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segunda-feira, maio 09, 2016

ASCENSO, REAY TANNAHILL, ALCEU, ULRIKE MEINHOF, XENIA HAUSNER, ESPERANTINA & GUAZZELLI

MARIA ESPERANTINA, ORGASMO DE UMA NOITE & NUNCA MAIS (Imagem: arte da artista plástica austríaca Xenia Hausner). – Enviuvara há cinco anos, não convolara novas núpcias. Absteve-se, resignada, sua experiência marital não fora das que se diga lá perto do razoável, só privação, sacrifícios, precisões. Homem, sexo e fogão. E ela, quase ninguém. Prazeres ínfimos, quase nenhum. Pernas abertas de plantão: a vontade dele, os horrores dela. Na boquinha da noite, agonia nem anoitecida. Ela, só cansaço, revia-se firme e forte. Tinha de acertar os ponteiros com ele, energia renovada e urgente. Até que gostava, não sentisse tão morta na lama, cuspida na sarjeta. Depois, o suplício: roncos de costas na cama. A aflição de não ser nada, valia nenhuma, apenas objeto de consumo. De manhã, roupas sujas, poeira nos móveis, comida pro dia e uma faca de ponta afiada invisível no coração. Pigarro, bafo de cachaça, desolação. A sua rotina, a vida quase estragada. Maria Esperantina de batismo, Gonzales esponsal. Não mais. Era a caçula entre três, a única sobrevivente. Há cinco anos, o preço da solidão, a liberdade de nada valendo que tanto. Sempre comedida, pudica, quase beata. Não fosse o socorro de Vera naquela manhã desequilibrada, jamais sairia dos seus haveres solitários. Soubera duma cidade, o seu nome. Um dia especial, seria. A promessa de um Apolo sonhado na indicação arrojada de Vera alvoroçada. Abriu-se-lhe uma esperança, nenhum entusiasmo. Apenas aquela esperança de quase nada alcançável. Uma cidade aprazível, província perdida nos rincões do Brasil. Era outono, depois de tantos choros ao pé da porta, uma ponta de riso no canto dos olhos. Desconfiada, continha-se. Não demonstrava desespero, apenas solícita, curiosa. Findaram indo, as duas. Vera acompanhou o trajeto até o lugar, promessa de esbaldar, soltar os demônios, tangas a voar. Ela não, reprimida em si. Vera que fosse. Viu-se enredada, num assalto de surpresa, perdeu o fio da meada. Com a viagem desentoxicava-se, novos ares. Nem dera conta acompanhada num quarto de pousada com um estranho que pouco simpatizara. Como se dera, não sabia. Como pudera, fugiu-lhe o poder. Como que envolvida num estratagema, deixara-se levar. Enjeitara tudo em si, o seu interdito. Quantas novenas noites a fio, agora nada valiam. A voz rouca assustava, rubores de pernas cruzadas. O riso dele era um insulto. Fez figa, segurando a barra do vestido. Na beira da cama, uma mão boba, uma carícia ao braço escapando limites, a queda no colchão. Olhos marejados, resistia. Insistia a vergonha, a culpa, o remorso. Inútil. A mão insistente desabotoava suas vestes, nenhuma palavra, olhos no chão. Desnudada, tudo em cima pros olhos grandes dele e a sua língua lambendo os beiços como quem armou de tocaia a arapuca certeira. Queria só lavar égua, tomaria dela tudo que tivesse. Removeu o sutiã e abocanhou seu seio esganado. Não protestava, nem resistia. Removeu-lhe a calcinha, apenas escondia a fogosa insaciável trancada a sete chaves. Ela só desamparada, pálida e seduzida, aos sobressaltos, mãos no coração. Ele arvorado com pegadas por tudo que era dela: perdeu-se de tudo que era seu, nem mais era, agora nada. Lívida, encarava a judiação. Tomada no abraço, a catinga do macho roubou-lhe os sentidos. Estava tomada, reduzida presa, dominada. Mais resistia e se benzia na autocensura. Engolia o soluço na luz apagada e se preparava para morrer embaixo do cobertor. De novo a lama, não saberia que seria mais dela. Voltava pro nada, desprotegida, seviciada. Domou-lhe os punhos, à força. Fungados na nuca, mordiscados nos ombros, indecências ao ouvido. Arremetidas teimosas invadiam-lhe a carne, a honra suposta e a alma penada. Calcanhares afastados, pernas perdidas, intimidade roubada: possesso com ajeitados bruscos e invasões indesejáveis. Devassidão que pra ela até Deus duvidava, dores nos quartos. Tudo de novo, pro nada. Cavalgava como quem tratava bicho. Apavorada, excitava-se mordendo a fronha do travesseiro. Os seus segredos se revelaram, perdia-se, rendeu-se ao que podia de prazer. Enlouquecida, largou-se ao paroxismo. E gemeu num gozo demorado, a primeira vez do orgasmo em cinquenta e três anos de vida. Possuída, dilacerada, sentiu-se feliz de verdade pela primeira vez, pelo menos. A tortura de sempre, agora mais que um gozo, prazeres. Esta noite e nunca mais. Nunca mais o que era antes, nunca mais virá depois. Arrependida, juntou os trapos que lhe restara, quase nada de si. Sentira-se ninguém, mais que nada. Como sempre, depois de consumado, só restara ir embora. Ele se foi, que se vá. Não haverá próxima vez, insistia. Apaziguada com o recuo e, depois, a saída desarmada do adversário, sentiu o alívio de quem se libertara do que não sabia. Havia sido invadida, ultrajada, agora não mais. Não haverá outra vez. De volta pra casa, determinada. Era outra vida agora. Não mais passado nem lembranças. Às cinco da tarde, o silêncio caiu: trinado do telefone. Disposta, não arredara o pé. Não mais, resistente. Nunca mais. Meia hora depois, toda prendada no quarto do intruso. A nudez refeita, entregou-se rendida. Tudo outra vez, permitiu-se. Era ela. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais aquiaqui.

