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segunda-feira, julho 06, 2020

ODILON REDON, HEATHER NOVA, ARMANDO LÔBO, HENRIETTA LEAVITT, JANE GODALL, BEL BRAZIL & DE BARROS



DIÁRIO DE QUARENTENA (Imagem: arte da poeta, artista visual & blogueira Luciah Lopez)– UMA: AS COISAS VÃO NO FECAMEPA QUE NEM SEI -  Bem, se o Brasil não endoidou no Fecamepa, está de cabeça para baixo no fundo do poço. É que as coisas estão tão enganchadas que passa da anomalia para o disforme, senão amorfo. O Coisonário para se sustentar, faz de tudo para o desgoverno: coleira de Centrão, agrados para milicos e ricos, tapa o céu dos filhos com uma peneira esfarrapada e, ainda por cima, não sabe se a doidice dos engalobados ministrecos vai mesmo arrombar com a festa: vão fazer a farra da cloroquina sobre zilhões de cadáveres tanto da Covid19 como de suas trapalhadas risíveis. A calamidade é só tragicomédia! Vai valer o processo de “kafta” meeesmo: para cara de pau só óleo de peroba, oxente! E arrevira o bumba que, pelo que parece, o pisoteio não vai parar nem tão cedo, gente! E viva o Fecamepa aê!!!!

DUAS: SE O DORO NÃO BATEU AS BOTAS, ESTÁ NAS BEIRADAS – O Doro foi na Coiso: É só uma gripezinha! Não era e o cara se agoniou: Tem algum encosto acochando meu gogó, não posso respirar! Aí ele foi inchando corado, estrebuchando, chega ter um troço e ploft! O cabra caiu estendido, tão inquieto que teve de ser levado amarrado numa maca pra emergência. Diagnóstico na batata! Quando ouviu, sussurrou maluvido de ninguém entender o que dizia: Hem? Sacudido nos confins duma UTI, dizem as más línguas que ele já foi pro saco faz tempo, mais de mês que não se tem notícias dele: Acho que jogaram aquela alma sebosa numa vala qualquer! Foi nada? Se não tiver insepulto aí pros urubus! Eita! Muitos só no sarcasmo: Bem empregado pro desinfeliz! Quem mandou ele achar que era invencível, taí, lascou-se, é mais um para as estatísticas da pandemia! O que será que o enjeitado está fazendo entre o céu, o inferno e o purgatório? Veja aqui.

TRÊS: FIZ UMA CANÇÃO, LUZ&AR - Fiz uma canção! Na verdade, uma cançoneta, quase vinheta! Luz&ar! Mais um dos meus tantos pedaços: mais de 200 fragmentos musicais e nada mais do que me resta. Tudo feito com muito coração. Aliás, todo coração. Principalmente para ela que foi, é e será, sempre: Luciah Lopez. Feliz aniversário! Até amanhã. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais abaixo e aqui.

DITOS & DESDITOS: A descoberta de estrelas variáveis: como as variáveis [cefeidas] provavelmente estão à mesma distância da Terra, seus períodos estão aparentemente associados à emissão real de luz, conforme determinado por sua massa, densidade e brilho da superfície. Uma linha reta pode ser facilmente traçada entre cada uma das duas séries de pontos correspondentes aos máximos e mínimos, mostrando assim que existe uma relação simples entre o brilho das variáveis e seus períodos. Vale ressaltar que na Tabela das variáveis mais brilhantes têm períodos mais longos. Também é perceptível que aqueles com períodos mais longos parecem ser tão regulares em suas variações quanto aqueles que passam por suas mudanças em um dia ou dois. Espera-se que o estudo sistemático das mudanças de luz de todas as variáveis, com quase dois mil números, nas duas Nuvens de Magalhães possa em breve ser realizado neste Observatório. Aparentemente, nenhuma linha divisória aguda pode ser traçada entre as verdadeiras estrelas de Algol e aquelas cujas variações são contínuas. Períodos de nove variáveis nessa região, que são do tipo Algol ou se assemelham a ele, foram determinados e são discutidos aqui. Pensamento da astrônoma estadunidense Henrietta Leavitt (1868-1921), que ficou famosa por seu trabalho sobre estrelas variáveis que, por resultado, passou a ser utilizado por Edwin Hubble para calcular a distância das galáxias — à época chamadas de "nebulosas". Com isso, ele pôde mostrar que algumas dessas "nebulosas" eram na verdade outras galáxias, pondo fim a um longo debate sobre a natureza desses objetos e sobre as dimensões do Universo. O conhecimento dessas distâncias permitiu ainda que Hubble concluísse que o Universo está em expansão, o que demonstra a importância dos trabalhos de Henrietta Leavitt que foi bastante injustiçada, fato que a incluiu entre as integrantes do Efeito Matilda. Veja mais a respeito aqui.

