Inés Terra voice
Ajítẹnà Marco Scarassatti gangan, viola de cocho, ẹlẹyẹ (or pássara cocho)


Although Inés Terra and Ajítẹnà Marco Scarassatti had been following each other’s work for several years, it was only in November 2022 that they embarked on their first artistic collaboration. The encounter took place at the Boteco Ruído project in Belo Horizonte, where they performed as a duo, initiating a partnership marked by attentive listening and improvisation.

Building on this initial experience, the artists established a practice of remote exchange: one would send an improvisation—vocal or instrumental—for the other to interact with freely in response. This dynamic alternated with each new exchange, creating a fluid and dialogic field of listening where layers remained independent while forming a complex unity.

Inés Terra is a singer with experience in free improvisation, Latin American music and jazz. She enjoys improvising with the birds that visit her home and with invented instruments that combine distant materials. In her practice, she considers the voice as a force capable of gathering memories, sounds, and forms of listening.

Ajítẹnà has worked for many years creating sound sculptures, inventing, modifying, and using instruments tied to Afro-diasporic traditions. For this collaborative process with Inés, he employed a series of unique devices:
1.⁠ ⁠The prepared viola de cocho—a traditional lute from Brazil’s Midwest—which he “hacks” by subverting the conventional gestures of viola players, altering tunings, and exploring the instrument’s body timbres through expanded techniques.
2.⁠ ⁠The Yoruba gangan (talking drum), whose rhythmic and tonal language carries the principles of oral communication from Yoruba culture.
3.⁠ ⁠The Ẹlẹyẹ (or Pássara Cocho), an instrument invented by Ajítẹnà from the viola de cocho itself. In this creation, he incorporates a sympathetic resonance string that crosses the instrument’s body, a raised bridge, and a mirror—elements inspired by the violin family—enabling bow performance. The name and conception of the Ẹlẹyẹ reference the Ìyàmi, powerful feminine entities in Yorùbá cosmology, often associated with nocturnal birds like owls.

Beira, therefore, emerges as an extension of the collaboration between Inés Terra and Ajítẹnà Scarassatti, rooted in mutual and inventive listening, where traditions, experiments, and sensitive technologies intertwine.

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Embora Inés Terra e Ajítẹnà Marco Scarassatti já acompanhassem mutuamente seus trabalhos há alguns anos, foi somente em novembro de 2022 que realizaram a sua primeira colaboração artística. O encontro aconteceu no projeto Boteco Ruído, em Belo Horizonte, onde se apresentaram em duo, dando início a uma parceria marcada pela escuta sensível e pela improvisação.

A partir dessa experiência inicial, os artistas estabeleceram uma prática de troca à distância: um enviava uma improvisação para que o outro interagisse livremente em resposta a ela. Essa dinâmica se invertia a cada nova troca, criando um campo de escuta em fluxo e diálogo, em que as camadas se mantinham independentes, ao mesmo tempo em que criavam uma unidade complexa.

Inés Terra é uma cantora com experiência em música latino-americana e jazz. Gosta de improvisar com os pássaros que visitam sua casa e com instrumentos de invenção que reúnem materiais distantes. Na sua prática pensa a voz com a potência de reunir memórias, sonoridades e escutas.

Ajítẹnà, trabalha há muitos anos com a criação de esculturas sonoras e invenção e modificação e utilização de instrumentos instrumentos relacionados às tradições afro diaspóricas. Para esse processo compartilhado com Inés, utilizou, uma série de dispositivos singulares: a viola de cocho preparada – instrumento tradicional do Centro-Oeste brasileiro – em que ele “hackeia” os gestos convencionais dos violeiros, subvertendo-os, alterando afinações e explorando timbres do corpo do instrumento com técnicas expandidas; o gangan yoruba, também conhecido como tambor falante, cuja linguagem rítmica e tonal carrega os princípios de comunicação oral da cultura yoruba e, por fim, destaca-se a Ẹlẹyẹ – ou Pássara Cocho – instrumento inventado por Ajítẹnà a partir da própria viola de cocho. Nesta criação, ele incorpora uma corda de ressonância por simpatia, que atravessa o corpo do instrumento, além de um cavalete elevado e um espelho, inspirados em elementos da família do violino, possibilitando a execução com arco. O nome e concepção da Ẹlẹyẹ fazem referência às Ìyàmi, entidades femininas poderosas da cosmologia yorùbá, muitas vezes associadas a aves noturnas, como as corujas.

Beira, é portanto, um desdobramento de uma colaboração entre Inés Terra e Ajítẹnà Scarassatti, a partir da escuta mútua e inventiva, onde tradições, experimentações e tecnologias sensíveis se entrelaçam.