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terça-feira, setembro 15, 2020

BOCAGE, RUBEM ALVES, BETH FORMAGINI, NICOLINA VAZ & DEYSON GILBERT



DIÁRIO DO GENOCÍDIO NO FECAMEPA – UMA: SABE AQUELA... DOS UMBRAIS DE MIM... - O meu país arde como se o meu povo fosse o desespero dos acrófobos à beira do abismo, no cortejo de Paddy Digman do Joyce e eu pseudOdisseu errasse à procura de uma das sete vidas de Tirésias para reencontrar a Ítaca perdida, o meu Paraíso de Milton. Essa a coragem do passo adiante quando tudo é precipício na fumaça sem maçaneta, arrimo, apoio ou paredes: o rio de sudorese excessiva e a tremedeira no sorvedouro nas pontes dissolvidas para tudo despencar no frio da barriga perambeira. Desnudo no sonho o rei entre meras catábases por aclives íngremes, não olho para baixo nem posso voltar porque tudo ficou para trás com o pânico larófobo, porque caio para o báratro com o inútil instinto de sobrevivência de Ícaro sem paraquedas, alpinista nas cataratas do inevitável tropeço pelas escadas de nuvens. E ouço os versos do Soneto infernal de Bocage: Dizem que o rei cruel do Averno imundo e seja isto já; que é curta a idade, e as horas de prazer voam ligeiras... são os fios que se soltam na minha eterna corda bamba pelo meio-fio entre a vida e a morte. Ainda vivo, voo.

DUAS CENAS DE FILMESDepois de ter assistido o documentário Memória para uso diário (2007), da premiada cineasta Beth Formagini, tive a oportunidade de ainda ver o documentário Angeli 24 horas (2011), que trata sobre a obsessão pelo trabalho do cartunista Angeli e o seu dilema de artista, como também o premiado Xingu Cariri Caruaru Carioca (2016), que trata a respeito das origens e evolução do pífano na história do Brasil. Ela é formada em História, especializou-se em documentário na Universidade de Roma, foi presidente da Associação Brasileira de Documentaristas no Rio de Janeiro e trabalhou na produção e pesquisa de alguns filmes de Eduardo Coutinho. Foi dela que captei: Estamos infelizmente dominados. Se não discutirmos isso, entraremos de novo nesse período vivido no passado. Espero que a juventude de agora não volte a experimentar aquilo tudo. Tenho esperança de que as pessoas resistam, que se imponham. Esse é o alerta de que precisamos fazer alguma coisa aqui e agora, vambora.


TRÊS CONTAS NOS DEDOS SEGUINDO - (Imagem: escultura de Nicolina Vaz) – Ah, os meus dias, eram ventanias de tempestades terríveis com o esquecimento e nenhuma vontade de errar pela vida dentro de um odre de poderosos ventos e aberto para festa das sereias enlouquecedoras que me deixaram boiando num pedaço de madeira mar afora, para que findasse mendigo no meu próprio reinado em ruínas. Assim as funduras insondáveis da solidão e ao me deparar com as inscrições da tabuleta chinesa no meio dos antros do cabo Averno: Ande com calma na estrada escorregadia, pois nela se embosca o demônio do desastre. Eu sabia, um pé na frente e outro atrás, todos os caminhos levavam ao inferno. É como se do fundo do Érebo surgissem todos os pálidos espectros da minha convivência de ontens, com os seus castigos do julgamento e a minha veneranda mãe a testemunhar minha tribulação pela escuridão de charcos umbrosos. Presenciava tudo e quedava de terror como quem havia sido expulso do éden para invocar a musa, porque só havia em mim a imagem de Penélope a me esperar distante quase sem esperança, a tecer sua manta com as palavras de Rubem Alves: Não haverá borboletas se a vida não passar por longas e silenciosas metamorfoses. A vida não pode ser economizada para amanhã. Acontece sempre no presente. Vivo agora e voo pra ela. Até mais ver.