Imagem: Trem das Alagoas, ilustração do premiado ilustrador e quadrinista Guazzelli (Eloar Guazzelli Filho). Veja mais aqui.

 Curtindo o álbum ao vivo Oropa, França e Bahia (BMG/Ariola, 1988), do cantor e compositor Alceu Valença. Veja mais aqui, aqui e aqui.

PESQUISA
O sexo na história (Francisco Alves, 1980), da historiadora e escritora britânica Reay Tannahill (1929-2007). Veja mais aqui.

LEITURA 
Hoje é dia poeta Ascenso Ferreira (1895-1965).
Veja mais aqui e aqui.

PENSAMENTO DO DIA
Protesto é quando eu digo que algo me incomoda. Resistência é quando eu me asseguro que aquilo que me incomoda nunca mais acontecerá [...] Como Auschwitz foi possível? O que era o antissemitismo na Alemanha? Usou-se o ódio do povo à sua dependência pessoal do dinheiro, como uma maneira de troca, sua busca pelo comunismo. Auschwitz significa que seis milhões de judeus foram assassinados e jogados em aterros sanitários pela Europa, por serem aquilo que lhes foi apontado ser - Dinheiro-Judeus. O que aconteceu foi que o capital financeiro, a elite e os bancos, o núcleo do sistema do capitalismo e do imperialismo, desviou a atenção e o ódio do povo de si mesmo para os judeus.
Palavras da jornalista, escritora, ativista e guerrilheira alemã Ulrike Marie Meinhof (1934-1976), encontrada morta enforcada com uma corda improvisada de uma toalha, no dia 09 de maio de 1976, durante os festejos do Dia das Mães, na Alemanha. Investigações oficiais dão conta de que fora suicídio, mas o laudo foi contestado por acusações públicas com massivas demonstrações de protesto pelo assassinato. Décadas depois veio à tona a notícia de que o cérebro dela havia sido retirado pelos patologistas, sem conhecimento da família e conservado durante 26 anos em formol para estudos no hospital de Magdeburg. Dela ainda pode ser encontrado o filme Bambule (1970), que foi roteirizado por ela e que fala sobre a vida de jovens mulheres num reformatório, como também o filme Ulrike Marie Meinhoh (1994), dirigido por Timom Koulmasis.

Veja mais Ascenso Ferreira, Alexander Scriabin, Ortega y Gasset, Wilhelm Reich, Esperantina & o Orgasmo, Renato Alarcão & Pablo Garat aqui.

CRÔNICA DE AMOR POR ELA
Imagem: arte da artista plástica austríaca Xenia Hausner.
Veja mais aqui, aqui e aqui.

CANTARAU: VAMOS APRUMAR A CONVERSA

Recital Musical Tataritaritatá
Veja aqui.

sábado, abril 11, 2015

MARIA MIES, MARTHA GELLHORN, JUÓ BANANÉRE, MESSICK & TANNAHILL

 


A SOLIDÃO DE MARTHA: AS CINCO TRAVESSIAS DO INFERNO – Martha também era Ellis e filha de um médico ginecologista judeu alemão e de uma feminista sufragista filha de protestantes. Aos 7 anos de idade participou de um comício, o The Golden Lane. Cresceu e passou a buscar a carreira do jornalismo publicando seus textos, razão pela qual ganhou uma viagem à Europa. Na França conheceu aos 22 anos de idade o seu primeiro amor, causando um grande escândalo: o pai nunca lhe perdoou e logo o arrependimento. Cobria eventos de moda para publicações dos dois lados do Atlântico, quando foi demitida ao denunciar um caso de assédio sexual. Regressou aos Estados Unidos já engajada no movimento pacifista, o que a levou ao seu primeiro livro What Mad Pursuit. Viajou por todo país testemunhando a grande depressão e, a partir de então, passou a trabalhar como fotógrafa com Dorothea Lange, documentando a fome e o desemprego, o que levou a escrever os contos do livro The Trouble I've Seen. A partir daí foi cobrir a Guerra Civil espanhola, as trincheiras na linha de frente, os hospitais repletos de soldados enfermos e os bombardeios de Barcelona. Durante os incidentes conheceu o segundo amor num bar: Um homem grande e sujo... Fez uma atribulada viagem à China: Fechei os olhos porque pensei que preferia não ver uma das asas a separar-se da fuselagem. O avião, quando já estava perto do chão, começou a subir lentamente sem perder as asas. Recuperamos o que deveria ser a altura normal de voo, embora um voo que nada tivesse de normal, e o avião prosseguiu em estilo borboleta... Com a companhia era a hora de um promissor casamento. Presenciou a ascensão do nazismo e a eclosão de segunda guerra grande que seriam relatados no seu livro A Stricken Field. Os envolvimentos amorosos se sucediam a cada mudança de cenário. Depois ocupou-se em escrever sobre a guerra da Finlândia, Burma, Hong Kong, Singapura e Inglaterra, fingindo-se enfermeira e se trancando num banheiro dum navio-hospital. Ao desembarcar tornou-se carregadora de macas transportando os feridos das tropas na Normandia, para em seguida reportar sobre o campo de concentração de Dachau. Seguiu numa perigosa viagem oceânica até Londres devastada, rompendo o casamento ao chegar num hotel. Adotou um órfão italiano dedicando-se maternalmente por um bom tempo. Viajou o mundo para relatar eventos como os julgamentos de Nuremberg. Vieram então a guerra do Vietnã, os conflitos árabes israelenses, as guerras civis da centro-américa e a invasão do Panamá, juntamente com os livros Face of War e The Lowest Trees Have Tops. Novos envolvimentos amorosos, mais um casamento quase duradouro acompanhado dum novo divórcio. Mudou-se pro Quênia, depois para País de Gales. Depois publicou uma coleção de novelas: The Weather in Africa, contando a travessia num Land Rover decrépito por estradas intransitáveis e o destino se perdendo ao pôr do Sol, os insetos e a sensação de flutuar. Para ela as cinco travessias do inferno foram as suas melhores viagens horrorosas: um purgatório de aborrecimentos e perigos. Contava com 80 anos de idade quando foi violada no Quênia. A cada tragada de inveterada fumante denunciava as injustiças do mundo, contando como clandestinamente entrou no Panamá para relatar a invasão das tropas estadunidenses. A cada gole de uísque repassava o passado sem conseguir enxergar nada adiante. Aposentou-se e fez uma cirurgia mal sucedida de catarata para ficar com a visão prejudicada. Publicou então Travels with Myself and Another. Ainda queria cobrir os conflitos dos Balcãs, quando decidiu se reportar à pobreza no Brasil. Conseguiu publicar uma coletânea de jornalismo pacifista: The View from the Ground. Era o ocaso da inquieta viajante intrépida que abominava o tédio e perguntas sobre Hemingway; que sentiu a solidão fria durante os casamentos; que viveu um relacionamento distante e amargo com o filho, a amizade rompida com Sybille Bedford, a saúde cada vez mais piorando, um câncer no ovário e na escuridão de uma quase cegueira preferiu uma cápsula de cianeto. Veja mais abaixo e mais aqui e aqui.

