05 abril 2011
01 março 2011
23 fevereiro 2011
Liberdade pelo pão ?
Está exposto neste vídeo um certo "pensamento" que predomina em várias relações laborais. Diz, Vicente Jorge Silva, que a "Liberdade se paga com a precariedade", ou seja, quem quer ter um emprego seguro tem de sacrificar a segurança da sua liberdade. Não é uma novidade, este tipo de sentença. Foi recorrentemente imposta em outros séculos. A premissa que define que o empregado tem de ceder a sua liberdade perante o empregador conduz-nos a outras, mais reais e conhecidas, premissas (tal como: "o empregado deve o pão que come ao empregador"). Este tipo de "pensamentos" tem consequências óbvias (verificáveis pela frieza da estatística) e sentimos-las diariamente.
Haverá uma manifestação contra este tipo de "pensamento" e consequências. Deixo aqui o "blog" dos organizadores e o cartaz: Protesto da geração à rasca.
21 dezembro 2010
Confraternização de Natal (2010) pela causa do Tâmega
Tendo o rio Tâmega por horizonte e o Natal na proximidade, a Associação Cívica Pró-Tâmega vai promover um jantar aberto a todos os Amigos do Tâmega no próximo dia 22 de Dezembro de 2010.
Este encontro muito diz àqueles, que pelas mais variadas razões, partilham da Vida no e com o Tâmega e são solidários com a causa da sua e nossa vida. Todos terão lugar na confraternização que vai ter lugar na acolhedora vila de Mondim de Basto, qual altar tamecano aos pés de Nossa Senhora da Graça, vigilante lá das alturas protectoras no pico do Monte Farinha.
Para o evento, que terá lugar em pleno coração do Tâmega, pelas 20H00, no Restaurante Ramos, sito na Av. da Igreja (aos Bombeiros Voluntários de Mondim de Basto), é esperada adesão significativa, quando a causa é de amplitude regional e não reporta a qualquer ideologia nem tem cunho nas partidarites que adormeceram os diversos concelhos e entorpecem o nosso bom povo, as nossas terras e as nossas gentes.
São ainda objectivos da Pró-Tâmega, com a organização deste evento, dar conhecimento público das iniciativas cívicas levadas a efeito e a realizar no futuro com vista a salvar o Tâmega, e promover a angariação de fundos para ajuda à Acção Popular Administrativa que deu entrada no Tribunal Administrativo de Penafiel.
Para o efeito, aqueles que desejem associar-se, confraternizar e contribuir para uma causa nobre da Terra, da região, de todos e de sempre, poderão contactar
> Luís van Zeller de Macedo (914791651) - lvanzeller@gmail.com - Pró-Tâmega – Amarante
> Fernando Gomes (96 187 3539) – fmdcgomes@portugalmail.pt - Pró-Tâmega - Mondim de Basto
04 novembro 2010
Drogas e preconceitos
Foi feito uma nova reavaliação da perigosidade de certas drogas(legais e ilegais). O álcool, droga legal e aceite, domina a primeira posição. Os preconceitos sobre drogas naturais e claramente menos perigosas do que o álcool continuam. Eu sou contra esta proibição. Acredito no poder de discernimento de um consumidor informado e, também, acredito em um mercado regulado que apenas traria vantagens para o consumidor e para o Estado. Sobre assunto:
Os traficantes são contra a legalização, e você? (Maio/2009);
Contra a hipocrisia(II) (Outubro/2008);
Contra a hipocrisia (Outubro/2008).
16 agosto 2010
Factos para quem ainda não percebeu o discurso injusto, perigoso e populista de Paulo Portas e afins
Só 23% dos beneficiários de RSI são empregáveis
Sociólogo alerta para hipocrisia do discurso populista sobre a medida
As crianças, os idosos e os trabalhadores correspondem a 77% dos mais de 400 mil beneficiários do rendimento social de inserção (RSI). Apenas 23% são "empregáveis", o que, para o sociólogo Eduardo Vítor Rodrigues, revela a "hipocrisia" do debate político.
O "discurso populista" de ataque ao RSI é, a par da crise, um dos principais entraves ao sucesso da medida, que nasceu há 14 anos para combater a pobreza extrema. No momento em que muito se fala da obrigatoriedade dos beneficiários do RSI prestarem tributo à sociedade, os números clarificam que a exigência nem sequer seria aplicável à maioria das pessoas. Cada beneficiário recebe, em média, 89 euros por mês. Por família, o contributo médio é de 242 euros. Pelo menos em 31% dos casos, o subsídio serve para complementar um ordenado muito baixo.
