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sexta-feira, maio 21, 2021

A DOR SALVA !

A dor é o fogo que aquece


― A dor é o fogo que aquece, a dor é o sol que brilha. A dor é a vida, é o enlevo da alma para Jesus. A dor é a vida, a dor é a salvação. Coragem, coragem, minha filha. A dor ressuscita as almas para Jesus e salva-as. A dor tem todo o poder; a dor, a dor é salvadora. Toda a alma que sofre com amor vive unida ao seu Deus. A dor, a dor tem encerrados nela os segredos, todos os segredos do Senhor. A dor, a dor, como é poderosa e não é compreendida! Por não ser compreendida, maior, maior, maior é o seu valor. Sofre, vítima querida, sofre, esposa predilecta de Jesus, sofre, porque o mundo desvairado, o mundo perdido necessita do teu sofrimento, do teu prolongado martírio (Alexandrina Maria da Costa: S. 18-09-1953).

terça-feira, maio 04, 2021

O COMBATE SERÁ RENHIDO

Levanta os olhos ao Céu, tem coragem


— Minha filha, levanta os olhos ao Céu, tem coragem, Jesus te amparará. O fim aproxima-se. O combate será renhido. Minha filha, minha filha, se fosses amada por todo o mundo não te assemelhavas a Jesus. Restam-te alguns amigos firmes e fortes à semelhança do teu esposo Jesus. Alegra-te, amada! Que grande dita assemelhares-te a mim! Filhinha, filhinha, alegra-te, quantos e quantos depois da tua morte chorarão as suas culpas, as suas faltas. Quantos e quantos depois da tua morte desejariam falar-te, pedir-te perdão por te terem perseguido e combatido. Filhinha, filhinha, diz ao teu Paizinho que ainda na terra muitos lhe hão-de pedir perdão. Que a sua humildade há-de ser exaltada. Diz-lhe que todo este sofrimento lhe tem purificado o seu coração e a sua alma, que está mais pura do que o oiro. Diz-lhe que tinha que passar por todos estes vexames para que a causa de Jesus brilhe como eu quero que ela brilhe. Diz-lhe que eu o amo apaixonadamente e que o tenho coberto com o meu divino Amor. Ó minha amada querida, diz ao teu Paizinho que o lugar dele no Céu está reservado ao lado da Santíssima Trindade. Diz-lhe que toda esta luta na terra está a terminar. Confias, confias, minha filha?”

— Ó meu Jesus, como não hei-de confiar em vós? Vós não enganais! Quem confiou em Vós e ficou confundido? Sede a nossa força, Jesus, e terminai então tanto sofrimento.

— Inclina-te, inclina-te, minha bendita Mãe, beija e abraça a tua filhinha, minha esposa e minha crucificada.

— Mãezinha, vela por mim, vela pelo meu Paizinho, vela pelos que me são queridos. Entre Jesus e a Mãezinha estou bem, não corro perigo. (Sentimentos da alma: 3 de Abril de 1943 – Primeiro sábado).

segunda-feira, maio 03, 2021

TU NÃO PECASTE, TEM CORAGEM!

3 de Maio de 1945


No primeiro dia de Maio quantas coisas pedi à Mãezinha para me alcançar no Seu mês bendito. Consagrei-me a Ela para Ela me consagrar a Jesus. Entre muitas outras coisas pedi-Lhe força para o meu sofrimento. Meu Deus, e quanto necessito eu do auxílio do céu, da força da querida Mãezinha, par aguentar com o peso de tão grande cruz. Logo no segundo dia recebi um miminho do céu, um mimo que feriu bem o meu coração, um espinho que o dilacerou todo. Agradeci-o logo à Mãezinha, aceitei-o e ofereci-Lho como prova do meu amor, e para Ela o oferecer por mim a Jesus. Tudo é dor em mim! Que horror, que horror! O meu coração, a minha alma estão num luto fechado; não sei o que é isto. Que arrancos sinto em mim! Sinto como se pela boca me tirassem tudo o que dentro em meu corpo contém. Ai, meu Jesus, e que desejos tão grandes, que ânsias quase desesperadoras de ouvir dizer que terminou a guerra. Eu nada sei dizer, só Jesus conhece quanto sofro. A Ele vou renovando a oferta de vítima, para que venha a paz. Oh! que compaixão eu tenho pelos governadores que dizem terem partido para a eternidade. Oro por eles, e parece-me que a eles prenderam o meu coração. Todo o meu corpo continua em chamas, e sinto como se o meu pequenino quarto ardesse comigo. E quero acudir ao mundo, apanhá-lo, prendê-lo, colocá-lo todo nestas labaredas, neste fogo que não dá luz. Que medo, ó que medo viver em tantas trevas! O quarto em que vivo é como uma masmorra onde nunca penetrou o sol nem a luz do dia. São trevas na alma, trevas no corpo, trevas no céu e na terra. Parece que nunca mais posso ver Jesus, sinto que não é meu, que O perdi para sempre. Mas mesmo assim quero amá-Lo, sinto ânsias loucas de O amar e, como não me parecem minhas nem meu o amor, digo-Lhe:

— Jesus, este anseio não é meu, é Vosso, e Vosso é o amor; sois Vós que amais com o que é Vosso e sois Vós que sofreis e levais a minha cruz. Vede a pobrezinha que nada faz e nada tem: é só noite, só miséria. Sou Vossa escrava, Jesus, só Vossa e da Mãezinha.

O demónio, ainda esta noite, com tanta malícia e fúria consumiu desesperadamente o meu pobre corpo. Estava banhada em suor e não podia lutar. O coração batia com grande estrondo e numa marcha apressadíssima. Queria sossegar uns momentos, para poder respirar, e não podia.

— Já estás satisfeita? Não queres pecar mais? Hás-de pecar, hás-de pecar. Peca contigo todo o inferno e muitos da terra. E nomeava-os. Como tu estás! Como tu estás! E enchia-me de insultos. Estava cheia de lutar, mas não de ofender a Deus. Sentia que queria mais, muito mais. Não era bastante o gozo que me parecia sentir. Veio uma dor a destruí-lo todo. Fiquei louca, a querer gozar, e a dor insuportável a não me deixar, destruía tudo o que era gozo. Perdida no meio do mar, gritei por Jesus:

— Não quero pecar, não quero pecar.

Fora do meu lugar, não podia tomar a minha posição, nem aguentar por mais tempo a que tinha. Falou Jesus:

— Anjo, bendito anjo criado por mim, leva ao seu lugar a minha querida esposa, leva-a com todo o carinho e amor; é minha, só minha.