 


DITOS & DESDITOS - Gradualmente, percebi que as pessoas engolem mais facilmente mentiras do que verdades, como se o sabor das mentiras fosse caseiro, apetitoso: um hábito... As pessoas costumam dizer, com orgulho, "Não estou interessado em política". Elas também podem dizer, "Não estou interessado em meu padrão de vida, minha saúde, meu emprego, meus direitos, minhas liberdades, meu futuro ou qualquer futuro". ... Se pretendemos manter algum controle sobre nosso mundo e nossas vidas, devemos estar interessados em política... Depois de uma vida inteira observando guerras, vejo a guerra como uma doença humana endêmica, e os governos são os portadores... Por que as pessoas falam dos horrores da velhice? É ótimo. Eu me sinto como um bom carro velho com as peças gradualmente se desgastando, mas não estou reclamando... Aqueles que acham o envelhecimento terrível são pessoas que não fizeram o que queriam com suas vidas... A "liberdade" é o bem mais caro que existe; ela tem que ser paga com solidão... Pensamento da escritora e jornalista estadunidense Martha Gellhorn (Martha Ellis Gellhorn – 1908-1998), que no seu livro Selected Letters (Holt Paperbacks, 2007), ela assinalou que: […] E essa vontade de fugir do que amo é um tipo de sadismo que não pretendo mais entender. [...]. No seu livro Travels With Myself and Another (Penguin, 2001), ela expressa que: […] Nada é melhor para a autoestima do que a sobrevivência. [...]. No livro The Face of War (Atlantic Monthly, 1994), ela registra que: […] Na noite de Ano Novo, pensei em uma maravilhosa resolução de Ano Novo para os homens que governam o mundo: conhecer as pessoas que só vivem nele. [...] Nenhuma guerra, no registro de guerras de nossa espécie, foi terminal. Até agora, quando sabemos que uma guerra nuclear seria a morte de nosso planeta. É inacreditável que quaisquer governos — essas breves figuras políticas — se arroguem o direito de parar a história, a seu critério. [...].

 

ALGUÉM FALOU: Paz no patriarcado é guerra contra as mulheres... Se o patriarcado teve um início específico na história, também pode ter um fim... Pensamento da socióloga alemã Maria Mies (1931-2023), que no seu livro Ecofeminism (Zed, 2014), ela expressa que: [...] Agora, depois que os recursos materiais das colônias foram saqueados, seus recursos espirituais e culturais estão sendo transformados em mercadorias para o mercado mundial... [...]. No seu livro Patriarchy and Accumulation on a World Scale: Women in the International Division of Labour (Zed, 1999), ela assinala que: […] O projeto feminista é basicamente um movimento anarquista que não quer substituir uma elite de poder (masculina) por outra elite de poder (feminina), mas que quer construir uma sociedade não hierárquica e não centralizada, onde nenhuma elite viva de exploração e domínio sobre as outras. [...].

