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domingo, fevereiro 28, 2021

TESSA BRIDAL, ROBERT LOWELL, JOSIE BESZANT, BOHUSLAV MARTINŮ & LUIS SOLER

 

TRÍPTICO DQC: O TRÂMITE DA SOLIDÃO – Ao som da Spring waltz – Mariage d’amour, de Chopin, na interpretação da pianista sul-coreana Sung Chang. - Da janela a vida pulsa em todo canto e o mundo parece sereno. Não, não está, foi mera impressão minha. Bastou apurar e lá longe o zoadeiro indiferente: a farra de vizinhos nas bolhas espalhadas, a ladainha dos fieis nos cultos acolali e alhures, filas de passantes proutras direções, as ruas cheias de pernas e pisadas. Ah, olvidam do genocídio, não estão nem aí; e o desgoverno se ocupa apenas de salvar a própria pele e dos seus. O monstro invisível captura desavisados e precavidos: milhões infectados, milhares sacudidos ao esquecimento. A impressão que tenho é que era uma vez um país... Hoje tudo é tão falso e quase não reconheço o compatriota na atitude selvagem, apesar do riso amigo e da aparência que não esconde a semelhança: são tão estranhos quanto estúpidos, como se feras prontas para me estraçalhar. Lá fora parece que não está acontecendo nada, isso entristece. No meu desolamento solidário, a escritora uruguaia Tessa Bridal: Ainda somos governados por entidades poderosas das quais não participamos de moldar ou controlar e, em lugar de poderes coloniais ou religiosos, agora temos poderes comerciais. Temos que escolher o grau em que queremos nos tornar cientes da injustiça e se e como estamos dispostos a enfrentá-la. Sim, tive sempre comigo ser imoral o desrespeito ao outro, mas como privar o faminto de se saciar diante do fausto, mesmo se o que estiver disposto seja imundície disfarçada; ou como coibir à porta escancarada à fuga do aprisionado, mesmo que dê num precipício e jamais tivera outra opção, nunca se sabe, e escapar às pressas se não quiser ficar no mesmo. Afinal está difícil viver e muito. Da minha parte, não terceirizei a vida moral e corro sempre o risco do desafio amoral, isso porque em mim doem disfarçadas dores alheias, afinal minha raça é todo mundo.

 


DOIS: OUTRA SOLIDÃO NO PAÍS DO FECAMEPA...- Imagem: da artista britânica Josie Beszant, ao som de Carnival of the Spirits (EMI, 1975), de Moacir Santos - O doutor Zé Gulu não sai mais às ruas, se muito chega à porta, toma um gole, espia pros lados, saúda conhecidos e some lá para dentro. Que foi que houve, homem? Está tudo repleto de inocentes macunaímas de mãos dadas com os das qualidades de Musil, de supostos e midiáticos heróis infames e cultores do QAnon com seguidores de algoritmos e evangélicos, afora bichos outros não identificáveis. Como é que é? Ele hesita todo dia em por os pés fora de casa: Não me sujeito a essa correnteza desvairada. Ora, ora, distanciamento social pela pandemia? Não só, era uma vez um país... Hem? Tanta lei, interesses escusos; serviço público, só corrupção; tantas mortes, tanto faz, tanto fez: quem se livrar que viva, o resto que se dane! Não me vejo mais humano, vivo entre feras e eu vitimado com o complexo do Samsa de Kafka. Pode se explicar melhor? Não existe mais o que se possa chamar de povo, só desvalidos; não há como se socorrer, a Nação ruiu à desordem e ao desperdício. Calma, doutor, hoje é segunda-feira, está começando a semana, se anime, homem! Você não deu fé da calamidade ainda, escute Mário Palmério: João Soares estava com a razão: política só se ganha com muito dinheiro. A começar com o alistamento, que é trabalhoso e caro: tem-se que ir atrás de eleitor por eleitor, convencê-los a se alistarem e ensinar tudo, até a copiar o requerimento. Cabo de enxada engrossa as mãos — o laço de couro cru, machado e foice também. Caneta e lápis são ferramentas muito delicadas. A lida é outra: labuta pesada, de sol a sol, nos campos e nos currais. Ler o quê? Escrever o quê? Mas agora é preciso: a eleição vem aí, e o alistamento rende a estima do patrão, a gente vira pessoa. Sim, sim, e daí? Marcial que o diga: É já tarde começar a viver hoje: o sábio começou ontem. As alegrias não ficam; voam e fogem. Não entendo. Ora, escute o Robert Lowell: A luz no fim do túnel é apenas a luz de um trem que se aproxima. No final, não há fim. E se ainda houver tempo é a hora do poema dele Escola de Hipócritas: converse com seu filho sobre amizade / converse com seu filho sobre respeito / converse com seu filho sobre autoestima / converse com seu filho sobre compaixão / e mande seu adolescente para a guerra. O senhor está muito negativo, doutor! Vivo do jeito que posso e sei, pra você: se for por falta de adeus, inté.