Fiquei logo na minha posição e senti-me tão cheia de carinho e amimalhada, e Jesus continuou:

— Oferece-me, filhinha amada, esta reparação, para que os impuros se cansem de me ofenderem, e não se canse o meu divino Coração de lhes perdoar. Dá-me, minha virgem pura, toda esta reparação. Tu não pecaste. É grande, é forte o teu amor. Tem coragem! Cumprem-se as minhas divinas promessas, e chega o céu.

As palavras e ternuras de Jesus suavizaram a minha dor e cansaço. Pude por um pouco adormecer. Ai, a quinta-feira! Estou a braços com ela. O meu coração anda de rasto, sente já toda a dor e ingratidão. Os meus ouvidos ouvem dum e do outro lado insultos e palavras de desprezo. Vejo todos os sofrimentos e anseio por eles; vejo a morte e desejo passar por ela; é morte que vai dar a vida. No Horto, senti o cálice da amargura. Com os olhos fitos no céu, no meio da tremenda agonia, senti como se me rasgassem a fio de espada ou ponta de navalha todas as veias do corpo. O sangue corria, ensopou-me toda e foi juntar-se às lágrimas da maior amargura. Os ouvidos tudo ouvem ao longe, mas sinto em mim coisa mais sublime que vê e adivinha tudo. Não sou eu, é Jesus que tudo conhece e sabe. É chegada a prisão. (Sentimentos da alma: 3 de Maio de 1945)

domingo, maio 02, 2021

O CÉU É DELE, A COROA ESTÁ TECIDA

 Diz ao teu Paizinho

— Bem-aventurados os humildes e perseguidos pelo amor de Jesus. Esses é que são os eleitos do Senhor e os santos do seu divino Coração. Está quase finda a missão da crucificada de Jesus na terra. Jesus vai dar-lhe a morte mais encantadora, mais cheia de amor. Vem Jesus, vem Maria, vem José, toda a Trindade divina. Vêm os Anjos, vêm os Santos conduzirem ao Paraíso aquela que tanto amou Jesus na terra. Desce o Céu ao quartinho da heroína de Jesus. Que glória para Portugal, para o mundo inteiro! Que alegria e triunfo para o Paraíso.


Diz, diz, minha filha, ao teu Paizinho Eu que o amo, que é o filho predilecto da minha Companhia. Quanto mais o fazem sofrer, mais o meu divino amor se irradia nele. Jesus vai conduzir ao seu divino Coração a ovelha perdida; Jesus não demora. O Céu é dele, a coroa está tecida. É de espinhos, abrilhantada com as pedras mais preciosas. Diz, diz, minha filha, ao Sr. Doutor que o prémio que no Céu lhe está preparado é o maior que se pode dar à medicina. O Coração de Jesus está radiante com ele por todo o cuidado e esmero que tem tido com a crucificada de Jesus. Ele sentirá na terra a contínua protecção da salvadora da humanidade. Diz, diz, minha filha, à tua irmãzinha, à tua Çãozinha, que estão ao abrigo de Jesus, guardadas para sempre no seu divino Coração. Jesus será o prémio, a recompensa de todos os que sofrem com a sua benjamina. Jesus é tudo para as almas que a amam e que por ela são amadas.

― Obrigada, obrigada, meu Jesus. Recompensai a todos por mim, pagai-lhes com o vosso divino Amor e permiti que eu lá do Céu a todos conforte e a todos assista em suas necessidades. Ó meu Jesus, conheço que sois vós; não posso separar-me da vossa divina presença. Quisera ir já convosco para o Céu.

― Mais um pouquinho e o dia chegará.

― Obrigada, meu Jesus.

(Sentimentos da alma: 2 de Maio de 1942 – Primeiro sábado)

quinta-feira, abril 29, 2021

ACEITO TUDO POR JESUS E PELAS ALMAS

 — Ó minha violeta escondida


Não é só a ignorância. As dores do corpo não me deixam falar das dores da alma. Que tormento, que tormento! Vou abafando e guardando para mim tudo aquilo que Jesus conhece e aceito tudo pelo Seu amor e pelas almas. Não tenho fé, não tenho vida de Deus. Se eu tivesse asas para voar ou ao menos para me sustentar… assim, como não tenho, vou caminhando sobre o ar, sem ter a que me agarrar. Lá vou de mundo em mundo, de abismo em abismo nestas trevas mais que pavorosas. Como a minha alma, aqui, exigia expandir-se e dizer muito! Minha alma, minha alma!... parece-me que não tenho alma, sem ter ninguém que me acuda! Vou sofrendo, sofrendo e repetindo o meu “creio”. Não há Horto, não há Calvário para mim. Meu Deus, como eu compartilhei de todos estes sofrimentos, e agora nada compartilho! A perda de Jesus, a perda da Mãezinha!... Meu Deus, eu creio!... e nos mundos, nos abismos das minhas trevas, hei-de chamar-Vos, hei-de bradar e bradar sempre. E assim o fiz, num abismo sem fundo. Chamei, chamei e repeti o meu “creio”. Lá veio Jesus. A Sua voz divina levantou-me do abismo.

— Vem, minha esposa amada. Vem, encanto do Paraíso. O Senhor baixou e penetrou em ti os Seus olhares. O Senhor baixou e escolheu-te, preparou-te para a mais sublime missão. Levanta-te, levanta-te desse teu abismo. Esta tua reparação é para arrancar do abismo do pecado, do abismo da perdição, tantas, tantas almas, o maior número de almas. Coragem, fá-las subir, deixarem a lama para, brancas, brancas como a neve, subirem pelos teus sofrimentos numa ascensão gloriosa para Mim.

— Ó Jesus, eu com certeza ofendo-Vos nesta vida sem fé, sem guia, sem amparo, sem luz. Como hei-de assim reparar? Como hei-de assim dar-Vos as almas?

— Coragem, minha filha, coragem! A tua fé é inabalável. Estás mais firme do que a rocha. É certo que Eu quero que sejas amparada por aqueles que eu coloquei no teu caminho. Eu quero, Eu quero e exijo que te seja dado aquele que Eu escolhi para amparar e guiar para Mim a tua alma. Fui Eu, fui Eu, foi a escolha minha. Ó minha filha, ó minha filha, como Eu sofro!... Oh! Com que dor Eu pedi e continuo a pedir. Principie, principie, principie a Igreja! Oh! O que se passa na Igreja! Avante, avante, Chefes da Igreja! Não descanseis na Vossa luta, na Vossa vigilância! O mundo, ai do mundo, se não arrepia caminho!...