A ARTE DE DEYSON GILBERT
A arte do artista Deyson Gilbert, que é graduado em Artes Visuais pela Universidade de São (USP), fundador e editor da revista Dazibao e que já participou de mostras e exposições no Brasil e exterior. Veja mais aqui.


terça-feira, dezembro 29, 2015

BIG SHIT BÔBRAS, BOCAGE, MACHADO, PICASSO, MILTON, TAUNAY, MAESTRINI, MARIA MARTHA & MUITO MAIS!!!

VAMOS APRUMAR A CONVERSA? BIG SHIT BÔBRAS - Bastou ser anunciado o maior evento de todos os tempos no Brasil, o Big Brother – a big shit da televisão brasileira -, para se saber qual assunto será predominante na escola, no hospital, no Congresso, nas Assembleias e Câmaras, no Tribunais e Comarcas, nas delegacias, nos salões de beleza, nas filas dos bancos, nas academias de ginástica e em todas conversas, debates e discursos de todas as instituições públicas e privadas do país. De antemão já se sabe que os intelectuais selecionados servirão de ícones e verdadeiros fabricantes de opiniões, de penteados, de cacoetes, de enriquecimento da língua nacional, dos conhecimentos mais relevantes da pós-modernidade e das condutas mais virtuosas para o engrandecimento da patriamada. Com certeza, baterá todos os recordes de audiência, demonstrando cientificamente a grande máxima do primeiro escriba peró que aqui aportou, de que aqui, em se plantando, tudo dá – jeitinho, manobras, camuflagens e prestidigitações, os símbolos mais nobres da nossa índole. Haverá até concurso para ver qual tipo de intelectual será seguido, copiado e adorado – definindo-se evidentemente quais serão os heróis prediletos e, também, os vilões que serão contemplados com o opróbrio geral -, cultuados tanto pela mídia nacional, como por todas as gentes de todos os quadrantes de Pindorama. Devotados estarão noitedia louvando ou condenando aqueles e aquilo que for feito na alcova, na cozinha, na mesa da sala, na piscina e em todos os cafundós da residência faustosa - mantida à custa de merchandising, propaganda subliminar e pelo verdadeiro desvelo de como atua e funciona a mão invisível -, que acomodará os grandiosos vultos da nossa futura história. Será, sem dúvida, um movimento tão importante que servirá de símbolo pátrio, a exemplo da bandeira, do hino e de todas as insígnias representativas da nação. Será tão devastador que, bastou seu anúncio, já provocou uma verdadeira debandada no que de mais original existe na terrinha boa de Alagoinhanduba: o Big Shit Bôbras (BSB). A primeira baixa foi o desengate do Padre Bidião da sua inseparável beata, baixando a batina e arrastando o chinelo para participar de tal evento, seguido na hora pelo Doro e todos os comparsas que engrossavam a participação de tão singelo espetáculo da paróquia. Sobraram apenas as mulheres que se viram tão escanteadas e de mãos abanando que resolveram, de pronto e com a revolta mais aguda de suas vidas, a criação de uma original e verdadeira greve de sexo para quando os inconfidentes retornarem ao rincão. Já se vê que o negócio está pegando e que, indubitavelmente, vai pegar mais. Enquanto isso, vamos aprumar a conversa aqui e aqui.

PICADINHO
Imagem: a arte da artista visual Julia Broad.


Curtindo a música Qualquer Coisa a Haver Com o Paraíso (Milton Nascimento - Flávio Venturini) com Milton Nascimento & Peter Gabriel e todo o álbum Angelus (1994), em que o Milton reúne além desse convidado outros como Pat MNetheny, John Anderson, Wayne Shorter, James Taylor, Herbie Hancok, entre outros. Veja mais aqui.

EPÍGRAFEQuid legis sine moribus, frase utilizada nas Memórias, do escritor, músico, historiador e sociólogo Alfredo d'Escragnolle Taunay (1843-1899): Constituições magníficas, pactos fundamentais, cheios de rutilantes promessas, mas daí à prática vai um mundo; tudo letra morta... Demais, quid leges sine moribus? [...]. Veja mais aqui.