 


TRÊS: DAS MEMÓRIAS & SONHOS - Ao som da Fantaisies symphoniques nº 6, do compositor tcheco Bohuslav Martinů (1890-1959). - Daquela vez, quase inesquecível: ela Alma no meu sonho obsessivo de Kokoschka - a paixão a pleno vapor. No meio da traquinagem ela se fez Pasifae e me quis Touro indomável por tardes, noites e dias. E queria mais, muito mais. Assim eu&ela, ela&eu, bocas, mãos e sexo. Ao sair, eu me vi nos labirintos de Borges; e porque não mais voltou, restou-me o dédalo de García Marquez. A ausência e as minhas mãos vazias, coração em chamas, cabeça desencontrada. A solidão e a arte, a busca e o desejo, um projeto de estátua artesanal e nenhum segredo: ela Galateia da minha vida Pigmalião e tornou-se mais que real ao me abraçar, me beijar, dançar comigo e já até vontade própria: quer assim e assado, discorda de tudo e, depois de muito chorar aborrecida de tudo, diz que me ama e me faz feliz. Até parece jamais, fez-se carne e o meu ideal. Até mais ver.

 

AS RAÍZES ÁRABES, NA TRADIÇÃO POÉTICO-MUSICAL DO SERTÃO NORDESTINO



[...] Alguns estudiosos das tradições literário-musicais sertanejas, têm apontado serem possiveis certas influências árabes. Todavia, o comentário é feito quase sempre de passagem e às pressas, o nome dos árabes sendo mais um, na lista sumária dos virtuais contribuintes. Tudo o que até aqui levamos dito, no entanto, tende a demonstrar que esta influência foi muito mais do que isto: ela foi preponderante sobre todas as restantes. [...].

A obra As raízes árabes, na tradição poético-musical do sertão nordestino (Universitária – UFPE, 1978), violinista catalão Luis Soler Realp (1920 - 2011), quando o mesmo lecionou no Centro de Artes e Comunicação da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Veja mais aqui, aqui & aqui.


 

 

segunda-feira, setembro 28, 2020

SASKIA SASSEN, OCEAN VIVA SILVER, PAULA TROPE, MOACIR SANTOS, EVELYN HALL, VICTOR JARA & NURIT BENSUNSAN


  

TRÍPTICO DGF – AQUELA DA... UMA GARAPA DO BAGAÇO - O meu diário perdeu as linhas revoltas da pauta e não quer ser apenas página em branco. Sim, tudo porque o meu país é o caos, quando não anomalia: assimetria troncha de rotundo varapau. Pois é, se não parou em ponto morto, vai à tona desenfreado ladeira abaixo na maior desabalada carreira: pra onde, hem? Sabe-se lá, ora! O que não se pode é ultrajar a tresloucada razão econômica dos plutos de todos os cifrões, só puxa-tapete e a cangalha pro ar, no bate-cabeça dos bumbos e bumbuns! Eita, coisa boa! Melhor, não há. Qualquer empenada, chama lá o juiz que ele resolve e ninguém decide, fica por isso mesmo e todo mundo no rastapé. Então, queima tudo na remarcação! Falar nisso: já viu o preço do arroz? Pela hora dos que arribaram na estatística da pandemia e nem são levados mesmo em conta pelos apelos e desditas das jaculatórias dos que se benzem entre lúmpens e videotas na farofa de zeros e uns, Jesus-amém! Isso enquanto tantos complacentes invisíveis que torraram o auxilio emergencial estão na solidão do mundo sob o império dos gritos patéticos e conquistas secretas na latrina. Benzodeus, meu. Tudo é possível e ninguém sabe ainda o que pode ser feito, nem o que é pra fazer! Pra quê, deixa rolar! E para não passar em branco, dizem que não foi Voltaire, mas Evelyn Beatrice Hall: Posso não concordar com nenhuma das palavras que você disser, mas defenderei até a morte o direito de você dizê-las. Eu lá sei, mas vale! E viva o engodo no desgoverno do Fecamepa. Estou só tomando garapa do bagaço, gente!

 


