbaginaceae (Plumbaginales), Dilleniidae: Droseraceae e Nepenthaceae e
Rosidae: Rhabdodendrceae.
Nas Caryophyllales destacam-se, entre as características mais marcantes, o fato de serem
geralmente plantas herbáceas ou, quando lenhosas, geralmente possuírem crescimento anômalo, as
folhas serem comumente carnosas e as flores possuírem verticilos (brácteas, cálice e corola) que
frequentemente confundem-se entre si, como em Mirabilis (Nyctaginaceae) e nas Portulacaceae que
possuem brácteas muito semelhantes a um cálice, sendo as sépalas petalóides.
São plantas predominantemente herbáceas com flores monoclamídeas. É provável que o
ancestral possuía flores apétalas ou dotadas de corola muito reduzida. Ainda hoje são comuns
representantes com flores pequenas, inconspícuas, com pétalas inaparentes ou ausentes. Em várias
famílias a evolução de mecanismos que atuam na atração de polinizadores selecionou diferentes
linhagens: nas Nyctaginaceae, por exemplo, as flores são monoclamídes, mas o cálice forma um
tubo vistoso e as brácteas na base das flores podem ser grandes e coloridas; nas Cactaceae e
Aizoaceae, as numerosas e vistosas peças do perigônio resultam da modificações de estames.
Um grande número de plantas deste grupo apresenta evidentes adaptações a ambientes com
baixa disponibilidade hídrica, como regiões áridas e halofíticas. Assim, o hábito suculento (caule e
folhas carnosas) é frequentemente observado, como é o caso típico das cactáceas. Outras adaptações
a ambiente seco são os mecanismos C4 e CAM de fixação de gás carbônico na fotossíntese.
As betalaínas, substâncias típicas e exclusivas da ordem, são pigmentos nitrogenados
existentes nos vacúolos celulares, que substituem as antocianinas, pigmentos não nitrogenados
presentes em todos os demais grupos de angiospermas.
Cactaceae
50

Família neotropical de plantas geralmente afilas, com cladódios muito carnosos e folhas
modificadas em espinhos. Estes nascem de auréolas, que são depressões no cladódio onde se
localizam as gemas. As flores são grandes, isoladas, com numerosas tépalas vistosas,
provavelmente originadas por modificações dos estames. Estes são também numerosos. O ovário é
ínfero, unilocular, com muitos óvulos. Ex. Opuntia (palma); Cereus (mandacaru); Pilosecereus
(xique-xique).

CACTACEAE. A,B. Pereskioideae, Folhas fotossintéticas. A. Pereskia grandiflora. B. Quiabentia zehntneri. C. Cactoideae,
Caule com flhas em forma de espinho D,E. Opuntioideae, glochidia. D. massa de glochidia. E. glochidium simples F.
Mammillaria dioica, com espinhos uncinados. Fonte: SIMPSON, 2006

ORDEM SAXIFRAGALES
É uma ordem pouco representada no Brasil. Das 10 famílias que têm sido consideradas,
apenas Crassulaceae e Haloragacee ocorrem no Brasil, com poucas espécies nativas. Família s
cultivadas: Altingiaceae, Grossulariaceae, Saxifragaceae, etc. A circunscrição de Saxifragaceae foi
alvo de divergências entre os taxonomistas tradicionais, havendo diversas propostas de subdivisão
da família. Os estudos de filogenia revelaram que Saxifragaceae sensu lato não é um grupo
monofilético.

SANTALALES
As Santalales são relativamente bem representadas no Brasil. Das cinco famílias que
compõem a ordem, apenas Misodendraceae, nativa principalmente da região Andina, não ocorre no
Brasil. O conceito tradicional de Santalales se alterou pouco com os recentes trabalhos em filogenia,
com exceção da exclusão de Balanophoraceae, que é considerada uma família de posição incerta. A
maioria das Santalales são hemiparasitas, embora este aspecto ainda não esteja suficientemente
estudado em algumas famílias que compõem a ordem, talvez devido ao fato de que determinadas
famílias são predominantemente arbóreas, não havendo indícios externos evidentes desta forma de
vida.

ROSÍDEAS

Myrtales 13 famílias, 6 ocorrem no Brasil. Grupo monofilético, baseado em dados da morfologia,


embriologia, anatomia,s equencia de rbcl e ndhF-Judd et al 1999 e APG II. Combretaceae,
Myrtaceae, Onagraceae, Cochysiaceae, Lythraceae.
51

Myrtaceae
Folhas opostas, com pontuações translúcidas, flores actinomorfas, androceu polistêmone,
ovário ínfero/disco receptacular conspícuo. Fruto baga ou cápsula. Psidium Goiaba, jambo –
Syzygium jambos.

MYRTACEAE. A. Actinodium cunninghamii, tendo um capitulo se assemelhando aquela das Asteraceae.B,C. Callistemon citrinus. B. cápsu la s
e espigas, com crescimetno vegetative apical. C. Detalhe da flor mostrando periando reduzido e numerosos estames. D. Calothamnus
sanguineus, com estames conados zigomórficos. E. Darwinia fascicularis, apresentando cabeça e estiletes alongados. F. Eucalyptus obtu si o ra ,
mostrando cá psulas. G. Eucalyptus torquata.. H,I. Eucalyptus sideroxylon. H. Flor em secção longitudinal, mostrando ovário ínfero e hipanto. I.
Estilete e estigma . J. ovário em secção, mostrando placentação axilar. Fonte: SIMPSON, 2006

Eurosideas I
- clado sustentado por dados moleculares
- flores diclamídeas de pétalas livres, mono ou aclamídeas.
7 ordens: Celastrales, Malpighiales, Oxalidales, Fabales, Rosales, Cucurbitales e Fagales.

ORDEM MALPIGHIALES
É a maior de Rosídeas, incluindo 31 famílias, das quais 22 ocorrem em estado nativo no
Brasil. Os recentes estudos em filogenia evidenciaram que este grupo somente seria monofilético
com esta composição, que inclui famílias reconhecidas em diferentes grupos por Cronquist (1988) e
outros autores. A maior parte das Malpighiales, ´3 composta por famílias provenientes de parte das
ordens Violales e Theales (subclasse Dilleniidae de Cronquist), além de mais alguns elementos
reconmhecidos em outros grupos em Rosidae, como Euphorbiaceae, Chrysobalanaceae e
Rhizophoraceae. Algumas famílias: Turneraceae, Pasifloraceae, Erythoxylaceae, Rhizophoracae,
Clusiaceae,, Podostemaceae, Malpihiaceae, Ochnaceae, Euphorbiaceae, Chrysobalanaceae,
Trigoniaceae e Caryocaraceae.
Família Malpighiaceae
Família pantropical, 66 gêneros e 1.200 espécies. Árvores, arbustos, lianas ou ervas perenes;
folhas opostas, inteiras com estípulas intra-peciolares; flores diclamídeas, pentâmeras, 1 pétala
ligeiramente maior que as outras e sépalas com uma ou duas glândulas produtoras de óleo -
elaióferos); estames 10, gineceu tricarpelar,ovário súpero, 3-locular, 1 óvulo por lóculo; fruto
esquizocarpo drupa ou sâmara.
Euphorbiaceae
É representada por 307 gêneros e 6.900 espécies. Ampla distribuição, especialmente na
América do Sul. Árvores, arbustos, ervas ou trepadeiras, as vezes suculentas ou cactiformes, canais
laticíferos produtores de látex, geralmente urticantes ou venenosas. Folhas geralmente alternas,
simples, as vezes palmatilobadas ou compostas; estípulas geralmente presentes; flores diclinas
(plantas monóicas ou dióicas), monoclamídeas ou aclamídeas raro diclamídeas) reunidas em ciátios
52

