Original released on LP United Artists ULP 1081
(UK, August 1964)

Long John Baldry (o “Long” veio por acréscimo, devido à sua elevada estatura, cerca de 2.10 metros) foi um dos percursores (senão mesmo o mais importante) do chamado blues branco inglês. Filho de um polícia que serviu na Segunda Guerra Mundial, nasce a 12 de Janeiro de 1941, em Londres. Os seus dotes vocais (cujo tom grave e profundo nunca se conjugou lá muito bem com a imagem esguia do cantor) são reconhecidos desde tenra idade, quando pertencia ao coro da igreja de St. Lawrence, em Edgware. Inicia-se no Rhythm & Blues logo nos inícios da década de 60, integrado no lendário Blues Incorporated, juntamente com Alexis Korner e Cyril Davies, grupo que lança em 1962 aquele que é considerado o primeiro disco de blues inglês, “R & B At The Marquee”, e que serviria mais tarde de inspiração a John Mayall para formar os Bluesbreakers. Em 1963 Baldry e Davies deixam Alexis Korner e os Blues Incorporated para formarem o Cyril Davies & The All Stars (com Jimmy Page na guitarra e Nicky Hopkins ao piano). Mas a morte por leucemia de Cyril Davies, logo no início de 1964, a 7 de Janeiro, tem como consequência a alteração do nome do grupo, agora apenas com Baldry como líder, que passa a chamar-se The Hoochie Coochie Men, por causa do tema de Willie Dixon de 1954. A formação era basicamente a mesma dos All Stars, com Geoff Bradford na guitarra, Cliff Barton no baixo, Keith Scott no piano e Micky Waller na bateria, mais Long John Baldry nos vocais.

A notoriedade de Long John Baldry no circuito de blues londrino cresce rapidamente, ao ponto de os próprios Beatles (então já no auge) o terem convidado em 1964 a participar na gravação de um programa para a televisão. Por sua vez Baldry encontra numa estação de comboio (Twickenham) um jovem cantor a entoar um blues de Muddy Waters e, gostando daquilo que ouve, convida-o de imediato a integrar os Hoochie Coochie Men como segundo vocalista. O nome desse cantor era Rod Stewart. O grupo edita dois singles, "Up Above My Head / You'll Be Mine" (1964) e mais tarde "I'm On To You Baby / Goodbye Baby" (1965), ao mesmo tempo que tocam regularmente na Eel Pie Island, para um plateia que incluia gente como Jimmy Page, Peter Green, Eric Clapton e Jeff Beck, entre outros. Entre aqueles dois singles aparece, em Agosto de 1964, o primeiro e único album da banda, precisamente este “Long John’s Blues” (United Artists ULP 1081). Nas notas originais do LP pode ler-se: «... even when he sings the most famous blues, Long John is never content to echo earlier perfomances. He has always been his own man and he, never hesitates to twist the melody - sometimes even the words – to suit his ends. He is, in fact, a highly individual singer.» No decorrer de 1965 os Hoochie Coochie Men acabam, para dar lugar aos Steampacket’s (com Brian Auger e Julie Driscol), que não chegam contudo a editar qualquer disco. Em 1966 aparece o segundo album, “Looking At Long John”, já sómente com o nome de Long John Baldry como intérprete.

Começa assim a carreira a solo de Long John Baldry que logo no ano seguinte, em 1967, consegue atingir o 1º lugar dos Tops britânicos com o tema “Let The Heartaches Begin”. Outro hit viria com a canção "Mexico", em 1968, que veio a tornar-se o tema dos Jogos Olímpicos daquele ano. A canção alcançou o nº 20 no Reino Unido. Com o estrelato, efémero, Baldry adopta um novo visual, com a barba, os cabelos compridos e os casacos de peles a alinharem pela moda daqueles finais dos anos 60. São editados os albuns “Let The Heartaches Begin” (1967), “Let There Be Long John” (1968) e “Wait For Me” (1969), nos quais abundam versões de temas famosos, interpretadas por Baldry num estilo marcadamente pop: “For All You Know”, “Smile”, “I Can’t Stop Loving You”, “Sunshine Of Your Love”, “Spanish Harlem” ou “Spinning Wheel”, entre muitos outros. Mas rapidamente regressa à sua eterna paixão, os blues, com a edição de dois discos, “It Ain’t Easy” e “Everything Stops For Tea” em 1971 e 1972, respectivamente, ambos produzidos por Rod Stewart e Elton John.

Imigra entretanto para os Estados Unidos (New York primeiro, Los Angeles depois), onde grava mais três albuns até ao fim da década de 70: “Good To Be Alive” (1973), “Welcome To Club Casablanca” (1976) e “Baldry’s Out” (1979). A partir de 1980 fixa residência no Canadá, onde consegue adquirir a cidadania nacional. Seguem-se os albuns “Long John Baldry” (1980), “Rock With The Best” (1982), “Silent Treatment” (1986) e “A Touch Of Blues” (1989). Sempre no Canadá, mas já na década de 90, são editados “It Still Ain’t Easy” (1991), “On Stage Tonight” (1993) e “Right To Sing The Blues” (1997), entre o aparecimento de diversas coletâneas (a mais importante será “The Pye Anthology” que contém oito temas inéditos, para além de versões em italiano e espanhol). Em 2000 é editado “Evening Conversation”, o 2º album ao vivo, e no ano seguinte o brilhante “Remembering Leadbelly”, que viria a ser o seu derradeiro trabalho – morre em Vancouver, a 21 de Julho de 2005, depois de lutar durante vários meses contra uma infecção no peito. Tinha 64 anos.