CULTURA, ARTE & PÓS-MODERNIDADE - No livro Cultura de consumo e pós-modernismo (Nobel, 1995), do sociólogo e editor britânico Mike Featherstone, encontro que: [...] São pessoas fascinadas com a identidade, a apresentação, a aparência, o estilo de vida e a busca incessante de novas experiências [...] Atuando entre a mídia e a vida intelectual, acadêmica e artística, eles promovem e transmitem o estilo de vida dos intelectuais e artistas para um público mais amplo e se aliam a eles, intelectuais e artistas, para converter temas menos nobres, como moda, esporte, musica popular, cultura popular, em campos legítimos de análise intelectual e hierarquias simbólicas que se baseavam em distinções pretensamente nítidas entre alta cultura e cultura de massas, além de contribuir para educar e criar um público maior e mais receptivo para os bens e experiências artísticos e intelectuais. Veja mais aqui.

REFLEXÃO IMORAL – No livro Memórias póstumas de Brás Cubas (1881 - W. M. Jackson Inc, 1938), do escritor Machado de Assis (1839-1908), encontro o trecho que ele fala de uma reflexão imoral: Ocorre-me uma reflexão imoral, que é ao mesmo tempo uma correção de estilo. Cuido haver dito, no capítulo XIV, que Marcela morria de amores pelo Xavier. Não morria, vivia. Viver não é a mesma cousa que morrer; assim o afirmam todos os joalheiros desse mundo, gente muito vista na gramática. Bons joalheiros, que seria do amor se não fossem os vossos dixes e fiados? Um terço ou um quinto do universal comércio dos corações. Esta é a reflexão imoral que eu pretendia fazer, a qual é ainda mais obscura do que imoral, porque não se entende bem o que eu quero dizer. O que eu quero dizer é que a mais bela testa do mundo não fica menos bela, se cingir um diadema de pedras finas; nem menos amada. Marcela, por exemplo, que era bem bonita, Marcela amou-me... [...]. Veja mais aqui e aqui.

TRÊS SONETOS DE AMOR – No livro Sonetos e outros poemas (FTD, 1994), do poeta português Manuel Maria Barbosa l´Hedois du Bocage (1765-1805), destaco inicial um dos seus belos sonetos, o primeiro: Fiei-me nos sorrisos da Ventura, / em mimos feminis. Como fui louco! / Vi raiar o prazer; porém tão pouco / momentâneo relâmpago não dura. / No meio agora desta selva escura, / dentro deste penedo úmido e oco, / pareço, até no tom lúgubre e rouco, / triste sombra a carpir na sepultura. / Que estância para mim tão própria é esta! / Causais-me um doce e fúnebre transporte, / áridos matos, lôbrega floresta! / Ah!, não me roubou tudo a negra Sorte: / inda tenho este abrigo, inda me resta / o pranto, a queixa, a solidão e a morte. O segundo: A teus mimosos pés, meu bem, rendido, / confirmo os votos que a traição manchara; / fumam de novo incensos sobre a ara, / que a vil ingratidão tinha abatido. / De novo sobre as asas de um gemido / te ofr’eço o coração, que te agravara; saudoso torno a ti, qual torna à cara, / perdida pátria o mísero banido. / Renovemos o nó por mim desfeito, / que eu já maldigo o tempo desgraçado / em que a teus olhos não vivi sujeito; / concede-me outra vez o antigo agrado; que mais queres: eu choro, e no meu peito / o punhal do remorso está cravado. Por fim, o terceiro: Os garços olhos, em que Amor brincava, / os rubros lábios, em que Amor se ria, / as longas tranças, de que Amor pendia, / as linda faces, onde Amor brilhava; / as melindrosas mãos, que Amor beijava, / os níveos braços, onde Amor dormia, / foram dados, Armânia, à terra fria, / pelo fatal poder que a tudo agrava. / Segui-te Amor ao tácito jazigo. / Entre as irmãs cobertas de amargura. / E eu que faço (ai de mim!) como os não sigo? / Que há no mundo que ver, se a Formosura, / se Amor, se as Graças, se o prazer contigo / jazem no eterno horror da sepultura? Veja mais aqui e aqui.