ou em racemos (flores femininas embaixo e masculinas em cima), 0-6 pétalas, e 3-6 sépalas,
estames 1-vários, gineceu 3-carpelos, ovário súpero, 3-lóculos, 1 ou 2 óvulos por lóculo, disco
nectarífero presente, fruto cápsula tricoca ou às vezes baga, drupa ou sâmara. Manihot (mandioca);
Ricinus (mamona)
EUPHORBIACEAE A.
Chamaesyce maculata, detalhes da s
folhas B. Euphorbia ingens, caule
da planta suculenta . C. Euphorbia
baioensis, mostrando estípulas. D.
Euphorbia obesa. E. Euphorbia
milii, E. ramos aereos da plata . F.
Detalhe das bracteas.G,H.
Euphorbia grandicornis. G.
ORDEM OXALIDALES – 4 famílias, Oxalidaceae . H. Cyathia. Fonte: SIMPSON,
ORDEM CUCURBITALES – 3 famílias, Anisophylleaceae,2006 Cucurbitaceae eBegoniaceae.
Cucurbitaceae
Plantas herbáceas trepadeiras ou rastejantes com gavinhas, folhas alternas simples ou
palmatilobadas; sem estípulas, flores diclinas (dióicas, raramente monóicas) com um hipanto.
Pentâmeras. Gineceu 3-carpelos, ovário ínfero ou semi-ínfero, muitos óvulos por placenta, fruto
baga (pepônio) ou uma cápsula seca ou carnosa. Cucúrbita (abóbora), Sechium (chuchu), cucumis
(pepino, melão)

ORDEM FABALES
As fabales representam um grupo monofilético sustentado pelos dados moleculares (rbcl),
sendo prováveis sinapomorfias morfológicas as pontuações guarnecidas (tipo especial de pontoação
dos elementos do xilema), as placas de perfuração simples nos elementos de vasos, e o embrião
grande e verde.
Apresenta como Família mais importante e/ou representativa a Família Fabaceae.
Fabaceae ou leguminosae (18.000 espécies)
É a maior família das Angiospermas, depois das Asteraceae (Compositae) e das
Orchidaceae. Basicamente são eudicotiledôneas com folhas compostas, estipuladas, dotadas de um
só carpelo (gineceu apocárpico, súpero). O tipo de fruto mais comum é o legume (fruto unicarpelar
abrindo-se em duas valvas), mas também ocorrem sâmaras , drupas e lomentos. Na base das folhas
e folíolos existem pulvinos, que podem permitir movimentos dessas estruturas. Nódulos radiculares
com bactérias nitrificantes (Rhizobium) são freqüentes na maioria das espécies, e tal associação
simbiôntica possibilita a instalação em solos pobres em nitrogênio.
Três grandes subfamílias são facilmente distintas da seguinte maneira:

1. Flores actinomorfas, prefloração valvar; grãos de pólen em políades................. Mimosaceae


( Mimosoideae)
1’. Flores zigomorfas, prefloração imbricativa, grãos de pólen isolados
2. Prefloração imbricativa ascendente........................................................Caesalpinoideae
2’. Prefloração imbricativa descendente..............................................................Faboideae
Caesalpinoideae – é considerada a família com maior número de caracteres plesiomórficos
no grupo, principalmente as flores abertas, sem união entre as pétalas, madeira primitiva, e defesas
químicas como taninos. Androceu geralmente em número de 10 estames. Algumas espécies
53

fornecem madeira de importância econômica, muitas têm emprego ornamental, outras produzem
resina (copaifera).

Caesalpinoideae." A,B. Amorpha fruticosa. A. Planta . B.


detalhe da espiga . C. Bauhinia variegata.. Fonte: SIMPSON,
2006

Mimosoideae – Neste grupo observam-se caracteres apomórficos como pétalas unidas e


androceu monadelfo. Suas defesas químicas são semelhantes as de Caesalpinoideae, mas
geralmente associadas a defesas mecânicas como espinhos e acúleos. Algumas espécies fornecem
goma (Acácia, taninos, alunicógenos e venenos. Na ornamentação destacam-se as Calliandras.
MIM
OSOIDEAE.
I–K. Acacia
longifolia. I.
Folhas
(filóodios) e
inflorescência
Faboideae – observam-se os atributos mais avançados da ordem como madeira em espigaespecializada,
. J.
corola papilionácea (i. e. com pétala superior bem diferenciada em estandarte, 2detalhe
alas laterais
da e as 2
pétalas inferiores unidas formando a carena ou quilha, que abraça os estames), androceu diadelfo (9
espiga. K. Flor
individual
unidos e 1 livre) e anteras dimorfas. Defesas químicas diversificadas, alcalóides, ácidos aminados
não-protéicos e isoflavonoides. Além disso, quase todas apresentam associação com bactérias
fixadoras de nitrogênio. O grupo de maior importância, na alimentação do homem e de animais
domésticos. Phaseolus (feijão), Glycine (soja), etc.

FABOIDEAE (Papilionoideae). A–C. Wisteria sinensis.. Fonte: SIMPSON, 2006

EUROSÍDEAS II – Brassicales, Malvales e Sapindales


ORDEM BRASSICALES
Está representado por 15 famílias, das quais 4 apresentam representantes nativos no Brasil.
Brassicaceae é a família com o maior número de representantes. Moringaceae, representada por
Moringa oleifera, bastante cultivada no Brasil, conhecida popularmente como árvore-da-salsicha,
54

uma planta rústica, de rápido crescimento e frutos comestíveis, sendo seu cultivo crescente no
Brasil.

ORDEM MALVALES
É um grupo relativamente bem representado no Brasil. 9 famílias das quais 4 ocorrem no
Brasil. Compartilham os seguintes atributos: sépalas valvares, união dos estames (monadelfia ou
poliadelfia), estípulas presentes, células ou cavidades mucilainosas, glândulas nectaríferas na forma
de tricomas multicelulares, geralmente localizadas na base das sépalas. Ácidos graxos
ciclopropenílcos (exclusivos da ordem). As Malvaceae englobaram as Bombacaceae, Sterculiaceae,
Tiliaceae. Bixaceae inclui as Cochlospermaceae.

Malvaceae
Podem ser desde ervas ou arbustos até grandes árvores. As folhas são simples ou compostas
digitadas. As flores são monoclinas, com pétalas livres e vistosas, ovário súpero multilocular e
numerosos estames monadelfos (formam um tubo pela união de seus filetes), anteras bitecas ou
monotecas. Fruto cápsula esquisocarpo. Gossipium (algodão), Hibiscus (quiabo)

MALVACEAE. A,B. Theobroma cacao, cacau ( Byttnerioideae ). A.


Flor. B. Fruto, baga , fonte de chocolate. C. Guichenotia ledifolia (
Byttnerioideae ). Fonte: SIMPSON, 2006

ORDEM SAPINDALES
É um grupo bem representado no Brasil e corresponde a um dos principais componentes da
nossa flora. nove famílias, seis ocorrem no Brasil. Rutaceae, Meliaceae, Simaroubaceae,
Anacardiaceae Sapindaceae, Burseraceae.
EUDICOTILEDÔNEAS ASTERÍDEAS
As diversas ordens deste clado possuem corolas gamopétalas, caráter plesiomórfico que por si
só já denota o grau de avanço evolutivo. Coincidentemente não vão ser encontrados representantes
dessas ordens características arcaicas como estames e pistilos numerosos e espiralados, apocarpia,
nem pólen uniaperturado. Ao contrário, temos aqui a fixação de organização floral em ciclos bem
definidos e tipicamente com número reduzido de elementos, frequentemente com vários graus de
união entre peças de um mesmo ciclo e de ciclos adjacentes. Assim predominam nos grupos
consistentemente flores gamopétalas com androceu isostêmones ou oligostêmone, mais raramente
polistêmone, estames muitas vezes unidos à corola, gineceu sincárpico constituído de poucos
carpelos e aparece ainda a zigomorfia em muitas famílias, associadas a mecanismos de polinização
especializados. Um disco nectarífero está geralmente presente em torno do ovário. Quimicamente,
há freqüente ocorrência de iridóides ou de várias classes de alcalóides, acetilenos e lactonas
sesquiterpênicas que são repelentes de herbívoros, estando ausentes aqui os taninos e os alcalóides
benzi-isoquinolínicos que eram as defesas químicas principais de vários dos grupos anteriormente
estudados.
55

Monofiletismo sustentado por seqüências de rbcl e 18 s r DNA e óvulos com um único


tegumento.