Vi com os olhos da alma os maus-tratos dados a Jesus. Os Seus vestidos rasgados, o peito aberto, o Seu Coração Divino rasgado de cima a baixo, todo em sangue, todo em sangue, em atitude de quem contempla o mundo, derramava lágrimas sobre ele. Numa dor angustiosa quis curar-Lhe o Seu Divino Coração e enxugar-Lhe as Suas lágrimas. O meu pobre coração de gelo incendiou-se e foi com esse fogo que procurei curar tal ferida, enxugar lágrimas tão dolorosas. Ó Jesus, quisera dar-Vos tudo, toda a consolação, todas as almas e não tenho nada e nada posso. Jesus, mais sorridente, depois de receber o fogo do meu coração, continuou:

— Ó minha violeta escondida, o teu amor é puro, o teu amor é santo e santa é a tua reparação. É a afirmação do que não engana, é a afirmação do teu Esposo Jesus. Recebe a gota do meu Divino Sangue. Repara com ela tanta vida consumida pela dor. Coragem! Coragem! Tu és o cofre de Jesus, a depositária de todas as riquezas celestes. Enriquece as almas, enriquece as almas. Salva o mundo que é teu. Repete o teu “creio”. Confia! Confia!

Ficai comigo, Jesus, atendei os meus pedidos. Bem sabeis que em todos eles está a Vossa glória e a salvação das almas. Não tenho outro fim. Sou a Vossa vítima. (Sentimentos da alma: 29 de Abril de 1955 – Sexta-feira).

sexta-feira, janeiro 15, 2021

CANTO DE AMOR A JESUS

Ó amor, como tu és grande e forte!

Fala, fala, meu coração,
diz ao menos nestas linhas quanto desejas amar o teu Jesus!

Fala, fala, coração meu,
diz ao teu Jesus que só a Ele queres
e que só nele queres descansar!


Não canses, não deixes de falar do amor!
O amor que é amor, verdadeiro e puro amor,
não pode calar-se,
não pode deixar de manifestar-se,
tem que falar e provar que ama sempre:
ama de dia e de noite, ama na dor e na alegria,
ama na exaltação
e, se é amor verdadeiramente puro,
ama mais ainda quando é humilhado.

Ó amor, como tu és grande e forte!

Ó Jesus, onde poderei encontrar a escola do vosso amor?

É com certeza no vosso Divino Coração,
é aí que eu posso aprender a amar-Vos
e com aquele amor por o qual o meu coração suspira.

Ó Jesus, ó Jesus, dai-me lugar,
deixai-me entrar para lá viver, Vos amar, para de amor morrer.

Onde estará, meu Jesus, o segredo de amar?
Onde poderei encontrar tão precioso tesouro?
Eu não quero mais nada na terra a não ser amar-Vos e salvar-Vos as almas.
Tudo o mais é mesquinho e nada; tudo o mais é ilusão e mentira.

Mas o vosso amor, ó Jesus,
é tudo e sem ele não posso viver:
tenho uma fome que me mata o coração.
 

Jesus, eu quero assemelhar-me à criancinha
que nos braços de sua mãe
não sabe dizer outra coisa a não ser: mãe, pai.

Eu quero dizer sempre, sempre: Jesus, Jesus, amor, amor.
É vosso o meu coração, sou vossa inteiramente.
 

Estou a mais nada poder fazer; mas enquanto me for possível, ainda que seja de cinco em cinco minutos, uma letra hei-de dizer sempre:
Ó Mãezinha, amo-Te e amo a Jesus! Sou tua e sou dele!
 

Eu queria que o meu coração fosse uma fonte da qual nunca deixasse de correr água de doçura e fogo de amor para o Coração Divino do meu Jesus.

Que grande dita se eu O amasse com o amor de todos os corações! 

Jesus, o que Te posso eu dar? O que tenho eu que não seja teu?
Tenho o pecado, tenho a miséria, e é essa mesma que Te dou.
Será desvergonha da minha parte?
Ó Jesus, mas eu nada mais tenho e quero dar-Vos alguma coisa.
Compadecei-Vos dela e da do mundo inteiro.
 

A minha fome de Jesus nunca mais terá fim.
Nada me enche, nada me satisfaz.

Os meus caminhos não acabam:
quanto mais ando, mais fome eu sinto
e mais longe estou do Suspirado da minha alma.

Ó Céu, ó Céu, quando chegarás tu, para me satisfazeres?
Ó Jesus, vinde depressa!
 

Nada mais sei dizer, meu Jesus,
a não ser meu eterno obrigada de alma e coração,
e de alma e coração dizer-Vos que Vos amo.

Mas o meu amor não tem limites,
quer subir tanto, quer ir tão longe, quer chegar até Vós.
Jesus, fazei que Vos ame, não posso sozinha.
 

Com o coração a sangrar, mas sempre em Vós,
meu Jesus, confiada, bradarei noite e dia:

– Amo-Vos e é vosso o meu coração!

Ai, minha querida Mãezinha,
amai com o vosso Coração o meu querido Jesus.
Só assim Ele pode ser amado como merece.

Ó Mãezinha, queria dizer-Vos tantas coisas!
Deixai-me, Jesus, deixai-me gritar sempre,
com toda a alma, com todo o coração:

– Jesus é o meu amor,
o único a quem quero pertencer e para quem quero viver.
Só Ele tem para mim encantos, só a Ele se prende todo o meu ser.
Morra tudo em mim para em mim só Jesus viver!
 

Quando penso em Jesus na Eucaristia,
fico deveras confundida com tanta loucura de amor.
O que digo? É mais que loucura de amor.
Não sei como Jesus, o nosso bom Jesus,
nos pode amar tanto.

O que vistes em nós, meu Jesus,
que tanto Vos encantasse?
O que foi que Vos obrigou
a fazer-Vos prisioneiro de tantos séculos?
Oh, que amor!

Ó Jesus, dai-me um coração que Vos ame
e saiba corresponder às doçuras e loucuras do vosso infinito amor.
Quero viver presa por Vós, como Vós o viveis por mim.
 

Ó Jesus, meu querido amor:
eu queria ter a pureza dos Anjos,
o ardor dos Querubins e dos Serafins
para amar-Vos e cantar os vossos eternos louvores.

Eu queria, ó Jesus,
eu queria a sabedoria infinita
para saber cantar as glórias
e os louvores do Senhor.

Eu quero prestar ao Altíssimo
a honra devida de Pai Omnipotente,
de Criador e Senhor de todo o meu ser e do mundo inteiro.

Ó Jesus, só Tu és santo, só Tu és digno de todo o amor.
Aceita, ó Jesus, aceita os ardores do meu coração.
Aceita as minhas ânsias de bem Te servir, de mais e melhor Te amar.

