A aplicação da teoria da anomia de Émile Durkheim no domínio dos estudos de tradução é uma abordagem que ninguém procurou até agora explorar. De facto, apesar do relativo hibridismo epistemológico do campo académico da tradução, que permitiu a influência de múltiplos domínios das ciências sociais e humanas, a verdade é que as teses durkheimianas sobre o estado social numa situação de anomia, isto é, caracterizado por uma ausência de regras sociais comuns, ainda não tiveram a atenção que merecem, dadas as suas capacidades explicativas e as suas possibilidades de definição de perfis de tradutores e/ou de traduções. Com efeito, a distinção entre normas altruístas e egoístas permite o estabelecimento de paralelismos com orientações distintas do processo de tradução, sendo compatível com as taxinomias canónicas previstas, por exemplo, por Gideon Toury. Para além disso, o «fatalismo social» previsto por Durkheim, relativo a estados excessivamente regulados e que parecem não conceder margens de liberdade aos sujeitos sociais, revela-se um conceito operativo no momento de análise dos processos e dos produtos dos actos de tradução.
O objectivo da presente comunicação será o de demonstrar de modo simultaneamente teórico e empírico a exequibilidade das teses sociológicas acima referidas, articulando-as com a de pensadores consagrados no domínio específico dos estudos de tradução
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