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Gliese 163

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Gliese 163
Dados observacionais (J2000)
Constelação Dorado
Asc. reta 04h 09m 15,6683s[1]
Declinação -53° 22′ 25,294″[1]
Magnitude aparente 11,811[2]
Características
Tipo espectral M3.5V[3]
Cor (U-B) 1,095[2]
Cor (B-V) 1,491[2]
Astrometria
Velocidade radial 58,597 km/s[4]
Mov. próprio (AR) 1046,14 mas/a[5]
Mov. próprio (DEC) 584,13 mas/a[5]
Paralaxe 66,0714 ± 0,0314 mas[5]
Distância 49,364 ± 0,0235 anos-luz
15,1351 ± 0,0072 pc
Magnitude absoluta 10,93 ± 0,14 (visual)[4]
8,85 ± 0,16 (bolométrica)[4]
Detalhes
Massa 0,40 ± 0,04[4] M
Raio 0,46 R
Luminosidade 0,022 ± 0,003[4] L
Temperatura 3276 ± 110[6] K
Metalicidade [Fe/H] = 0,07 ± 0,09[6]
Rotação Período = 61,0 ± 0,3 dias[7]
Idade 1-10 bilhões[4]
>2 bilhões[3] de anos
Outras denominações
GJ 163, HIP 19394, LHS 188.[1]
Gliese 163

Gliese 163 é uma estrela anã vermelha na constelação de Dorado. Com base em medições de paralaxe, do segundo lançamento do catálogo Gaia, está localizada a uma distância de 49,4 anos-luz (15,1 parsecs) da Terra.[5] Apesar da proximidade, não é visível a olho nu, tendo uma magnitude aparente visual de 11,81.[2] É portanto uma estrela de baixa luminosidade com uma magnitude absoluta igual a 10,9.[4]

Gliese 163 tem um sistema planetário de no mínimo três planetas.[4][3]

Características

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Esta estrela é uma anã vermelha típica com um tipo espectral de M3.5V.[3] Anãs vermelhas são as estrelas mais frias na sequência principal e representam cerca de 75% de todas as estrelas. Gliese 163 tem uma massa de 40% da massa solar, raio de 46% do raio solar e está brilhando com apenas 2,2% da luminosidade solar.[4] Sua fotosfera está irradiando essa energia a uma temperatura efetiva de cerca de 3 300 K.[6] Gliese 163 tem um baixo índice de atividade cromosférica, o que indica uma rotação lenta com um período de 61 dias.[7]

Com uma alta velocidade espacial, representada pelo vetor (U, V, W) = (-70, -76, 1) km/s, Gliese 163 provavelmente pertence à população do disco espesso da Via Láctea, composta por estrelas mais velhas com altas dispersões de velocidade.[4][3] No entanto, ao contrário da maioria das estrelas do disco espesso, sua metalicidade é alta, próxima do valor solar. Não é claro se Gliese 163 é uma estrela do disco espesso com uma metalicidade anormalmente alta, ou uma estrela jovem com uma velocidade alta.[4] O alto movimento próprio de Gliese 163, de cerca de 1,2 segundos de arco por ano, resulta em uma aceleração na sua velocidade radial de 0,49 m/s por ano, que foi subtraída para a análise do sistema planetário ao redor da estrela.[4]

Sistema planetário

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Em agosto de 2012 foi anunciada a descoberta de um sistema planetário ao redor de Gliese 163.[8][3] A descoberta foi feita por espectroscopia Doppler a partir de observações pelo espectrógrafo HARPS, que coletou 154 medições de velocidade radial entre outubro de 2003 e janeiro de 2012. Foram encontrados cinco sinais periódicos na velocidade radial da estrela, sendo que pelo menos três deles são constantes e correspondem a planetas em órbita. Os outros dois, de 19,4 e 108 dias, aparecem em apenas parte das épocas observadas e portanto podem não ser planetas legítimos.[4]

Os três planetas confirmados têm períodos orbitais de aproximadamente 8,63, 25,6 e 600 dias e massas mínimas de 10,6, 6,8 e 29 vezes a massa da Terra. Os dois planetas mais internos estão próximos um do outro a distâncias médias de 0,060 e 0,125 UA da estrela e possuem excentricidades orbitais baixas de 0,07 e 0,10, enquanto o terceiro planeta está mais afastado, a 1,030 UA, e sua órbita tem uma alta excentricidade de 0,37. Simulações dinâmicas indicam que o sistema é estável a longo prazo e que as órbitas dos dois planetas mais internos provavelmente são quase circulares, com excentricidades menores que as determinadas pela solução de velocidade radial. Para haver estabilidade, a inclinação do sistema deve ser maior que 20°. A solução com cinco planetas é instável.[4]

