O amargo da cerveja
Humulus lupulus L.
No reino vegetal também há modos distintos de se guindar a um lugar melhor ao sol. Os ingleses usam a palavra vine para se referirem a trepadeiras que usam apêndices, como as gavinhas, para se agarrarem enquanto ascendem, e bine para as que enroscam os caules, muitas vezes lenhosos ou com espinhos, e assim progridem. É este o caso da engatadeira (ou lúpulo), a planta das fotos, que pode chegar aos cinco (ou mais) metros de altura e lança ramos horizontais para formar uma teia densa que a suporta. Nativa das regiões temperadas e frias do hemisfério norte, onde aprecia bosques frescos, silvados e margens de cursos de água, é a única planta da família Cannabaceae espontânea na Península Ibérica (a Cannabis sativa L. é, como sabem, imigrante clandestina). Trata-se de uma herbácea perene de folhas ásperas com margens serradas e flores esverdeadas, viçosa na Primavera, florida no Verão, recolhida ao rizoma nos invernos frios. É espécie dióica: as flores masculinas têm cinco pétalas (com cerca de 3 mm) e cinco estames com anteras proeminentes, e nascem em inflorescências ramificadas; as flores femininas, sem pétalas, agrupam-se em pinhas protegidas por brácteas de textura papirácea e reduzem-se a um estilete e dois longos estigmas. Com tanto resguardo e abreviamento, a polinização parece estar entregue ao vento. Os frutos são como feijões vermelhos redondos.
É das glândulas amarelas das brácteas das flores femininas que se extrai a substância que dá sabor e aroma à cerveja, embora as inúmeras variedades industriais sejam cultivares, obtidos por propagação vegetativa (sem a intervenção de plantas masculinas porque, dizem, as sementes estragam o sabor da cerveja). É, naturalmente, uma das plantas eleitas pelo portal Plants for a future.