ORDEM CORNALES – 7 famílias, Loaseaceae apresenta representante nativo.


Erciales – 23 famíllias , 14 possuem espécies nativas. Ericaceae, Sapotaceae, Lecythidaceae,
Myrsinaceae, Ebenaceae
Ordem Gentianales (cinco famílias ocorrem no Brasil) – Gentianaceae, Rubiaceae, Apocynaceae,
Loganiaceae, e Gelsemiaceae
A família mais importante é Rubiaceae com cerca de 6.500 espécies.

Rubiaceae
Ervas até árvores, tropical, mas com folhas opostas (ou verticiladas), com estípulas
inerpeciolares. Flores actinomorfas com estames isômeros aos lobos d corola e alternos a eles.
Ovário ínfero, 2-lóculos. Produzem iridóides. Coffea (café) Ixora.

RUBIACEAE. A. Flores. H. dicásio simples I.


Flor em secção longitudinal, mostrando ovário

ínfero. Fonte : SIMPSON, 2006

Apocynaceae
Árvores, arbustos, lianas, trepadeiras ou ervas. Látex geralmente leitoso, folhas opostas, as
vezes alternas ou verticiladas, estipulas reduzidas ou ausentes, flores bissexuais, pentâmeras,
formando um tubo, carpelos 2 apocárpicos. Estilete capitado. Allanda e Mandevilla.

APOCYNACEAE. A. Carissa grandiflora,. B.


Catharanthus roseus, C–F. Nerium oleander,
oleander. G. Plumeria sp. Fonte: SIMPSON, 2006

ORDEM SOLANALES – 5 famílias das quais as mais conhecidas Solanaceae, convolvulaceae –


caracterizam-se pelas folhas alternas, flores actinomorfas, pentâmeras, isostêmones, ovário súpero
geralmente 2-carpelos. Não ocorre iridóides.
56

Solanaceae
Ervas a ároves com óvulos numerosos, sem látex e com alcalóides (nicotina, tropano e
esteróides) que podem ser mujito tóxicos. Ex. Solanum (batatinha), Nicotiana (tabaco).

Solanaceae. A,B. Brugmansia sp. C. Datura


wrightii, Fonte: SIMPSON, 2006

Convolvulaceae
Lianas volúveis com látex e apenas 2 óvulos por lóculo, a corola caracteristicamente com
estrias evidentes no centro de cada pétala. Ex. Ipomoea (batata-doce, bom-dia)

Convolvulaceae. A–D. Calystegia sp. Fonte:


SIMPSON, 2006

ORDEM LAMIALES – 23 famílias, 14 ocorrem no Brasil. Lentibulariaceae, Gesneriaceae,


Bignoniaceae, Scrophulariaceae, Lamiaceae, Verbenaceae, Acanthaceae.
Cronquist 1981 distinguiu as Lamiales das Scrophulariaceae principalmente com base no
número de óvulos. Estudos recentes de filogenia, incluindo dados morfolóicos e macromoleculares,
evidenciaram que a distinção destas ordens não seria consistente. Entretanto, Lamiales, desde que
unida a Scrophulariales, formaria um grupo monofilético.

ASTERALES – 5 famílias, das quais Campanulaceae e Asteraceae são as mais conhecidas.


Asteraceae
É a maior família das Magnoliopidas, dividindo com as Orchidaceae o privilégio de serem
as maiores famílias de Magnoliophyta. Disribuição Cosmopolita e hábitos e folhas extremamente
variados, mas são principalmente ervas de formações abertas. Tipicamente as flores estão reunidas
em inflorescências condensadas do tipo capítulo, envolvidas por brácteas involucrais. As flores são
pentâmeras, com cálice modificado formando o característico “pappus” (cerdas ou estruturas
plumosas que auxiliam na dispersão anemocórica ou epizoocórica) localizado acima do ovário
ínfero. Androceu isostêmone, com anteras unids em tubo, e introrsas, isto é, liberam o pólen para o
lado de dentro deste tubo. Observa-se aqui um interessante mecanismo de apresentação do pólen: o
estilete, que cresce internamente através do tubo de anteras, ainda com os 2 estigmas fechados
(flores protândricas), empurra para fora o pólen, como num sistema de êmbolo. A parte receptiva
dos estigmas (ou seja, aquela na qual germinam os grãos de pólen) localiza-se na sua face interna,
57

que só se expande após a passagem pelo tubo de anteras. O gineceu é bicarpelar, o ovário
unilocular, com um óvulo de placentação basal.
As flores podem ser basicamente tubulosas e liguladas, as primeiras geralmente monoclinas
e as últimas em geral pistiladas ou neutras (i. e. estéreis). Os capítulos podem ser:
b) Radiados – com flores tubulosas centralmente (no disco) e flores liguladas na
periferia (no raio). Ex. Helianthus
c) Discóides – com flores exclusivamente tubulosas Ex. Vernonia
d) Ligulados - formando flores exclusivamente liguladas, todas elas monoclinas. Ex.
Dahlia (dália)
Assim como acontece nas Caryophyllales, o pólen das Asteraceae é tricelular no momento
da sua liberação das anteras, enquanto a vasta maioria das angiospermas têm pólen bicelular.
Outra característica marcante é a presença de inulina como carboidrato de reserva (em lugar
do amido)
Segundo autores como Cronquist (1988), a química seria mais importante que a morfologia
e biologia especializada para explicar o grande sucesso evolutivo da Asteraceae. Caracteres
morfológicos, como a inflorescência em capítulo, o mecanismo de apresentação do pólen e o hábito
herbáceo, são compartilhados pelas Asteraceae e Clyceraceae, sem que estas última tenham
usufruído o enorme sucesso biológico das primeiras (conhecem apenas 60 espécies de
Calyceraceae). Por outro lado, o conjunto de armas químicas introduzido pelas compositae
(lactonas, sesquiterpenicas, acetilenos canais laticíferos alem de certas clases muito eficientes de
alcalóides), surgiram no curso da evolução desta família numa época em que os iridóides (tão
comuns nos grupos gamopétalos precedentes) já tinham perdido muito de sua eficácia, em virtude
de co-adaptações desenvolvidas por herbívoros.