"Estamos a perder tempo e a inventar medidas de tributo social, quando só 23% são empregáveis. Parte destas pessoas tem 'handicaps', como toxicodependência, problemas psíquicos, desqualificação ou desemprego de longa duração, que obstaculizam o acesso ao emprego. Estes dados frios mostram a hipocrisia do debate. E é penoso ver que a hipocrisia do debate colou bem nas representações sociais", sustenta Eduardo Vítor Rodrigues, professor e investigador da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, cuja tese de doutoramento reflectiu sobre o Estado Providência e os processos de imobilização social dos beneficiários do RSI. A obra sobre a tese, intitulada "Escassos Caminhos" é apresentada, pelas 21 horas de amanhã, no anfiteatro nobre da Faculdade de Letras do Porto (FLUP).
O "brutal ataque" ao RSI agrava o estigma, dificulta a inserção social e conduz a uma burocratização exagerada da medida. "O que está a acontecer é um processo de estigmatização que afecta, de forma violentíssima, o beneficiário. Os empregadores acham que os beneficiários são malandros e não lhes dão emprego. Os políticos alimentam o estigma e as pessoas perdem a auto-estima", alerta. Em resposta, a Segurança Social exige relatórios e torna difícil o acesso ao RSI. Cada equipa multidisciplinar tem a seu cargo, no mínimo, 180 agregados. O acompanhamento próximo das famílias para diagnosticar e ajudar a resolver os problemas que travam a melhoria de vida é quase impossível.
Sem diagnóstico, não há ajuda
"Fruto da pressão social, as equipas estão a ser bombardeadas com relatórios. Têm de produzi-los de três em três meses. O acompanhamento técnico de proximidade está hipotecado pela carga burocrática", afiança o sociólogo.
Sem tempo para diagnósticos, receita-se aspirina a todos, negligenciando a heterogeneidade dos beneficiários. "O importante é descortinar as razões do imobilismo, que obstaculizam a empregabilidade", continua. A resposta é igual para todos: novos cursos, estágios e soma de carimbos. O problema de raiz fica por resolver.
Certo de que hoje a "carga do estigma é inultrapassável", Eduardo Vítor Rodrigues defende a reconfiguração da medida, que não pode continuar a ser encarada de forma dissociada do subsídio de desemprego. "Defendo a fusão do RSI e do subsídio de desemprego. Tem de haver interinstitucionalidade. É incompreensível que não exista hoje articulação institucional, até porque os técnicos de emprego sabem que o mais certo é que os desempregados caiam no RSI", conclui o investigador. Em todo o país, o distrito do Porto possui o maior número absoluto de beneficiários.
21 julho 2010
Leis condicionadas
Se tínhamos alguma dúvida sobre a parcialidade do Governo perante a exploração (termo mais apropriado) das águas e terras adjacentes à bacia do Tâmega, ela é clarificada com os despachos ministeriais a legislar algo que não existe. O Ministério do Ambiente legisla a proteger uma consequência (a criação de albufeiras) de algo que o Ministério irá decidir (as barragens prometidas para a Bacia do Tâmega que ainda estão em fase de projecto). Ou seja, o mesmo organismo que arbitra o processo para a exploração e construção das barragens "produz" legislação sobre algo que ainda não aprovou. Este acontecimento é uma prova cabal que o processo de construção e exploração das barragens no Tâmega está enviesado desde o início.
Não deixa de ser curioso que a EDP, após a confirmação num debate sobre as novas barragens, falta sem justificação. Era estranho que a EDP sempre pronta para espalhar a sua demagogia "verde", com a interessante expressão algo-saxónica "greenwash", falhasse um momento como esse para justificar o injustificável. Somente olhou e analisou a plateia de oradores e reparou que esses e os seus argumentos são inquestionáveis. Consequentemente, a EDP, mais concretamente o seu representante, iria passar um mau momento a tentar espalhar a sua "demagogia verde". Parece que a EDP não encontrou naquele debate (organizado pelo blog Nortadas) a mesma passadeira verde que encontrou nos diversos concelhos e executivos de Basto, nas sessões de propaganda organizadas pelas câmaras municipais (sem direito a contraditório no púlpito, somente administradores das empresas tiveram o privilégio de debater o assunto no púlpito com os seus pares).
