sábado, 29 de novembro de 2025

FRIO

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Está frio, Senhor, aqui neste lugar onde Te adoramos e louvamos.

Mas mais importante que este frio exterior, é o frio interior, se o mesmo se instalasse em nós.

O que seria de nós se o nosso coração “congelasse” e não enviasse o sangue a todo o nosso corpo.

O sangue vivifica todos os órgãos que percorre, dando-lhes vida plenamente.

Sabemos bem que onde o sangue, por qualquer doença ou ferida, não chega, o corpo adoece, morre e apodrece.

A fé é o nosso “sangue” espiritual, que acaba por tocar toda a nossa vida.

Por isso, Senhor, Te pedimos que não permitas que uma “fé fria” se instale em nós.

Que o nosso amor não seja frio, que a nossa vida não seja fria, que a fé que vivemos não seja fria, porque se assim for, tudo morre sem sentido.

A morte do corpo interessa pouco, se a alma estiver saudável.

Mas uma “fé fria” pode “matar” a alma, pode impedir a Tua presença em nós.

Só no calor do Teu amor, abrasando o nosso pobre amor, podemos viver verdadeiramente uns com os outros e, sobretudo, uns para os outros.

Só no calor, no fogo do Espírito Santo, a fé que nos anima pode ser quente e assim ser vida constante, vida que renasce em cada momento.

Dá-nos, Senhor, o calor do Teu amor.

Que ele encha as nossas “artérias” e “veias” da fé, e assim traga sempre vida nova a todo o nosso ser.






Garcia, 16 de Janeiro de 2025
Joaquim Mexia Alves
(escritos em adoração)

quarta-feira, 26 de novembro de 2025

ADVENTO 2025

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Quando reflectia sobre o Tempo do Advento que tem início neste Domingo, veio ao meu pensamento este velho ditado.

«Quem espera, desespera»

Pensei então que, em relação ao Advento, este ditado está totalmente errado.

Com efeito, a espera no Tempo de Advento, é uma espera segura, certa, infalível, porque Aquele por Quem esperamos, já está no meio de nós, tendo-se feito carne, como nós, há mais de dois mil anos, tendo vivido entre nós e por nós tendo dado a vida, ressuscitando glorioso.

O ditado referido remete-nos para uma espera ansiosa por algo que pode causar impaciência, ansiedade e frustração, levando a um estado de desespero.

A espera do Natal deve levar-nos a uma espera segura, paciente, na certeza de que O que esperamos se faz realmente presente em nós e para nós.

É uma espera em oração, em entrega, em reflexão, em reconciliação com Deus, connosco próprios e com os outros.

Uma espera assim, envolta em oração, é sempre uma espera bonançosa, uma espera cheia de alegria, uma espera que nos edifica e anima.

Não é uma espera sentado, sem nada fazer, mas sim uma espera activa, uma espera que caminha, uma espera que nos vai moldando no amor de Deus.

Afinal aquele ditado, nestas cerca de quatro semanas que vão decorrer, deve ser substituído por um versículo da Bíblia que define bem a espera neste Tempo do Advento: «A esperança não engana» (Rm 5, 5)






Marinha Grande, 26 de Novembro de 2025
Joaquim Mexia Alves

segunda-feira, 24 de novembro de 2025

TANTAS PALAVRAS!

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Senhor Jesus, por vezes nas nossas orações, sobretudo nas orações de petição, vamos dizendo palavras, repetindo palavras, como se a eficácia da oração dependesse do seu tamanho ou das palavras que dizemos.

Às vezes, Senhor Jesus, parece que procuramos argumentos para Te convencer daquilo que julgamos precisar ou que julgamos que os outros precisam.

Somos tantas vezes assim uns com os outros no nosso dia a dia, que pensamos que Contigo deveríamos fazer a mesma coisa.

Claro que acreditamos que Tu nos ouves e guardas as palavras que vamos dizendo, mas sobretudo Tu acolhes-nos no Teu amor, olhas para a intenção do nosso coração, e nunca deixas de nos atender, de nos responder.