ASTERACEAE. Argyroxiphium sandwicense,


silversword. Fonte: SIMPSON, 2006
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EXERCÍCIOS
EVOLUÇÃO DE SPERMATOPHYTA

1. Considerando a evolução das Espermatófitas numa escala de tempo geológica, responda as


questões abaixo.
a. Compare as “Samambais com sementes” ou Pteridospermas com as Gnetales, considerando as
respectivas mudanças nos sistemas reprodutivos e as estruturas morfológicas associadas.
b. Porque as Gnetales estão relacionadas mais estreitamente com as Angiospermas do que as
demais Gimnospermas?
c. Durante o período de aparecimento da flor, ou seja, o CRETÁCEO, como ocorreu a
“angiospermização” ou a diferenciação das Angiospermas?
d. Qual (is) o(s) grupo(s) de Gimnospermae que está (estão) representado (s) na flora brasileira?
2. Quais as forças evolutivas bióticas exerceram influência as Angiospermas, de modo a refletir na
grande variabilidade encontrada neste grupo?
3. Descreva os grupos de Angiospermas basais, citando as respectivas características que distingue
os referidos grupos.
4. Baseando-se em quais fatos, pode-se afirmar que as Angiospermas são monofiléticas?
5. Construa uma tabela, comparando Gymnospermae e Angiospermae quanto: microgametófito e
megagametófito (especifique células e função), estruturas de dispersão polínica; diferença na
estrutura da semente; diferenciação quanto aos vasos condutores.
6. Quais as limitações da Hipótese Pseudantial de evolução floral das Angiospermas?
7. Quais grupos, dentre as Gimnospermas, que teriam maior semelhança com as Angiospermas?
Explique porquê.
8. Qual o tipo de cenário presente no Cretáceo que favoreceu a irradiação evolutiva das
Angiospermas?
9. Descreva a estrutura de uma flor primitiva.
10. Quais os fatores biológicos que promovem a diversidade nas Angiospermas?
11. Descreva quais as tendências evolutivas das flores em Angiospermas?
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8. CHAVE DE IDENTIFICAÇÃO DE FAMÍLIAS (VER CHAVE DE IDENTIFICAÇÃO DE


SOUSA 2009)

9. CHAVE PARA GÊNEROS DE ALGUMAS FAMÍLIAS ESTUDADAS EM SALA DE


AULA
Família Nymphaeaceae

A família Nymphaeaceae Benth et Hook tem cerca de 4 gêneros, dos quais no Brasil,
ocorrem seis espécies do gênero Nymphaea e dois do gênero Victoria.
Podemos distinguir os dois gêneros de Nymphaeaceae, com espécies brasileiras, pelos
seguintes caracteres:
1. Plantas com acúleos ................................................. ..........................................Victoria Lindl.
1'. Plantas sem acúleos.................................................................................Nymphaea (Tourn.) L.

Família Lauraceae
Com 47 gêneros e cerca de 1.900 espécies tropicais e subtropicais. No Brasil, a família é
representada por 19 gêneros e, mais ou menos, 390 espécies.
Podemos distinguir os gêneros brasileiros e os cultivados entre nós pelos seguintes
caracteres:
1. Trepadeiras parasitas, com caule filiforme, áfilas; anteras bilocelares ........ Cassytha L.
1'. Árvores ou arbustos com folhas alternas ou subopostas
2. Flores solitárias ou umbeladas, incluídas em um invólucro de brácteas
3. Anteras com 4 locelos ......................................................................... Litsea Lam.
3'. Anteras com 2 locelos............................................................................ Laurus L.
2'. Inflorescências não incluídas em invólucros de brácteas
4. Anteras bilocelares
5. Flores unissexuadas, dióicas
6. Inflorescência masculina ampla, laxa e a feminina espiciforme, densa, mais
ou menos interrompida......................................................Endlicheria Ness.
6'. Inflorescência masculina e feminina iguais entre si ................... Aniba Aubl.
5'. Flores bissexuadas
7. Flor com 9 estames férteis
8. Todos os estames com filetes biglandulosos .......... Urbanodendron Mez.
8'. Somente os estames da terceira série com glândulas
9. Estames da terceira série com filetes concrescidos em tubo
...................................................................... Systemonodaphne Mez.
9'. Estames da terceira série livres entre si
10. Estames da terceira série biglandulosos na base; estaminódios da
quarta série ovóides ou cordados ou sagitados
11. Estaminódios acuminados, foliáceos; fruto coberto
inteiramente pelo tubo do cálice............Cryptocarya R. Br.
11'. Sem o conjunto de caracteres .............. Beilschmiedia Ness.
10'. Todos os estames sem glândulas; estaminódios da quarta série
pequenos ou ausentes ............................................... Aniba Aubl.
60

7'. Flor com menos de 9 estames


12. Primeiro verticilo de estames modificado em estaminódios foliáceos
......................................................................... Phyllostemodaphne Vost.
12'. Sem essa característica
13. Estames ferteis-6 ......................................................... Aiouea Aubl.
13'. Estames férteis-3
14. Estames livres.......................................................Licaria Aubl.
14'. Estames mais ou menos concrescidos entre si
15. Panículas na base de ramos jovens, com flores densamente
aglomeradas, formando glomérulos multifloros, ou poucos
flores laxas.......................... Misantheca Cham. Et Schlect
15'. Panículas axilares, com flores geralmente
umbeladas........................................... Mezilaurus Kuntz
4'. Anteras tetralocelares
16. Flores andrógenas
17. Locelos da antera mais ou menos no mesmo nível. Reticulado das folhas
mais ou menos paralelo ....................................Nectandra Poll ex Pottb.
17'. Locelos da antera superpostos
18. Todos os estames providos de 2 glândulas basais ...........................
............................................................................... Pleurothyrium Ness.
18'. Só os estames da terceira série biglandulosos
19. Lobos externos do perianto mais curtos que os internos.......
........................................................................... Persea Mill.
19'. Lobos do perianto iguais entre si
20. Folhas trinérveas ......................... Cinnamomum Schaeff.
20'. Folhas peninérveas
21. Estaminódios da 4ª série bem desenvolvidos
22. Fruto nu ou com cálice persistente, não
modificado........................................ Persea Mill.
22'. Fruto com a base imersa no cálice endurecido,
6-lobado......................................... Phoebe Ness.
21'. Estaminódios da 4ª série nulos ou reduzidos .... Octea
Aubl.
16'. Flores unisexuadas
23. Folhas trinérveas .................................................. Cinnamomum Schaeff.
23'. Folhas peninérveas
24. Locelos mais ou menos no mesmo nível; anteras sésseis .................
...................................................................Nectandra Poll ex Pottb.
24'. Locelos mais ou menos superpostos; anteras com filetes
25. Flores femininas com 3 estaminódios petalóides persistentes;
flores masculinas com anteras foliáceas; baga circundada na
base pelo cálice endurecido e pelos estaminódios inseridos
sobre disco 6-anguloso ............................. Dicypellium Ness.
25'. Sem o conjunto de caracteres .......................... Ocotea Aubl.

Família Annonaceae
Compreende cerca de 120 gêneros, que englobam 1.100 espécies em média. Desses gêneros,
36 são americanos, ocorrendo dois deles também na África (Annona e Xylopia) e um também na
Ásia (Annaxagorea). No Brasil, estão registrados 29 gêneros, compreendendo cerca de 260
61

espécies.
A família Annonaceae divide-se em três tribos:

1. Pétalas 6, raramente mais de 6, bisseriadas (pelo menos a de uma série); indumento, quando
presente, constituídos de pêlos ramificados ou escamas .......................................1.Uvarieae
1'. Pétalas 6, raramente menos (3-4), de bi a unissexuadas, valvares
2. As três pétalas externas mais estreitas que as três internas e mal distintas das sépalas
............................................................................................................... 2. Miliuseae
2'. Pétalas externas tão grandes, ou maiores, que as internas e bem distintas das sépalas
(às vezes, por uma redução, só há três pétalas unisserriadas) ................. 3. Unoneae

Tribo Unoneae
1. Carpídios unidos em massa carnosa, formando um fruto estrobiliforme
2. Pétalas livres entre si, sem apêndices ......................................................... Annona L.
2'. Pétalas concrescidas na base, com apêndices dorsais ....................... Rollinia St. Hil.
1'. Carpídios livres entre si, raramente, reduzidos a um
3. Conectivo truncado e expandido sobre os lóculos da antera
4. Mais de 2 óvulos em cada carpelo
5. Anteras com locelos transversais
6. Receptáculo expandido abaixo das sépalas; flores solitárias, supra-axilares;
folhas com pontuações translúcidas ........................ Cardiopetalum Schelh
6'. Receptáculo não expandido abaixo das sépalas; flores solitárias ou
fasciculadas, axilares; folhas sem pontuações translúcidas ....... Xylopia L.
4'. Até 2 óvulos em cada carpelo
7. Carpídios comprimidos lateralmente, com pericarpo espessado,
resinoso ......................................................................... Guateriella R. E. Fries
7'. Sem o conjunto de caracteres
8. Carpídios sésseis; semente horizontal ....................... Unonopsis R. E. Fries
8'. Carpídios estipitados; semente ereta .................... Guateriopsis R. E. Fries
3'. Conectivo não truncado, nem expandido sobre os lóculos da antera
9. Carpídios foliculares com estípite espessada ............................ Anaxgorea St. Hil.
9'. Carpídios indeiscentes
10. Pétalas mais ou menos iguais entre si
11. Pétalas com apículo infletido ........................Onychopetalum R. E. Fries
11'. Pétalas não apiculadas
12. Flores dispostas em ramos afilos
13. Botões florais globosos; anteras não loceladas; carpídios
globosos...............................................Bocageopsis R. E. Fries
13'. Botões florais linear-lanceolados; anteras loceladas; carpídios
lineares ........................................................ Hornshuchis Nees
12'. Flores supra-axilares, dispostas em ramos folhosos ..............................
......................................................................................Bocagea St. Hil.
10'. Pétalas desiguais entre si .................................................... Rolliniopsis Saff.