18 maio 2010
Muitos esquecem-se, e no PSD parece regra, que o subsídio de desemprego não é um acto de caridade é um direito pago com o salário de quem trabalhou
«Já se sabe que o PSD fez um acordo com o engenheiro Sócrates para baixar o subsídio de desemprego e agora acrescenta que o trabalhador que vai receber uma devolução daquilo para o qual descontou quando pagou para o seu subsídio de desemprego, apesar disso é obrigado a trabalhar gratuitamente», comentou Francisco Louçã.
«Imagine que alguém que paga um seguro sobre o seu carro, tem um pequeno acidente e pede que lhe devolvam, pagando a reparação, aquilo que foi descontando ao longo dos anos. E a companhia de seguros diz-lhe: "muito bem, eu pago-lhe a reparação, mas agora tem que trabalhar aqui gratuitamente na portaria da minha companhia de seguros durante algumas semanas ou meses"» in [tsf]
As palavras de Francisco Louçã foram claras e objectivas. O PSD, tal como o CDS-PP, e alguns "iluminados" do PS (inclusive, José Sócrates) têm feito um ataque censurável a um direito (o subsídio de desemprego) legítimo. Estes invés de atacar os cidadãos que agora estão a receber um subsídio de desemprego, algo que só é possível se descontaram para tal, tentassem resolver o problema (em vez de aprofundá-lo), estariam realmente a cumprir o seu mandato de serviço ao cidadão. Parece que a promoção de emprego e a protecção social para quem está numa situação social e economicamente precária não são assuntos suficientemente importantes para gastarem o seu prolixo discurso. Estas medidas, anunciadas pelo PSD, PP e afins, são de uma insensibilidade incrível e de um oportunismo político reprovável. Enfim.
07 abril 2010
Serviços Públicos
Em Valença do Minho há um conjunto de protestos para impedir o fecho (em horário nocturno) do SAP (Serviço de Atendimento Permanente). Na minha opinião, desde que haja uma alternativa (ou seja, um conjunto de meios de socorro e transporte) viável e suficiente o fecho naquele horário é natural e compreensível. As razões são óbvias: o número de doentes assistidos em horário nocturno é quase residual e os serviços prestados por aquelas unidades de saúde são pouco diversos, limitando-se a algumas valências básicas. No entanto, a reacção da população de Valença (na maioria, idosos) é, também, compreensível. Pois, o interior de Portugal tem assistido a um constante fecho de importantes serviços públicos sem qualquer medida de alternativa que o substituísse. O resultado é óbvio: o estímulo do processo de "desertificação humana" que se sente nestas regiões. Quase sempre a razão económica tem de dar lugar à razão do serviço público. Um serviço público só o é se for destinado a todos, sem excepção.
31 março 2010
Acontece em Serralves
A história é simples e curta. Trabalhadores (recepcionistas) da Fundação Serralves, alguns com cinco anos de trabalho, tentaram acordar um vínculo laboral mais estável (contrato de trabalho) com esta fundação, pois se encontravam algum tempo a prestar um serviço indispensável à fundação e queriam o vínculo que este tipo de condições impõe. A fundação recusou e aconselhou esses trabalhadores a criar uma empresa de prestação de serviços. Não aceitaram. Posteriormente, a fundação criou uma empresa de prestação de serviços e convidou esses trabalhadores a participar -mas como as condições de trabalho eram piores do que anteriormente, recusaram liminarmente. Sendo assim, a Fundação Serralves dispensou (não renovou o precário contrato) os trabalhadores que já lá trabalhavam e que não quiseram ser ainda mais precários e mal pagos. Neste momento a fundação irá contratar uma empresa de "prestação de serviços" para colmatar a saída desses trabalhadores. Para finalizar, a fundação defende-se e diz que não despediu esses trabalhadores (o que na terminologia actual tem o pomposo nome de colaboradores) pois esses não estão ligados contratualmente a Serralves. Heterónimos à parte, pois neste contexto despedir é igual a dispensar, os responsáveis pela situação têm algum humor negro. Sem dúvida.