AS MALVADAS & ATRAVÉS DA TELA - A trajetória da atriz, cantora e compositora Alessandra Maestrini, começou quando ela passou a integrar a temporada 1997/98 da peça teatral As malvadas, seguindo-se Ó abre alas (1999), Aí vem o dilúvio (1999), Rent (1999/2000), Les misérables (2002), Mamãe não pode saber (2002), A ópera do malandro (2003), O casamento do pequeno burguês (2004), Utopia (2006), A ópera do malandro Em concerto (2007), 7, o musical (2007/2008), Doce deleite (2009) e New York, New York (2011/2013). No cinema ela atuou nos filmes Fica comigo esta noite (2006), O labirinto (2007), Polaroides urbanas (2008), Primeiro ato (2009) e Através da tela (2009). Também tem feito muito sucesso na televisão, na qual atualmente participa do elenco do Toma lá, dá cá. Veja mais aqui.

FICA COMIGO ESTA NOITE – A comédia Fica comigo esta noite (2006), dirigido por João Falcão e baseada na peça homônima de Flávio de Souza, conta a história de um casal de jovens que se conhecem ainda jovem e se casam alguns anos mais trade, atravessando uma crise no casamento. Isso acontece na mesma época em que o marido morre assim, repentinamente, acontecendo o fato de que ele não sair sem se despedir e precisando resolver tudo com ela. Com isso, traz o enredo de uma história de um amor desgastado pelo cotidiano, reavivado na situação limite da morte. O destaque do filme, como não poderia deixar de ser, vai para a atriz Alessandra Maestrini. Veja mais aqui.

IMAGEM DO DIA
 O repouso do escultor (1933), do pintor, escultor, ceramista, cenógrafo, poeta e dramaturgo espanhol Pablo Picasso (1881-1973). Veja mais aqui.

DEDICATÓRIA
A edição de hoje é dedicada à atriz, escritora e roteirista Maria Martha.

AS PREVISÕES DO DORO PARA 2016
Confira as previsões dos signos e as simpatias aqui.

CRÔNICA DE AMOR POR ELA
Imagem: foto de Fox Harvard.
Veja mai aqui.
 

terça-feira, setembro 15, 2015

BOCAGE, RUBEM ALVES, ARRIGO, LYA LYFT, FERNANDA TORRES, TEATRO & PROGRAMA TATARITARITATÁ!!!!