DESTAQUE: O que você faz, faz a diferença, e você tem que decidir que tipo de diferença você quer fazer. Pensamento da primatóloga, etóloga e antropóloga britânica Jane Godall, que estudou a vida social e familiar dos chimpanzés (Pan troglodytes) em Gombe, na Tanzânia, ao longo de 40 anos. Os seus estudos contribuíram para o avanço dos conhecimentos sobre a aprendizagem social, o raciocínio e a cultura dos chimpanzés selvagens. Tornou-se, posteriormente, mensageira da paz das Nações Unidas, fundou o Jane Goodall Institute e é afiliada ao grupo defensor dos animais Humane Society of the United States. O seu trabalho é reconhecido: a cientista já foi homenageada em muitas ocasiões com honrarias acadêmicas diversas e prêmios científicos. Veja mais aqui e aqui.

A MÚSICA DE HEATHER NOVA
Costumo precisar de distância de um evento antes de poder escrever sobre ele. A ideia da música é que escolhemos nosso caminho, consciente ou inconscientemente. Às vezes, é mais fácil culpar outras pessoas ou situações, mas se percebermos que precisamos passar por algo doloroso para crescer ou chegar a um lugar mais brilhante, tudo faz um pouco mais de sentido e, francamente, é muito melhor! Escrever, para mim, é um processo solitário. Eu moro em casa nas Bermudas e escrevo. Não toco nada para ninguém até terminar uma coleção de músicas. Ando todos os dias na natureza e moro à beira-mar. Esse é um elemento importante para mim na minha escrita - minha conexão com a natureza me ajuda a me conectar comigo mesmo, minhas emoções, minha verdade. Bem, o som é o meu próprio coquetel de guitarras sujas e distorcidas, guitarras deslizantes crescentes, violoncelos bem-humorados, violões frágeis, uma seção rítmica e meus vocais, é claro.
HEATHER NOVA - A música da poeta, compositora e cantora bermudense de rock alternativo, Heather Nova, autora de muitos sucessos desde o início da sua carreira em 1990 com o álbum Blow, tornando-a depois de dezenas de álbuns gravados e lançados na sua trajetória, uma das referências do pop-rock feminino e autora do livro de poemas e desenhos com o título, Sorrowjoy.
&
A ARTE DE BEL BRAZIL KOHLRAUSCH
Sou de antes e agora / Sou flor e espinho / Sou água, sou o vinho / Simples.... / Sagrada mulher...
BEL BRAZIL KOHLRAUSCH - A arte da cantora Bel Brazil Kohlrausch. Veja mais aqui.

A ARTE DE ODILON REDON
O valor da arte está em seu poder de aumentar nossa força moral ou aumentar sua influência. Embora reconheça a necessidade de ter a realidade como base, a verdadeira arte reside na realidade que é percebida. Minha originalidade consiste em dar vida a seres improváveis de uma maneira humana e fazê-los viver de acordo com as leis da probabilidade, mas colocando - na medida do possível - a lógica do visível a serviço do invisível.
ODILON REDON - A arte do pintor e artista gráfico francês Odilon Redon (1840-1916). Veja mais aqui.
&
A ARTE DE DE BARROS
Gosto de gente quando sabe hora certa de não ter hora para ser feliz.
A arte do artista plástico De Barros (Paulo César Barros). Veja mais aqui.