DUAS & SERÁ MAIS OU QUASE NEM TANTAS ASSIM? - Curtindo a arte da Ocean Viva Silver, da performática artista e compositora experimental francesa Valérie Vivancos - Não era a confusão do Grande Hotel Abismo na Escola de Frankfurt, não, não era. E a minha cabeça girava ao contrário do mundo, porque não me sinto aqui nem sou mais daqui, sou um ex-humano com Nurit Bensunsan: Diante dos descalabros da nossa espécie, desisti de ser humana e agora quero me tornar uma libélula, mas continuar bióloga e seguir escrevendo, criando jogos e inventando moda. Vou manter meus solilóquios ao pé do fogo com meus rabiscos num poemópera interminável, sem que saiba da parede por trás da porta falsa, sempre quase ou talvez nas minhas inquietações agudas pelas horas tardes da noite, bem perto de lugar nenhum, porque sei de agora e que ainda há gente boa por toda parte. Entre deslumbramentos e vacilações, Saskia Sassen insiste que Os que não têm poder, podem fazer história sem tomar o poder, os momentos mais dramáticos, a longo prazo, são esquecidos. Talvez as pequenas cidades que existem em todo o mundo nos permitam sobreviver. Estamos matando a Terra! Não sei como meus disparates decifram na tampa do vaso tudo que não escrevi, sinto como se fosse submetido a uma trepanação louca e ela me chama atenção sobre O declínio do homem público, de Richard Sennett, mais acerca da cidade global e da imigração na sociologia urbana, desestabilizando os conceitos estáveis: O momento da expulsão é o momento de uma condição familiar que se torna extrema. Você não é simplesmente pobre, você está com fome, perdeu sua casa, vive em barraco. Ou com a terra e com a água: não são simplesmente degradadas, terras ou águas insalubres. São mortas, acabadas. Nós tendemos a parar no extremo. Não entrar nele. O extremo é muito, muito feio e não temos conceitos para capturá-lo*. Quase já nem sei quem sou ou o que posso com tudo isso, esperança e temores entre o que é da vida no meio de gases fétidos e nauseabundos, só sei que é cada vez mais difícil respirar. *Em tempo: trecho da entrevista Não é imigração, é expulsão (Ponto e Vírgula, 2015), concedida a Jorge Félix.

 


TRÊS VEZES & TRECHOS OUTROS - Imagem: Arte da artista visual Paula Trope – A esquina do corredor em polvorosa era só arte e Victor Jara cantava para dizer que: Nossa vida não foi feita para cercá-la de sombras e tristezas. Minha canção é uma corrente sem começo nem fim, e em cada elo está a canção dos outros. A vida é eterna em cinco minutos. No meio do quiprocó pro bota pra quebrar, Melpômene mais que linda com seus coturnos e vestida com sua grinalda das folhas de videira, sua coroa de cipreste e máscara trágica, empunhando o bastão de Hércules no embalo dos nossos beijos, não conteve a empolgação e expôs seus seios apetitosos para que eu redivivo saísse do marasmo enlouquecedor. Irrompe Adorno com seus olhos esbugalhados naquele flagra, chama a polícia que a reprime e a todos da multidão, e uma bala abate desamparada Labibe no primeiro de abril da nênia. Nossa dança rechaçada levou-a dos meus braços e eu na escolta como a um endríago demudado, recolhidos na infecta cela do presídio Brasil. Não há como sorrir, o amor sucumbe ao ódio para que eu seja a voz de canção nenhuma. Até mais ver.

 

MOACIR SANTOS, O OURO NEGRO DO PAJEÚ



No beabá, na cartilha, aí eu voo; talvez ninguém mais possa voar. Aí, eu vou ser condor... A música é como a rosa, tudo tem que ser perfeito. Você encontra tudo com um desenho. É uma beleza. É uma coisa... quem souber venerar uma rosa, é uma beleza, como a música popular. A música erudita é compara com um jardim, no sentido que tem o festim, tem a garça, tudo... Você vê de longe assim, e quando vai se aproximando, vai enchendo de coisas. É preciso coisas que o compositor tem que gravar...

Trechos extraídos da obra Moacir Santos: o ouro negro do Pajeú (Comunigraf, 2004), da jornalista, historiadora, professora e escritora, Marilourdes Ferraz, tratando sobre o maestro, compositor, arranjador e multi-instrumentista Moacir Santos (1926-2006) e Seara Vermelha, Ganga Zumba, Ouro Negro não brilha em casa, Os fuzis, Lamento astral, O Criador e a Criação, salsamania: el saoco latino, a estrela do nordeste, Nanã, Coisas, Saudades do Pajeú, do Rio Pajé ao Pacífico, De repente estou feliz, A Serra – Emygdio de Miranda, Hino de Vila Bela, entre outros assuntos. Veja mais aqui, aqui, aqui e aqui.


 


