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quarta-feira, 14 de março de 2012

Sandro de Jucá - Um juremeiro que falou por todos!



Um juremeiro que falou por todos! 

Sandro de Jucá e sua resposta aos absurdos "escritos mediúnicamente" por Yamunisiddha Arhapiagha / F. Rivas Neto, no livro UMBANDA - A PROTO-SÍNTESE CÓSMICA

Tendo em vista que a internet hoje ocupa um espaço de mídia muito importante no meio do povo de terreiro e dos pensadores destas religiões e culturas, eu não poderia deixar de registrar aqui em meu blog minha indignação com os absurdos de intolerância religiosa, racismo, xenofobia, nordestinofobia, juremofobia, xambafobia, toréfobia e catimbófobia etc., escritos pelo F. Rivas Neto, em seus supostos livros, em especial o UMBANDA - A PROTO-SÍNTESE CÓSMICA, da editora Pensamento - SP. 2007.

Suas críticas e observações sobre o culto da Jurema são profundamente preconceituosas e inverídicas, além de levantar suspeitas sobre a falsa psicografia, já que nos texto, aparecem plágios bibliográficos de livros diversos. Sua pesquisa foi feita de forma completamente fora do contexto de vivência da Jurema, do Xambá e do Toré e não demonstra em suas linhas sequer as mais equivocadas e repetidas afirmações escritas em bibliografias das décadas de 1950, 1960 e 1970. Simplesmente não dá pra respeitar o que está posto no livro e no Site: http://www.pdu.com.br/faca.html.

Só posso nomear de crime os desqualificados textos do citado livro. Portanto, deixo aqui minha proposta: Vamos processá-lo! Proponho também que por aqui no blog possamos trocar escritos e discussões sobre este tema urgente. Vamos aceitar este absurdo calados? Vamos à luta!

O juremeiro Sandro de Jucá, nesta ação afirmativa, em seu vídeo nos comove com sua veracidade, força e amor. Vamos ver o vídeo e nos inspirar para combatermos juntos estes crimes de intolerância religiosa. Jucá falou por todos nós, e me sinto completamente contemplado pela fala dele que referendo integralmente.

Salve a fumaça!


Alexandre L'Omi L'Odò
Quilombo Cultural Malunguinho
alexandrelomilodo@gmail.com

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Grupo Bongar Grava Música Para O Rei Malunguinho

Malunguinho (trunqueiro/Exú), recebendo oferendas na Jurema. Foto de Alexandre L'Omi L'Odò - 2009.
Grupo Bongar Grava Música Para O Rei Malunguinho da Jurema Sagrada

Com o entusiasmo do dobrado baque da alfaia do coco da Xambá, os jovens do grupo Bongar se colocam no cenário da música contemporânea como legítmos representantes da tradição que representam, exprimindo de forma cosnciente toda amplitude do significado das palavras, rítmo, cultura, história e religiosidade.

É interessante observar o vigor do grupo, em reverenciar elementos da tradição da Jurema Sagrada do nordeste. Em sua rica musicalidade, o grupo parte de seu imaginário proprio para compor e criar arranjos que estão profundamente ligados à percussão, mas isso não é o suficiente para mostrar toda musicalidade vivenciada por eles, que são músicos profissionais que tocam com outros artistas no país todo, portanto, transcendem a cada CD, seus limites e arte, com êxito e firmeza.

Empolga-mos ver as raízes afro indígenas estarem vibrando tão fortemente no público que tem total participação quando são tocadas as músicas do Grupo. O repertório mais antigo já é conhecido na ponta da língua dos fãs e, a pisada sempre mexe com todos e todas que vão assiduamente aos shows.

Falar de Malunguinho hoje, em Pernambuco, é também falar da trajetória de luta e resistência do Quilombo Cultural Malunguinho, que desmistificou este personagem histórico e divino no meio do povo de terreiro do Estado e no meio acadêmico através de eventos e grupos de estudos que acontecem dêsde 2004, tendo como ponto inicial a cede do Arquivo público Jordão Emerenciano, o Arquivo Público do Estado de Pernambuco, local onde está grande parte da documentação histórica oficial sobre este herói pernambucano, que felizmente tem vasta comprovação documental de sua existência de fato.

