TATARITARITATÁ: VAMOS APRUMAR A CONVERSA - Literatura, Teatro, Música & Pesquisas de Luiz Alberto Machado (LAM). Show, cantarau, recital, palestras, oficinas, dicas & informações. Contato & Chave Pix: luizalbertomachado@gmail.com
segunda-feira, maio 09, 2016
ASCENSO, REAY TANNAHILL, ALCEU, ULRIKE MEINHOF, XENIA HAUSNER, ESPERANTINA & GUAZZELLI
sábado, abril 11, 2015
MARIA MIES, MARTHA GELLHORN, JUÓ BANANÉRE, MESSICK & TANNAHILL
A SOLIDÃO DE
MARTHA: AS CINCO TRAVESSIAS DO INFERNO – Martha também era Ellis e filha de um médico
ginecologista judeu alemão e de uma feminista sufragista filha de protestantes.
Aos 7 anos de idade participou de um comício, o The Golden Lane. Cresceu
e passou a buscar a carreira do jornalismo publicando seus textos, razão pela
qual ganhou uma viagem à Europa. Na França conheceu aos 22 anos de idade o seu
primeiro amor, causando um grande escândalo: o pai nunca lhe perdoou e logo o arrependimento.
Cobria eventos de moda para publicações dos dois lados do Atlântico, quando foi
demitida ao denunciar um caso de assédio sexual. Regressou aos Estados Unidos
já engajada no movimento pacifista, o que a levou ao seu primeiro livro What
Mad Pursuit. Viajou por todo país testemunhando a grande depressão e, a
partir de então, passou a trabalhar como fotógrafa com Dorothea Lange,
documentando a fome e o desemprego, o que levou a escrever os contos do livro The
Trouble I've Seen. A partir daí foi cobrir a Guerra Civil espanhola, as
trincheiras na linha de frente, os hospitais repletos de soldados enfermos e os
bombardeios de Barcelona. Durante os incidentes conheceu o segundo amor num
bar: Um homem grande e sujo... Fez uma atribulada viagem à China: Fechei
os olhos porque pensei que preferia não ver uma das asas a separar-se da
fuselagem. O avião, quando já estava perto do chão, começou a subir lentamente
sem perder as asas. Recuperamos o que deveria ser a altura normal de voo,
embora um voo que nada tivesse de normal, e o avião prosseguiu em estilo
borboleta... Com a companhia era a hora de um promissor casamento. Presenciou
a ascensão do nazismo e a eclosão de segunda guerra grande que seriam relatados
no seu livro A Stricken Field. Os envolvimentos amorosos se sucediam a
cada mudança de cenário. Depois ocupou-se em escrever sobre a guerra da Finlândia,
Burma, Hong Kong, Singapura e Inglaterra, fingindo-se enfermeira e se trancando
num banheiro dum navio-hospital. Ao desembarcar tornou-se carregadora de macas
transportando os feridos das tropas na Normandia, para em seguida reportar
sobre o campo de concentração de Dachau. Seguiu numa perigosa viagem oceânica
até Londres devastada, rompendo o casamento ao chegar num hotel. Adotou um órfão
italiano dedicando-se maternalmente por um bom tempo. Viajou o mundo para
relatar eventos como os julgamentos de Nuremberg. Vieram então a guerra do
Vietnã, os conflitos árabes israelenses, as guerras civis da centro-américa e a
invasão do Panamá, juntamente com os livros Face of War e The Lowest
Trees Have Tops. Novos envolvimentos amorosos, mais um casamento quase
duradouro acompanhado dum novo divórcio. Mudou-se pro Quênia, depois para País
de Gales. Depois publicou uma coleção de novelas: The Weather in Africa,
contando a travessia num Land Rover decrépito por estradas intransitáveis e o
destino se perdendo ao pôr do Sol, os insetos e a sensação de flutuar. Para ela
as cinco travessias do inferno foram as suas melhores viagens horrorosas: um
purgatório de aborrecimentos e perigos. Contava com 80 anos de idade quando foi
violada no Quênia. A cada tragada de inveterada fumante denunciava as
injustiças do mundo, contando como clandestinamente entrou no Panamá para
relatar a invasão das tropas estadunidenses. A cada gole de uísque repassava o
passado sem conseguir enxergar nada adiante. Aposentou-se e fez uma cirurgia mal
sucedida de catarata para ficar com a visão prejudicada. Publicou então Travels
with Myself and Another. Ainda queria cobrir os conflitos dos Balcãs,
quando decidiu se reportar à pobreza no Brasil. Conseguiu publicar uma coletânea
de jornalismo pacifista: The View from the Ground. Era o ocaso da inquieta
viajante intrépida que abominava o tédio e perguntas sobre Hemingway; que sentiu
a solidão fria durante os casamentos; que viveu um relacionamento distante e
amargo com o filho, a amizade rompida com Sybille Bedford, a saúde cada vez mais
piorando, um câncer no ovário e na escuridão de uma quase cegueira preferiu uma
cápsula de cianeto. Veja mais abaixo e mais aqui e aqui.