Por vezes respondes como desejamos, mas outras vezes não nos respondes segundo a nossa vontade, mas sim a Tua vontade, porque só Tu sabes o que é melhor para nós.

Tu não Te deixas convencer pelas muitas palavras que possamos dizer em oração, porque conheces bem melhor do que nós o que é bom e o que é mau para cada um e para aqueles por quem pedimos.

Afinal a oração daquele leproso sendo uma oração tão simples e com tão poucas palavras, tinha tudo o que era necessário: «Senhor, se quiseres, podes purificar-me.» Mt 8, 2

Além de Te reconhecer como Senhor de tudo, antes de pedir o que necessita, conforma-se com a Tua vontade, e só depois pede a cura, ou melhor, a salvação que tudo cura.

Ensina-nos, Senhor Jesus, a rezar com toda a simplicidade no Espírito Santo.






Garcia, 12 de Novembro de 2025
Joaquim Mexia Alves
(escritos em adoração)

segunda-feira, 17 de novembro de 2025

O “CRISTÃO CAMALEÃO”

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Vi, na net, por acaso, uma imagem de um camaleão e fiquei a pensar, com um ligeiro sorriso, que também há o “cristão camaleão”.

E o que será o “cristão camaleão”?

O “cristão camaleão” é aquele que, estando em ambiente de Igreja, mostra a sua “cor natural”, ou seja, o seu proceder e viver cristão, por vezes até com grande veemência.

Depois, quando por acaso cai no meio de uma conversa em que se diz mal da Igreja, dos Ritos, das celebrações, das exigências, da Doutrina, etc., muda de cor, para ficar igual aos que criticam, tornando-se critico também.

Perante uma discussão sobre a Bíblia em que a mesma é desvalorizada ou até considerada ultrapassada, volta a mudar de cor para concordar com as opiniões expressas e, por vezes, participa activamente também, confirmando o que é dito.

Quando à sua volta se discute Deus e se afirma que são tudo invenções do homem, novamente muda de cor, e conformando-se com o que é dito, até consegue juntar mais alguns argumentos para suportar as afirmações produzidas pelos outros.

Se confrontado pela sua prática cristã por outros que não são cristãos, que não “vão à Igreja”, muda envergonhadamente de cor, e afirma que é só rotina, que no fundo até nem acredita muito, que foi educado assim, mas está a pensar desistir dessa prática.

Aliás todos os momentos são bons para o “cristão camaleão”, mudar de cor, e conformar-se com o mundo que o confronta.

Ah, e desculpem, mas confesso que já me aconteceu ser “cristão camaleão”!

Mas depois assumo a minha cor natural de filho de Deus, de membro da Igreja, peço perdão, e Ele, o Deus Único que me salvou, abençoa-me, perdoa-me, diz-me que me ama infinitamente e que gosta muito da cor natural com que me criou, que é a única cor que me fica bem, e assim, eu vou tentando manter sempre a minha cor de cristão, discípulo de Cristo, no amor do Pai, do Filho e do Espírito Santo, em Igreja.







Monte Real, 17 de Novembro de 2025
Joaquim Mexia Alves

quinta-feira, 13 de novembro de 2025

CHUVA

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Chove lá fora!

Aquela chuva miudinha que não pára e vai em empapando a terra, regando as plantas, engrossando as ribeiras e os rios, molhando tudo onde cai.

Se alguém se deixar ficar debaixo desta chuva, rapidamente fica completamente molhado, mas a chuva não passará das roupas, molha a pele, mas não entra no interior de cada um.

Aqui, junto a Ti, frente a Ti, no Santíssimo Sacramento, ouvimos a chuva, mas ela não nos toca, não nos molha.

No entanto, Senhor, se acreditamos, se cremos com a força da fé, acreditamos que também Tu “choves” em nós, ou melhor, nos enches com a Tua água viva que jorra do Teu lado aberto.

E são rios e torrentes que não param, aqueles que saem de Ti e se derramam sobre nós.

Mesmo impetuosos, não causou dano, mas apenas paz e tranquilidade.