quarta-feira, setembro 26, 2018

ELIOT, MATILDE CAMUS, HEIDEGGER, MOACIR SANTOS, LORCA, DALI, GEORGE SANTAYANA & SÉRGIO VALLE DUARTE


A CULPA NA SINA DE LORCA – Imagem: Face of Garcia Lorca in the Form of a Fruit Dish with Three Figs (1938), do pintor surrealista espanhol Salvador Dali (1904-1989). - Valdequinicio queria ser padre desde pixote, achava os paramentos, a liturgia e tudo da igreja era, para ele, a coisa mais linda do mundo, até imitava os gestos e a fala do pároco. Tanto é que um dia, ainda pirralho, chegou perto da mãe e disse: Mãe, quando crescer quero ser vigário! Oh, Quinho, meu filho! Ao dar ciência ao pai sobre o seu desejo, a coisa ficou braba: Tá doida, é? Ele vai ser médico. E providenciou tudo para que ele não se desviasse disso, coisa que não gostou muito, pois o genitor havia substituído a leitura da Bíblia e as idas à missa por Literatura e afins. Não demorou muito e estava ele aboletado em leituras ficcionais, até afeiçoar-se por poesia. Vigilante, o olhar paterno não desgrudava das predileções do menino, até chegar a hora do vestibular: ele queria fazer Letras. Como é? Ah, foi empurrado pra Medicina na marra. Começou então uma sucessão de acontecimentos desagradáveis, apesar de não poder ver uma seringa que já desmaiava, passou quase todo o curso arrumando um jeito de encarar aquilo que mais o incomodava: ver sangue. Entre chiliques e troços na faculdade, uma pesquisa e outra aula, residência e estudos, as leituras indispensáveis dos seus preferidos poetas. Como era um aluno brilhante, muitos professores se voltaram para conduzi-lo da melhor maneira possível, visando superar seus dramas; alguns até dispensavam atenção, antecipando a residência e poupando de vexames. Ao descobrir a poesia de Lorca, ficou encantado: o cante jondo, as canções, o romacero gitano, os poemas galegos, os poemas sueltos, os cantares populares, o teatro & La Barraca, e tudo que se referisse ao andaluz, beirava ao encantamento. E foi num estágio de final de curso que, chamado às pressas, deu de atender um paciente. Logo viu tratar-se de um religioso que não conhecia, identificou pela vestimenta e aquilo o fez recordar seu antigo desejo. Colocou o livro no sovaco e começou o atendimento ali mesmo. Notou logo que o assistido não tirava os olhos do livro, todo agoniado e que não conseguia dizer uma só palavra. Ele então providenciou a internação, acompanhando passo a passo as ações dos enfermeiros. Chegando à enfermaria, depôs o livro sobre uma mesinha ao lado da cama e continuou os exames, enquanto não aparecesse profissional formado para tal. O padre inquieto fazia questão de se virar para ver a capa do livro estampando a foto do poeta com os tiros e sangue, sem conseguir balbuciar muito menos expressar verbalmente o que o afligia. A insistente olhadela do adoentado fez com que ele perguntasse: O senhor também gosta de Lorca? O enfermo mais se agitava, fechando os olhos até uma lágrima descer-lhe pelo canto do olho. Era assim todos os dias que o via entrar no ambiente: Quer que eu leia Lorca pra você? O combalido agitava-se, engolia seco, apertava os olhos e novas lágrimas desciam pelo canto dos olhos. Ele então recitava poemas ou lia techos de Yerma, Bodas de Sangue, Bernarda Alba, e ele relaxava, enfim. Sempre que podia, passava por lá para vê-lo e levava outros livros e antologias com obras do espanhol, até à tarde em que o perturbado convalescente, no meio do recital improvisado, pôs suas próprias mãos à goela, parecia querer se matar. Foi preciso uma aplicação de tranquilizante para adormecê-lo. Quinho saiu dali consternado e sem entender, pensava consigo ter encontrado alguém que, como ele, adoraria o autor. No dia seguinte, finalmente, o acamado havia falecido na madrugada. Foi aí que soube o nome do frei – um nome de rua e de escola na cidade -, e a razão das suas agonias com Lorca: a culpa fizera a sina acompanhar até a morte. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais abaixo e aqui.

RÁDIO TATARITARITATÁ:
Hoje na Rádio Tataritaritatá especial com o saudoso arranjador, maestro, compositor e multi-instrumentista Moacir Santos (1926-2006): Coisas, Ouro Negro, Carnival og the spirit & Maestro & muito mais nos mais de 2 milhões & 600 mil acessos ao blog & nos 35 Anos de Arte Cidadã. Para conferir é só ligar o som e curtir. Veja mais dela aqui, aqui e aqui.

DITOS & DESDITOS – [...] aqueles que não conseguem lembrar o passado, estão condenados a repeti-lo. [...]. Extraído da obra Life of reason (Scribner, 1905), do filósofo, poeta, ensaísta e romancista espanhol George Santayana (1863-1952). Veja mais aqui.

O PENSAR – [...] O pensar, contudo, é poematizar, e não somente no sentido da poesia e do canto. O pensar do ser é a maneira originária de poematizar, somente nele, antes de tudo, a linguagem se torna linguagem, isto é, atinge sua essência. [...] Estamos tão próximos ao fosso que não podemos tomar nenhum impulso suficiente para o salto e amplitude do salto, por isso saltamos facilmente muito curto [...] Ora, a partir daquilo do qual a geração é para as coisas, também o desaparecer para dentro disto se engendra segundo o necessário; pois eles se dão justiça e penitência reciprocamente pelas injustiças, segundo a ordem do tempo. [...] os homens e as coisas produzidas pelos homens e os estados produzidos pelo agir humano e as circunstâncias provocadas fazem parte do ente. Também as coisas demoníacas e divinas fazem parte do ente. Tudo isto não apenas é também, mas é mais ente que as simples coisas. [...]. Trechos extraídos da obra Conferências e escritos filosóficos (Nova Cultural, 1989), do filósofo alemão Martin Heidegger (1889-1976). Veja mais aqui e aqui.