PERNAMBUCULTURARTES
É difícil se fazer uma música que busque originalidade e que não tenha prejuízo. Há outra coisa: não basta só a obra, você tem que fazer o social, ter prestígio nas relações sociais. Vejo pessoas que, depois de um tempo de fracassos, vestem a roupa da hipocrisia, de forma a conseguir com a vida social o que a obra não conseguiu. É preciso manter a dignidade. O artista tem que ser fiel a uma visão. Quando ele começa a virar um burocrata, um ser social demais, o foco fica mais na vaidade do que na própria expressão artística.
A arte do premiado cantor, compositor, arranjador, instrumentista, poeta e professor Armando Lôbo que desenvolve estilos e gêneros musicais com uma diversidade ímpar, utilizando experimentalismo com simbiose com a filosofia, a literatura e a história. Ele já lançou quatro álbuns, entre eles Alegria dos homens (2003), Vulgar & sublime (2008), Técnicas modernas do êxtase (2011) e tem se dedicado à música erudita contemporânea. Veja mais dele aqui.
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Evangelho na taba & outros problemas inculturais brasileiros, do escritor e dramaturgo Osman Lins (1924-1978) aqui e aqui.
A poesia Vital Absoluta de Vital Correa de Araújo aqui.
O teatro de Fenelon Barreto aqui.
A arte do artista Maurício Silva aqui.
O curta Maria (2016) & Mucunã (2019), da cineasta Carol Correia aqui e aqui.
Museu do Caxiado aqui.
Justiça & injustiça aqui.
&
Lajedo aqui & aqui.


segunda-feira, janeiro 27, 2020

MOZART, KLÁRA WÜRTZ, SCHELLING, JENNA GRIBBON, CARTA DE AMOR & ARTE PERNAMBUCANA


CONSTANZE, UMA CARTA DE AMOR - Esta a minha carta de amor, o amor que me faz vivo até agora. O amor que me faz recordar da infância tão promissora nos meus olhos grandes de Salzburgo, eu já era a nona maravilha entre aplausos e gentilezas. Herdei a música do meu pai, reis e rainhas eram reais, não um jogo de tabuleiro, eu sentado à mesa com a distinção de grau de cavaleiro, logo via os homens que pouco se apreciavam uns aos outros. O amor pelos devaneios, La finita semplice, e com a adolescência tornei-me infeliz criatura: desprezado, humilhado, a frieza das amargas verdades. Era o amor sempre e vivia tocando para as mesas e cadeiras, indiferença e hostilidades. Mesmo assim, a Missa da Coroação, a Sinfonia Concertante, a Posthornserenade, Idomeneu, tudo pelo amor. Eu sonhava quartetos de cordas, concertos, sinfonias, óperas. E ao despertar, a insatisfação corroía, valia-me das carícias e beijos da priminha e de outras saltitantes moças que me caíam às graças. Logo Rosa foi a primeira paixão para os andantes de deusa. Fui para Mannhein e me apaixonei pela Aloysia, a voz soprano de ouro na beleza estonteante. Para ela muitas árias e sequer me reconheceu no segundo encontro, fui rejeitado. Caí no mundo por força de um pontapé, fui bater em Viena, não menos recusado, expulso. Logo Constanze, antes cunhada, com seus olhos penetrantes deu-me abrigo nos seus braços abertos e o Rapto de Serralho na nossa fuga. O amor, altos e baixos, extravagâncias, as minhas angústias: melancólico, irrequieto, a busca pela conquista da liberdade e amava demais até As Bodas de Fígaro! Apesar do sucesso, a pobreza não era o único obstáculo: o ataque secreto dos inimigos. Quanto desamor. Na verdade, mais um fracasso: ondas exitosas seguiam-se por desastradas. Até Don Giovanni, a tragédia do amante de tantas conquistas amorosas: a ópera da morte e da noite. Eu caminhava para a ruina. Apesar dos aplausos, morria de fome, o ânimo fraquejava. O coração invernou, caminhava num pesadelo. Um estalo: A flauta mágica. Perseverava, persistia. Nenhum reconhecimento, ninguém que me amasse e eu à procura de estima e afeto. Valia-me apenas de Constanze, ah, querida, não fique triste, esteja sempre segura do meu amor. É por você que falo de amor enquanto sonho e ao despertar pelos campos, fontes e ventos. É por você que falo de amor até comigo mesmo, quando não há ninguém para escutar nem receber o meu amor universal. Porque é preciso um grande amor para se viver ou criar uma obra de arte, o amor é fundamental. Ah, minha Constanze como a amo, apesar da nossa quase miséria beirando ao desespero, eu a amo e muito e demais. Sei fui derrotado, todos me deram as costas, fracassei. A vida não tem nenhum valor, só um réquiem, a presença da morte prematura e a vala comum. Adeus, meu amor, meu único amor. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais abaixo e aqui.