Ó Jesus bom, ó Jesus santo, ó Jesus amor, amor, amor… 

Jesus, em que mísero estado Te encontro!
Quem foi que Te feriu assim?
Ah, sei bem! Foram os meus pecados.
Quero chorá-los, quero detestá-los
e em troca de tanto amor recebe o meu coração, que é teu:
quero amar-Te eternamente!...
 

Meu doce Jesus, tão tarde Vos conheci
e tarde, ainda muito mais tarde Vos amei!
Fazei que agora viva só para Vós e para o vosso amor!
 

É vosso o meu coração, sou vossa inteiramente.

terça-feira, novembro 12, 2019

PRESENTES E PROMESSAS À ESPOSA FIEL


Os caminhos de Deus são para nós imensos, ocultos no mistério. É talvez a prova mais dolorosa da vida: caminhar para o ignoto. É por isso que a Providência pôs em nós a esperança como sustentáculo da nossa vida; por isso é que Jesus nos fez as suas promessas e com elas não se cansa de nos mostrar o Céu, objecto da virtude da esperança.
Quanto mais a alma lhe é fiel, tanto mais cativantes e frequentes são as suas promessas de prémios e de privilégios e tanto mais próximo lhe mostra o Céu, ainda que, para exercitá-la e aperfeiçoá-la na fé ― fundamento da salvação ― lhe reserve aquelas dolorosíssimas provas divinas, cheias de trevas e dúvidas, que os místicos nos descrevem. Deste modo, aumenta-lhes o mérito e torna fecunda a sua missão.
Das maravilhosas graças pessoais com que o Senhor a enriqueceu, a Alexandrina fala ao Director nos seguintes termos: “Jesus disse-me que a minha peregrinação na terra, não seria longa, mas que grandes coisas me esperam” (27-9-1934), “... que me está modelando e preparando para coisas mais sublimes” (11-10-1934), “... que quer continuar em mim a Sua obra, que não quer parar aqui, que quer o acabamento” (1-11-1934).
Com simplicidade trepidante, pergunta a quem guia a sua alma: “Que acabamento será ainda? Pergunto a si, porque Jesus me disse que lhe dissesse tudo” (1-11-1934).
E em outro lugar, a Alexandrina revela as tarefas que o seu Esposo lhe confia: “Que sublime missão escolhi para ti!” (21-11-1938).
“Escolhi-te também para a felicidade de muitas almas” (4-10-1934). “Escreve que Eu quero que se pregue a devoção ao sacrários; quero que se acenda nas almas a devoção  para com estas prisões de amor; não fiquei aqui somente por amor daqueles que Me aman, mas por todos; em todo o trabalho Me podem consolar; que seja bem pregada e bem propagada a devoção aos sacrários porque são tantos aqueles que, embora entrando nas igrejas, nem sequer me sáudam e não paaram um momento a adorar-Me” (1-11-1934).
Eu quereria muitos guardas fiéis, prostrados diante dos sacrários, para impedirem tantos e tantos crimes” (1-11-1934).
Que abundância de messes para as alas que ajudan o Senhor na salvação da humanidade! Jesus promete-o à Alexandrina: “Por meio de ti, muitos serão salvos, muitos, muitos pecadores; não pelos teus méritos, mas por Mim, que procuro todos os meios para salvá-los” (20-12-1934).
Promessas reais sustentarão sempre, na dura cruz, a alma generosa que tudo deu a Jesus.
A Alexandrina, por obediência e com uma certa admiração do seu espírito, escreve ao Director: “Jesus disse-me que os meus sofrimentos e a minha reparação eram pérolas preciosas que iam concluir a minha coroa no Céu, mas que só seria terminada quando terminasse a minha vida na terra. Disse-me também que me queria no Céu, mas que precisava de mim na terra” (3-1-1935). Cada vez que me oferecia aos sacrários, me eram aumentados muitos graus de glória no Céu; e, quando eu Lhe pedia o aumento do Seu divino amor, me era embelezada, de dia para dia, a minha coroa no Céu, e que era Ele mesmo quem ma preparava” (14-9-1934), “... que se eu soubesse a glória que me foi preparada no Céu, morreria de admiração”.
“A tua coroa é mais rica que todas as pérolas preciosas do mundo. Está adornada com os teus sofrimentos e com as almas dos pecadores que salvaste. Está preparado um lugar muito alto para ti” (20-12-1934).
Mas o Céu mais belo, a promessa mais querida, a missão mais ambicionada por estas almas sedentas de amor, de sofrimentos, de almas, é a certeza que o Senhor lhes dá, depois de Lha pedirem com ânsias indizíveis: de poderem continuar também lá em cima o seu trabalho de salvação e de bem.
É impossível dizer quanto a Alexandrina tenha alcançado do Coração do seu Amado, com o seu heroísmo de imolação.
Recolhamos uma parte mínima destes poderes que Jesus lhe transmitiu: “Sobre aqueles que te são queridos e sobre quantos invocarem o teu auxílio, deixarei que tu mandes uma chuva de pedras preciosas. Dar-te-ei tudo aquilo que me pedires... Aquilo que serás no Céu, perto de Mim, Eu o sei, e a seu tempo, também tu o verás” (21-11-1938).
“Minha filha, anjo belo, pérola esplendorosa, estrela fulgurante que fazes brilhar toda a coroa do teu Esposo, dize ao teu Director que Eu quero que ele conheça bem o amor com que tu Me amas, para fazê-lo conhecer ao mundo, porque é de muita glória para Mim e proveito para as almas” (14-3-1938).
“Ele (Jesus) disse-me que sou um canal por onde hão-de passar as graças que eu hei-de distribuir às almas, e pelo qual hão-de ir as almas a Ele” (4-10-1934).
(Padre Humberto Maria Pasquale:
“Alexandrina”; cap. 4)