A VERDADE – [...] se alguém se queixar de que não defini a verdade, ou o fato, ou a realidade, só posso dizer, apologeticamente, que não constituía parte de meu propósito fazê-lo desse modo, mas apenas descobrir um esquema no qual, quaisquer que fossem aqueles conceitos, eles se encaixariam, caso existissem [...]. Trecho extraído da obra Ensaios (Art Editora, 1989), do poeta, dramaturgo, crítico literário inglês e Prêmio Nobel de 1948, Thomas Stearns Eliot (1888-1965). Veja mais aqui e aqui.

DOIS POEMAS - VOCÊ CHEGOU ATÉ MIM - Você veio a mim como um milagre / Floresceu de alegria na neve. / Seu amor deslumbrante, vivo e autêntico / focalizou a luz na minha testa. / Eu vi nas fronteiras do espírito / as pétalas de um beijo que é oferecido / ouvindo músicas, duplicadas, / em misteriosas luas todas verdes. / Eu pensei que sonhava com tanta felicidade / vendo que minhas artérias estão perdidas / e acreditando morrer, ao lado do seu peito, / Eu abençoei a morte mil vezes. / Que não é morte morrer em seus braços / morte fora viva, se você não me ama, / arrancado de você, de suas raízes; / desse tronco viril que me protege / desfazendo minha feminilidade / todo um mar transbordando de louros. CALA - Cala a boca / Não fale comigo esta noite. / Deixe as sombras passarem / entre o seu corpo e o meu. / Vamos formar um mundo à parte. / Cala a boca / que amor é o silêncio. / Carregue a loucura do sangue / e seu canto é tão nosso / que não queremos ninguém / Cala a boca / que o peixe dorme. / Silêncio que passa o ar / e no nosso tempo quieto / Sua presença é suficiente. Poemas da poeta espanhola Matilde Camus (1919-2012).

A ARTE DE SÉRGIO VALLE DUARTE
A arte do fotógrafo e artista multimídia Sérgio Valle Duarte. Veja mais aqui.

AGENDA
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segunda-feira, novembro 13, 2017

JUNG, GOURMONT, ERICA JONG, MARIA BLANCHARD, JOHANNES ITTEN, ADRIANO SALES & SÃO BENEDITO DO SUL

A CANÇÃO DO POEMA QUE NÃO FIZ - Imagem: The lute player (1917-1918), da pintora espanhola Maria Blanchard (1881-1932). - O poema que não fiz era só uma canção que se perdeu, nada mais. Eu queria cantá-lo voz em eco das tripas coração, alma na boca. Só não fiz e se perdera, mudo e só, no meio da madrugada, o poema que eu não fiz se fez silêncio e não foi feito quando deveria ser, passou e não mais. O poema que não fiz deu sinal de vida, brotou por um triz e não se fez, desceu pelo ralo e se perdeu. Hoje sinto falta como se fosse uma lembrança que se esquece e quase nem sei porquê, ora bolas, de sentir que não escrevi o que deveria ter dito e feito. Pra quê mesmo? Ora, ora. Sei lá, só sei que o poema que não fiz fugiu entre os dedos, escorreu peito abaixo e esqueci cantar na voz rouca, o peso dos anos nas costas e mais que inventei pra cantar. O poema que não fiz era uma canção só feita de sóis e de lás sustenidos do que eu tinha esquecido por tantos bemóis, pedaços de infância, segredos adolescidos, adulteza incerta e se foi vento como aquela que ama e partiu pra não voltar. O poema que não fiz era um verso só na agonia das entranhas, atravessado na angústia e o perdi na ladeira, quando eu ia pro céu sem saber que ela se foi pra não mais voltar, me deixando sozinho na esquina do escuro e sem saber nada mais nada, alma penada que perdeu rumo e viés. O poema que não fiz era a canção que deixei de fazer com um verso que teimava em poema na flor do pensamento e quase não dizia de nada nem de mim, nem de nada, era sussurro do dia se valendo da noite, a tarde desfeita em quimeras que sequer sonhei, quando ela foi embora e não mais voltou para eu perder a noção da estrada, dos quadrantes, pontos cardeais, até os acordes da canção se foram com ela pra mim que perdera a posse no erro da veia como quem não tem nem onde cair morto. A canção que eu não fiz doía muito e sangrou no caminho até me nocautear e quase morrer de tão grande em mim de não caber na voz e nenhum tom, apenas solada por melodia que me encantava pronto pra solfejar e dizer o que era de alma e coração, e perder os sentidos de mais nada saber. A canção que não fiz era o poema incompleto e aos trapos, enviezado no peito com o aceno dela de que não mais voltaria e a me engasgar o adeus na garganta e a voz que se rasga e se espanta pra não mais cantar, tão tarde a canção que eu fiz e perdi no poema esquecido do verso dissolvido no adeus de quem ama pra sempre amar porque tudo fizera o amor o poema em canção. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais aqui.