DITOS & DESDITOS
- Gradualmente, percebi que as pessoas engolem mais facilmente mentiras
do que verdades, como se o sabor das mentiras fosse caseiro, apetitoso: um
hábito... As pessoas costumam dizer, com orgulho, "Não estou
interessado em política". Elas também podem dizer, "Não estou
interessado em meu padrão de vida, minha saúde, meu emprego, meus direitos,
minhas liberdades, meu futuro ou qualquer futuro". ... Se pretendemos
manter algum controle sobre nosso mundo e nossas vidas, devemos estar
interessados em política... Depois de uma vida inteira observando
guerras, vejo a guerra como uma doença humana endêmica, e os governos são os
portadores... Por que as pessoas falam dos horrores da velhice? É ótimo.
Eu me sinto como um bom carro velho com as peças gradualmente se desgastando,
mas não estou reclamando... Aqueles que acham o envelhecimento terrível são
pessoas que não fizeram o que queriam com suas vidas... A
"liberdade" é o bem mais caro que existe; ela tem que ser paga com
solidão... Pensamento da escritora e jornalista estadunidense Martha Gellhorn (Martha Ellis Gellhorn – 1908-1998), que
no seu livro Selected Letters (Holt Paperbacks, 2007), ela assinalou que:
[…] E essa vontade de fugir do que amo é um tipo de sadismo que não pretendo
mais entender. [...]. No
seu livro Travels With Myself and Another (Penguin, 2001), ela expressa
que: […] Nada é melhor para a autoestima do que a sobrevivência. [...].
No livro The Face of War (Atlantic Monthly, 1994), ela registra que: […]
Na noite de Ano Novo, pensei em uma maravilhosa resolução de Ano Novo para
os homens que governam o mundo: conhecer as pessoas que só vivem nele. [...] Nenhuma guerra, no
registro de guerras de nossa espécie, foi terminal. Até agora, quando sabemos
que uma guerra nuclear seria a morte de nosso planeta. É inacreditável que
quaisquer governos — essas breves figuras políticas — se arroguem o direito de
parar a história, a seu critério. [...].
ALGUÉM FALOU: Paz no
patriarcado é guerra contra as mulheres... Se o patriarcado teve um
início específico na história, também pode ter um fim... Pensamento da socióloga
alemã Maria Mies (1931-2023), que no seu livro Ecofeminism
(Zed, 2014), ela expressa que: [...] Agora, depois que os recursos materiais das
colônias foram saqueados, seus recursos espirituais e culturais estão sendo
transformados em mercadorias para o mercado mundial... [...].
No seu livro Patriarchy and Accumulation on a World Scale: Women in the
International Division of Labour (Zed, 1999), ela assinala que: […] O projeto feminista é basicamente um movimento anarquista
que não quer substituir uma elite de poder (masculina) por outra elite de poder
(feminina), mas que quer construir uma sociedade não hierárquica e não
centralizada, onde nenhuma elite viva de exploração e domínio sobre as outras. [...].