segunda-feira, abril 17, 2017

SOU POBRÍSSIMA, SOU NADA

SOFRI SEM UM MOMENTO DE REVOLTA


Continuo no meu estado grave e por não poder falar direi só umas palavras, como sinal da minha obediência. Meu Deus, meu Deus, que obediência tão custosa! Sinto a dor, vivo a dor; falar dela não sei, sou a maior ignorante. O que sofre o meu corpo e a minha alma nunca na terra o farei compreender. Eu só queria saber falar dela para honra e glória de Nosso Senhor e bem das almas. Na minha tremenda inutilidade, trevas densas, pavorosas, eu vejo os meus caminhos andados, mas todos selados de sangue; corre por eles como regatozinhos. É este sangue que brilha, é este sangue que me mostra a terra que trilhei, os espinhos que calquei. Dor e sangue foi e é a minha vida, mas a inutilidade nada me deixou para o meu Jesus nem para as almas a quem tanto amo, por amor d’Ele.
Sou pobríssima, sou nada. Sofri tanto, tanto como que saiu no jornal A Voz do Pastor! Tormento nunca dito, só sofrido se saberá compreender.
— Ai, meu Deus, se eu sofresse sozinha, se não sofressem os que estão à minha volta! Quanto Vos devo, meu Jesus. Não me faltastes com o Vosso amparo. Sofri sem um momento de revolta, com os olhos em Vós, sem má vontade contra ninguém. Obrigada, Jesus, obrigada, Jesus. O que eu não queria é que fôsseis Vós ofendido e que não houvesse tanto escândalo. Sou velhinha, mais velhinha que a terra, à terra me uni; o meu rosto nela poisou, tal foi o peso que a isso me obrigou.
O coração sente e vê o meu túmulo, não sai do pé dele, enquanto todo o outro ser em suor banhado segue a sua canseira num abismo tal sob o peso de milhões e milhões de mundos. Quando está nesta profundidade, parece que não pode voltar à superfície da terra. Com a perda de Jesus e da Mãezinha, do Calvário e do Horto, perdi tudo para jamais voltar a possuir.
Que dor, que dor infinita! A passagem pelo horto e pela montanha é como que por terra estranha, terra morta, sem luz, sem amor. Parece que, ainda que quisesse recordar o que tudo isto foi, não podia. Sem mal poder mover os lábios, falando mais com o coração, chamei por Jesus e pela Mãezinha: necessitava do Seu conforto.
Eram já três horas e alguns minutos sem que Ele viesse. Num dado momento, surgiu-me de repente. Com um foco de luz iluminou-me, tomou-me toda inteiramente e meteu-me no seu Divino Coração.
— Vem, minha filha, descansar na morada do meu Divino coração; aqui estás e dele vives. Vive do sacrário, vive da cruz, nela bem cingida, nela bem crucificada. Comunica a vida do Calvário, a vida do sacrário e a deste Coração Divino. Vives para os teus Amores, falas dos teus Amores. Coragem, recebe aqui conforto, recebe aqui fortaleza para tantas forças que a dor consome.

(Sentimentos da alma: 26 de Fevereiro de 1954)

sábado, abril 01, 2017

NÃO SOU DAQUI...

Curvo-me, inclino-me de boa vontade


Que horrível, que extrema é a agonia da minha alma. Eu queria esconder a minha dor, não queria falar mais dela, queria abafá-la por completo. Parece-me que o coração chora de amargura. De longe a longe as mágoas que ele sente fazem-me bailar nos olhos as lágrimas. Quero encobrir tudo, bastava que Jesus soubesse; mas não posso, manda-me a obediência. E, embora como que arrastada, vou descobrindo, vou arrancando de dentro para fora alguma coisa do que sofro, do que sinto.
Não sei se pelo estado grave do sofrimento em que me encontro, ou se é a realidade, sinto-me no pôr-do-sol da vida; parece-me que a morte se avizinha de mim. Curvo-me, inclino-me de boa vontade a receber o golpe que Jesus lhe aprouver dar-me. Sinto no meu coração a separação dos que me são queridos. Vou para a minha Pátria, mas alguma coisa quero deixar entre eles para os animar e consolar na sua dor.
Não sou daqui, vou para o meu lugar, depressa nos veremos nessa glória sem fim.

— Meu Deus, meu Jesus, o que será isto? (S. 20-02-1945)

sexta-feira, julho 22, 2016

JESUS BASTA AO MEU CORAÇÃO

Como Santa Teresa de Ávila...



Com o aumento da dor e tentar esconder as minhas lágrimas pensava: se não fosse a graça do Sacramento, não queria junto de mim um sacerdote; queria-me abandonada, como de verdade eu me sinto. Queria dizer aos meus amigos que fizessem de conta que não existi no mundo; queria esconder-me de todos os olhares. Jesus basta ao meu coração, mesmo a sentir que nada O possuo (S. 31-01-1947).

quinta-feira, julho 21, 2016

A TEMPESTADE CONTINUA

MIGALHAS


Continuo a sofrer dolorosa e amargamente ; mal sei explicar.
Não cabem em mim as ânsias que tenho que o meu Pai espiritual venha a tomar de novo a direcção espiritual da minha alma. Não sei porque tenho juntamente um susto, ummedo dele.
Ó meu Deus, que tormento tão doloroso ! Vai desaparecendo a vida da minha dor sem que ele me seja dado. O mesmo se dá com o médico, a quem tanto devo. Ansiosa de o ver sempre junto de mim, mas sempre assustada tanto dele como das pessoas que tanto amo. Sinto-me sozinha, completamente sozinha ; para mim não há amigos na terra.
A tempestade continua, são estes os sentimentos da minha alma. E eu, sozinha, ó meu Deus, só Vós podeis valer-me.

Mas, ai ! Pobre de mim ! Parece-me que mesmo Vós me abandonastes. O que mais virá, meu Deus ? Lanço os olhos pela janela do meu quarto... Estava de nuvens. Fitei nelas os meus olhares. Admirava a grandeza do Criador. Rasgaram-se essas nuvens et entre elas o azul do Céu. Não pude resistir a tanta saudade. Queria voar para lá, mas que distância entre mim e o firmamento (S. 08-09-1944)

sábado, maio 19, 2012

ANJO CELESTE, LEVANTA A MINHA VÍTIMA...


Perdoai-lhes, meu Jesus !

Estou sempre a ser açoutada com as mesmas varas de espinhos; descarregam-nos sobre mim com toda a crueldade. Nada existe em mim que não seja ferido por eles. E a morte avizinha-se, e os homens não se apressam a dar-me o meu paizinho. Que tristeza! Não sabem o que é a dor. Não sabem quanto valem as luzes e conforto para uma alma.
– Perdoai-lhes, meu Jesus, eu espero em Vós, confio nas Vossas promessas divinas.
Durante esta noite, não sei se ainda era ontem ou se já pertencia a hoje, veio o demónio, veio desesperado, veio com todas as suas maldades, atormentou-me fortemente. Pegou o fogo e deixou em mim as suas manhas e, para disfarçar que não era ele, pôs-se ao largo. Só depois de eu muito lutar e de me parecer que tinha ofendido o meu Jesus tão gravemente é que ele se aproximou novamente a cobrir-me de insultos e a dar-me a afirmação de eu ter pecado. Estava num lago de suores na posição mais violenta que podia estar. Debaixo de mim um medonho abismo e muitos demónios em forma de esqueletos e de animais ferozes a atormentarem uma massa que lá estava. Ó meu Deus, que horror! Não podia falar nem gemer nem dar o mais pequeno movimento ao meu corpo. Pensei:
— Se me não valeis, meu Jesus, morro aqui. Valei-me, valei-me, vinde em meu auxílio.
Serenou tudo. Passados uns momentos, ouvi Jesus a dizer:
— Anjo celeste, anjo bendito, anjo que eu escolhi para guardares, guiares e amparares a minha vítima amada. Levanta-a, leva-a ao seu lugar.
No mesmo instante, sem me causar o mais pequeno incómodo, fiquei na minha posição. Mas logo em dúvidas e grande agonia. Jesus esteve em silêncio uns momentos e depois continuou:
— Não pecaste, minha filha: reparaste, consolaste, honraste o meu divino coração. Para as almas não sofrerem no inferno o que naquele abismo viste é que exijo de ti esta reparação. É fogo de vícios, são paixões, é a carne. Para reparar nesta matéria, só uma virgem inocente, só um enchente de fogo de amor pode apagar o enchente de vícios lodaçais. Tu és o brilho e encanto dos meus olhos. Sossega, sossega, não pecaste. Dá ao meu querido Padre Humberto a abundância do meu amor. Diz-lhe que estou com ele quando ora, quando trabalha, quando guia e encaminha para mim a tua alma. Dá-lhe por mim os meus agradecimentos.