A música "Malunguinho" fala em metáforas e provérbios populares do povo da Jurema um pouco do que é o Maluguinho divino, a divindade protetora da Jurema, o Rei da Jurema, o Mensageiro da Jurema, chamado de Trunqueiro de Jurema ou Exú, Mestre, Caboclo e Reis que tem fundamental importância para todos os terreiros que tem culto a esta religião. Este Malunguinho da Jurema, a entidade espiritual que tem vários discípulos que o recebem, é a afirmação de que o Malunguinho histórico não morreu, pois ele mantem-se vivo no imaginário coletivo, essencialmente nos terreiros pernambucanos, onde ele, sendo negro, elevou-se a um cargo de grande importância no culto dos índios, fato este interessante de observar... A toada a seguir revela um pouco de como ele é louvado nos terreiros: 

"Mas Ele é preto,
Ele é bem pretinho,
Salve a corôa do rei Malunguinho." 
(toada da gira de Malunguinho, na Jurema).

Tendo em vista a forte movimentação que a visibilização da história de personagens da nossa tradição religiosa tem tido no nosso Estado nos últimos anos, além da clara influência religiosa dos integrantes, o Grupo Bongar decidiu fazer um CD especial, chamado de "Samba de Gira", que ainda não tem data de lançamento prevista, estando este ainda em processo de gravação. A música "Malunguinho" já foi pré-gravada, mas ainda não se encontra disponível, pois passará por edições e masterização para sua finalização. Com uma mistura de Toada de Jurema, e letra/poesia composta por Guitinho, vocalista do Grupo, a música tem forte energia, pois quem escuta, dificilmente não se arrepiará e sentirá a força dos ancestrais da Jurema presente. Entrevistando Guitinho sobre a música, temos maiores esclarecimentos sobre o por que, do Grupo ter se proposto a entrar nesta luta na preservação e valorização/visibilização do herói negro/índio Malunguinho:

Por que você decidiu fazer esta música? "Decidi por ser uma admirador do culto da jurema e por ser encantado pela magia e riquesa histórica que envolve a entidade de Malunguinho na Jurema Sagrada", diz Guitinho.

Quem vai produzir o CD? "Será produzido por mim e Juliano Holanda."

Quem serão os fotógrafos que irão fazer o registro? Beto Figueiroa e Laila Santana.

Onde será gravado o CD ? "Esta em fase de pregravação. A música Malunguinho foi gravada em um DVD de um ensaio que participamos,mas não foi para CD ainda..."
Confira a letra e o vídeo com a música:
 Música: Malunguinho
Autor: Guitinho da Xambá

*Firmei meu ponto sim,
No meio da mata sim,
Salve a corôa de, Rei Malunguinho.


Se você resolveu brincar mais eu
Tu vai ter que ser muito fiel
Pois a linha que eu traço,
Eu balanço, eu remendo, eu custuro, eu desmancho
Faço boi bravo ficar bem manso
Minha ciência não é maior que Deus
Mas o mundo o qual ele me deu
Você tem que entender que eu sou eu

Minha língua é ponta de espinho
Meu olhar é varante como lança
Tem cavalo-manco no samba
A rasteira quem lhe dá sou eu
Capoeira e ginga pai me deu
Não atravesse estrepe no caminho
Porque se não você vai esperimentar
o poder e o dendê de Malunguinho

* Trecho da música que é um ponto pertencente ao cancioneiro do culto da jurema
.


Alexandre L'Omi L'Odò
Quilombo Cultural Malunguinho
alexandrelomilodo@gmail.com

Quilombo Cultural Malunguinho

Quilombo Cultural Malunguinho
Entidade cultural da resistência negra pernambucana, luta e educação através da religião negra e indígena e da cultura afro-brasileira!