quinta-feira, março 07, 2013
SHIRLEY HAZZARD, CHINUA ACHEBE, DANIEL FILIPE, SOPHIE KINSELLA, HUFFINGTON & LITERÓTICA
LITERÓTICA: PLETORA
DOS ANTÍPODAS - A sua nudez se agiganta na minha afeição. E
eu recolho o seu corpo como quem persegue a salvação da vida. E persigo
escalando suas encostas íngremes e latejantes de carne firme, ilha perfumada
nua em pêlo, arrepiada com toda a seiva transbordante com cheiro bom de
enlouquecer. E endoideço enquanto você se prolonga na alegria do meu coração
que se apropria de toda sua esbelta deidade tentadora para deixá-la encurralada
nas minhas carícias à queima roupa. E vou desenfreado pilhando seu corpo
enquanto se precipita sobre o poderio do meu falo rijo que lambuza a generosidade
do triângulo púbico até a celebração sinuosa da dança pélvica que me arregala
os olhos de forma assustadora com seu embalar de felicidade por possuí-la
suculenta e depravada. E na nossa obscena empatia vou explorando as minas de
ouro escondidas sob a língua sibilante da Britney cheia de imprecações, no
regato dos seios que nutre nossa atração recíproca e nossos corpos mútuos, nos
pontos de ebulição que acende a clareira de nossa vertigem despudorada, nas
nádegas arrebitadas que bamboleia para o meu completo enlouquecimento, na sua
guarita onde a minha vontade endurecida mergulha no abismo para que possa
hibernar soterrado de prazer. E na descoberta da delícia, vou investindo com
lambidas ferozes cada fatia da deusa do meu panteão, minha suméria Nammu que
pariu o céu e a terra no caos enquanto o meu sexo guerreiro golpeia e empurro
com estocadas loucas cerrando os dentes, penetrando sua alma como um cavalo
selvagem que atravessa o seu gemido gutural apertando meu membro no prazer
crescente e inevitável, até transbordar todos os impulsos e peripécias do nosso
bom bocado onde o bumerangue vence a parada de todo quilate de sua satisfação
tantalizada. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais abaixo
& mais aqui e aqui.
DITOS &
DESDITOS - A tragédia não é que o amor
não dure. A tragédia é o amor que dura... Quando você percebe que
alguém está tentando te machucar, dói menos. A menos que você o ame... Os seres humanos precisam de infelicidade
pelo menos tanto quanto eles precisam de felicidade... A poesia tem sido o maior prazer da minha vida... Pensamento da escritora
australiana Shirley Hazzard (1931-2016).
ALGUÉM FALOU: Quando as
coisas dão errado na vida, você levanta o queixo, põe um sorriso encantador,
prepara um coquetel para você... Não existe isso de arruinar a sua vida. A vida
é uma coisa muito resistente, ao que parece. Por vezes você não precisa de um
objetivo de vida, você não precisa de saber qual é o próximo grande plano. Você
só precisa saber o que vai fazer agora!... Pensamento da escritora
britânica Sophie Kinsella.
ÉTICA & MORAL
– Para Mário Sérgio Cortella: Ética é a concepção dos princípios que eu escolho, moral
é a sua prática. Veja mais aqui. Para José Saramago: Nem a arte nem a
literatura têm de nos dar lições de moral. Somos nós que temos de nos salvar, e
isso só é possível com uma postura de cidadania ética, ainda que isto possa
soar antigo e anacrônico. Veja mais aqui & aqui. Para Oscar Wilde: Chamamos de Ética o conjunto de coisas que as pessoas fazem quando
todos estão olhando. O conjunto de coisas que as pessoas fazem quando ninguém
está olhando chamamos de Caráter. Veja mais aqui & aqui. E sobre Ética
& Moral veja mais aqui.
O SONO – [...] Privar-nos de uma boa noite de sono afeta
negativamente o estado de humor, o poder de concentração e a capacidade de
acessar funções cognitivas mais complexas. A combinação desses fatores é o que
chamamos de desempenho mental. [...] Quando
você não dorme o suficiente percebe que não está dando o melhor de si, seja nas
decisões de trabalho, nos desafios dos relacionamentos ou em qualquer situação
que requeira julgamento, equilíbrio emocional e criatividade. [...].
Trechos extraídos da obra A terceira medida do sucesso (Sextante, 2013),
da escritora Arianna Huffington. A esse respeito veja A importância do
sono de Regeane Reabulsi aqui & a
privação do sono de Jonathan Crary
aqui.
AS COISAS DESMORONAM – [...] Não há história que não seja verdadeira, [...] O mundo não tem fim, e o que é bom para um povo é uma abominação para
os outros. [...] Se eu seguro a mão
dela, ela diz: 'Não toque!' Se eu seguro o pé dela, ela diz: 'Não toque! [...]
O sol vai brilhar sobre aqueles que estão
de pé antes de brilhar sobre aqueles que se ajoelham sob eles. [...] Quando a lua está brilhando, o aleijado fica
com fome de uma caminhada. [...] Uma
criança não pode pagar pelo leite de sua mãe. [...]. Trechos extraídos da obra Things Fall Apart (Anchor Books, 1994),
do escritor nigeriano Chinua Achebe (1930-2013), Veja mais aqui e aqui.