 

UMA VOZ DA DEMOCRACIA PAULISTA – Ao ler o livro Presenças (MEC/INL, 1958), de Otto Maria Carpeaux, foi que encontrei a resenha com o título deste post, referindo-se à obra Divina Increnca, de Juó Bananére, pseudônimo adotado pelo escritor brasileiro Alexandre Marcondes Machado (1892-1933): [...] A literatura brasileira não tem muitos poetas humorísticos. Os que se costuma chamar assim são, às mais das vezes, satíricos cujo epigramas “honram mais seu coração que seu espírito”; são inofensivos. O conceito da poesia no Brasil foi romântico ou retórico ou solene [...] Juó Bananére, porém, é uma categoria per se, modesta mas na qual não tem companheiro. [...] Seu senso crítico é insubornável. Resiste à retórica. [...] Mas por que usava Juó Bananére para esse fim, o dialeto ítalo-português? Não é dialeto. Essa mistura intencional e literária de duas línguas para fins parodísticos chamam-se macarronismo. Entre nós usa-se essa expressão quando alguém fala uma língua que não conhece bem, estropiando-a: “Fulano falou num francês macarrônico”. Também se alude ao latim macarrônico, da Idade Média. [...] Seu poema é forma de protesto do povo miúdo contra as falsas máscaras do latinismo e feudalismo que as decadentes classes dominantes usaram [...] Deliberadamente ou não, Juó Bananére usou a língua macarrônica, ítalo-portuguêsa, dessa gente, para ridicularizar os cartolas, cujo reino acabou em 1929. Hoje, ainda se estão removendo as ruínas do edifício que desabou, obstáculos à circulação livre nas ruas. E ninguém quer reeditar a Divina Increnca. Da obra Divina Increnca, consta a Canção do Exílio do autor, destacada pelo próprio Carpeaux: Migna Terra tê parmeiras, / che ganta inziene o sabiá. / As aves che stó aqui, / també tuttos sabi gorgeá. / A abobora celestia tambê, / che tê lá na minha terra, / tê moltos millió di strella / che non tê na Inglaterra.../ Na migna terra tê parmeiras / dove ganta a galligna d’angola: / Na migna terra tê o Vaporelli, / chi só anda di gartola. Veja mais  aqui, aqui, aquiaquiaqui e aqui.

Imagem: A delightful surprise small, da pintora francesa Adélaide Labille-Guiard (1749-1803). Veja mais aqui.


Ouvindo O coração do homem bom – ao vivo (ao vivo mesmo), do cantor e compositor maranhense Zeca Baleiro. Veja mais aqui.

A PERSONOLOGIA DE MURRAY – O psicólogo norte-americano Henry Murray (1893-1988), desenvolveu uma abordagem da personalidade, denominada de Personologia, na qual inclui forças conscientes e inconscientes, a influência do passado, presente e futuro e o impacto dos fatores fisiológicos e sociológicos. As características da sua teoria são uma abordagem sofisticada das necessidades humanas e a fonte de dados na qual ele embasou a sua teoria. Igualmente importantes são a sua lista de necessidades, que é de valor continuo para pesquisas, diagnósticos clínicos e seleção de funcionários, e suas técnicas de avaliação de personalidade. Para ele as necessidades são criações hipotéticas de base psicológica que surgem dos processos internos ou dos eventos ambientais, provocam um nível de tensão que precisa ser reduzido. A prepotência de uma necessidade é a sua urgência ou insistência. A fusão de necessidades refere-se a necessidade que podem ser satisfeitas por um comportamento ou um conjunto deles. Os complexos padrões formados por cinco estágios de desenvolvimento da infância que direcionam inconscientemente o desenvolvimento adulto. (In: SCHULTZ, Duane; SCHULTZ, Sydney. Teorias da personalidade. São Paulo: Cengage Learning, 2014). Veja mais dessa teoria aquiaqui e aqui.

NO COMEÇO... - No livro O sexo na história (Francisco Alves, 1983) da historiadora e escritora britânica Reay Tannahill (1929-2007), encontrei o relato de como se deu o começo da vida: No ano 4004 aC., precisamente às nove horas da manhã de 23 de outubro, “Deus criou o homem à sua imagem; à imagem de Deus o criou; macho e fêmea os criou”. O ano, dia e hora da criação, não especificados na própria bíblia, foram calculados por dois eruditos do séc. XVII, após um estafante estudo cronológico do Antigo Testamento, sendo a informação acolhida com agrado pela maioria de seus contemporâneos, acostumados a encarar a bíblia como a verdade literal. A possibilidade de encontrar-se uma data para a criação emprestava à mesma uma confortadora realidade. Mais 200 anos passariam, antes que a nova ciência dos vitorianos começasse a dissipar as bordas da ilusão das escrituras. Então, em 1859, foi publicada A origem das espécies, por meio da seleção natural, de Charles Darwin. [...] Não houvera nenhum ato único de criação. Como as demais espécies do mundo, o homem desenvolvera de alguma forma primitiva de vida. [...] Diz-se que a esposa do bispo de Worcester teria exclamado: “Esperemos que não seja verdade, mas, se for, rezemos para que não se torne conhecido”. A história não registra se ela teve a ideia de perguntar: “Que espécie de macaco?”. E isto importa? [...] De maneira geral, o atual ponto de vista sobre a transição do macaco para o homem é que, entre 20 e 14 milhões de anos atrás, os descendentes de um verdadeiro macaco divergiram ao longo de 3 diferentes ramos da árvore genealógica. Um grupo evolveu para os ancestrais dos gorilas, chimpanzés e orangotangos; outro para um grande símio do solo, não muito diverso do babuíno, que errou pela Ásia durante um determinado período, até sua extinção; e o terceiro, para o Ramapithecus – o ancestral direto do homem. No decorrer de mais alguns milhões de anos, o Ramapithecus trocou a vida nas árvores por outra no solo, passando a comer carne, bem como frutos e vegetais. Isto lhe forneceu proteína extra que – se a história humana deve ser mencionada como evidência – sem dúvida  acelerou consideravelmente sua evolução: os 5 mil anos demonstraram que as pessoas com alta ingestão proteica são, geralmente, mais dinâmicas que as vegetarianas. E o Ramapithecus precisava ser dinâmico, porque agora competia por seu alimento, a única coisa que realmente lhe importava, com os grandes e ágeis felinos que imperavam no solo relvoso. Por fim, ele descobriu que dois pés e duas mãos – umas das quais podia ser usada para desfechar mísseis contra os inimigos – eram muitíssimo mais úteis que apenas quatro pés, de maneira que o resultado foi uma mudança para o que é deselegantemente conhecido como locomoção bípede. Em termos evolutivos, isto se revelou ser mais um catalisador que uma conclusão, mas entre seus resultados diretos – embora a longo prazo – tivemos a Vênus de Milo, o Kama-sutra, Miss Universo e a Alegria do sexo. O que uma postura vertical fez pela humanidade, foi força-la a reconsiderar a tradicional posição de acasalamento dos primatas e, mais tarde, estabelecer a beleza sob um diferente conceito. Veja mais aquiaqui, aqui e aqui.