DITOS & DESDITOS: [...] Aquilo que conhecemos na história ou na arte é essencialmente o mesmo que também existe na natureza: é que a absolutez inteira é conatural a cada um deles, mas essa absolutez se encontra em potencias diferentes na natureza, na história e na arte [...] A música nada mais é que o ritmo prototípico da própria natureza e do próprio universo, que por intermédio dessa arte irrompe no mundo afigurado [...]. Trechos extraídos da obra Filosofia da arte (Edusp, 2001), do filósofo do Idealismo alemão Friedrich Wilhelm Joseph Schelling (1775-1854), que em outro de seus estudos, “Primeiro projeto de um sistema da filosofia da natureza: esboço do todo (EDIPUCRS, 2004), assinala que: [...] A inteligência é produtiva de dois modos, ou cega e inconsciente ou livre e com consciência; inconscientemente produtiva na intuição do mundo, com consciência na criação de um mundo ideal. [...]. Veja mais aqui & aqui.

MOZART
Falo do amor ao despertar, falo do amor quando sonho, com as flores, com os campos, as fontes, os ecos, o ar, os ventos, e se não houver alguém que me escute, falo deste amor comigo mesmo. Para fazer uma obra de arte não basta ter talento, não basta ter força, é preciso também viver um grande amor.
MOZART - O compositor austríaco Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791) teve uma vida repleta de amor e fracasso. Na adolescência e já professor, envolveu-se com a pianista alemã Rose Cannabich (1764-1839), a quem dedicou uma sonata para piano. Depois se apaixonou pela bela soprano Aloysia Weber (1760-1839), pela qual foi rejeitado, para quem dedicou muitas de suas árias. Por fim, apaixonou-se por Constanze Weber (1762-1842), irmã de Aloysia, com quem conviveu até a sua morte. Várias obras dão conta da vida de Mozart e de suas paixões, entre elas, Mozart, sociologia de um gênio (Jorge Zahar, 1995), de Norbert Elias; Constanze Mozart: Eine Biographie (Bohlau Verlag, 2018), de Viveca Servatius; Constanze Mozart geb. Weber: Ein biografischer Roman (Kaufmann Ernst, 2006), de Heidi Knoblich; Mozart (Objetiva, 1999), de Peter Gay; e o drama de época Amadeus (1984), do cineasta Milos Forman. Veja mais aqui & aqui.

A MÚSICA DE MOZART: KLÁRA WÜRTZ
Devemos agradecer ao movimento histórico da performance, que colocou de volta ao centro da cena a estrutura da obra e se despediu da abordagem egocêntrica e de sua obsessão pela perfeição instrumental. Essa obsessão, que culminou nos anos quarenta e cinquenta, enfatizou aquelas seções do trabalho que permitiam exibir a perfeição instrumental, tornando assim os mecanismos de ação pretendidos pelo compositor muito mais difíceis de se comunicar com sucesso.
KLÁRA WÜRTZ – A arte da premiada pianista húngara Klára Würtz, que fez quase 20 gravações em CD, entre as quais as Sonatas para Piano completas de Mozart, entre outras. Ela é professora de piano no Conservatório de Artes de Utrecht e vive em Amsterdã, na Holanda. Veja mais aqui.