A INVENÇÃO DO AMOR - Em
todas as esquinas da cidade / nas paredes dos bares á; porta dos edifícios
públicos nas janelas dos autocarros / mesmo naquele muro arruinado por entre
anúncios de aparelhos de rádio e detergentes / na vitrine da pequena loja onde
não entra ninguém / no átrio da estação de caminhos de ferro que foi o lar da
nossa esperança de fuga / um cartaz denuncia o nosso amor / Em letras enormes
do tamanho / do medo da solidão da angústia / um cartaz denuncia que um homem e
uma mulher / se encontraram num bar de hotel / numa tarde de chuva / entre
zunidos de conversa / e inventaram o amor com carácter de urgência / deixando
cair dos ombros o fardo incómodo da monotonia quotidiana / Um homem e uma
mulher que tinham olhos e coração e fome de ternura / e souberam entender-se
sem palavras inúteis / Apenas o silêncio A descoberta A estranheza / de um
sorriso natural e inesperado / Não saíram de mãos dadas para a humidade diurna
/ Despediram-se e cada um tomou um rumo diferente / embora subterraneamente
unidos pela invenção conjunta / de um amor subitamente imperativo / Um homem e
uma mulher um cartaz de denúncia / colado em todas as esquinas da cidade / A
rádio já falou A TV anuncia / iminente a captura A policia de costumes avisada
/ procura os dois amantes nos becos e nas avenidas / Onde houver uma flor rubra
e essencial / é possível que se escondam tremendo a cada batida na porta
fechada para o mundo / É preciso encontrá-los antes que seja tarde / Antes que
o exemplo frutifique / Antes que a invenção do amor se processe em cadeia / Há
pesadas sanções para os que auxiliarem os fugitivos / Chamem as tropas
aquarteladas na província / Convoquem os reservistas os bombeiros os elementos
da defesa passiva / Todos / Decrete-se a lei marcial com todas as consequências
/ O perigo justifica-o / Um homem e uma mulher / conheceram-se amaram-se
perderam-se no labirinto da cidade / É indispensável encontrá-los dominá-los
convencê-los / antes que seja demasiado tarde / e a memória da infância nos
jardins escondidos / acorde a tolerância no coração das pessoas / Fechem as
escolas / Sobretudo protejam as crianças da contaminação / uma agência comunica
que algures ao sul do rio / um menino pediu uma rosa vermelha / e chorou
nervosamente porque lha recusaram / Segundo o director da sua escola é um
pequeno triste / Inexplicavelmente dado aos longos silêncios e aos choros sem
razão / Aplicado no entanto Respeitador da disciplina / Um caso típico de
inadaptação congénita disseram os psicólogos / Ainda bem que se revelou a tempo
/ Vai ser internado / e submetido a um tratamento especial de recuperação / Mas
é possível que haja outros. É absolutamente vital / que o diagnóstico se faça
no período primário da doença / E também que se evite o contágio com o homem e
a mulher / de que fala no cartaz colado em todas as esquinas da cidade / Está
em jogo o destino da civilização que construímos / o destino das máquinas das
bombas de hidrogénio / das normas de discriminação racial / o futuro da
estrutura industrial de que nos orgulhamos / a verdade incontroversa das declarações
políticas / Procurem os guardas dos antigos universos concentracionários / precisamos
da sua experiência onde quer que se escondam / ao temor do castigo / Que todos
estejam a postos / Vigilância é a palavra de ordem / Atenção ao homem e á;
mulher de que se fala nos cartazes / À mais ligeira dúvida não hesitem
denunciem / Telefonem á; polícia ao comissariado ao Governo Civil / não
precisam de dar o nome e a morada / e garante-se que nenhuma perseguição será
movida / nos casos em que a denúncia venha a verificar-se falsa / Organizem em
cada bairro em cada rua em cada prédio / comissões de vigilância. Está em jogo
a cidade / o país a civilização do ocidente / esse homem e essa mulher têm de
ser presos / mesmo que para isso tenhamos de recorrer á;s medidas mais
drásticas / Por decisão governamental estão suspensas as liberdades individuais
/ a inviolabilidade do domicílio o habeas corpus o sigilo da correspondência / Em
qualquer parte da cidade um homem e uma mulher amam-se ilegalmente / espreitam
a rua pelo intervalo das persianas / beijam-se soluçam baixo e enfrentam a
hostilidade nocturna / É preciso encontrá-los / É indispensável descobri-los / Escutem
cuidadosamente a todas as portas antes de bater / É possível que cantem / mas
