Quando há dois anos via no programa da Oprah que nos devíamos sentir mais agradecidos e enumerar as coisas boas que a vida nos dá, a mim custava-me a acreditar que alguém, pelo menos em Portugal, pudesse estar agradecido por alguma coisa. Trabalham-se longas horas, a maior parte das vezes não remuneradas e sem qualquer respeito pela vida pessoal, a rede de transportes, apesar de boa, está sempre a transbordar, ganha-se mal, tem-se pouco tempo e as pessoas têm por hábito dizer que estão mais ou menos.
Na altura eu estava a recibos verdes, ganhava mal, chegava tarde a casa e o carro era apenas uma miragem num horizonte longínquo.
Hoje, passados dois anos, é tudo diferente. Esperei até arranjar um bom emprego, sendo que é bom para mim, adequado a mim e não aos ideais da maioria. Ganho pouco e após as contas que tenho para pagar e o ginásio, sobra muito, muito pouco. Não me posso dar a extravagâncias, é certo, mas sou bem mais feliz do que era há dois anos atrás. Já conduzo o que faz com que chegue mais cedo o que, por sua vez, me possibilitou a inscrição no ginásio. Agora tenho mais tempo para ler um bom livro e fazer exercício e ando bem mais calma.
No ginásio fiz novas amigas e saio de lá super feliz! Lá existem pessoas extraordinárias que se lembram do meu nome e se preocupam comigo. E as aulas de Body Balance acalmaram-me imenso.
Agora já posso agradecer. Agradeço a quem acreditou em mim. A quem me obrigou a lutar. A quem me deu meios para andar. À minha família. Ao meu namorado. À família do meu namorado. Aos meus amigos e aos colegas. E ao pessoal do ginásio onde ando que, aos poucos, se vão enquadrando na categoria de amigos.
Tenho também que agradecer a quem me responde às mensagens, pelo carinho e preocupação demonstrados, o que tem sido excepcional! Nunca pensei que alguém fosse ligar ao que escrevo. Agora todos os dias acredito um pouco mais em mim.
Todos os dias sou um pouquinho mais feliz ;)
Bjs