É uma “chuva” que não nos molha por fora, mas nos lava por dentro e nos limpa de todo o mal.

Esta Tua “chuva”, que sai do Teu lado aberto, que vem do Teu infinito amor, é uma “chuva” quente, que nos purifica, e nos leva a querer sempre mais ser “molhado” por ela.

É a água da alegria, a água da paz, a água do amor, a água que acalma a dor, a água que derruba barreiras do coração, a água que “rega” a fé, a água que faz crescer o desejo de nos entregarmos a Ti, Senhor.

Dá-nos sempre desta “chuva”, desta água que nos faz renascer, porque ela vem de Ti, da Vida Nova que Tu nos dás por Tua vontade.

Não quero ser “barco” para navegar sobre a água da Tua “chuva”, quero antes ser “peixe”, nela estar sempre mergulhado, nela respirar, para que a Tua água seja sempre a fonte do meu viver.






Garcia, 20 de Janeiro de 2024
Joaquim Mexia Alves
(escritos em adoração)

terça-feira, 11 de novembro de 2025

«O VERBO FEZ-SE CARNE»

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Quando neste fim de semana em Fátima escutava a passagem do Evangelho de São Lucas 1, 26-38, fiquei a reflectir sobre a resposta de Maria ao anjo Gabriel: «Eis a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra.»

Veio então ao meu pensamento, ou melhor, ao meu coração que, embora Maria naquele momento não conseguisse abarcar todo o Mistério da Encarnação do Filho de Deus a acontecer naquele anúncio, as suas palavras poderiam, pelo menos para mim, ser interpretadas mais longe do que o alcance comum que lhes é dado.

Com efeito, ao ouvirmos estas palavras da Virgem em resposta ao anjo Gabriel, logo vem ao nosso coração o Sim incondicional de Maria à vontade de Deus, o que é, obviamente, correcto.

Mas o que naquele momento, em Fátima, veio ao meu coração é que o Verbo é a Palavra de Deus, a Palavra de Deus é o próprio Deus, (como ensina a Igreja) e a Palavra de Deus “definida” com simplicidade é a vontade de Deus para nós.

Então Maria ao dizer Sim e ao dizer «segundo a tua palavra», como que está a dizer também: Que a Palavra aconteça em mim, que o Verbo tome a carne em mim.

E assim logo veio também ao meu coração o Evangelho de São João: «E o Verbo fez-se homem e veio habitar connosco.» Jo 1, 14

Julgo que o que agora escrevo nada acrescenta ao que sabemos e acreditamos, mas foi a primeira vez, em toda a minha vivência cristã, que tal “explicação” entrou no meu pensamento e no meu coração.

Obrigado, Mãe Santíssima, pelo teu Sim.

Obrigado, Senhor Jesus, porque em Maria Te quiseste fazer igual a nós em tudo, excepto no pecado.






Marinha Grande, 10 de Novembro de 2025
Joaquim Mexia Alves

quinta-feira, 6 de novembro de 2025

MÃE DE DEUS E NOSSA MÃE

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Tive no meu caminho de reencontro com a fé e vivência cristã, algumas “dificuldades” em encontrar caminhos de devoção à Virgem Maria, por razões que não vale a pena explicar e foram, graças a Deus, ultrapassadas.

Nunca duvidei nem um pouco da sua singular e única importância no caminho da fé, como guia, conselheira admirável e poderosa intercessora junto de seu Filho Jesus Cristo Nosso Senhor.

Sempre A considerei minha Mãe do Céu, (no Céu já está a minha mãe da terra intercedendo também por mim), e rezo, hoje em dia, o Rosário todos os dias, às vezes talvez “mecanicamente”, mas rezo-o.

Por vezes incomodava-me, incomoda-me, que se queira fazer de Maria, (o maior e melhor exemplo de humildade da humanidade), aquilo que, acredito, Ela não quer com certeza, ou seja, ser Alguém que possa provocar divisão, discussão, confusão e, portanto, nos afaste de Jesus Cristo, seu Filho.