BORNÁ DE XEPA – O grupo Borná de Xepa, da cidade de Três Corações (MG), formado por Ronildo Prudente, Luciana Sant'anna, Monica Furtado, Luciano Neder Dall'Stella (Tricordianos) e Mestre Claudião, de Varginha(MG), foi classificado para participar do Festival de Música de Barretos (SP), no mês de maio/2015. O Grupo vem participando de Festivais de Música, desde o ano de 2014 em São Thomé das Letras e Elói Mendes, sendo premiado nos dois festivais. Sempre levando o nome de Três Corações a todos os recantos mineiros e, agora, a outro estado. O projeto MCLAM, as Edições Nascente, o Diário do Tataritaritatá e Meimei Corrêa Produções parabenizam o grupo mineiro, desejando sorte e muito sucesso (Info: Meimei Corrêa). Veja mais aqui.

QUADRO MENTAL – Navegando na rede encontrei o excelente blog Quadro Mental - Direito ao grito! Porque há o direito ao grito Então eu grito, da escritora, jornalista e blogueira Marcia Lailin, reunindo seus textos jornalísticos, crônicas e poemas, entre os quais destaco Medo: Olho em torno de mim / Nada! / Desejo que apareça alguma coisa / Alguma coisa compreensível / Tenho medo / porque não compreendo meu medo / Escrevo e tenho medo / Ando e tenho medo do desconhecido atrás da porta / atrás da cortina / dentro do guarda roupa / debaixo da cama / No fundo sei / que não há ninguém em parte alguma / Tenho medo do medo / Tenho medo de mim / Tenho medo dessa terrível sensação do terror / Incompreensível. Veja mais aqui e aqui.


BRENDA STARR – Oriundo das tiras e quadrinhos da cartunista norte-americana Dale Messick (1906-2005) – a primeira mulher a participar do sindicato dos artistas de quadrinhos dos Estados Unidos e a mais importante mulher do século XX -, o filme de aventura Brenda Starr (1989), dirigido por Robert Ellis, conta a trama de um aspirante a artista que desenha a história em quadrinhos Brenda Starr para um jornal, quando a personagem deixa os quadrinhos e ganha vida na pele da belíssima atriz Brooke Shields. Veja mais aqui e aqui.




Veja mais sobre:
Rompendo o passado pro futuro, a literatura de Hermilo Borba Filho, A história da riqueza do homem de Leo Huberman, a música de Mauro Senise Quarteto, a pintura de Armand Point & Otto Lingner aqui.

E mais:
A sina de Agar, a poesia de Adalgisa Nery, a literatura de Anita Loos, o pensamento de Ayn Rand, o teatro de Jean-Louis Barrault, a  música de Cláudia Riccitelli & The Bossa Nova exciting Jazz Samba Rhythms, a pintura de Jose Gutierrez de la Vega, o cinema de Malcolm St. Clair, Marilyn Monroe & Delasnieve Daspet aqui.
Papo de Antemão, a literatura de Kazuo Ishiguro, A Felicidade de Eduardo Giannetti, A filosofia da arte de Hippolyte Taine, o teatro de Anton Tchekhov, Topsy-Turvy, a música de Gonzaguinha, a escultura de Wolfgang Alexander Kossuth, Direito à Saúde, Fecamepa & O gozo dela aqui.
A Biblioteca Pública Fenelon Barreto, As flores do mal de Charles Baudelaire, O estandarte da agonia de Heloneida Studart, a música de Lenine, o cinema de Amácio Mazzaropi, a pintura de Gino Severini, a arte de Walter Levy & a fotografia de Eadweard Muybridge aqui.
A poesia de Pablo Neruda, a música de Björk, o teatro de Teixeira Coelho, a pintura de Modigliani & Zinaida Evgenievna Serebriakova, a arte de Elsa Zylberstein, a ilustração de René Follet, a arte de Beatrice Brown, Rubens da Cunha & Uma mulher por cem cabeças de gado aqui.
Alô, alô Brasis, Texto/Contexto de Anatol Rosenfeld, A ética de Baruch Espinoza, a música de Edu Lobo & Cacaso, a poesia de Chico Novaes, a fotografia de Albert Arthur Allen, a arte de Lygia Pape & a pintura de Henri Lehman aqui.
Os tantos e muitos Brasis, A arte no horizonte do provável de Haroldo de Campos, As cartas de Geneton Moraes Neto, a fotografia de Brian Duffy, a pintura de W. Cortland Butterfield, a arte de Laura Barbosa & Adriana Zapparolli, a poesia de Leo Lobos & Fonte aqui.
A vida e a lógica da competição, A inteligência brasileira de Max Bense, a filosofia de Max Horkheimer, a poesia de Affonso Romano de Sant’Anna, a música de Pierre Boulez & Pi-Hsien Chen, a fotografia de Sebastião Salgado, a arte de Anna Bella Geiger, a pintura de Herbert James Draper & Umberto Boccioni aqui.
A fábula do maior ninguém, O conhecimento e interesse de Jürgen Habermas, A República de Platão, a música de Antonio Soler & Maggie Cole, a poesia de Zé Limeira, a fotografia de Howard Schatz, a pintura de Ryohei Hase, a arte de Kurt Schwitters & a Companhia do Ballet Eliana Cavalcanti aqui.
Ressonâncias ávidas além do amor, Da diáspora de Stuart Hall, O virtual de Pierre Lévy, a música de Daniel Binelli & Giselle Boeters, a arte de Doris Savard, a pintura de Eloir Júnior, Luciah Lopez & Ana Bailune aqui.
Lasciva da Ginofagia aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui e aqui.
História da mulher: da antiguidade ao século XXI aqui.
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CRÔNICA DE AMOR POR ELA
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CANTARAU: VAMOS APRUMAR A CONVERSA
Paz na Terra
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quinta-feira, março 07, 2013