VAMOS APRUMAR A CONVERSA? TEATRO: UM CAMINHO PARA LIBERTAÇÃO (Imagem: Revista A Região, ano II, nº 07, 1985) – O ato teatral sempre foi uma manifestação popular. Na Grécia antiga rememoravam-se através de uma procissão cantando em coro ditirambos ao culto de Dioniso ou Baco, culto este que estabeleceu o inicio da expressão teatral. O axioma platônico “a arte é a imitação da natureza”, muito bem especifica a tradição teatral que sempre se manteve espelhando, reproduzindo e transformando as contradições sociais, desde a tragédia grega de Ésquilo, Sófocles e Eurípedes, passando por Shakespeare, Calderon, Gil Vicente, Moliére e a Commedia dell’arte, Brecht e a dialética teatral, Stanislavsky e o teatro teatral de Craig Appia e Meyerhold, até o teatro do Oprimido de Augusto Boal, o absurdo de Artaud e Ionesco, e o anarco-comunismo de Dario Fo. No Brasil, a princípio, o teatro foi o veiculo e instrumento de catequese, método utilizado pelos jesuítas com o fim de “civilizar” os índios existentes na nossa pátria, mas logo foi declinando desse intuito para “posteriormente passar a ser usado como instrumento de maior profundidade, constituindo-se em elemento de pujança na formação intelectual e moral do nosso povo, glorificando seus valores ao mesmo tempo que anulava as falsase imerecidas auréolas”, segundo Felinto Rodrigues. E o espetáculo teatral subordinado ao texto, coreografia, iluminação, figurino, elementos cênicos e interpretação tem por objetivo além de reproduzir a realidade e as vicissitudes de cada incongruência social, o de instruir divertindo, possibilitando dialeticamente restaurar em cada individuo o valor da conscientização. A atividade artística como função alternativa para o progresso do município tem no teatro a principal força motriz para eventulizar o processo de transformação nos estágios da revolução copernicana ao contrário e resultar no dinamismo conclusivo que ao certo brotarão ao longo do seu desenvolvimento. O dramaturgo alemão Bertolt Brecht nos informa: “Somos todos personagens de um drama social” e isso nos habilita a utilizar a arte não como um fim, mas como um meio. A reprodução da vida do espirito humano se faz necessário à medida em qye temos que ir de encontro ao mito da Esfinge existente no seio da nossa sociedade antropofágica, com seus rótulos e alienação abstratizante, conseguindo o ninamismo ao invés da estaticidade, algo sintomático, porque o teatro do século XX tem o poder da metamorfose e nós vivemos ainda sob a persistência de uma estrutura semifeudal. E para ir de encontro a isso temos que realizar uma arte popular, um teatro mambembe, de rua, de feira, fórum, teatro-jornal e as diversas formas se fazer teatro, encetando todo indicio, vestígio e ruina da nossa raiz como aquisição de uma consciência histórica. A isso se propõe o Grupo Terra, grupo teatral amador que nasceu sob a força da boa vontade e da necessidade do que fazer, com o compromisso de restaurar e redimir nossa identidade. O Grupo terra é formado por jovens como Leonilda Silva, Roberto Quental, Valter Portela, Kária, Eri Guerra e outros jovens que bnuscam na arte teatral a revitalização do teatro de Hermilo Borba Filho, Aristoteles Soares, Fenelon Barreto, Lelé Correia e Miguel Jassely, tão esquecidos. O Grupo Terra já se apresentou com um espetáculo infantil, Valente Galozé, adaptação do livro de Elita Afonso Ferreira, com José de Augusto Boal e atualmente estão montando João sem Terra, de Hermilo Borba Filho. A exemplo do Grupo Terra, temos notícia de mais outros grupos teatrais espalhados por todo lugar: Grupo Zumbi, Estrela 5, Força Jovem, bem como grupos originados em Água Preta, Catende e Barreiros. E essas vozes, vozes pálidas, mas resistentes e conscientes de que não devemos esperar que o mundo se sensibilize por nossa incompetência, mas nós é que temos que nos sensibilizar, são as verdadeiras expressões de não se limitar a ser espelho de uma época, mas modificá-la. E veja mais aqui

 Imagem: Sob a verdura, do pintor português José Júlio Sousa Pinto (1856-1939)


Curtindo o álbum da trilha sonora da comédia Ed Mort (1997), do músico, compositor e ator Arrigo Barnabé para o filme homônimo dirigido pelo cineasta Alain Fresnot, com roteiro de José Rubens Chachá baseado no personagem criado em 1989 por Luís Fernando Veríssimo como paródia das histórias norte-americanas de detetives, adaptado para os quadrinhos por Miguel Paiva. Veja mais aqui.