Família Piperaceae
A família Piperaceae tem cerca de 10 a 12 gêneros e 1.400 espécies distribuídas em todas as
regiões do Brasil. No Brasil, está representada por cinco gêneros e um total aproximado de 460
62

espécies.

1. Inflorescências dispostas em pseudo-umbelas ........................................Pothomorphe Miq.


1'. Inflorescências não-dispostas em pseudo-umbelas
2. Flores sésseis
3. Inflorescência axilar ................................................................Sarcorhachis Trel.
3'. Inflorescência opositifólias
4. plantas lenhosas e sublenhosas e estigmas opostas as folhas ............ Piper L.
4'. Plantas herbáceas e espigas axilares
5. Ervas terrestres o epífitas não volúveis ........ Peperomia Ruiz & Pav
5'. Espécies volúveis ...................................................................... Manekia
2'. Flores pediceladas .............................................................................Ottonia Spreng.

Família Nyctaginaceae
A família Nyctaginaceae Lindl. consta de cerca de 30 gêneros e mais ou menos 300 espécies
tropicais principalmente da América. No Brasil, ocorrem 10 gêneros, com a média de 70 espécies,
amplamente distribuídas.
Os gêneros podem ser reconhecidos pelos seguintes caracteres:
1. Flores com perigônio tubuloso, cercado por um invólucro caliciforme de brácteas; fruto
envolvido por um antocarpo rugoso, costado ou liso. Indumento de pêlos simples, ou plantas
glabas
2. Flores andrógenas
3. Invólucro constituído por 3 brácteas grandes, coloridas, petalóides; flores 3 em cada
invólucro; estilete plumoso; folhas alternas ....................... Bougainviillea Commers
3'. Invólucro gamófilo, encerrando uma só flor; estilete de ápice globoso ou discóide.
Folhas opostas
4. Flores com menos de um centímetro de comprimento. Fruto oboval. Plantas
geralmente com ramos difusos......................................................... Boerhavia L.
4'. Flores com mais de um centímetro de comprimento. Fruto globoso. Planta
ereta ................................................................................................... Mirabilis L.
2'. Flores unissexuadas
5. Estames inclusos no tubo do perigônio; flores femininas com ovário séssil e sem
estaminódios.................................................................................. Neea Ruiz et Pav.
5'. Sem o conjunto de caracteres
6. Flor feminina com um estaminódio; antocarpo coriáceo, costado, com glândulas
estipitadas; bractéolas não dispostas logo abaixo do cálice ................Pisonia L.
6'. Flor feminina com mais de um estaminódio, com anteras atrofiadas; antocarpo
carnoso, sem glândulas estipitadas bractéolas dispostas na base do cálice ..............
.......................................................................................................Guapira Aubl.
1'. Flores sem invólucro de brácteas; fruto com cálice persistente e aumentado. Indumento de
pêlos ramificados ou escamosos
7. Estames de 10-20, com filetes filiformes, mais ou menos longos e anteras linear-
oblongas, rimosas; perigônio com 3 segmentos livres ou quase livres entre si; estilete
com a região estigmatífera decorrente ............................................... Andradaea Fr. All.
7'. Estames de 2-3, sésseis ou quase sésseis; perigônio com 4-5 segmentos
8. Cálice tubuloso, de 4-5 denteado, com filetes filiformes e anteras oblongas ............
.................................................................................................... Reichenbachia Spr.
63

8'. Cálice lobado ou infundibuliforme; estame sésseis ou com filetes crassos, cilíndricos
9. Cálice profundamente 4-lobado, com tubo costado; segmentos do cálice eretos,
tornando-se mais ou menos patentes na frutificação; antera com conectivo muito espessado e filete
crasso.......................................................................................................................... Ramizia Baill.
9'. Cálice infundibuliforme, com limbo 5-denteado; anteras sésseis, crassas, com
poros apicais, largos ................................................................ Leucaster Choisy

Família Turneraceae
É representada por cerca de 9 gêneros e cerca de 90 espécies, principalmente, da América
tropical ocorrendo poucas na África e na Ásia. Na flora do Brasil, são encontradas,
aproximadamente, 59 espécies subordinadas a dois gêneros.
Podemos distinguir os gêneros pelos seguintes caracteres:

1.Flores com corola abaixo da fauce do caule ou abaixo das sépalas. Pedicelo não
concrescido com o pecíolo. Folhas sem estípulas ........................................Periqueta Aubl.
1'. Flor sem corona. Pedicelo, via de regra, concrescido com o pecíolo. Folhas estipuladas
.................................................................................................................................... Turnera L.

Família Passifloraceae
Compreende cerca de 23 gêneros e 600 espécies americanas e africanas. No Brasil, ocorrem
4 gêneros, com cerca de 83 espécies, maioria subordinada ao gênero Passiflora.
Podemos distinguir os gêneros pelos seguintes caracteres:
1.Árvores pequenas, ou arbustos. Estames de 8-10 ...................................... Mitostemma Mast.
1'. Trepadeiras com gavinhas. Estames de 4-8
2. Estames 8, não presos ao ginóforo .............................................................. Dilkea Mast.
2'. Estames de 4-5, unidos prcialmente ao ginóforo
3. Estiletes 3. Flores solitárias ou dispostas em racemos curtos ............... Passiflora L.
3'. Estiletes 4. Flores solitárias ou dispostas em racemos muito longos, pêndulos .........
.........................................................................................................Tetrastyslis B. Rodr.

Família Cucurbitaceae
A família Curcubitaceae Juss. tem cerca de 1.280 espécies subordinadas a um número
aproximado de 126 gêneros, ocorrentes, principalmente, nas regiões tropicais.
No Brasil estão representados por 30 gêneros, com um total aproximado de 200 espécies.
Podemos distinguir as tribos, subtribos e gêneros das Cucurbitaceae brasileiras ou cultivadas
no Brasil pelos seguintes caracteres:
1. Anteras com lóculos retos ou levemente encurvados, livres entre si, não coniventes, nem
concrescidos em anel
2. Flor com 5 estames, com ou sem estaminódios. Anteras bitecas ou unitecas. Óvulos pêndulos.
Plantas dióicas .................................................................................................. Tribo Fevillea
3. Anteras distecas. Fruto indeiscentes
4. Flores em panículas. Estaminódios presentes. Fruto zonado acima da parte mediana;
sementes com testa muito dura, sem bordos alariformes ............................. Fevillea L.
4'. Flores em racemos. Estaminódios ausentes. Fruto não zonado acima da parte mediana;
64

sementes com bordos alariformes ............................................... Anisosperma Manso


