Vegetação da Espanha
A Vegetação da Espanha é um mosaico de paisagens naturais extraordinariamente diversas, moldadas por uma variedade de fatores climáticos, geográficos e históricos. Desde as majestosas florestas de carvalhos até as áridas estepes do sul, a Espanha abriga uma riqueza de ecossistemas que sustentam uma biodiversidade notável.[1]
Floresta Mediterrânea
[editar | editar código-fonte]Um dos ecossistemas mais emblemáticos da Espanha é a floresta mediterrânea, que se estende ao longo das regiões costeiras e montanhosas do país. Caracterizada por uma paisagem de colinas ondulantes e vales férteis, esta vegetação exuberante é composta por uma variedade de espécies adaptadas ao clima quente e seco do Mediterrâneo. Entre as árvores mais proeminentes estão o sobreiro, a azinheira e o pinheiro-bravo, além de arbustos como o alecrim e a lavanda. Esta vegetação não só fornece habitat para uma série de espécies de fauna, mas também é fundamental para a economia local, fornecendo produtos como cortiça, azeite e frutas cítricas.[2][3]
Estepe e Semiárido
[editar | editar código-fonte]No coração do país, vastas extensões de terreno são dominadas por ecossistemas de estepe e semiárido. Aqui, as paisagens áridas e pedregosas são pontuadas por arbustos resistentes, como o espinheiro e o zimbro, que se adaptaram às condições climáticas severas. Apesar dos desafios impostos pela escassez de água e pelo calor intenso, essas áreas sustentam uma variedade surpreendente de vida selvagem, incluindo aves de rapina, répteis e mamíferos adaptados ao clima seco.[4][5]
Vegetação de Montanha
[editar | editar código-fonte]Nas majestosas cordilheiras que cortam o interior da Espanha, encontramos uma vegetação alpina única, caracterizada por florestas de coníferas, pastagens alpinas e uma profusão de flora endêmica. À medida que a altitude aumenta, as florestas de pinheiros e abetos dão lugar a prados alpinos salpicados de flores silvestres coloridas, criando um cenário deslumbrante que atrai amantes da natureza de todo o mundo. Essas áreas montanhosas também desempenham um papel vital na regulação do clima e no fornecimento de água para as planícies abaixo.[6][7]
Ecossistemas Costeiros
[editar | editar código-fonte]Ao longo da extensa costa da Espanha, uma variedade de ecossistemas costeiros e marinhos prospera, desde dunas de areia e pântanos salgados até pradarias marinhas e recifes de coral. Estas áreas são o lar de uma abundância de vida marinha, incluindo peixes, moluscos e aves marinhas, e desempenham um papel crucial na proteção da costa contra a erosão e na manutenção da saúde dos ecossistemas marinhos.[8]
Ilhas Canárias
[editar | editar código-fonte]O arquipélago das Canárias faz parte da região fitogeográfica macaronésica, tendo, portanto, muitas espécies em comum com outros arquipélagos atlânticos, como as Ilhas dos Açores e Madeira. Sua vegetação apresenta um alto índice de endemismo, com mais de 500 espécies vegetais endêmicas. Muitas delas são relíquias de espécies amplamente distribuídas pelo Sul da Europa e Norte da África durante a Era Cenozoica ou Terciária.[9]
A vegetação é fortemente influenciada pelo clima tropical seco e pela influência dos ventos alísios que sopram do nordeste para o sudoeste, resultando em certas áreas de alta umidade e precipitações relativamente elevadas. Isso leva a contrastes significativos nas precipitações nas ilhas de maior altitude. A vegetação das Canárias é condicionada pelas precipitações, altitude, solo vulcânico, temperaturas, ação humana e orientação em relação aos ventos. Existem divisões por pisos:
- Basal árido: onde ocorre a menor quantidade de chuvas, com menos de 300 mm, a temperatura média é de 20°C, não há árvores e sim um arbusto xerófilo descontínuo, destacando-se espécies como o ricino e a aviosa, além de figueiras-da-índia e pita a barlavento e sotavento.
- Transição para o piso montanhoso: 100 m acima do basal, as precipitações variam entre 350 e 400 mm, com temperatura média entre 15 e 19°C. É uma área profundamente transformada pelo homem para cultivo, onde ainda são preservados resquícios de zimbrais, oliveiras selvagens, palmeiras e o dragoeiro.
- Piso úmido da encosta norte das ilhas centro-ocidentais: de 500-600 até 1200 m, com temperaturas médias entre 13 e 15°C e precipitações acima de 1000 m. Relaciona-se com a umidade ambiental e a existência de um banco de nuvens cujo vapor é absorvido pelas folhas, conhecido como chuva horizontal ou invisível. Há uma floresta densa, perenifólia, composta por espécies lauráceas, a laurissilva. Boas massas de laurissilva são preservadas na ilha de La Gomera (Garajonay), Tenerife e La Palma.
- Semiárido: desenvolve-se conforme a umidade diminui e pode chegar até 2000 m; sem essa umidade, as espécies lauráceas desaparecem, dando lugar a urzes e, conforme a umidade diminui, surge o pinheiro-canário e subarbustos de tomilhos e estevinhas.
- Piso seco em altitude: a partir de 2000 m acima do nível do mar, com mais de 500 mm anuais de precipitação, desenvolve-se apenas um arbusto muito aberto, rico em flora, com espécies que possuem raízes bastante desenvolvidas em busca de umidade, como o tojo e a vassoura. À medida que se sobe acima de 2800 m, a vegetação é residual, predominando pequenos arbustos.