O segundo planeta do sistema, Gliese 163 c, é particularmente notável por estar possivelmente na zona habitável da estrela, recebendo 134% da irradiação que a Terra recebe do Sol. Com uma massa de 7 vezes a massa da Terra, ele pode ser um planeta rochoso como a Terra ou possivelmente ter uma camada atmosférica massiva de hidrogênio e hélio, como os planetas gasosos. Para potencialmente possuir água líquida, sua temperatura de equilíbrio deve ser entre 175 e 270 K, condição que é atingida com albedos entre 0,34 e 0,89 (o albedo da Terra é 0,30).[4]

O sistema planetário de Gliese 163 também foi detectado por uma equipe independente, em um estudo publicado na mesma data que o estudo principal da equipe do HARPS. Esse estudo baseou-se em dados públicos do HARPS de até agosto de 2010, usando portanto menos medições da estrela, e encontrou os mesmos três planetas no sistema, com características similares às descritas acima. Evidência foi encontrada para um quarto planeta, com período de 125 dias.[3]

O sistema Gliese 163 [4]
Planeta Massa
Semieixo maior
(UA)
Período orbital
(dias)
Excentricidade
b >10,6 ± 0,6 M
0,06070 ± 0,00001
8,63182 ± 0,00155
<0,101
c >6,8 ± 0,9 M
0,1254 ± 0,0001
25,63058 ± 0,02550
<0,144
d >29,4 ± 2,9 M
1,0304 ± 0,0086
603,95116 ± 7,55862
0,373 ± 0,077

Referências

  1. a b c «GJ 163 -- High proper-motion Star». SIMBAD. Centre de Données astronomiques de Strasbourg. Consultado em 6 de dezembro de 2017 
  2. a b c d Koen, C.; Kilkenny, D.; van Wyk, F.; Marang, F. (abril de 2010). «UBV(RI)C JHK observations of Hipparcos-selected nearby stars». Monthly Notices of the Royal Astronomical Society. 403 (4): 1949-1968. Bibcode:2010MNRAS.403.1949K. doi:10.1111/j.1365-2966.2009.16182.x 
  3. a b c d e f g Tuomi, M.; Anglada-Escudé, G. (agosto de 2013). «Up to four planets around the M dwarf GJ 163. Sensitivity of Bayesian planet detection criteria to prior choice». Astronomy & Astrophysics. 556: A111, 13. Bibcode:2013A&A...556A.111T. doi:10.1051/0004-6361/201321174 
  4. a b c d e f g h i j k l m n o p Bonfils, X.; et al. (agosto de 2013). «The HARPS search for southern extra-solar planets. XXXIV. A planetary system around the nearby M dwarf GJ 163, with a super-Earth possibly in the habitable zone». Astronomy & Astrophysics. 556: A110, 16. Bibcode:2013A&A...556A.110B. doi:10.1051/0004-6361/201220237 
  5. a b c d Gaia Collaboration; Brown, A. G. A.; Vallenari, A.; Prusti, T.; de Bruijne, J. H. J.; et al. (2018). «Gaia Data Release 2. Summary of the contents and survey properties». Astronomy & Astrophysics. 616: A1, 22 pp. Bibcode:2018A&A...616A...1G. arXiv:1804.09365Acessível livremente. doi:10.1051/0004-6361/201833051  Catálogo Vizier
  6. a b c Neves, V.; et al. (abril de 2014). «Metallicity of M dwarfs. IV. A high-precision [Fe/H] and Teff technique from high-resolution optical spectra for M dwarfs». Astronomy & Astrophysics. 568: A121, 22. Bibcode:2014A&A...568A.121N. doi:10.1051/0004-6361/201424139 
  7. a b Suárez Mascareño, A.; Rebolo, R.; González Hernández, J. I.; Esposito, M. (setembro de 2015). «Rotation periods of late-type dwarf stars from time series high-resolution spectroscopy of chromospheric indicators». Monthly Notices of the Royal Astronomical Society. 452 (3): 2745-2756. Bibcode:2015MNRAS.452.2745S. doi:10.1093/mnras/stv1441 
  8. Méndez, Abel (29 de agosto de 2012). «A Hot Potential Habitable Exoplanet around Gliese 163». Universidade de Porto Rico em Arecibo (Planetary Habitability Laboratory). Consultado em 21 de novembro de 2012