RÁDIO TATARITARITATÁ:
Hoje na Rádio Tataritaritatá especiais com o saudoso arranjador, maestro, compositor e multi-instrumentista Moacir Santos (1926-2006): Ouro negro & Coisas; com a multifacetada cantora, guitarrista, compositora, atriz & performer argentina Érica Garcia: Amorama & El Cerebro; do compositor holandês Jacob de Haan: Concerto d’ Amore, Ross Roy, Utopia & Pacifi Dream; e do grupo vocal e instrumental de pesquisa e recriação muscial Mawaca: Canto da Floresta & Gayatri Mantra. Para conferir é só ligar o som e curtir.

PENSAMENTO DO DIA - [...] Meu amigo, já faz alguns séculos que as escolas têm estado a envenenar-vos a sensibilidade e a asfixiar-vos a inteligência [...], pensamento do poeta e dramaturgo francês Rémy de Gourmont (1858-1915), que também expressou: [...] a volúpia é uma criação do homem, uma arte delicada que só uns poucos dominam com perfeição, como a música ou a pintura. [...] o homem associa suas ideias, não de acordo com a lógica, ou com exatidão comprovável, mas de acordo com seus desejos e interesses. [...]. Veja mais aqui.

SÃO BENEDITO DO SUL – O distrito de São Benedito do Sul foi criado pela Lei municipal 24, datada de 20 de outubro de 1899, com a denominação de São Benedito, integrando território do município de Quipapá. O Decreto-Lei estadual 952, de 31 de dezembro de 1943, mudou a denominação para Iraci. A Lei estadual 4980, de 29 de dezmebro de 1963 – data de criação do município -, elevou o distrito à categoria de município autônomo, com a denominação de São Benedito do Sul, com sua instalação ocorendo em 13 de maio de 1964. Administrativamente o município está formado pelos distritos sede e Igarapeba e pelos povoados da Usina Periperi e do Engenho Soberana. Anualmente, no dia 13 de maio, o município comemora sua emancipação política, conforme a Enciclopédia dos Municípios do Interior de Pernambuco (FIAM/DI, 1986). Veja mais aqui.

O TAO E OS OPOSTOS - [...] porque as coisas do mundo interior estão sempre a influenciar-nos poderosamente rumo à inconsciência, é essencial a qualquer pessoa que tenha a intenção de fazer progressos na autocultura objetivar os efeitos da anima e, depois, tentar compreender quais são os conteúdos subjacentes a eles. É dessa maneira que o individuo se adapta e adquire proteção contra o invisível. Não haverá adaptação sem que se façam concessões aos dois mundos. Da ponderação entre os reclamos dos mundos interior e exterior, ou melhor, dos conflitos existentes entre eles, surge o possível e o necessário. Nossa mente ocidental, infelizmente, carente que é de qualquer espécie de cultura a esse respeito, ainda não conseguiu idear um conceito, nem mesmo um nome, para a “união dos opostos em um caminho mediano”, esse item mais fundamental da experiência interior que bem pode, com todo o respeito, ser justaposto ao conceito chinês do Tao. [...]. Trecho extraído das Obras completas (Colected works – Vozes, 2000), do psicoterapeuta suíço Carl Gustav Jung (1875-1961). Veja mais aqui e aqui.

MEDO DE VOAR – [...] mas o grande problema era como fazer com que o feminismo se harmonizasse com a fome insaciável de corpos masculinos. Não era fácil. Ademais, ao passar do tempo mais claro se fornava que os homens, na essência, tinham pavor às mulheres. Alguns em segredo, outros abertamente. O que podia ser mais lancinante do que uma mulher libertada, de olho em cacete murcho? As maiores questões da história empalidecem, em comparação com esses dois objetos quintessenciais, a mulher eterna e o cacete murcho. [...]. Trecho extraído da obra Medo de voar (Artenova, 1975),da escritora e educadora estadunidense Erica Jong. Veja mais aqui

PALMARES
Terra dos poetas
Que nas manhãs de agosto
Encobre-se por uma cortina branca
De névoa e garoa
Cortada pelo imponente Rio Una
Impávido e colossal
Terra das belas praças
Árvores belas
E clima interiorano
Com tantos motivos
Dá-me vontade rimar:
Com meus pensamentos estranhos
Deito em bancos da Praça Paulo Paranhos
Deleza que incendeia na Praça Ismael Gouveia
Em rimas que se estendem
Longo seria o poema
Pois infinita é sua beleza.
Poema extraído do livro Eu-poesias em vias (Rascunhos, 2015), de Adriano Sales, Veja mais aqui.

