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quinta-feira, abril 24

O caçador desempregado 1

Aproveitando-se da omissão legal sobre o sexo do chefe de família, Carolina Beatriz Ângelo - médica, viúva e mãe de duas crianças - faz prevalecer a sua condição de chefe de família para depositar o seu voto nas eleições para a Assembleia Constitucional de 1910. Em consequência, a lei foi modificada de forma a estabelecer claramente que só os homens podem exercer o direito de voto. Em 1931 o direito de voto é concedido às mulheres com o ensino secundário concluído. Os homens podiam votar desde que soubessem ler e escrever. Em 1946 as restrições ao direito de voto das mulheres são diminuídas, mas só são completamente eliminadas em 1974. Comemora-se este ano o trigésimo aniversário da revisão do Código Civil que assumiu que os dois cônjuges gozam de direitos iguais.
As mulheres conseguiram agora uma igualdade ainda imperfeita. Começam mesmo a ser a maioria em alguns sectores importantes, como por exemplo a Universidade. Não estão porém seguras de ter feito um bom negócio. Trabalham tanto como os homens fora de casa, continuando uma boa parte delas a desempenhar o grosso das tarefas domésticas. Os casos de depressão multiplicam-se. Suspeitam que foram enganadas. Uma vez por outra usam o seu novo poder, mais as manhas antigas, para se vingarem dos preguiçosos que as exploram. Ou limitam-se a pô-los na rua.

sábado, janeiro 26

Fariseus

As liberdades são normalmente invocadas para defender os mais fracos e não para facilitar ainda mais a vida dos mais fortes. Jesus não foi tolerante para com os vendilhões do templo ou os fariseus mas para com as prostitutas e os pobres.

quinta-feira, janeiro 24

La Sapienza (2)

O caso do Papa na La Sapienza tocou, inesperadamente, nalgum nervo: de outra forma não consigo explicar-me que tantas pessoas, até umas de cujo juízo e boa fé normalmente não duvido, julgam estar perante um escândalo, um ataque vil contra a Igreja Católica e a liberdade de expressão dos crentes.

Não é estranho que também pessoas não católicas reconhecem ao Papa um tal estatuto que ele estaria, à partida, sempre bem vindo para discursar nos seus eventos. Mas a ideia de que todos têm obrigação de lhe reconhecer esse estatuto, é obviamente inadmissível e viola, ao querer impor um privilégio de um, a liberdade de expressão de outros.

Em 1990 Ratzinger citou Feyerabend para dizer que «A igreja na altura de Galileu foi muito mais fiel à razão que o próprio Galileu, e também considerou as consequências éticas e sociais da doutrina de Galileu. O seu veredicto contra Galileu foi racional e justo». Cientificamente, Galileu devia ter esperado por mais evidências antes de defender com tanto afinco o modelo de Copérnico. Cientificamente, isso justificava que o revisor do seu primeiro trabalho lhe pedisse que apresentasse mais dados. Mas não há nada de racional, científico, ou sequer minimamente aceitável em pôr o homem na prisão por causa disso. É isto que Ratzinger e os Católicos que o defendem varrem para debaixo do tapete, mas é isto que importa. A Igreja Católica tinha o direito de discordar de Galileu mas não tinha o direito de o prender por isso.
Ninguém quer fazer o mesmo ao Papa. O espírito académico de abertura e diálogo faz-me opor que ponham Ratzinger na prisão ou o torturem pelas tretas que diz. Mas é um disparate que o representante de uma religião inaugure o ano académico de uma universidade séria. A universidade não tem nada a ver com religião, não deve ter, e tinha-se poupado muito sofrimento a muita gente se nunca tivesse tido.

Já agora, leiam os posts do Luís M. Jorge sobre O Templo.

sábado, janeiro 19

La Sapienza

Da próxima vez que alguém contestar uma reunião dos G7, Bush e os seus colegas cancelam a reunião ultrajados perante o ataque à liberdade de expressão. Nunca mais ninguém vai ter a coragem de repetir a graça.