SHIRLEY HAZZARD, CHINUA ACHEBE, DANIEL FILIPE, SOPHIE KINSELLA, HUFFINGTON & LITERÓTICA


 

LITERÓTICA: PLETORA DOS ANTÍPODAS - A sua nudez se agiganta na minha afeição. E eu recolho o seu corpo como quem persegue a salvação da vida. E persigo escalando suas encostas íngremes e latejantes de carne firme, ilha perfumada nua em pêlo, arrepiada com toda a seiva transbordante com cheiro bom de enlouquecer. E endoideço enquanto você se prolonga na alegria do meu coração que se apropria de toda sua esbelta deidade tentadora para deixá-la encurralada nas minhas carícias à queima roupa. E vou desenfreado pilhando seu corpo enquanto se precipita sobre o poderio do meu falo rijo que lambuza a generosidade do triângulo púbico até a celebração sinuosa da dança pélvica que me arregala os olhos de forma assustadora com seu embalar de felicidade por possuí-la suculenta e depravada. E na nossa obscena empatia vou explorando as minas de ouro escondidas sob a língua sibilante da Britney cheia de imprecações, no regato dos seios que nutre nossa atração recíproca e nossos corpos mútuos, nos pontos de ebulição que acende a clareira de nossa vertigem despudorada, nas nádegas arrebitadas que bamboleia para o meu completo enlouquecimento, na sua guarita onde a minha vontade endurecida mergulha no abismo para que possa hibernar soterrado de prazer. E na descoberta da delícia, vou investindo com lambidas ferozes cada fatia da deusa do meu panteão, minha suméria Nammu que pariu o céu e a terra no caos enquanto o meu sexo guerreiro golpeia e empurro com estocadas loucas cerrando os dentes, penetrando sua alma como um cavalo selvagem que atravessa o seu gemido gutural apertando meu membro no prazer crescente e inevitável, até transbordar todos os impulsos e peripécias do nosso bom bocado onde o bumerangue vence a parada de todo quilate de sua satisfação tantalizada. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais abaixo & mais aqui e aqui.

 


DITOS & DESDITOS - A tragédia não é que o amor não dure. A tragédia é o amor que dura... Quando você percebe que alguém está tentando te machucar, dói menos. A menos que você o ame... Os seres humanos precisam de infelicidade pelo menos tanto quanto eles precisam de felicidade... A poesia tem sido o maior prazer da minha vida... Pensamento da escritora australiana Shirley Hazzard (1931-2016).

 

ALGUÉM FALOU: Quando as coisas dão errado na vida, você levanta o queixo, põe um sorriso encantador, prepara um coquetel para você... Não existe isso de arruinar a sua vida. A vida é uma coisa muito resistente, ao que parece. Por vezes você não precisa de um objetivo de vida, você não precisa de saber qual é o próximo grande plano. Você só precisa saber o que vai fazer agora!... Pensamento da escritora britânica Sophie Kinsella.

 

ÉTICA & MORAL – Para Mário Sérgio Cortella: Ética é a concepção dos princípios que eu escolho, moral é a sua prática. Veja mais aqui. Para José Saramago: Nem a arte nem a literatura têm de nos dar lições de moral. Somos nós que temos de nos salvar, e isso só é possível com uma postura de cidadania ética, ainda que isto possa soar antigo e anacrônico. Veja mais aqui & aqui. Para Oscar Wilde: Chamamos de Ética o conjunto de coisas que as pessoas fazem quando todos estão olhando. O conjunto de coisas que as pessoas fazem quando ninguém está olhando chamamos de Caráter. Veja mais aqui & aqui. E sobre Ética & Moral veja mais aqui.

 

O SONO – [...] Privar-nos de uma boa noite de sono afeta nega­tivamente o estado de humor, o poder de concentração e a capacidade de acessar funções cognitivas mais complexas. A combinação desses fatores é o que chamamos de desempenho mental. [...] Quando você não dorme o suficiente percebe que não está dando o melhor de si, seja nas decisões de trabalho, nos desafios dos rela­cionamentos ou em qualquer situação que requeira julgamento, equilíbrio emocional e criatividade. [...]. Trechos extraídos da obra A terceira medida do sucesso (Sextante, 2013), da escritora Arianna Huffington. A esse respeito veja A importância do sono de Regeane Reabulsi aqui & a privação do sono de Jonathan Crary aqui.

