Saltar para o conteúdo

Caravela-portuguesa

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Como ler uma infocaixa de taxonomiaCaravela-portuguesa

Classificação científica
Reino: Animalia
Filo: Cnidaria
Classe: Hydrozoa
Ordem: Siphonophora
Família: Physaliidae
Género: Physalia
Espécie: P. physalis
Nome binomial
Physalia physalis
Lineu, 1758

A caravela-portuguesa (Physalia physalis) é o único organismo em colônia heteromorfa, no grupo dos cnidários.[1] Ou seja, são seres que vivem em colônia, isto é, estão conectados anatomicamente e não sendo um único ser. E são divididos em duas partes: região subnatural e região natural, as duas estando opostas. Vivem nas águas de todas as regiões tropicais dos oceanos. Possuem a cor azul ou ainda rosa e roxa, dependendo de diversos fatores ambientais, e tentáculos que possuem diversas células urticantes.[2] Em contato com a pele, podem provocar queimaduras de até terceiro grau. Apesar da aparência, não são medusas.

O nome caravela-portuguesa deve-se à semelhança dos cnidários e as caravelas utilizadas como navios de guerra. São uma colônia de organismos geneticamente diferentes e altamente especializados que aparentam ser uma única criatura. A sua principal toxina à qual utilizam é a fisalitoxina (glicoproteína de 240 kDa) com citotoxicidade e toxicidade hemolítica.[3] As vezes são encontradas junto com o peixe-português (Nomeus gronovii).

Características gerais

[editar | editar código-fonte]

A caravela-portuguesa não se move - flutua à superfície das águas, empurrada pelo vento, com os tentáculos pendentes com a finalidade de capturar peixes para a sua alimentação. Os tentáculos podem atingir um comprimento de 50 metros, mas a média é cerca de 30 metros [4][5].

A colónia divide-se em quatro tipos de pólipo:

Os cnidócitos, que são as células urticantes, portadoras dos nematocistos, encontram-se nos tentáculos e são accionados pela "rede nervosa". A caravela-portuguesa tem dois tipos de nematocistos: pequenos e grandes; estes "órgãos" conservam as suas propriedades por muito tempo, mesmo que o indivíduo tenha ficado várias horas fora de água.

No caso de haver contacto com os tentáculos de uma caravela-portuguesa deve-se tentar remover, usando apenas água do mar, todos os pedaços que estejam agarrados à pele, devendo-se procurar assistência médica assim que possível.[6]

A caravela-portuguesa é importante para a alimentação das tartarugas-marinhas, que são imunes ao veneno.[7]

As espécies Physalia physalis e Physalia utriculus são responsáveis por mais de 10.000 queimaduras a humanos na Australia todo verão, particularmente na costa leste, mas também ocorrendo na costas sul e oeste australiana.[8]

Os organismos individuais são unissexuais, cada um com gonozooides (órgãos sexuais) formado por gonóforos com o formato de pequenas bolsas contendo as gónadas. São animais dioécios, isto é, todos os indivíduos numa colónia são do mesmo sexo. Na fase de reprodução, os espermatozoides separam-se da colónia e expelem os gâmetas. Uma densidade populacional mínima de caravelas-portuguesas é necessária para que ocorra a fertilização. Boa parte da reprodução acontece no período do outono, produzindo a grande quantidade de exemplares jovens que são comumente avistados durante o inverno e a primavera. As larvas desenvolvem-se muito rapidamente, e transformam-se em pequenas criaturas flutuantes.

Cruzando os mares com o Marinheiro urticante

[editar | editar código-fonte]

A caravela-portuguesa é temida pelo seu poder urticante. Encontra-se entre as simples formas animais, não possui cérebro e reage a estímulos. Apesar da caravela-portuguesa parecer um animal, é, na realidade, uma colônia composta por muitos animais inter-relacionados (pólipos) em que cada um desempenha uma tarefa específica. Possui tentáculos com um comprimento de até 50 metros e um flutuador que parece a vela de uma caravela portuguesa, de onde provém o seu nome comum, caravela-portuguesa.

Referências

  1. Grzimek, B.; Schlager, N.; Olendorf, D. (2003). Grzimek's Animal Life Encyclopaedia. Thomson Gale 
  2. Cegolon, Luca; Heymann, William C.; Lange, John H.; Mastrangelo, Giuseppe (22 de fevereiro de 2013). «Jellyfish Stings and Their Management: A Review». Marine Drugs (em inglês). 11 (2): 523–550. PMC 3640396Acessível livremente. PMID 23434796. doi:10.3390/md11020523 
  3. (PDF). sta.uwi.edu https://sta.uwi.edu/fst/lifesciences/documents/Physalia_physalis.pdf [ligação inativa]  Em falta ou vazio |título= (ajuda)
  4. «What is a Portuguese Man o' War?». National Ocean Service (em inglês). Consultado em 12 de março de 2018 
  5. «Portuguese Man-of-War». National Geographic. 11 de novembro de 2010 
  6. «IPMA - Detalhe noticia». www.ipma.pt. Consultado em 15 de maio de 2019 
  7. «Inside of a Sea Turtle's Mouth». Sea Turtle Exploration (em inglês). Consultado em 9 de janeiro de 2020 
  8. Fenner, Peter J.; Williamson, John A. (December 1996). "Worldwide deaths and severe envenomation from jellyfish stings". Medical Journal of Australia. 165 (11–12): 658–661. ISSN 0025-729X. PMID 8985452. Retrieved 2009-09-04. In Australia, particularly on the east coast, up to 10 000 stings occur each summer from the bluebottle (Physalia spp.) alone, with others also from the "hair jellyfish" (Cyanea) and "blubber" (Catostylus). Common stingers in South Australia and Western Australia, include bluebottle, as well the four-tentacled cubozoa or box jellyfish, the "jimble" (Carybdea rastoni)