defendam-se de entender a sua voz / Alguém que os escutou / deixou cair as
armas e mergulhou nas mãos o rosto banhado de lágrimas / E quando foi
interrogado em Tribunal de Guerra / respondeu que a voz e as palavras o faziam
feliz / lhe lembravam a infância / Campos verdes floridos água simples correndo
A brisa das montanhas / Foi condenado á; morte é evidente / É preciso evitar um
mal maior / Mas caminhou cantando para o muro da execução / foi necessário
amordaçá-lo e mesmo assim desprendia-se dele / um misterioso halo de uma
felicidade incorrupta / Impõe-se sistematizar as buscas Não vale a pena procurá-los
/ nos campos de futebol no silêncio das igrejas nas boîtes com orquestra
privativa / Não estarão nunca aí / Procurem-nos nas ruas suburbanas onde nada
acontece / A identificação é fácil / Onde estiverem estará também pousado sobre
a porta / um pássaro desconhecido e admirável / ou florirá na soleira a mancha
vegetal de uma flor luminosa / Será então aí / Engatilhem as armas invadam a
casa disparem á; queima roupa / Um tiro no coração de cada um / Vê-los-ão
possivelmente dissolver-se no ar Mas estará completo o esconjuro / e podereis
voltar alegremente para junto dos filhos da mulher / Mais ai de vós se
sentirdes de súbito o desejo de deixar correr o pranto / Quer dizer que fostes
contagiados Que estais também perdidos para nós / É preciso nesse caso ter
coragem para desfechar na fronte / o tiro indispensável / Não há outra saída A
cidade o exige / Se um homem de repente interromper as pesquisas / e perguntar
quem é e o que faz ali de armas na mão / já sabeis o que tendes a fazer Matai-o
Amigo irmão que seja / matai-o Mesmo que tenha comido á; vossa mesa e crescido
a vosso lado / matai-o Talvez que ao enquadrá-lo na mira da espingarda / os
seus olhos vos fitem com sobre-humana náusea / e deslizem depois numa tristeza
líquida / até ao fim da noite Evitai o apelo a prece derradeira / um só golpe
mortal misericordioso basta / para impor o silêncio secreto e inviolável / Procurem
a mulher o homem que num bar / de hotel se encontraram numa tarde de chuva / Se
tanto for preciso estabeleçam barricadas / senhas salvo-condutos horas de
recolher / censura prévia á; Imprensa tribunais de exceção / Para bem da cidade
do país da cultura / é preciso encontrar o casal fugitivo / que inventou o amor
com carácter de urgência / Os jornais da manhã publicam a notícia / de que os
viram passar de mãos dadas sorrindo / numa rua serena debruada de acácias / Um
velho sem família a testemunha diz / ter sentido de súbito uma estranha paz
interior / uma voz desprendendo um cheiro a primavera / o doce bafo quente da
adolescência longínqua / No inquérito oficial atónito afirmou / que o homem e a
mulher tinham estrelas na fronte / e caminhavam envoltos numa cortina de música
/ com gestos naturais alheios Crê-se / que a situação vai atingir o clímax / e
a polícia poderá cumprir o seu dever. Poema do escritor e jornalista cabo-verdiano Daniel
Filipe (1925-1964).
LITERÓTICA: SOU FESTA DENTRO DELA!
GINOFAGIA: QUATRO POEMETOS EM PROSA DE PAIXÃO POR ELA
EU & ELA NAQUELA NOITE TODAS AS NOITES
GINOFAGIA DA CHEGADA DELA PRO AMOR
ROSA MECHIÇO, ČHIRANAN PITPREECHA, ALYSON NOEL, INDÍGENAS & DITADURA MILITAR
Imagem: Acervo ArtLAM . Ao som de Uma Antologia do Violão Feminino Brasileiro (Sesc Consolação, 2025), da violonista, cantora, compos...
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Imagem: Acervo ArtLAM . Ao som de Uma Antologia do Violão Feminino Brasileiro (Sesc Consolação, 2025), da violonista, cantora, compos...
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Imagem: Acervo ArtLAM . Ao som de J. Brahms: Symphony n.4 in E minor Op. 98 (Teatro B32 -SP, 2025) & Mozart: Piano Concerto n.23,...
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PALMARES Ao som da música Guardanapos de papel ( Paper Napkins ), de Leo Masilah-Carlos Sandroni, na interpretação de Mílton Nascime...
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A arte da fotógrafa e artista Sophie Delaporte . DESIDERATO - Imagem: arte da fotógrafa e artista Sophie Delaporte . - Até onde o...
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Claro, há momentos aqui e ali que eu mudaria. Mas ter esse sucesso - apesar de esmagador naquele momento, e seria a qualquer momento, ...