COMO ENSINAR – No livro Ostra feliz não faz pérola (Planeta, 2008), do psicanalista, educador, teólogo e escritor Rubem Alves (1933-2014), encontrei crônicas do autor sobre amor, beleza, crianças, educação, natureza, política, saúde mental, religião, velhice e morte. Na obra destaco o trecho Se eu fosse ensinar: Se eu fosse ensinar a uma criança a arte da jardinagem, não começaria com as lições das pás, enxadas e tesouras de podar. Eu a levaria a passear por parques e jardins, mostraria flores e árvores, falaria sobre suas maravilhosas simetrias e perfumes; a levaria a uma livraria para que ela visse, nos livros de arte, jardins de outras partes do mundo. Aí, seduzida pela beleza dos jardins, ela me pediria para ensinar-lhe as lições das pás, enxadas e tesouras de podar. Se fosse ensinar a uma criança a beleza da música, não começaria com partituras, notas e pautas. Ouviríamos juntos as melodias mais gostosas e lhe falaria sobre os instrumentos que fazem a música. Aí, encantada com a beleza da música, ela mesma me pediria que lhe ensinasse o mistério daquelas bolinhas pretas escritas sobre cinco linhas. Porque as bolinhas pretas e as cinco linhas são apenas ferramentas para a produção da beleza musical. A experiência da beleza tem devirantes. Se fosse ensinar a uma criança a arte da leitura, não começaria com as letras e as sílabas. Simplesmente leria as estórias mais fascinantes que a fariam entrar no mundo encantado da fantasia. Aí então, com inveja dos meus poderes mágicos, ela desejaria que eu lhe ensinasse o segredo que transforma letras e sílabas em estórias. É muito simples. O mundo de cada pessoa é muito pequeno. Os livros são a porta para um mundo grande. Pela leitura vivemos experiências que não foram nossas e então elas passam a ser nossas. Lemos a estória de um grande amor e experimentamos as alegrias e dores de um grande amor. Lemos estórias de batalhas e nos tornamos guerreiros de espada na mão, sem os perigos das batalhas de verdade. Viajamos para o passado e nos tornamos contemporâneos dos dinossauros. Viajamos para o futuro e nos transportamos para mundos que não existem ainda. Lemos as biografias de pessoas extraordinárias que lutaram por causas bonitas e nos tornamos seus companheiros de lutas. Lendo, fazemos turismo sem sair do lugar. E isso é muito bom. Veja mais aqui, aqui e aqui.

TEORIAS DA ALMA – No livro Perdas e Ganhos (Record, 2003), da escritora e tradutora Lya Luft, encontro Teorias da alma, da qual destaco os trechos: Quanto mais recursos temos no campo da psicologia e dos novos conhecimentos sobre as relações humanas, mais inseguros estamos. Quanto mais civilizados, menos naturais somos. Na época em que mais se fala em natureza estamos mais distantes dela. Ser natural passou a não ser natural. Assim é com criar filho. Perplexos diante das mil  teorias  que nos batem à porta  em toda a mídia, e a proliferação de consultórios com todo tipo de terapias (pelas    razões  mais  singulares),  estamos  nos convencendo de que ter e criar filho nâo é lá  muito  natural.  Passamos do extremo antigo de achar que  criança  não  pensa  ao  outro  extremo: criança  é  complicação.  Mil  receitas  de  como  tratar  do  bebê   ao adolescente  atormentam gerações de pais aflitos. A aflição  não  é  boa conselheira. Afobado, aliás, a  gente ama bem mal... Esquecemos o melhor mestre: o bom-senso. A escuta do que temos no  nosso interior, aquela coisa antiquada chamada intuição,  lembram?  Claro  que para isso precisamos ter bom-senso e ter algo dentro  de  nós  para  ser escutado. Ou cada vez que o bebê  chorar  desafinado,  a  criança  ficar menos ativa (ela em  geral  está  simplesmente  pensando,  querendo  que finalmente a deixem  um  pouco  quieta),  vamos  correndo  procurar  um especialista. Para que ele nos ensine a segurar o bebê, dar a mamadeira, olhar no olho, aconchegar ao peito a criança nossa de cada  dia.  É  que somos, além de aflitos, desorientados. Falta-nos o hábito de observar e de refletir. Preferimos evitar o espelho que faz olhar  para  dentro  de nós. Cada vez mais amadurecemos  tarde  ou  mal.  Somos  crianças  tendo crianças. Não gostamos de refletir e decidir:  se  a  gente  parar  para pensar, tudo desmorona, me disse alguém. Temos  receio  de  encontrar  a ponta do fio dissimulada na confusão do novelo, e, puxando por ela,  ver tudo se desmontar. Mas pode ser positivo: poderíamos recolher os cacos e recomeçar. Quem sabe criar uma estrutura interior mais natural e boa  do que essa em que nos fundamos, e baseados nela dar aos filhos um legado - e um recado - tranqüilo e positivo, que não está  em  livros  e  nem  em consultórios. Ser natural está em crise grave. Quando a sofisticação de usos e ferramentas se  torna  quase  cotidiana, tendemos a usar de estratégias complexas também quando  bastaria  apelar para a simplicidade e sensatez. [...] Muito vai depender do quanto esperamos e acreditamos. De modo geral acho que nos contentamos com muito pouco. Não falo em dinheiro,  carro, casa, roupa, jóias, viagens, que esses cobiçamos cada vez mais. Refiro-me  aos tesouros  humanos: ética, lealdade,  amizade,  amor,  sensualidade  boa. Nossas asas não são tão precárias que tenhamos de voar junto ao chão ou apenas  arrastar nosso peso. Nem somos tão  covardes  que  não  possamos botar a cabeça fora do casulo e  espiar: quem  sabe  no  tempo  do  qual fugimos nos  aguarde,  querendo  ser  colhido,  algo  chamado    futuro, confiança, projeto, vida. Ainda que a gente nem perceba, tudo é avanço e transformação, acúmulo de  experiência, dores do parto  de  nós  mesmos, cada dia refeito. Somos melhores do que imaginamos ser. Que  no  espelho posto à nossa frente na hora de nascer a gente ao fim tenha    projetado mais do que um vazio, um nada, uma frustração: um  rosto  pleno,  talvez toda uma paisagem  vista das varandas da nossa alma. Veja mais aqui, aqui, aqui e aqui.