Sentimentos da alma, 8 de Março de 1945.

terça-feira, abril 24, 2012

NÃO SABEM O QUE É A DOR !


— Perdoai-lhes, meu Jesus!

Estou sempre a ser açoutada com as mesmas varas de espinhos; descarregam-nos sobre mim com toda a crueldade. Nada existe em mim que não seja ferido por eles. E a morte avizinha-se, e os homens não se apressam a dar-me o meu paizinho. Que tristeza! Não sabem o que é a dor. Não sabem quanto valem as luzes e conforto para uma alma.
— Perdoai-lhes, meu Jesus, eu espero em Vós, confio nas Vossas promessas divinas.
Durante esta noite, não sei se ainda era ontem ou se já pertencia a hoje, veio o demónio, veio desesperado, veio com todas as suas maldades, atormentou-me fortemente. Pegou o fogo e deixou em mim as suas manhas e, para disfarçar que não era ele, pôs-se ao largo. Só depois de eu muito lutar e de me parecer que tinha ofendido o meu Jesus tão gravemente é que ele se aproximou novamente a cobrir-me de insultos e a dar-me a afirmação de eu ter pecado. Estava num lago de suores na posição mais violenta que podia estar. Debaixo de mim um medonho abismo e muitos demónios em forma de esqueletos e de animais ferozes a atormentarem uma massa que lá estava. Ó meu Deus, que horror!
Não podia falar nem gemer nem dar o mais pequeno movimento ao meu corpo. Pensei:
— Se me não valeis, meu Jesus, morro aqui. Valei-me, valei-me, vinde em meu auxílio.
Serenou tudo.
Passados uns momentos, ouvi Jesus a dizer:
— Anjo celeste, anjo bendito, anjo que eu escolhi para guardares, guiares e amparares a minha vítima amada. Levanta-a, leva-a ao seu lugar.
No mesmo instante, sem me causar o mais pequeno incómodo, fiquei na minha posição. Mas logo em dúvidas e grande agonia.

Sentimentos da alma, 8 de Março de 1945

segunda-feira, abril 16, 2012

UMA ARAGEM SERENA PASSAVA…

Senti um pouco de alívio e conforto...

Sinto-me cada vez mais próxima da morte, o que me causa grande horror por causa deste medo para com Jesus e a Mãezinha, e ver-me de mãos vazias de virtude e de amor.
Quando Jesus vem ao meu coração, sinto ser um corpo sem coração, sem língua para falar, não tenho nada com que possa louvar o meu Jesus nem agradecer-Lhe tantos miminhos e benefícios recebidos. Ainda sem acabar este dia, senti em mim não posso dizer se alegria se consolação, mas um pouco de alívio e conforto. Uma aragem serena passava em meu coração, e com o meu espírito mais desanuviado pude dizer: Deus seja louvado. Ainda bem que tenho quem compreenda a minha alma, tenho quem me vá encaminhando pelos caminhos de Jesus. Durou pouco este alívio. O medo dos que me eram mais queridos com a sua presença desapareceu para voltar fortemente pouco depois de eles se ausentarem. E que dor tão grande por ver que não lhes tinha dado a consolação de me verem mais alegre, como recompensa de tanto que fazem por mim. Não tive força para mais.
— Perdoai-me, perdoai-me, meu Jesus.
Como remate de tudo isto, veio um espinho disperso dos outros ferir agudamente o meu coração.
— Já sei, meu Jesus, seja tudo por Vosso amor. Sempre que eu tenho alguma coisa que possa servir-me de alívio, hei-de receber a mais algum espinho para profundamente me ferir. Bem-vindo seja o que vem das Vossas divinas mãos.

(Beata Alexandrina: Sentimentos da alma, 6 de Março de 1945)

domingo, abril 15, 2012

TU ÉS O SOL, SOL BRILHANTE !

Sol doirado que rompe as nuvens, para alumiar a terra

— És Cristo crucificado, estás retratada em mim. Ao criar-te, vi em ti tudo isto; ao criar-te, logo te escolhi para a missão mais sagrada, mais sublime, para o que há de mais caro e agradável aos meus olhos divinos.
Estava a ouvir Jesus e faltava-me aquela luz, aquela alegria e consolação que quase sempre sentia. Disse-Lhe:
— Meu Jesus, de cada vez tenho mais dúvidas e fico persuadida que estou enganada. Que tristeza, que noite e receio de Vós.
— Não, minha pomba branca angelical. Não, minha pura, minha bela e encanto dos céus. Não te enganas, nunca o permiti nem permito. Foi isto mesmo que ontem te pedi. Alegro-me e consolo-me com a alegria que tu devias de mim receber. Não me negues tudo isto, não?
— Antes a morte e o inferno do que entristecer-Vos, meu Jesus. Sou a Vossa vítima, sou a Vossa escrava.
— Tu és o sol, sol brilhante, sol doirado que rompe as nuvens, para alumiar a terra. Eis os espinhos que te ferem, continuamente cairão sobre ti; entre eles viverás, entre eles morrerás. Tu és o sol, tu és a nuvem, nuvem negra, nuvem que assusta. O sol é para o mundo, a nuvem és tu, é tua, é para ti. Tu és o aguaceiro que sai das nuvens e dás à terra chuva de amor, pérolas de virtudes. Estás, minha filha, a percorrer os últimos caminhos; aproxima-se o teu fim neste desterro; aproxima-se a vida eterna, a tua verdadeira vida. Espera-te o céu com toda a alegria. Diz, minha filha, ao teu Paizinho que cai sempre sobre ele a abundância do meu amor. Que lhe prometo todas as minhas graças em todas as suas obras. Diz-lhe que são estes os caminhos dos que me são queridos, os caminhos dos meus eleitos. Ele vem junto de ti terminar a tua missão. Prometi milagre, se preciso fosse. Prometi castigo à companhia por o fazerem sofrer e se oporem à minha divina causa. Prometi e cumpri. Que pensem, que examinem se sim ou não. Diz ao teu médico que desempenhe a sua missão, a missão que lhe dei: cuidar do teu corpo, cuidar a sério. Cuidar de ti é cuidar de mim, trabalhar por ti é trabalhar por mim, é operar comigo milagres. Diz-lhe que não deixe dormir e que dê a conhecer que nem ele nem todos os que cuidam da minha divina causa dormem. Ela é minha, ela triunfa. Mas é necessário que ele diga umas palavrinhas humildes, mas que façam estremecer. Grande é a sua recompensa, grandes, muito grandes são as minhas divinas graças e o meu amor sobre ele e todos os que lhe são caros. Vem, minha Mãe, vem dar a nossa vida, o nosso amor a esta filhinha. Vem a estas trevas, vem suavizar esta dor.