3'. Anteras unitecas. Cápsula cilíndrica; sementes com alas membranáceas nas duas
extremidades ........................................................................................... Siolmatra Baill.
2'. Flor com 2-3 estames. Sementes horizontais ou pêndulas ........................ Tribo Melothrinae
5. Óvulos e sementes em disposição horizontal
6. Base do estilete sem disco ou disco obscuros ................................ Subtribo Anguiinae
7. Flor com 3 estames. Todas as anteras distecas ou uma delas monoteca
8. Tubo do cálice curto e campanulado
9. Trepadeiras com gavinha. Estames inseridos na fauce do tubo da
corola...............................................................................Cucurbitella Walp.
9'. Ervas prostradas, sem gavinhas ..........................................Melancium Naud.
8'. Tubo do cálice muito mais longo do que largo. Segmentos do cálice
profundamente bilobados, com lobos involutos................ Ceratosanthes Burm.
7'. Flor com 2 estames
10. Estames inseridos no tubo do cálice
11. Cálice verde, com tubo longo e limbo 5-partido. Corola rotácea, com
segmentos largos ................................................................... Anguria Jacq.
11'. Cálice vermelho ou alaranjado, com tubo cilíndrico ou ventricoso e lobos
longos, estreitos. Corola reduzida, 5-partida, com segmentos crassos,
papilosos e eretos ............................................................... Gurania Cong.
10'. Estames inseridos na fauce do tubo da corola ......................... Helmontia Cong.
6'. Base do estilete com disco anular ou cupuliforme
12. Ovário com 3 placentas
13. Anteras basefixas
14. Flor masculina com brácteas escariosas ................ Melothrianthus Mart.
14'. Flor masculina sem brácteas escariosas .............................. Melothria L.
13'. Anteras dorsefixas .............................................................. Apodanthera Arn.
12'. Ovário com 2 placentas ............................................................ Wilbrandia Manso
5'. Óvulos e sementes pêndulos. Ovário unilocular, uniovulado. Gavinhas bífidas. Estames 3,
dois com anteras bitecas e um, uniteca.. ............................................. Subtribo Sycydiinae
15. Plantas monóicas, as flores masculinas em panículas e as femininas aos pares. Fruto
muito comprimido, com pericarpo fibroso e bordos alariformes. Semente pêndula
comprimida, verrucosa .................................................................... Pteropepon Cogn.
15'. Plantas dióicas, as flores masculinas e femininas em panículas. Fruto globoso, carnoso,
com pericarpo crustáceo. Sementes com testa rugosa....................Sicydium Schlechtd
1'. Anteras com lóculos conduplicados ou flexuosos ou concrescidos em anel
16. Anteras com lóculos conduplicados ou flexuosos
17. Filetes livres entre si............................................................................ Tribo Cucurbitae
18. Óvulos muitos, dispostos horizontalmente
19. Corola de pétalas livres, ou simpétala, com lobos profundos ...........................
. ...................................................................................... Subtribo Cucumerinae
20. Cálice da flor masculina campanulada ou urceolado
21. Estames inseridos na fauce da corola. Cálice da flor masculina com 2-3
escamas do lado interno. Gavinha simples. Fruto carnoso,
deiscente ........................................................................ Momordica L.
21'. Estames inseridos no tubo do cálice
22. Fruto seco, deiscente no ápice por um opérculo. Gavinha
ramificada......................................................................Luffa Mill.
22'. Fruto carnoso, indeiscentes
23. Conectivo prolongado entre os lóculos da antera. Gavinhas
simples................................................................... Cucumis L.
23'. Conectivo não prolongado. Gavinha ramificada ....................
65

. .................................................................... Citrullus Forssk.


20'. Cálice da flor masculina, longo, tubuloso ou infundibuliforme .................
. ............................................................................................................ Ser.
19'. Corola simpétala, campanulada ou infundibuliforme. Flores solitárias. Gavinhas
ramificadas ..................................................................... Subtribo Cucurbitinae
24. Plantas delicadas, ascendentes
25. Plantas monóicas ............................................................. Sicana Naud.
25'. Plantas dióicas ........................................................ Peponopsis Naud.
24'. Planta rasteira, com raízes adventícias ................................... Curcubita L.
18'. Óvulos de 1-6, eretos.............................................................. Subtribo Abobriinae
26. Estigmas lineares, radiais. Sementes 6, linear-oblongas .............Abobra Naud.
26'. Estigmas ovados, dilatados, reflexos ....................................Cayaponia Manso
17'. Filetes concrescidos .............................................................................. Tribo Sicyoideae
27. Ovário uniovular, uniovulado. Óvulo-pêndulo. Fruto indeiscente
28. Fruto carnoso, anguloso, sulcado ......................................... Sechium P. Brown
28'. Fruto coriáceo, equinado ....................................................................Sicyos L.
27'. Ovário com mais de um óvulo. Fruto giboso, carnoso, com deiscência
elástica............................................................................................ Eleterium Jacq.
16'. Lóculos das anteras unidos e dispostos horizontalmente em anel e deiscentes por uma rima
contínua .................................................................................................. Tribo Cyclanthera
29. Estame um. Antera com lóculo horizontal, em forma de anel. Fruto ovóide, piloso,
aculeado, deiscente elasticamente ................................................. Cyclanthera Schrad
29'. Mais de um estame
30. Estames 5, com anteras uniloculares, dispostas em um verticilo horizontal , com
um conectivo formando um disco de 5 raios. Plantas monóicas. Fruta com
deiscência elástica ............................................................Pseudocyclantera Mart.
30'. Estames 3, biloculares, com anteras dispostas no ápice da coluna dos filetes,
horizontalmente, formando um triângulo. Fruto samaróide, comprimido,
circundado por uma ala, om nervuras irradiantes do núcleo seminífero................
. ......................................................................................... Pseudosicydium Harms.

Família Malvaceae
A família Malvaceae Adans., tem cerca de 88 gêneros e 2.300 espécies, distribuídas nas
regiões tropicais, subtropicais e temperadas do globo, e, principalmente, na América do Sul. No
Brasil, estão representadas por cerca de 31 gêneros e 200 espécies.
Quatro tribos têm representantes brasileiros e podem ser diferenciadas, juntamente com os
gêneros que as compõem, pelos seguintes caracteres:

1. Estilete simples ou ramificado, com tantos ramos quanto são os lóculos do ovário. Flores com ou
sem envólucro de brácteas
2. Fruto cápsula ou baga..................................................................................... Tribo Hibisceae
3. Ramos do estilete mais ou menos divergentes, com estigmas capitados ou globosos;
sementes geralmente remiformes
4. Um óvulo pêndulo em cada lóculo do ovário
5. Subarbustos ou ervas com pubescência glandulosas; flores axilares; cápsula
deprimido globosa ............................................................................ Bastardia HBK
5'. Plantas arbóreas, com pêlos ramificados; flores em panículas terminais; cápsula
mais ou menos piramidal ...................................................... Bastardiopsis Hassler
66