TRES SONETOS ERÓTICOS– No livro Poesias eróticas, burlescas e satíricas (Escriba, 1969), do poeta português Manuel Maria Du Bocage (1765-1805), destaco três sonetos selecionados por Glauco Mattoso, o primeiro deles Soneto de todas as putas: Não lamentes, ó Nize, o teu estado; / Puta tem sido muita gente boa; / Putissimas fidalgas tem Lisboa, / Milhões de vezes putas teem reinado: / Dido foi puta, e puta d'um soldado; / Cleopatra por puta alcança a c'roa;/ Tu, Lucrecia, com toda a tua proa, / O teu conno não passa por honrado: / Essa da Russia imperatriz famosa, / Que inda ha pouco morreu (diz a Gazeta) / Entre mil porras expirou vaidosa: / Todas no mundo dão a sua greta: / Não fiques pois, ó Nize, duvidosa / Que isso de virgo e honra é tudo peta. Também o Soneto da donzela ansiosa: Arreitada donzella em fofo leito, / Deixando erguer a virginal camisa, / Sobre as roliças coxas se divisa / Entre sombras subtis pachacho estreito: / De louro pello um circulo imperfeito / Os pappudos beicinhos lhe matiza; / E a branca crica, nacarada e lisa, / Em pingos verte alvo licor desfeito: / A voraz porra as guelras encrespando / Arruma a focinheira, e entre gemidos / A moça treme, os olhos requebrados: / Como é inda boçal, perde os sentidos: / Porem vae com tal ansia trabalhando, / Que os homens é que veem a ser fodidos. Por fim o Soneto da copula esculpida: Nesta, cuja memoria esquece à Fama, / Feira, que de Sanct'rem vem de anno em anno, / Jazia co'uma freira um franciscano; / Eram de barro os dois, de barro a cama: / Co'a mão, que à virgindade injurias trama, / Pretendia o cabrão ferrar-lhe o panno; / Eis que um negro barrasco, um Frei Tutano / O espectaculo vê, que os rins lhe inflamma: / "Irra! Vens me attiçar, gente damnada! / Não basta a felpa dos bureis opacos, / Com que a carne rebelde anda rallada?" / "Fora, vis temptações, fora, velhacos!..." / Disse, e ao rispido som de atroz pattada / O escandaloso par converte em cacos. Veja mais aqui, aqui e aqui.