(Beata Alexandrina : Sentimentos da alma, 3 de Março de 1945 – Primeiro Sábado)

A TUA DOR É AMOR !

— Estás, minha filha, numa prensa de amor.

Veio a Mãezinha, tomou-me em seus braços e Ela mesma lançou os meus sobre os Seus santíssimos ombros, abraçou-me, acariciou-me, cobriu-me de beijos, ao mesmo tempo que d’Ela sentia receber vida e conforto.
— Minha filha, filha e esposa do meu Jesus, a tua dor é vida, a tua dor é amor. Enche-te de mim, enche-te de Jesus. Dá o que de nós recebes aos que amas e te amam. Receberão de nós à medida que te amam e à medida que anseiam o nosso amor. Dá-lhes as nossas riquezas no teu sorriso, nos teus olhares, nos teus carinhos angélicos. Coragem, coragem, triunfas comigo e com o teu Jesus.
Estreitou-me Jesus entre o Seu divino Coração e o da Mãezinha.
— Estás, minha filha, numa prensa de amor.
Fiquei confortada, com mais vida, mas mergulhada em dor e amargura. Horas depois, voltei a sentir a Mãezinha tomar-me em seus braços e suavizou a minha amargura. Animei-me, mas não saí da minha dor. Fiquei entre espinhos, fiquei na cruz.
(Beata Alexandrina : Sentimentos da alma, 3 de Março de 1945 – Primeiro Sábado)

ÉS MINHA FILHA, FALO DO QUE É MEU

És esposa que só ao Esposo se assemelha

— Meu Jesus, custa-me tanto, tanto ouvir-Vos falar assim. Sou tão miserável, sou só miséria. Como podeis dizer isso? Como podeis consolar-Vos, depois de tanta maldade e ingratidão que encontrais em mim, para me falardes desta forma?
— Escuta, filhinha amada, não quero, não posso consentir que voltes a dizer-me o que encontro em ti para assim te falar. Não posso eu honrar-te com honrosos títulos, levar-te à maior altura, à mais alta dignidade? És minha filha, falo do que é meu. És minha esposa, esposa que possui as qualidades do seu Esposo, esposa que só ao Esposo se assemelha. Enriqueci-te das minhas riquezas, elogio e honro as minhas coisas, o que é meu. Tu és a minha pomba bela, um coração de fogo, fogo que queima, fogo que purifica, fogo que atrai a mim os corações, fogo que é capaz de incendiar o mundo, o mundo que te confiei, o mundo que é teu. Pede, pede, minha filha, pede oração e penitência e emenda de vida, pede, e que peçam aqueles que desejam ver o reinado do meu divino coração. Oh! O que espera o mundo, se não se levanta e se reconcilia comigo.
Jesus levantou-se do meu coração, ergueu as Suas santíssimas mãos, e dos Seus santíssimos olhos corriam lágrimas em grande abundância: pareciam duas fontes. A soluçar muito, continuou:
— Vês o meu divino coração aberto? É o pecado, é o prazer da carne; é o pecado, é o mundo. Salva-o, salva-o, minha filha, não deixes perder o meu sangue. Pede-lhe que se converta, faz que as almas venham a mim, reúne em meu divino coração as minhas ovelhas, todo o meu rebanho. Pede, pede em nome de Jesus. Penitência, oração e sincera reconciliação.
— Jesus, Jesus, basta, não façais isso. Ofereço-Vos a minha vida e a minha morte; ofereço-Vos todo o meu corpo e todo o meu sangue; dou-Vos o meu amor, aceito quanto Vos aprouver dar-me, toda esta vida de sofrimento, mas levantai-Vos já, meu Jesus, descei as Vossas santíssimas mãos, estancai as Vossas lágrimas. Que horror, meu Jesus, não posso ver-Vos assim. Como pode a grandeza infinita ajoelhar-se diante da maior miséria, do mais pequenino nada?!
Jesus levantou-se, sentou-se de novo em meu coração, estendeu sobre os meus ombros o Seu santíssimo braço e uniu o Seu santíssimo rosto ao meu, apertou-me fortemente, cobriu-me de beijos e incendiou no meu coração o fogo que no d’Ele ardia.
— Quanto consolou o meu divino Coração a tua oferta, o teu amor. Vejo em ti a graça, a pureza, a heroicidade das almas.
— Não é isso que eu quero, Jesus. Dizei-me a razão por que procedestes assim? Sendo Deus, ajoelhaste-te diante da criatura mais pobre e miserável. Só Vós sabeis quanto isso me atormenta.