Veja mais:
A poesia de Manoel de Barros aqui, aqui, aqui e aqui.
A arte de Almeida Junior aqui.
A literatura de Robert Louis Stevenson aqui.
A arte de Camille Pissarro aqui.
O pensamento de Agostinho de Hipona aqui e aqui.
A arte de Ludovico Carracci aqui.
Faça seu TCC sem Traumas: livro, curso & consultas aqui.
Livros Infantis do Nitolino aqui.
&
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CRÔNICA DE AMOR POR ELA
A arte do pintor, escritor e professor suíço Johannes Itten (1888-1967).
Veja mais aqui.

quarta-feira, julho 26, 2017

ARQUÉTIPOS DE JUNG, MOACIR SANTOS, CONTRAPONTO DE HUXLEY, JACOB DE HAAN, MAWACA, ÉRICA GARCIA, JENNY SAVILLE & MARIE JOHNSON HARRISON

OS AVÓS SÓ BOTAM A PERDER – Imagem: Art by Marie Johnson Harrison - Vivi momentos felizes de muitas aventuras na minha infância com os meus avós. O primeiro neto que apareceu no meio de uma penca de tios e tias, pronto, virava eu o xodó e o centro das atenções, manhando dengoso no meio da maior plateia, isso no de menos. Na garupa do cavalo, meu avô Arlindo me levou por vales, rios e canaviais. Quando não, por ser o administrador de engenhos de cana de açúcar do Rio Grande Norte até terras no sul de Minas Gerais, eu podia gabola beiçudo impressionar os matutos com minhas invencionices e trelas de menino tagarela, tudo abestalhado com o meu poder de inventar pinóias cada uma pior que a outra: esse menino bebeu água de chocalho. Essa e muitas outras aventuras nos engenhos só paravam de mesmo quando meu avô ia pra casa dele em Água Preta, eram dias de reinação na bodega sortida de vó Benita, coisa de levar carão o dia todo e esperar pelos acalantos e histórias de trancoso que ela mandava ver pra me amedrontar arrepiado embaixo do cobertor. Os acalantos e histórias dela era coisa de ciúmes nos cabarés, soldados que se perderam, mães que se vingaram, mortes e brigas de famílias, afora coisas do outro mundo e presepadas de espíritos zombeteiros. Quando eu não tremia de medo, morria de rir, e ela mais ainda, até se esquecia das horas contando cada coisa. Findavam as férias e eu de volta pra casa, eram os tempos de ganhador aberto: Pai Lula mesmo todo dia trazia um Mané Gostoso, uma peteca, ioiô, cavalo de pau, boneco de barro, brinquedos de plásticos, doces, biscoitos, confeitos e guloseimas regionais, afora me atiçar com piadas e adivinhações que me premiavam independente de que eu acertasse ou não. Ganhava de todo jeito. Às vezes me levava pra casa dele e lá eu virava artista de cinema com Carma que me recepcionava com o sorriso mais lindo do universo. Depois eu puxava conversa e parava todo movimento da casa, Carma atenta às minhas leseiras, me tratando como um homenzinho que mais queria aparecer que crescer. Oxe, eu ficava contando coisas engraçadas só pra ver a risada de Carma, quando não me ressentia pra ela da minha mãe que não deixava eu brincar no quintal com minha irmã nem com meus primos, me amarrava no pé da mesa, não podia botar o pé descalço no chão, nem chacoalhando na água, nem atrepar no pé de fruta, nem no muro, nem por cima do quintal do vizinho, nem comer chocolate, vixe, ela não deixa, Carma, não deixa! E Carma ria me abraçando e me oferecendo doces e bolos os tantos. O melhor de tudo de todos os meus aprontamentos com meus avós, era que quanto mais eu folgava nas peraltices, mais eles me davam corda para mandar ver nas presepadas. Pois é, os avós botam mesmo tudo a perder, como eu que sou perdido de não prestar mais. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais aqui.