A FILHA DOS PAIS - A premiada atriz e escritora Fernanda Torres, não bastando ser filha do casal de atores Fernando Torres e Fernanda Montenegro, teve seu primeiro contato com o teatro aos 13 anos de idade, quando entrou para o Tablado, atuando já, em 1978, na peça Um tango argentino, de Maria Clara Machado. A partir disso, atuou nas peças A casa dos Budas ditosos, Da gaivota, The flash and crash days, Orlando, Duas mulheres e um cadáver e 5 x comédia. Mas foi no cinema que o seu talento esbanjou com atuação nos filmes Inocência (1983), Amenic – entre o discurso e a prática (1984), A marvada carne (1985), Madame Cartô (1985), Sonho sem fim (1985), Eu sei que vou te amar (1986), Com licença, eu vou à luta (1986), Mulher do próximo (1988), Fogo e paixão (1988), Kuarup (1989), Beijo 2348/72 (1990), Capitalismo selvagem (1993), O judeu (1996), Terra estrangeira (1996), Miramar (1997), O que é isso, companheiro? (1997), O primeiro dia (1998), Gêmeas (1999), Os normais (2003), Redentor (2004), Casa de areia (2005), Saneamento básico (2007), Jogo de cena (2007), A mulher invisível (2009) e Os normais 2 – A noite mais maluca de todas (2009). Vale aplausos e de muitos! Veja mais aqui.

SAVAGES – O policial Savages (2012), dirigido pela cineasta e roteirista estadunidense Oliver Stone, é baseado no romance homônimo de Don Winslow, contando a história de dois amigos plantadores e contrabandeadores de cannabis, produzindo uma variante forte do produto que o tornam muito ricos. A partir de então se envolvem com o cartel mexicano, mas recusam a parceria, ocorrendo a partir de então começa uma trama recheada de golpes, subornos, violência, revides, prisões e muita ação. O destaque do filme é para a belíssma atriz estadunidense Blake Liverly. Veja mais aqui.

IMAGEM DO DIA
A arte do fotógrafo francês Henri Cartier-Brersson (1908-2004)

Veja mais no MCLAM: Hoje é dia do programa Tataritaritatá, a partir das 21hs, no blog do Projeto MCLAM, com a apresentação sempre especial e apaixonante de Meimei Corrêa. Na programação: Beethoven, Gilberto Gil, Orquestra Brasileira de Música Jamaicana, Quarteto em Cy, Quinteto Violado, Banda de Pau e Corda, MPB 4, Sonia Mello, Ozi dos Palmares, Jussanam, Ricardo Machado, Jan Cláudio & Eduardo Proffa, Wilson Monteiro, Mazinho, Walter Pepê, Elisete Retter, Marquinhos Cabral & Genésio Cavalcanti, Santana o Cantador, Trio Ambisi, The Skatalites, Conjunto Água Azul, Alexandre Machado & Grupo Um Só Sentimento, Tirso Florence de Biasi, Fernando Rios, Marisa Serrano, Paulynho Duarte, Franco do Valle, Coral São Vicente a Capella, Sorriso Maroto, Fábio Jr, Exaltasamba, Fernando Iglesias & muito mais. Em seguida, o programa Mix MCLAM, com Verney Filho e na madrugada Hot Night, uma programação toda especial para os ouvintes amantes. Para conferir online acesse aqui.

VAMOS APRUMAR A CONVERSA?
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CRÔNICA DE AMOR POR ELA
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ROSA MECHIÇO, ČHIRANAN PITPREECHA, ALYSON NOEL, INDÍGENAS & DITADURA MILITAR

    Imagem: Acervo ArtLAM . Ao som de Uma Antologia do Violão Feminino Brasileiro (Sesc Consolação, 2025), da violonista, cantora, compos...