 

AS COISAS DESMORONAM – [...] Não há história que não seja verdadeira, [...] O mundo não tem fim, e o que é bom para um povo é uma abominação para os outros. [...] Se eu seguro a mão dela, ela diz: 'Não toque!' Se eu seguro o pé dela, ela diz: 'Não toque! [...] O sol vai brilhar sobre aqueles que estão de pé antes de brilhar sobre aqueles que se ajoelham sob eles. [...] Quando a lua está brilhando, o aleijado fica com fome de uma caminhada. [...] Uma criança não pode pagar pelo leite de sua mãe. [...]. Trechos extraídos da obra Things Fall Apart (Anchor Books, 1994), do escritor nigeriano Chinua Achebe (1930-2013), Veja mais aqui e aqui.

 

A INVENÇÃO DO AMOR - Em todas as esquinas da cidade / nas paredes dos bares á; porta dos edifícios públicos nas janelas dos autocarros / mesmo naquele muro arruinado por entre anúncios de aparelhos de rádio e detergentes / na vitrine da pequena loja onde não entra ninguém / no átrio da estação de caminhos de ferro que foi o lar da nossa esperança de fuga / um cartaz denuncia o nosso amor / Em letras enormes do tamanho / do medo da solidão da angústia / um cartaz denuncia que um homem e uma mulher / se encontraram num bar de hotel / numa tarde de chuva / entre zunidos de conversa / e inventaram o amor com carácter de urgência / deixando cair dos ombros o fardo incómodo da monotonia quotidiana / Um homem e uma mulher que tinham olhos e coração e fome de ternura / e souberam entender-se sem palavras inúteis / Apenas o silêncio A descoberta A estranheza / de um sorriso natural e inesperado / Não saíram de mãos dadas para a humidade diurna / Despediram-se e cada um tomou um rumo diferente / embora subterraneamente unidos pela invenção conjunta / de um amor subitamente imperativo / Um homem e uma mulher um cartaz de denúncia / colado em todas as esquinas da cidade / A rádio já falou A TV anuncia / iminente a captura A policia de costumes avisada / procura os dois amantes nos becos e nas avenidas / Onde houver uma flor rubra e essencial / é possível que se escondam tremendo a cada batida na porta fechada para o mundo / É preciso encontrá-los antes que seja tarde / Antes que o exemplo frutifique / Antes que a invenção do amor se processe em cadeia / Há pesadas sanções para os que auxiliarem os fugitivos / Chamem as tropas aquarteladas na província / Convoquem os reservistas os bombeiros os elementos da defesa passiva / Todos / Decrete-se a lei marcial com todas as consequências / O perigo justifica-o / Um homem e uma mulher / conheceram-se amaram-se perderam-se no labirinto da cidade / É indispensável encontrá-los dominá-los convencê-los / antes que seja demasiado tarde / e a memória da infância nos jardins escondidos / acorde a tolerância no coração das pessoas / Fechem as escolas / Sobretudo protejam as crianças da contaminação / uma agência comunica que algures ao sul do rio / um menino pediu uma rosa vermelha / e chorou nervosamente porque lha recusaram / Segundo o director da sua escola é um pequeno triste / Inexplicavelmente dado aos longos silêncios e aos choros sem razão / Aplicado no entanto Respeitador da disciplina / Um caso típico de inadaptação congénita disseram os psicólogos / Ainda bem que se revelou a tempo / Vai ser internado / e submetido a um tratamento especial de recuperação / Mas é possível que haja outros. É absolutamente vital / que o diagnóstico se faça no período primário da doença / E também que se evite o contágio com o homem e a mulher / de que fala no cartaz colado em todas as esquinas da cidade / Está em jogo o destino da civilização que construímos / o destino das máquinas das bombas de hidrogénio / das normas de discriminação racial / o futuro da estrutura industrial de que nos orgulhamos / a verdade incontroversa das declarações políticas / Procurem os guardas dos antigos universos concentracionários / precisamos da sua experiência onde quer que se escondam / ao temor do castigo / Que todos estejam a postos / Vigilância é a palavra de ordem / Atenção ao homem e á; mulher de que se fala nos cartazes / À mais ligeira dúvida não hesitem denunciem / Telefonem á; polícia ao comissariado ao Governo Civil / não precisam de dar o nome e a morada / e garante-se que nenhuma perseguição será movida / nos casos em que a denúncia venha a verificar-se falsa / Organizem em cada bairro em cada rua em cada prédio / comissões de vigilância. Está em jogo a cidade / o país a civilização do ocidente / esse homem e essa mulher têm de ser presos / mesmo que para isso tenhamos de recorrer á;s medidas mais drásticas / Por decisão governamental estão suspensas as liberdades individuais / a inviolabilidade do domicílio o habeas corpus o sigilo da correspondência / Em qualquer parte da cidade um homem e uma mulher amam-se ilegalmente / espreitam a rua pelo intervalo das persianas / beijam-se soluçam baixo e enfrentam a hostilidade nocturna / É preciso encontrá-los / É indispensável descobri-los / Escutem cuidadosamente a todas as portas antes de bater / É possível que cantem / mas defendam-se de entender a sua voz / Alguém que os escutou / deixou cair as armas e mergulhou nas mãos o rosto banhado de lágrimas / E quando foi interrogado em Tribunal de Guerra / respondeu que a voz e as palavras o faziam feliz / lhe lembravam a infância / Campos verdes floridos água simples correndo A brisa das montanhas / Foi condenado á; morte é evidente / É preciso evitar um mal maior / Mas caminhou cantando para o muro da execução / foi necessário amordaçá-lo e mesmo assim desprendia-se dele / um misterioso halo de uma felicidade incorrupta / Impõe-se sistematizar as buscas Não vale a pena procurá-los / nos campos de futebol no silêncio das igrejas nas boîtes com orquestra privativa / Não estarão nunca aí / Procurem-nos nas ruas suburbanas onde nada acontece / A identificação é fácil / Onde estiverem estará também pousado sobre a porta / um pássaro desconhecido e admirável / ou florirá na soleira a mancha vegetal de uma flor luminosa / Será então aí / Engatilhem as armas invadam a casa disparem á; queima roupa / Um tiro no coração de cada um / Vê-los-ão possivelmente dissolver-se no ar Mas estará completo o esconjuro / e podereis voltar alegremente para junto dos filhos da mulher / Mais ai de vós se sentirdes de súbito o desejo de deixar correr o pranto / Quer dizer que fostes contagiados Que estais também perdidos para nós / É preciso nesse caso ter coragem para desfechar na fronte / o tiro indispensável / Não há outra saída A cidade o exige / Se um homem de repente interromper as pesquisas / e perguntar quem é e o que faz ali de armas na mão / já sabeis o que tendes a fazer Matai-o Amigo irmão que seja / matai-o Mesmo que tenha comido á; vossa mesa e crescido a vosso lado / matai-o Talvez que ao enquadrá-lo na mira da espingarda / os seus olhos vos fitem com sobre-humana náusea / e deslizem depois numa tristeza líquida / até ao fim da noite Evitai o apelo a prece derradeira / um só golpe mortal misericordioso basta / para impor o silêncio secreto e inviolável / Procurem a mulher o homem que num bar / de hotel se encontraram numa tarde de chuva / Se tanto for preciso estabeleçam barricadas / senhas salvo-condutos horas de recolher / censura prévia á; Imprensa tribunais de exceção / Para bem da cidade do país da cultura / é preciso encontrar o casal fugitivo / que inventou o amor com carácter de urgência / Os jornais da manhã publicam a notícia / de que os viram passar de mãos dadas sorrindo / numa rua serena debruada de acácias / Um velho sem família a testemunha diz / ter sentido de súbito uma estranha paz interior / uma voz desprendendo um cheiro a primavera / o doce bafo quente da adolescência longínqua / No inquérito oficial atónito afirmou / que o homem e a mulher tinham estrelas na fronte / e caminhavam envoltos numa cortina de música / com gestos naturais alheios Crê-se / que a situação vai atingir o clímax / e a polícia poderá cumprir o seu dever.  Poema do escritor e jornalista cabo-verdiano Daniel Filipe (1925-1964).