A ARTE DE JENNA GRIBBON
Sensualidade, beleza e romantismo são todos aspectos da minha realidade em minhas interações com as mulheres e com o meio da tinta, e isso se reflete no trabalho. Sim, o trabalho é, em parte, sobre minha complicada relação com a história da pintura - não apenas com a maneira como as mulheres foram retratadas na pintura, mas também com a linhagem patrilinear de artistas dos quais meu trabalho descende. Estou tão mergulhado na história da maneira como os homens brancos traduziram idéias e imagens em tinta, que tenho certeza de que nunca poderei pensar em uma abordagem masculina eurocêntrica da pintura como algo além de pintura. A pintura de mim mesmo com um bigode, a pintura de um "banhista" poderia ter sido alternadamente intitulada "Problemas com o papai". Adoro o trabalho de tantos homens dessa história, mas estou lutando com minha própria inclinação para fazer um trabalho que vem diretamente de uma tradição que me deixaria de fora até muito recentemente, e que continua a excluir muitas vozes.
JENNA GRIBBON – Arte da artista visual estadunidense Jenna Gribbon, que tem realizado exposições consagradores em diversos países. Veja mais aqui.

A ARTE PERNAMBUCANA
A arte do escritor e dramaturgo Ariano Suassuna (1927-2014) aqui & aqui.
O premiado dramaturgo Luiz Marinho (1926-2002) aqui.
O filme Amarelo Manga, de Claudio Assis aqui.
A poesia de Valmir Jordão aqui.
A arte de Zé Galdino aqui.
A música de Bonny Brown aqui & aqui.
O Brasil Holandês aqui.
Lia de Itamaracá aqui.
O município de São Bento do Una aqui & aqui.
&
A arte palmarense de Luciah Lopez aqui, aqui & aqui.


terça-feira, outubro 01, 2019

ELIE WIESEL, BOURDELLE, CINEMA PERNAMBUCANO, PALMARES & LUCIAH LOPEZ


DO UM AO QUATRO, MUITOS, TODOS - Bastam quatro segundos para o que era de verdade deixar de ser. Assim, pude então saber dos quatro elementos e a vida. Entre a dúvida e o caos, a lei e a ordem do quadrado. Entre o dia e a noite, as quatro qualidades dos antigos, as operações básicas da aritmética, as estações, as virtudes cardeais e os ventos dos céus. Entre a razão e a emoção, os quatro humores, as bestas do Apocalipse, os ingredientes alquímicos e as fases da Lua. Entre limites e maniqueístas, as quatro figuras geométricas e entre as direções e lugar algum, os quatro pontos cardeais, a bússola e os rios do Éden. A duras penas, as quatro dimensões vitais, as quatro paredes do quarto. O um como o quarto de Maria Prophetissa, ou seja, o um é igual a quatro. Foram nove anos para chegar ao primeiro milhão. Na Quadra da Punição, ridicularizaram as minhas faltas. Fiz o que pude nos oito pés de quadrão, de enxerido fiz até dez, como se fossem os Quatro Quartetos de Eliot. Surpreso com o resultado, se deu certo ou não, encolhi os ombros: se tivesse mais tempo, escreveria menos palavras. A minha sombra entra e sai comigo e o que acontece lá fora eu não sei o que é. Só sei que de ano em ano, mais um, agora quatro. Afinal é a vida. Aos que deram as costas, obrigado por ensinarem a distinguir aquelaquele a quem devo primar na trajetória da indiferença ou se danem para nunca mais. Aos braços abertos, minha eterna gratidão: vamos sempre juntos. Obrigado, obrigado, obrigado. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais aqui.

