Gracie Abrams

A cantora e compositora Gracie Abrams tem um talento especial para ir direto ao ponto. Em “21”, uma música sobre o conturbado pós-término de um relacionamento, ela canta sem rodeios: “I missed your 21st birthday” (“Perdi o seu aniversário de 21 anos”). Já outra faixa, sobre a dificuldade de seguir em frente, gira em torno da simples confissão: “I miss you, I’m sorry” (“Sinto sua falta, me desculpe”). Esses cortes rápidos chamam ainda mais atenção considerando que seu pai é o diretor J.J. Abrams, criador de séries como Lost, conhecidas por suas tramas engenhosamente complexas. Nascida em 1999, a artista cresceu em Los Angeles ouvindo Joni Mitchell e Elliott Smith, mas só começou a escrever suas próprias músicas aos 13 anos, depois de descobrir Phoebe Bridgers. Foi aos 17 que ela compôs “minor”, sobre uma paixão que morava longe demais para que ela pudesse visitar antes do “toque de recolher” imposto pelos pais. “Foi a primeira vez que escrevi uma música sem tentar reproduzir o som de outra pessoa”, diz ela ao Apple Music. Mesmo seus primeiros singles revelam uma maturidade além da idade. Lançada quando ela tinha 20 anos, “21” gira em torno do verso devastador: “You’ll be the love of my life when I was young” (“Você será o amor da minha vida quando eu era jovem”), um exemplo elegante de sua habilidade de transformar uma ideia simples, como “amor jovem”, em uma meditação complexa sobre as mudanças da vida. “Olhar para trás nunca me interessou”, ela admite. Ainda assim, ao preparar seu primeiro trabalho de fôlego (minor, de 2020), percebeu que precisava refletir sobre o passado para poder seguir em frente. “Pensar sobre o que aquilo significava e sobre como as músicas precisavam coexistir”, diz ela, manteve viva a experiência de ter escrito “minor” na adolescência. “Isso sempre esteve na minha cabeça. Eu não queria fugir disso.”