OS ARQUÉTIPOS E O INCONSCIENTE DE JUNG
[...] Uma existência psíquica só pode ser reconhecida pela presença de conteúdos capazes de serem conscientizados. Só podemos falar, portanto, de um inconsciente na medida em que comprovarmos os seus conteúdos. Os conteúdos do inconsciente pessoal são principalmente os complexos de tonalidade emocional, que constituem a intimidade pessoal da vida anímica. Os conteúdos do inconsciente coletivo, por outro lado, são chamados arquétipos. [...] Estou convencido de que o depauperamento crescente dos símbolos tem um sentido. O desenvolvimento dos símbolos tem uma conseqüência interior. Tudo aquilo sobre o que nada pensávamos e a que, portanto, faltava uma conexão adequada com a consciência em desenvolvimento, foi perdido. Tentar cobrir a nudez com suntuosas vestes orientais, tal como fazem os teósofos, seria cometer uma infídelidade para com a nossa história. Não caímos no estado de mendicância para depois posar como um rei indiano de teatro. Mais vale, na minha opinião, reconhecer abertamente nossa pobreza espiritual pela falta de símbolos, do que fingir possuir algo, de que decididamente não somos os herdeiros legítimos. Certamente somos os herdeiros de direito da simbólica cristã, mas de algum modo desperdiçamos essa herança. Deixamos cair em ruínas a casa construída por nosso pai, e agora tentamos invadir palácios orientais que nossos pais jamais conheceram. Aquele que perdeu os símbolos históricos e não pode contentar-se com um substitutivo, encontra-se hoje em situação difícil; diante dele o nada bocejante, do qual ele se aparta atemorizado. Pior ainda: o vácuo é preenchido com absurdas idéias político-sociais e todas elas se caracterizam por sua desolação espiritual. Mas quem não consegue conviver com esses pedantismos doutrinários vê-se forçado a recorrer seriamente à sua confiança em Deus. Embora em geral se constate que o medo é ainda mais convincente. Tal medo decerto não é injustificado, pois onde o perigo é maior, Deus parece aproximar-se. É perigoso confessar a própria pobreza espiritual, pois o pobre cobiça e quem cobiça atrai fatalidade. Um drástico provérbio suíço diz: "Por detrás de cada rico há um demônio e atrás de cada pobre, dois". Da mesma forma que os votos de pobreza material, no cristianismo, afastavam a mente dos bens do mundo, a pobreza espiritual renuncia às falsas riquezas do espírito, a fim de fugir não só dos míseros resquícios de um grande passado, a "Igreja" protestante, mas também de todas as seduções do perfume exótico, a fim de voltar a si mesma, onde à fria luz da consciência, a desolação do mundo se expande até as estrelas. Já herdamos essa pobreza de nossos pais. [...] Nosso intelecto realizou tremendas proezas enquanto desmoronava nossa morada espiritual. Estamos profundamente convencidos de que apesar dos mais modernos e potentes telescópios refletores construídos nos Estados Unidos, não descobrirem nenhum empíreo nas mais longínquas nebulosas; sabemos também que o nosso olhar errará desesperadamente através do vazio mortal dos espaços incomensuráveis. As coisas não melhoram quando a física matemática nos revela o mundo do infinitamente pequeno. Finalmente, desenterramos a sabedoria de todos os tempos e povos, descobrindo que tudo o que há de mais caro e precioso já foi dito na mais bela linguagem. Estendemos as mãos como crianças ávidas e, ao apanhá-lo, pensamos possuí-lo. [...].
Trechos extraídos da obra Os arquétipos e o inconsciente coletivo (Vozes, 2000), do psicoterapeuta suíço Carl Gustav Jung (1875-1961), trazendo fundamentações teóricas que descrevem arquétipos específicos num estudo sobre as relações deles com o processo de individualização e da psicoterapêutica. Veja mais aqui & aqui.

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CONTRAPONTO DE HUXLEY
[...] Era sempre demasiado fácil para ele dispensar os outros. Gostava muito de se fechar no fundo de seu próprio silêncio. Mas podia ter aprendido a se exteriorizar mais, se não sobreviesse aquele horrível acidente. [...] - Eu quisera que Phillip tivesse ido à guerra. Não por motivos belicosos ou patrióticos. Mas porque se me pudessem garantir que ele não morreria nem ficaria mutilado, teria sido tão bom para ele […] Podia ter-lhe quebrado a concha, podia tê-lo libertado de sua própria prisão. Liberdade sob o ponto de vista emocional, porque o seu intelecto já é bastante livre. [...] Duma maneira abstrata sabes que a música existe, e que é bela; mas não partas daí para fingir, ao escutar Mozart, que estás num arrebatamento que não sentes. Se procedes assim, transformas-te num desses esnobes musicais idiotas que se encontram na casa de Lady Edward Tantamount. Incapazes de distinguir Bach de Wagner, babando-se de êxtase quando os violinos se fazem ouvir. O mesmo se passa exatamente com Deus. O mundo está cheio de esnobes religiosos perfeitamente ridículos. Pessoas que não estão verdadeiramente vivas, que nunca praticaram um ato verdadeiramente vital, que não têm relação viva com coisa alguma; criaturas que não têm o menor conhecimento pessoal ou prático do que é Deus. Mas andam pelas igrejas, rosnam suas orações, pervertem e destroem a totalidade de sua existência sem brilho, agindo de acordo com a vontade duma abstração arbitrariamente imaginada a que resolveram dar o nome de Deus. [...] Tudo será incrível, se pudermos tirar a crosta de banalidade evidente que os nossos hábitos põem nas coisas. Todo objeto, todo acontecimento contêm em si uma infinidade de profundezas dentro de outras profundezas [...]
Trechos extraídos da obra Contraponto (Globo, 2014), do escritor inglês Aldous Huxley (1894-1963). Veja mais aqui, aqui & aqui.

RÁDIO TATARITARITATÁ:
Hoje é dia de especiais com o saudoso arranjador, maestro, compositor e multi-instrumentista Moacir Santos (1926-2006): Ouro negro & Coisas; com a multifacetada cantora, guitarrista, compositora, atriz & performer argentina Érica Garcia: Amorama & El Cerebro; do compositor holandês Jacob de Haan: Concerto d’ Amore, Ross Roy, Utopia & Pacifi Dream; e do grupo vocal e instrumental de pesquisa e recriação muscial Mawaca: Canto da Floresta & Gayatri Mantra. Para conferir é só ligar o som e curtir.

CRÔNICA DE AMOR POR ELA
A arte da pintora britânica Jenny Saville. Veja mais aquiaqui.

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