4'. Mais de um óvulo em cada lóculo do ovário


6. Cálice espatáceo; cápsula alongada.........................................Abelmoschus Medik
6'. Cálice não espatáceo; cápsula urceolada ou campanulada
7. Flores unissexuadas; ovário com 2-3 lóculos................................ Kydia Roxb.
7'. Flores andrógenas; ovário com 5 lóculos ....................................... Hibiscos L.
3'. Ramos do estilete curtos e eretos ou estilete inteiro
8. Cálice 5-lobado, com duas séries de glândulas oleíferas ao longo de cada nervura
principal; calículo curto......................................................................Cienfugosia Cav.
8'. Cálice não lobado, com glândulas difusas em sua parte interna; calículo de brácteas
foliáceas grandes e livres entre si ........................................................... Gossypium L.
2'. Fruto esquizocárpico. Estigmas captados, discóides ou obliquamente truncados.................. .
. ....................................................................................................................... Tribo Abutileae
9. Dois ou mais óvulos em cada lóculo do ovário ou um só óvulo ereto ou ascendente ...... .
. ........................................................................................................... Subtribo Abutilinae
10. Flor sem calículo
11. Carpídios não alados
12. Carpídios sem divisão interna
13. Carpídios inflados, membranáceos, brilhantes quando maduros;fruto
globoso ................................................................... Herissanthia Steud.
13'. Carpídios sem as características acima........................... Abutilon Mill.
12'. Carpídios divididos internamente em duas lojas superpostas; flores dispostas
em panículas ramificadas ou espiciformes
14. Carpídios de 3-6, biloculares por meio de uma constrição horizontal ou
oblíqua das paredes laterais, sem projeção interna da parede dorsal ... .
. .................................................................................. Wissadula Medik
14' Carpídios biloculares por meio de uma projeção interna da parede
dorsal ............................................................ Pseudobutilon R. E. Fries
11'. Carpídios bialados ............................................................... Bakeridesia Hochr.
10'. Flor com calículo
15. Calículo papiraceo, fechado, cobrindo a flor no botão floral ............................. .
. ................................................................................... Calyptraemalva Kraprov.
15'. Calículo constituído de brácteas involucrais livres entre si ou concrescidas na
base
16. Carpídios quase completamente divididos por uma porção transversal da
parede dorsal, com um óvulo em cada seção .................. Modiola Moench
16'. Carpídios sem essas características
17. Um óvulo ereto em cada carpelo......................... Monteiroa Kraprov.
17'. De 2-3 óvulos em cada carpelo ..........................Sphaeralcea St. Hil.
9'. Óvulo solitário, pêndulo ou horizontal, em cada carpelo ............................. Tribo Sidinea
18. Carpídios membranáceos, hialinos, inflados, divididos por uma projeção da parede
dorsal, frequentemente pectinada e que abraça a semente mais ou menos ................ .
. .................................................................................................................. Gaya HBK
18'. Carpídios não inflados
19. Cardídeos divididos em duas seções, por uma projeção da parede dorsal ......... .
. .............................................................................................. Wissandula Medik
19'. Sem essa característica
20. Pétalas presas quase na porção mediana do tubo estaminal muito curto ... .
. ............................................................................ Abutilothamnus Ulbrich.
20'. Sem essa característica
21. Carpídios diferenciados em uma seção apical lisa, ventralmente
deiscente, e outra reticulado-rugosa, indeiscente ................................ .
. .............................................................................Sphaeralcea St. Hil.
67

21'. Sem o conjunto de caracteres


22. Óvulo ereto ou ascendente
22'. Óvulo pêndulo ou horizontal
23. Carpídios curtos, cristados; coluna dos cardídeos denteada
. ............................................................................Anoda Cav.
23'. Sem essa característica ..............................................Sida L.
1'. Estilete ramificados em ramos em número duas vezes maior que o dos carpelos. Flores com
calículo ................................................................................................................. Tribo Ureneae
24. Bractéolas do calículo em número de 14-20, dispostas em duas ou mais séries, as externas
mais curtas, patentes ou reflexas ....................................................... Triplochlamys Ulbrich
24'. Menos de 14 bractéolas dispostas em uma só série
25. Bractéolas do calículo livres entre si, em número de 3-5, ou mais
26. Pétalas auriculadas de um lado da unha; fruto baga.................. Malvaviscus Fabr.
26'. Pétalas não auriculadas; fruto seco
27. Inflorescência aglomerada, rodeada por um invólucro de brácteas foliáceas;
flores frequentemente presas às brácteas
28. Bractéolas do calículo peltadas ou espatuladas, com pé e lâmina
distintos ........................................................................ Peltaea Standley
28'. Bractéolas do calículo lineares(ou ausentes) ....................... Malachra L.
27'. Inflorescência com outras características
29. Arbusto caulifloro; brácteas do calículo petalóides, vistosas ................. .
. ......................................................................................... Goethea Ness.
29'. Sem o conjunto de caracteres
30. Folhas com glândulas rimosas, dispostas sobre as nervuras, no lado
dorsal; carpídios com aristas gloquidiadas ........................ Urena L.
30'. Sem o conjunto de caracteres
31. Cálice muito mais curto que o calículo, membranáceo e
ampliado no fruto ............................................. Lopimia Mart.
31'. Sem o conjunto de caracteres
32. Bractéolas do calículo peltadas ou espatuladas ............... .
. .............................................................. Peltaea Standley
32'. Sem o conjunto de caracteres .Codonochlamys Ulbrich

Chave de identificação para subfamílias de Fabaceae Lindl.


A família Fabaceae Lindl. ou Leguminosae Adans, no Brasil, é muito significativa, sendo
encontradas em todos os biomas brasileiros (Lima 2000). Compreende aproximadamente 727
gêneros e 19.327 espécies (Lewis et al. 2005). Em importância agronômica é superada apenas pelas
gramíneas (a família do arroz, milho, trigo e outros cereais). Espécies de leguminosas são
encontradas em praticamente todos os ambientes terrestres, desde a beira do mar até o alto das
montanhas, desde floretas pluviais luxuriantes até desertos, desde áreas quentes equatoriais, até
próximo aos pólos. Variam desde pequenas ervas efêmeras e anuais, até árvores emergentes de alto
porte em floretas tropicais úmidas (QUEIROZ, 2009).
1. Simetria actnomorfa; pré-floração valvar.....................................................................Mimosoideae
1`. Simetria zigomorfa; pré-floração imbricada.................................................................................. 2
2. Pré-floração imbricada ascendente..................................................................Caesalpinioideae
2´. Pré-floração imbricada descendente...................................................................Papilionoideae
68

Pré-floração valvar: os verticilos no botão floral estão concrescidamente arranjados no mesmo


nível e unidos apenas pelos os bordos de cada um deles.

Pré-floração imbricada: uma peça floral externa, uma interna e outras intermediárias.

Combretaceae
1. Folhas opostas; inflorescências em panículas, racemos ou espigas; pétalas ausentes ou presentes;
fruto nucóide ou betulídio
2. Arbustos ou árvores de mangues; folhas com duas glândulas de sal no pecíolo; flores com
pétalas; frutos nucóides ................................................................................................4.
Laguncularia
2. Lianas, arbustos escandentes ou árvores de outros ambientes; folhas sem glândulas de sal no
pecíolo; flores com ou sem pétalas; frutos betulídios, 4-alados ................................ 2.
Combretum
1. Folhas alternas, espiraladas ou rosuladas; inflorescências em capítulos; pétalas ausentes; frutos
drupóides ou agregados em infrutescências globosas
3. Arbustos ou árvores de mangue; folhas com glândulas no pecíolo ou na base da lâmina;
inflorescências em racemos ou panículas de capítulos globosos; estames 8, exsertos, dispostos
em um verticilo; frutos agregados, formando uma infrutescência globosa, estrobiliforme ...... 3.
Conocarpus
3. Árvores de outros ambientes; folhas sem glândulas na base do pecíolo; flores em capítulos;
estames 10, insertos, dispostos em dois verticilos; frutos livres entre si, drupóides, l evemente
costados ............................................................................................................. 1. Buchenavia
69