Desafios Ambientais
[editar | editar código-fonte]A vegetação da Espanha é notavelmente diversificada devido à sua localização geográfica, que abrange uma variedade de climas e condições ambientais. A cobertura vegetal do país é influenciada por fatores como topografia, latitude, altitude e influências oceânicas e continentais. Apesar da diversidade vegetal, a Espanha enfrenta alguns desafios ambientais relacionados à degradação do solo, desertificação e perda de biodiversidade. A exploração excessiva dos recursos naturais, a urbanização descontrolada e as mudanças climáticas têm contribuído para esses problemas.[10]
Para enfrentar esses desafios, o governo espanhol implementou várias medidas de conservação e gestão ambiental. Isso inclui a criação de parques nacionais e reservas naturais, programas de reflorestamento, práticas agrícolas sustentáveis e a promoção do turismo ecológico.[11][12]
Além de sua importância ambiental, a vegetação da Espanha também desempenha um papel fundamental na economia e na cultura do país. As florestas fornecem recursos como madeira, cortiça e azeitonas, enquanto os ecossistemas costeiros são importantes para o turismo e a pesca. A vegetação da Espanha é uma parte essencial de sua paisagem ecológica e cultural, refletindo a rica diversidade ambiental do país. Proteger e gerenciar esses ecossistemas é fundamental para garantir um futuro sustentável para as gerações futuras e para preservar a beleza natural única da Espanha.[13]
Referências
- ↑ Ros, R.M.; Guerra, J. (8 de dezembro de 1987). «Vegetación briofítica terrícola de la Región de Murcia (sureste de España)». Phytocoenologia (4): 505–567. ISSN 0340-269X. doi:10.1127/phyto/15/1987/505. Consultado em 11 de março de 2024
- ↑ Loidi, Javier; Herrera, Mercedes; Biurrun, Idoia; García-Mijangos, Itziar (março de 1999). «Relationships between syntaxonomy ofThero-Salicornietea and taxonomy of the generaSalicornia andSuaeda in the Iberian Peninsula». Folia Geobotanica (1): 97–114. ISSN 1211-9520. doi:10.1007/bf02803078. Consultado em 11 de março de 2024
- ↑ Pérez Latorre, Andrés V.; Navas, Patricia; Navas, David; Gil, Yolanda; Cabezudo, Baltasar (1 de dezembro de 1998). «Datos sobre la flora y vegetación de la Serranía de Ronda (Málaga)». Acta Botanica Malacitana: 149–191. ISSN 2340-5074. doi:10.24310/abm.v23i0.8557. Consultado em 11 de março de 2024
- ↑ Rivas Martínez, S. (1 de dezembro de 1977). «Datos sobre la vegetación nitrófila española». Acta Botanica Malacitana: 159–168. ISSN 2340-5074. doi:10.24310/actabotanicaabmabm.v3i.9697. Consultado em 11 de março de 2024
- ↑ Rufo Nieto, Lourdes; Fuente García, Vicenta de la (2010). «Vegetación arbórea y arbustiva de la cuenca del Río Tinto (Huelva, España)». Lazaroa: 39–58. ISSN 0210-9778. doi:10.5209/rev_laza.2010.v31.2. Consultado em 11 de março de 2024
- ↑ Rivas Martínez, Salvador; Pizarro, José (1 de dezembro de 1988). «Datos sobre la vegetación y biogeografía de los Picos de Europa». Acta Botanica Malacitana: 201–208. ISSN 2340-5074. doi:10.24310/actabotanicaabmabm.v13i.9431. Consultado em 11 de março de 2024
- ↑ Tomatis, Francisco (dezembro de 2020). «Análisis de posibles repercusiones del cambio climático sobre el Camino de Santiago Francés en su paso por Castilla y León (España)». Revista interamericana de ambiente y turismo (2): 202–216. ISSN 0718-235X. doi:10.4067/s0718-235x2020000200202. Consultado em 11 de março de 2024
- ↑ Pérez Latorre, Andrés V.; Galán de Mera, Antonio; Dell, Ulrich; Cabezudo, Baltasar (1 de dezembro de 1996). «Fitogeografía y vegetación del Sector Aljíbico (Cádiz-Málaga, España)». Acta Botanica Malacitana: 241–267. ISSN 2340-5074. doi:10.24310/abm.v21i0.8678. Consultado em 11 de março de 2024
- ↑ PINTO-SANTOS, Alba R.; PEREZ, Adolfina; DARDER, Antonia (15 de fevereiro de 2021). «Propuesta formativa basada en el modelo TEP para el desarrollo de la Competencia Digital Docente». Espacios (03): 88–101. doi:10.48082/espacios-a21v42v03p07. Consultado em 11 de março de 2024
- ↑ Santos, Maria Fátima Vieira; Gutiérrez, Emilia; Vallejo, Ramón; Meunier, Isabelle Jaqueline; Cillero, Diana (junho de 2003). «Diversidade da vegetação pós-incêndio em terraços abandonados e ladeiras não cultivadas em Valença, Espanha». Revista Árvore (3): 399–405. ISSN 0100-6762. doi:10.1590/s0100-67622003000300018. Consultado em 11 de março de 2024
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