DITOS & DESDITOS: [...] Depois veio a marcha, passando pelas vítimas. Os dois homens não estavam mais vivos. Suas línguas estavam penduradas, inchadas e azuladas. Mas a terceira corda ainda estava em movimento: a criança, muito leve, ainda respirava... E assim ele permaneceu por mais de meia hora, permanecendo entre a vida e a morte, se contorcendo diante de nós. Olhos. E fomos forçados a olhá-lo de perto. Ele ainda estava vivo quando eu passei por ele. Sua língua ainda estava vermelha, seus olhos ainda não estavam extintos. Atrás de mim, ouvi o mesmo homem perguntando: "Pelo amor de Deus, onde está Deus?" E, dentro de mim, ouvi uma voz responder: "Onde Ele está? Aqui é onde - pendurado aqui neste galão ..." Naquela noite, a sopa tinha gosto de cadáveres. [...] Bendito seja o Todo-Poderoso... A voz do recluso oficiante acabara de se tornar audível. No começo eu pensei que era o vento. "Bendito seja o nome de Deus..." Milhares de lábios repetiram a bênção, curvados como árvores em uma tempestade. Bendito seja o nome de Deus? Por que, mas por que eu o abençoaria? Cada fibra em mim se rebelou. Por que Ele causou milhares de crianças para queimar nas sepulturas coletivas? Por que ele mantinha seis crematórios trabalhando dia e noite, incluindo o sábado e os dias sagrados? Por que em seu grande poder havia criado Auschwitz, Birkenau, Buna e tantas outras fábricas da morte? Diga-lhe: Bendito sejas, Todo-Poderoso, Mestre do Universo, que nos escolheu entre todas as nações para ser torturado dia e noite, para observar como nossos pais, nossas mães, nossos irmãos acabam nas fornalhas? Louvado seja Teu Santo Nome por nos escolher para sermos abatidos no Teu altar ... E eu, o ex-místico, estava pensando: "Sim, o homem é mais forte, maior que Deus. Quando Adão e Eva te enganaram, vocês os perseguiram paraíso”. Quando você ficou descontente com a geração de Noé, derrubou o dilúvio. Quando Sodoma perdeu o seu favor, você fez os céus choverem fogo e condenação. Mas olha esses homens a quem você traiu, permitindo que eles fossem torturados, massacrados, gaseados e queimados, o que eles fazem? Eles oram diante de você! Eles louvam o seu nome! “Toda a criação é testemunha da grandeza de Deus!” Nos dias passados, Rosh Hashaná havia dominado minha vida. Eu sabia que meus pecados entristeciam o Todo-Poderoso e, por isso, pedi perdão. Naqueles dias, eu acreditava plenamente que a salvação do mundo dependia de todas as minhas ações, de todas as minhas orações. Mas agora eu não implorava mais por nada. Eu não era mais capaz de lamentar. Pelo contrário, me sentia muito forte. Eu era o acusador, Deus o acusado. Meus olhos se abriram e eu estava sozinho, terrivelmente sozinho em um mundo sem Deus, sem homem. Sem amor ou misericórdia. Eu não era nada além de cinzas agora, mas me senti mais forte que esse Todo-Poderoso a quem minha vida estava preso há tanto tempo. No meio desses homens reunidos para oração, eu me senti como um observador, um estranho. [...] Trechos extraídos da obra Noite (Neil and Young, 2006), do escritor, professor e ativista político romeno Elie Wiesel (1928-2016), sobrevivente do Holocausto e ganhador do Nobel de 1986.

O RAP DO PEQUENO PRÍNCIPE CONTRA AS ALMAS SEBOSAS
[...] Em vez dos grandes acontecimentos e dos grandes homens da história brasileira, ou de fatos e pessoas exemplares, o filme se ocupa de episódios fragmentários, personagens anônimos, aqueles que foram esquecidos e recusados pela história oficial e pela mídia. [...]. Trecho de Filmar o real: sobre o documentário brasileiro contemporâneo (Zahar, 2011), de Consuelo Lins e Cláudia Mesquita.
O RAP DO PEQUENO PRÍNCIPE CONTRA AS ALMAS SEBOSAS – O premiado documentário O rap do Pequeno Príncipe contra as almas sebosas (2000), dirigido por Paulo Caldas e Marcelo Luna, conta a história de dois jovens moradores da periferia pernambucana que, para a sobrevivência de cada um, usam armas diferentes: o revólver e o instrumento musical; a bala e o batuque; o acerto de contas rápido, mortal em vez da conscientização através da palavra. Os dois são os opostos e ao mesmo tempo iguais na condição de filhos de uma guerra social silenciosa que é travada diariamente nas grandes cidades brasileiras. Veja mais aquiaqui.