É que, quanto a mim, na minha “teologia” simples de apenas discípulo de Cristo, membro da Igreja, não só na narração dos Evangelhos, mas também nas inúmeras Aparições que têm acontecido um pouco por todo o mundo, Maria mostra sempre que a sua única missão é apontar Jesus Cristo, é levar a Jesus Cristo, é reconhecer Jesus Cristo como o único Senhor e Mediador entre o Pai e os homens, é, sobretudo, levar-nos a «fazer tudo o que Ele nos disser» (cf Jo 2, 5).

Às vezes gostaria muito que fosse possível perguntar-Lhe se Ela quer todos esses “títulos” que tanto se discutem, e, acredito firmemente, que Ela responderia com toda a sua simplicidade e humildade: «Eis a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra.» (Lc 1, 38), porque eu sou apenas Maria, A que disse sim a Deus.

Com certeza que os teólogos devem estudar e tentar procurar a luz em toda essa discussão sobre Maria. Mas será que o fazem de tal modo, (por exemplo com os joelhos no chão rezando), que aconteça o que Jesus Cristo orou: «Eu Te bendigo, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste estas verdades aos sábios e inteligentes e as revelaste aos pequeninos» (Mt 11, 25-27)

Eu, por mim, não preciso de mais nada, digamos assim, do que olhar para Maria como minha Mãe e pedir-Lhe que me mostre o caminho para o seu Filho, e que, já agora, vá intercedendo por aqueles por quem peço, porque para mim peço apenas que me ensine e ajude a ser verdadeiro discípulo de Jesus Cristo, para então pode ouvir também: «Minha mãe e meus irmãos são aqueles que ouvem a Palavra de Deus e a põem em prática.» (Lc 8, 21)





Marinha Grande, 6 de Novembro de 2025
Joaquim Mexia Alves

segunda-feira, 3 de novembro de 2025

ENCONTRO COM A SANTIDADE

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O nosso encontro pessoal com Cristo, o encontro com a Santidade, deve levar-nos a um abandono de nós próprios.

Só se nos libertarmos de tudo o que nos aprisiona a nós próprios, podemos então ter esse encontro pessoal com Cristo, que muda sempre a vida de quem o experimenta e vivencia.

Mas como libertar-se de si próprio?

Como deixar os nossos planos, as nossas vontades, os nossos “saberes” e abraçar decididamente os planos de Deus, a vontade de Deus, a sabedoria de Deus, que tudo transforma.

O Dom da Fé que Cristo suscita em nós, deve então levar-nos a uma tal entrega que o eu já não interessa, mas apenas o Eu de Cristo em nós.

Essa Fé, Dom e graça de Deus, há-de fazer viver em nós uma tal confiança e uma tal esperança, que já não teremos medo de nos entregarmos totalmente à vontade de Deus.

Será essa, sem dúvida, a maneira, ou melhor, a meta que os Santos atingiram, quando deixaram de ser eles a procurar a santidade por si próprios, mas se deixaram abraçar pela santidade de Deus neles e, assim, não deixando de ser quem eram, se transformaram no próprio Cristo, deixando-se tomar por Ele.

Porque ao libertarmo-nos de nós próprios para sermos apenas de Cristo, a nossa humanidade deixa-se tocar pela divindade de tal modo, que será então como diz São Paulo: «Já não sou eu que vivo, é Cristo que vive em mim», (Gl 2,20)

Temos nós consciência de alguma vez de ter atingido tal espiritualidade, tal entrega sem temor e apenas por amor?

Provavelmente não, mas isso também não nos interessará, porque até esse tipo de consciência nos poderia levar apenas a alguma vanglória.

Os Santos, com certeza, nunca souberam em vida que eram Santos, porque a total entrega a Cristo só está concluída no gozo da vida eterna junto de Deus.

Abramos os nossos corações, as nossas vidas, e digamos apenas e só, cheios de confiança: Aqui estou, Jesus, que seja feita apenas e só a Tua vontade em mim.




Garcia, 30 de Outubro de 2025
Joaquim Mexia Alves
(escritos em adoração)