(Beata Alexandrina : Sentimentos da alma, 23 de Fevereiro de 1945 – Sexta-Feira)

SENTI-ME NA PRISÃO…

Fui condenada, tomei a Cruz…

De noite ainda, sem me lembrar o dia que era, lembrou-mo a minha alma. Senti-me na prisão, muito triste, sozinha, cansada e em grande abatimento. Sofria por me terem vendado os olhos, sofria por tanta ingratidão. Principiei a minha preparação para receber a visita do meu Jesus. Durante a preparação, já de dia, foram buscar-me à prisão. O meu rosto, sentia nele grandes escarros. Cá fora esperavam-me grandes multidões de gente. Meu Deus, o que ouvia de gargalhadas. De rua em rua, de casa em casa, no meio de grande algazarra, coberta de maus-tratos e interrogada por senhores absolutos, cheios de soberba, convencidos de que tudo podiam fazer. Em frente de tanta grandeza, oh! como eu era pequenina! Fui condenada, tomei a cruz; inclinada debaixo do seu peso, já quase só de rastos podia mover-me. E quantas vezes fui eu arrastada. Ai quantas lágrimas senti passarem-me no meu coração. Ao ser tratada tão cruelmente, repetia muitas vezes o coração: “amo-Vos, sofro por Vosso amor”. Levava a cruz e no cimo do calvário via a de Jesus; era um farol que entrava dentro em meu peito a iluminar tudo. Sentia-me atraída para ela; para a abraçar, para a possuir, ia caminhando. Cheguei ao calvário, estenderam-me nela. Quando me esticavam os braços e pernas para serem cravados, quando sentia que das feridas dos cravos corriam fontes de sangue, veio o demónio para mim, a correr desastradamente; veio redobrar o meu sofrimento. Disse-me que íamos gozar por palavras feiíssimas e depois calou-se, deixando-me a lutar com as suas falsas artes. Eu, cravada na cruz de pés e mãos, sem poder mover-me. Ai quanto sofri. Não podia lutar; fitava o meu Jesus crucificado.
— Meu amor, sofro por Vosso amor. Meu amor, sofro para Vos dar almas. Valei-me, Jesus, tende dó de mim. Mãezinha, eu não quero ofender-Vos.

(Beata Alexandrina: Sentimentos da alma, 2 de Março de 1945)

DE NOVO O MALDITO…

És tu que queres pecar...

Depois de muito lutar, principiou novamente o maldito a encher-me de nomes e a dizer-me:
— Eu não te tocava e nada te disse; és tu que queres pecar, és tu que queres o prazer.
Depois de satisfeitos os seus desejos, ou porque Nosso Senhor o obrigasse, ele deixou-me. Mas não me deixou a tristeza e a amargura; não me deixou o abandono; não me deixaram as lágrimas e a agonia da Mãezinha e os seus olhares dolorosos, cheios de compaixão por mim. Com que aflição, com que agonia eu bradei ao céu, sempre, sempre, até expirar: “Pai, meu Pai, porque me abandonaste?” Não era eu que bradava, era o meu coração; não era eu que o queria fazer, mas a força da dor e da agonia me obrigava. E, neste transe, veio Jesus, descia do céu para a terra, embebido numa nuvem; deu entrada no meu coração e disse-me:
— Minha filha, sol da terra, fogo dos corações, honra e alegria do céu. Sol que, com os seus raios brilhantes, aqueces e iluminas toda a humanidade. Fogo que abrasas e purificas os corações. Honra e alegria do céu, porque, ao ver a tua dor, ao ver o teu martírio, que já lá está escrito agora e por toda a eternidade, alegra-me, honra-me, glorifica-me. Todo o céu bendiz o meu santo nome, pela vítima imolada, pela vida das vidas, pela vítima das almas. Vim do céu, minha filha, desci do meu trono divino, vim ao meu palácio, ao meu céu da terra, subi ao trono da minha rainha. Venho da minha glória desabafar contigo as minhas mágoas. Diz-me, amada minha, queres consolar-me? Queres alegrar o meu divino coração tão triste? Queres dar-me tudo até a consolação que de mim devias receber? Fala-me, fala-me com a tua língua de ouro, o teu coração de fogo.
— Jesus, que me pedireis que eu não Vos dê? Conto sempre com a Vossa graça para com ela poder sofrer tudo e dar-Vos tudo o que de mim desejais. Viva eu sempre na tristeza e na amargura, para Vós, meu Jesus, viverdes só na consolação e na alegria.

(Beata Alexandrina: Sentimentos da alma, 2 de Março de 1945)

sábado, abril 14, 2012

OLHA COMO SOFRE O MEU DIVINO CORAÇÃO

Só receberás espinhos...

— Ó meu anjo da terra, tu falas aqui e o que tu dizes escrevem os anjos no céu a letras de oiro e pedras preciosas. Vê o mundo, vê o lodo, vê a lama. A maldade que vai por aí! Olha como sofre o meu divino coração. Olha como está ferido. Já que de tão boa vontade, tão alegremente dás tudo, privo-te da minha alegria, da minha consolação, assim como te privei da consolação e alegria daqueles que te são queridos. Só receberás o meu conforto para poderes sofrer, para poderes vencer. Só receberás espinhos, de todos os lados espinhos: foi a visão que te mostrei. Viverás entre eles e entre eles expirarás. A tua alma pura romperá por entre eles, voará ao céu a arder de amor. É um anjo seráfico que voa à sua pátria. Os teus espinhos não são espinhos que secam, a tua dor cultiva o terreno desse bosque imenso que eu te mostrei; o teu sangue rega-os; são espinhos que brotam, são espinhos que dão rosas. Que jardim brilhantíssimo deles vai nascer. O orvalho que sobre esse jardim cai é orvalho de sangue, é maná celeste que vem abrilhantá-las, conservá-las, dar-lhes a vida. Tu partes para o céu, mas a tua graça, as tuas virtudes ficam na terra, é perfume que se estende a toda a humanidade. Tu partes para a Pátria e ficas comigo na Eucaristia; serás a pombinha eucarística que não abandona o seu ninho. É como a pombinha e pastorinha das almas que te quero pintar nas portinhas e cortinas dos meus sacrários. Assim o quero, minha filha, rainha do mundo, rainha dos corações. Quero, minha filha, tenho pressa, muita pressa que a tua vida seja conhecida; o mundo necessita disso. É por ti, através de ti que eu mostro o meu amor, a minha misericórdia, as ânsias que tenho de ver salvas as almas. Custa tanto o Pai castigar o filho que erra e se revolta contra ele. Como não há-de custar ao meu divino coração imolar, sacrificar a minha filha amada, a minha vítima inocente? Vê, ó mundo, a minha loucura e amor por ti. Aqueles que se opõem à minha divina causa, ao que se passa em ti, opõem-se contra mim, opõem-se à salvação das almas. Todo o teu martírio é por meu amor, é por amor às almas. Depressa, depressa a salvar, pelo que opero em ti, o mundo inteiro.
Quando Jesus dizia isto, dos Seus divinos olhos corriam lágrimas com toda a abundância. Eu disse:
— Meu Jesus, quero sofrer só eu e só eu quero chorar. Deixai-me na amargura, na tristeza infinda e ficai Vós numa alegria e consolação completa.
Jesus deixou de chorar, estreitou-me a Ele fortemente e retirou-se. Eu fiquei abraçada à minha cruz, mergulhada na minha dor.

(Beata Alexandrina: Sentimentos da alma, 2 de Março de 1945)