A ARTE DE ANTOINE BOURDELLE
A arte do escultor francês Émile Antoine Bourdelle (1861-1929). Veja mais aqui.

PALMARES NA ARTE DE LUCIAH LOPEZ
Metade de mim caminha silenciosa...
Metade de mim observa o passado na roupagem roupagem do casario
 _________ metade de mim adentra o passado em busca do futuro.
Poema Metades do tempo & aquarela da Biblioteca Fenelon Barreto, da poeta, artista visual e blogueira, Luciah Lopez. Veja detalhes de Palmares & Arte aqui.


segunda-feira, agosto 05, 2019

SOLJENÍTSIN, EUNICE KATUNDA, MURILLO LA GRECA, MARÍA BLANCHARD, & LUCIAH LOPEZ

Arte & foto da poeta, artista visual & blogueira Luciah Lopes. Veja mais abaixo.

120 ANOS DE MURILLO LA GRECA – Uma maravilhosa homenagem foi realizada no último sábado, na praça central da cidade palmarense, ao seu ilustre filho e saudoso pintor e professor Murillo La Greca. Falar deste que é, entre os grandes artistas palmarenses, uma figura icônica das artes figurante nos padrões internacionais, é trazer a constatação da luta resistente para se instaurar um histórico cenário que ficou no passado e que teima, apesar de todos os óbices e descasos, em se mostrar no presente. Por isso mesmo, valeu a pena. A importância de Murillo La Greca está nos afrescos da Basílica da Penha, no Recife; por ter sido ele professor da Escola de Belas Artes do Rio de Janeiro; ter sido um dos fundadores da Escola de Belas Artes de Pernambuco que originou o atual Centro de Artes e Comunicação (CAC), da Universidade Federal de Pernambuco; pelo Museu que leva o seu nome e criado em 1985, no bairro recifense de Parnamirim; nas suas premiações nacionais e internacionais, na sua amizade com Cândido Portinari e na sua expressão artística. Entre as suas obras estão as premiadas obras Os últimos fanáticos de Canudos (1927), O fuzilamento de Frei Caneca, a Primeira aula de Medicina, entre outras. O evento palmarense promovido pelo Instituto de Belas Artes Vale do Una (IbaValeUna), presidido pelo poeta e artista visual Paulo Profeta, contou com a participação do multiartista imaginauta Ghugha Távora, do professor Clóvis Parízio, da apresentação teatral capitaneada por Atonmirio Barros e Juarez Carlos, da exposição da Associação dos Artesãos Palmarenses e de diversos artistas locais e da região, e de atividades desenvolvidas por artistas visuais oriundos da capital pernambucana e da localidade, afora uma considerável participação da comunidade palmarense prestigiando o evento. Aplausos para Palmares, nada mais meritório para registro que um evento desta envergadura nos anais da cultura e das artes palmarenses. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais abaixo e aqui.

DITOS & DESDITOS:
[...] o grande compositor é possuído também da vontade de interpretar – essa perseverança obstinada, instintiva e sublime em doar os seus sonhos, a despeito de todas as dificuldades, a um mundo mal-agradecido, desdenhoso e, muitas vezes, antagônico. Observamos outro dia uma formiga com um pedaço de folha na boca – carga tremenda para uma força – trabalhando por subir o plano inclinado de um tabuleiro de relva. Um professor, amigo nosso, colocou uma pedra no caminho da formiga. Esta. Conquanto ficasse confusa por alguns instantes, pôs-se depois a seguir o seu caminho, contornando a pedra. O professor continuou a colocar obstáculos no caminho do inseto, mas a cada passo persistia a formiga em contornar ou transpor o obstáculo e prosseguir em direção à sua meta. “Estou procurando fazer experiências com a formiga”, disse o professor. “Quero ver com quanta persistência pode ela lutar contra as dificuldades”. “E para que deseja o senhor ver uma coisa dessas?”, perguntamos. “Para que a humanidade possa aprender, com essa formiga, a ser sábia e forte”, replicou o professor. Reza a lenda oriental que Deus coloca obstáculos no caminho do gênio para que os anjos possam aprender com os homens a serem sábios e fortes. Essa sabedoria e essa força – que se chama beleza na linguagem da arte – é o estofo de que são feitos os grandes compositores. E é essa qualidade que transforma um sofredor humano num professor divino.
Trechos da introdução do livro Vida de grandes compositores (Globo, 1986), dos biógrafos Henry Thomas e Dana Lee Thomas, com a história de vida de Bach, Handel, Haydn, Beethoven, Schubert, Mendelsshon, Chopin, Schumann, Liszt, Wagner, Verdi, Gounod, Brahms, Tchaikovsky, Rimsky-Korsakov, Debussy. Puccini, Sibelius, Stravinsky e Villa-Lobos. Veja mais aqui e aqui.