10. BIBLIOGRAFIA

APG. I. An ordinal classification for the families of flowering plants. Annals of the Missouri
Botanical Garden 85: 531–553, 1998.
APG II. An update of the Angiosperm Phylogeny Group classification for the orders and
families of flowering plants: APG II. Botanical Journal of the Linnean Society 141: 399–436,
2003.
APG III. An update of the Angiosperm Phylogeny Group classification for the orders and
families of flowering plants: APG III. Botanical Journal of the Linnean Society 161: 105–121,
2009.
APG IV. An update of the Angiosperm Phylogeny Groupclassification for the orders and
families of floweringplants: APG IV. Botanical Journal of the Linnean Society, 181: 1, 1-20, 2016.
BARBIERI, R.L. Evolução dos organismos. In: Genética e Evolução Vegetal. (L.B. Freitas e F.
Bered, eds.). UFRGS, Porto Alegre. 2003.. Pp.277-289.
BARROSO, G.M.; PEIXOTO, A.L.; ICHASO, C.L.F.; GUIMARÃES, E.F.; COSTA, C.G.,
Sistemática de angiospermas do Brasil. Vols. 1, 1ª ed., Editora UFV, Viçosa. 1978.
BARROSO, G.M.; PEIXOTO, A.L.; ICHASO, C.L.F.; GUIMARÃES, E.F.; COSTA, C.G.
Sistemática de angiospermas do Brasil. Vols. 2, 1ª ed., Editora UFV, Viçosa. 1984
BARROSO, G.M.; PEIXOTO, A.L.; ICHASO, C.L.F.; GUIMARÃES, E.F.; COSTA, C.G.
Sistemática de angiospermas do Brasil. Vols. 3. 1ª ed., Editora UFV, Viçosa. 1986.
CHIES, T.T.S. & LONGHI-WAGNER,H. M. Polimorfismo morfológico. In: Genética e Evolução
Vegetal. (L.B. Freitas e F. Bered, eds.). UFRGS, Porto Alegre. 2003. Pp.291-309.
CRONQUIST, A. 1981. An integrated system of classification of flowering plants. New York:
Columbia University Press.
Manual de Herbário, Apostila de acompanhamento do Curso internacional de técnicas de
herbário. Manaus, INPA/ KEW, 1998.
PIRANI, J.R., MELLO-SILVA. & SANO, P.T. Gimnospermas-Magnoliophyta. BIB-
123.Taxonomia de Fanerógamas. Apostila avulsa. Instituto de Biociências, USP, São Paulo. 2001.
RAPINI, Alessandro. A evolução dos vegetais. Disponível em <http://www.freewebs.com>,
acessado em 13/06/08.
SIMPSON, M.G. Plant Systematics. Elsevier Academic Press. 2006. 603p.
70

ANEXO
ROTEIRO PARA DIAGNOSE MORFOLÓGICA VISANDO A IDENTIFICAÇÃO DE
ANGIOSPERMAS

FOLHA Organização (simples/composta)


Filotaxia (oposta, oposta-cruzada/alterna/verticilada)
INFLORESCÊNCIA Monopodial, simpodial
FLOR Número de verticilos protetores
(aclamídea/monoclamídea/diclamídea)
Sexo (Monóclina/ díclina: estaminada, pistilada)
CÁLICE Concrescência (gamossépalo/dialissépalo)
Simetria (actinomorfa/ zigomorfa)
Número de sépalas (trímera, tetrâmera,pentâmera)
COROLA Concrescência (gamopétala/dialipétala)
Simetria (actinomorfa/ zigomorfa)
No de pétalas (trímera, tetrâmera,pentâmera)
ANDROCEU No de estames/No de pétalas
(oligostemones/isostemones/diplostêmones/polistêmones)
Tamanho dos estames (homodínamos/heterodínamos)
Concrescência dos estames (gamostêmones/dialistêmones)
Deiscência das anteras (rimosa/poricida)
No de tecas (monoteca/biteca)
GINECEU Posição do Ovário (ínfero/súpero)
Concrescência dos carpelos (gamocarpelar/dialicarpelar)
No de carpelos (mono/bi/tri/tetra/pentacarpelar/pluricarpelar)
No de lóculos (1/2/3/4/5/pluriloculado)
No de óvulos/lóculo (uni/bi/pluriovulado)
Placentação (central/parietal/basal/apical/axilar)
71

ATIVIDADE PARA IDENTIFICAÇÃO DAS FAMÍLIAS BOTÂNICAS

O que o discente deve trazer para as aulas práticas


• Caderno ou folhas de papel
• Lápis (e apontador) e/ou lapiseira (NUNCA use caneta!) e borrachas macias. Quem quiser, pode
trabalhar com lápis coloridos;
• Duas seringas com agulhas finas
• Uma caixa de lâmina de barbear
• Uso de jaleco OBRIGATÓRIO

Instruções:
• Desenhe as estruturas características das famílias/grupos botânicos;
• Nomeie os detalhes que você desenhou conectando nome das estruturas observadas;
• Os desenhos devem ser claros, de modo a permitir sua compreensão;
• O material produzido será corrigido ao término de cada aula prática;
72

GUIA FITOMORFOLÓGICO Data:___/___/___

NOME DO ALUNO: ___________________________________ PERÍODO/ANO___________

NOME POPULAR DA PLANTA _________________________________________________


► Hábito de crescimento ______________________________________________________
►Raiz ______________________________________________________________________
►Caule _____________________________________________________________________
►Folha:
Limbo___________________________ Base __________________________________
Filotaxia _________________________ Margens _______________________________
Nervação ________________________ Consistência __________________________________
Ápice ___________________________ Coloração ____________________________________
► Inflorescência
Tipo: ________________________________________________________________________
►Flor:
Sexo ________________________________________________________________________
Classificação quanto aos verticilos de proteção ________________________________________
Classificação quanto à presença do aparelho reprodutivo ________________________________
Classificação das plantas quanto ao sexo das flores _____________________________________
►Cálice:
Cor ____________________
Número de sépalas ___________________ Concrescência __________________________
►Corola:
Número de pétalas ___________________ Simetria _______________________________
Prefloração _________________________ Coloração _____________________________
Concrescência ______________________
►Androceu:
Estames: Filete:
Número ____________________________ Concrescência dos estames _________________
Tamanho ___________________________ Antera:
Nº estames × nº pétalas _______________ Deiscência _____________________________
Inserção na flor ______________________ Posição ________________________________
Posição na flor em relação à corola _______ Inserção no filete ________________________

►Gineceu:
Ovário: Estigma:
Posição ___________________________ Número _______________________________
Inserção do estilete no ovário__________ Forma _________________________________
Concrescência dos carpelos_____________
Número de carpelos_____________________________________________________________
Número de lóculos _____________________________________________________________
Placentação ___________________________________________________________________
Número de óvulos ______________________________________________________________
► Tipo de fruto ____________________________________________________-__________

► Taxonomia:
Chave utilizada ________________________________________________________________
Passos seguidos ________________________________________________________________
► Classificação:
Segundo Cronquist (1988) _______________________________________________________
Segundo APG (2003)_ __________________________________________________________
73

PRÁTICA – TAXONOMIA DE ANGIOSPERMAS


Atividade: Analise e faça desenhos esquemáticos com escalas e legendas dos ramos e flores de
amostras utilizadas em sala de aula.
Texto de apoio SOUZA, V.C. & LORENZI, H. 2005. Botânica sistemática. Nova Odessa,
São Paulo.
74

ATIVIDADE COMPLEMENTAR

Nome do aluno (a):_____________________________________________________________


Período/Ano:___________________________________________________Data: ___/___/___

Preencha a tabela abaixo com as famílias estudadas os respectivos grupos de Angiospermae


Grupo Famílias

Angiospermas

Basais

MONOCOTILEDONEAS

EUDICOTILEDÔNEAS
75

FICHA DE COLETA - HERBÁRIO HDELTA – UFPI

Nome do coletor: Nº do coletor: Nº de duplicata: N° Herb:


Outros coletores: Data:
Local de coleta: Município: U.F.:
Altitude: Coordenadas:
Família: Nome Cientifico:
Determinador: Data:
Nome vulgar no local: Uso no local:
Freqüência  raro  ocasional  freqüente

Fenologia: Folha  sem folha  folhas novas  folhas maduras  queda de folhas
Flor  sem flor  botão  em plena floração  passada Cor:
Fruto  sem fruto  imaturo maduro  caído Cor:
Tronco:  casca  exsudato  com espinho Cor:
Tipo de Vegetação:
Hábito: Altura:
Observações:

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