 

LITERÓTICA: SOU FESTA DENTRO DELA!


A SURPRESA NO REINO DO AMOR

TRAQUINAGENS DO AMOR

A VIÚVA & BAGOAS

TERRINA

ALVOROÇO

O GOSTO DA ÚLTIMA VEZ

GINOFAGIA: QUATRO POEMETOS EM PROSA DE PAIXÃO POR ELA

EU & ELA NAQUELA NOITE TODAS AS NOITES

EU & ELA NA FESTA DO CÉU

OS PRAZERES DE HÉCATE

ELA, A INCÓGNITA DO PRAZER

MANDONISMO DA PAIXÃO

GINOFAGIA DA CHEGADA DELA PRO AMOR

 


Veja mais sobre:
Fonte no Crônica de amor por ela, Gabriel García Márquez, Paul Éluard, José Paulo Paes, Alan Watts, Carmina Burana de Carl Orff, Michel de Montaigne, Fernando Bonassi, Ingmar Bergman, Birgitta Valberg, Maurice Béjart, Birgitta Pettersson & Rachel Lucena aqui.

E mais:
Ana Lins, a Revolução Pernambucana de 1817 & Todo dia é dia da mulher aqui.
João Cabral de Melo Neto, Joan Baez, Rigoberta Menchú, Simone de Beauvoir & Eduardo Viana aqui.
A paranoia da paixão por ela aqui.
Manoel Bentevi, Sinhô, Marshal McLuhan, Parafilias, Ópera Maldita, Giulia Gam & Anna Bonaiuto aqui,
Fecamepa: quando o Brasil dá uma demonstração de que deve mesmo ser levado a sério aqui.
O evangelho segundo padre Bidião & Jesus voltou aqui.
Pra tudo tem jeito, menos pro que não pode ou não quer aqui.
Tantas fazem & a gente é quem paga o pato aqui.
Globalização, Educação & Formação Pedagógica, Direito Ambiental & Psicologia Escolar aqui.
A poética teatral de Federico Garcia Lorca aqui.
DST/AIDS, Educação & John Dewey aqui.
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Racismo aqui.
O trabalho da mulher aqui.
Levando os direitos a sério, de Ronald Dworkin aqui.
A croniqueta de antemão aqui.
Todo dia é dia da mulher aqui.
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CRÔNICA DE AMOR POR ELA
Leitora Tataritaritatá!!!
Veja aquiaqui e aqui.

CANTARAU: VAMOS APRUMAR A CONVERSA
Paz na Terra: 
Recital Musical Tataritaritatá - Fanpage.
Veja  aqui e aqui.




ROSA MECHIÇO, ČHIRANAN PITPREECHA, ALYSON NOEL, INDÍGENAS & DITADURA MILITAR

    Imagem: Acervo ArtLAM . Ao som de Uma Antologia do Violão Feminino Brasileiro (Sesc Consolação, 2025), da violonista, cantora, compos...