A MÚSICA DE EUNICE KATUNDA
A vida e obra da compositora, regente, pianista e professora Eunice Katunda (1915-1990), é objeto do livro Eunice Katunda, musicista brasileira (Annablume, 2001), de Carlos Kater, contando a sua história e baseado em longa pesquisa, que inclui um levantamento do acervo de documentos da própria artista, além de ser um esboço biográfico da autora, torna-se com isso o único catálogo de suas obras e inclui a publicação de sua criação mais premiada e conhecida, Negrinho do Pastoreio. A sua obra encontra-se em CDs reunidos de Compositores Latino-Americanos (Sonopress, 1994), no livro Mulheres compositoras: elenco e repertório (Roswitha Kempf, 1987) de Nilcéia C. Baroncelli, na tese de doutoramento Louvação a Eunice: um estudo de análise da obra para piano de Eunice Katunda (Unicamp, 2009). Iracele Lívero, do artigo Katunda, Barbosa e Resesnde: compositoras brasileiras acima de qualquer suspeita (Musicologia Criativa - Actas do I Encontro Ibero-americano de Jovens Musicólogos: por uma musicologia criativa.: Tagus Atlanticus Associação Cultural, 2012, ). Eliana Monteiro da Silva e Amilcar Zani, e na dissertação de mestrado A obra para canto e piano de Eunice Katunda:três momentos (UFMG, 2009), de Melina de Lima Peixoto, trabalhando três canções Prenúncio do Sol(1961), Moda da Solidão-Solitude(1967) e Incelença das Ave-Marias(1972). Veja mais aqui.

A ARTE DE MARÍA BLANCHARD
Eu mudaria todo o meu trabalho por um pouco de beleza.
A arte da pintora espanhola María Blanchard (María Gutiérrez Cueto – 1881- 1932). Veja mais aqui.
&
IBAVALEUNA: 120 ANOS DE MURILLO LA GRECA
Evento realizado no último sábado, em Palmares-PE, em homenagem ao pintor e professor Murillo La Greca, promovido pelo Instituto de Belas Artes Vale do Una (IbaValeUna). Veja mais aqui e aqui.

A OBRA DE ALEXANDER SOLJENÍTSIN
Apenas aqueles que se recusam a subir na carreira são interessantes como seres humanos. Nada é mais chato do que um homem com uma carreira.
A obra o escritor, dramaturgo e historiador russo Alexander Soljenítsin (1918-2008) aqui e aqui.
&
OS POEMAQUARELAS DE LUCIAH LOPEZ
Lá fora ____________o frio
e eu me faço poema no mistério de todas as coisas.
Na pele o grito das letras e o reflexo da paixão que não morre
nunca________acorda o dia na resenha dessa espera de tantas horas.
Uma voz
Uma canção
E o Tempo Rei...
Os Poemaquarelas & outras artes da poeta, artista visual e blogueira Luciah Lopez aqui e aqui.
 


ROSA MECHIÇO, ČHIRANAN PITPREECHA, ALYSON NOEL, INDÍGENAS & DITADURA MILITAR

    Imagem: Acervo ArtLAM . Ao som de Uma Antologia do Violão Feminino Brasileiro (Sesc Consolação, 2025), da violonista, cantora, compos...