Este é apenas mais um exemplo da chantagem laboral que existe e que impunemente persiste em Portugal. Portugal tem-se "precarizado" na relação laboral, perante as exigências das grandes entidades patronais que querem tornar o trabalho em Portugal tão sério e competitivo como na China. Não se questiona a necessidade de haver vínculos laborais mais flexíveis, claro que não. Contudo, devem existir em situações onde se justifique e que sejam bem fiscalizadas. Uma conclusão óbvia que não se torna numa "regra" no trabalho em Portugal porque compensa ter trabalhadores precários (de acordo ou não com as leis laborais).
29 março 2010
Naturalmente, concordo
"(...) qualquer indivíduo com mais de 21 anos passará a ter o direito de consumir marijuana, desde que não o faça em espaços públicos nem em lugares onde possam estar presentes menores de idade. Qualquer pessoa poderá ter em seu poder uma quantidade máxima de 30 gramas de marijuana, e cultivar as suas próprias plantas numa área que não ultrapasse um limite de 2,5 metros quadrados. A condução sob efeito de marijuana continuará a ser proibida." in [Público]
18 março 2010
Certo
«estou cansada de lembrar em sucessivas reportagens, entrevistas, crónicas e posts que a lei não admite que se use a arma a não ser quando está em causa perigo de vida para alguém. que é simplesmente obsceno ver polícias a dizer que o problema não é disparar contra um carro em fuga cujo ocupante ou ocupantes mais não fizeram que -- alegadamente, friso -- desobedecer a uma ordem de paragem, mas a falta de pontaria. estou cansada de evidenciar, na comparação com números de disparos de polícias de outros países, que as polícias portuguesas fazem demasiado uso das armas de fogo e matam mais que as suas congéneres de vários países europeus. estou cansada de sublinhar declarações de dirigentes da inspecção geral da administração interna no sentido de assegurar a ilegalidade -- ilegalidade, leram bem -- do uso da arma contra pessoas em fuga (fora ou dentro de veículos) quando não esteja em situações de legítma defesa ou de perigo de vida para terceiros. estou cansada de ver responsáveis políticos a calar a censura inequívoca destes crimes que mancham a polícia portuguesa, crimes que nos dizem a todos que a polícia que existe para nos proteger e para nos dar segurança pode ser e muitas vezes é exactamente o contrário disso.» Fernanda Câncio in [Jugular]
17 março 2010
[Sugestão de leitura] Einstein e o Socialismo
«O indivíduo é capaz de pensar, sentir, lutar e trabalhar sozinho, mas depende tanto da sociedade - na sua existência física, intelectual e emocional - que é impossível pensar nele, ou compreendê-lo, fora da estrutura da sociedade. É a "sociedade" que lhe fornece comida, roupa, casa, instrumentos de trabalho, língua, formas de pensamento, e a maior parte do conteúdo do pensamento; a sua vida foi tornada possível através do trabalho e da concretização dos muitos milhões passados e presentes que estão todos escondidos atrás da pequena palavra "sociedade".» in [Esquerda.net]
11 março 2010
Associações
Tem tanto de interessante como de pertinente a discussão lançada pelo Vítor, embora foque um exemplo particular, o assunto ali discutido alude a alguns dos principais problemas do associativismo em Cabeceiras de Basto. Há uma clara interferência do poder político na gestão e na constituição da maioria das associações. Segue uma escala. Quanto mais ampla é a área de intervenção e maior é o número de pessoas, relacionadas directa e indirectamente com a associação, maior é o grau de interferência política. Entenda-se "interferência política", neste contexto, como o acto ou conjunto de actos que um partido através da sua representação política numa entidade pública (e.g. Câmara Municipal, Junta de Freguesia etc.) usa os recursos desta entidade para "controlar" politicamente estas associações. O objectivo é claro: votos e poder. Além de ser algo que a maioria dos cabeceirenses reconhece, aceitam-no passivamente. É um facto. Mesmo reprovando, aceitam-no. Esquecem-se, ou menosprezem o facto, que o uso fundos e recursos públicos para atingir certos fins partidários e pessoais é um acto ilegal e criminal e que o funcionário público (independentemente da sua posição hierárquica) é, antes de mais, um servente da coisa pública. Ou seja, alguém que deve servir a todos nós e não se servir de nós.
06 março 2010
Inércia
Ao contrário dos concelhos vizinhos o núcleo cabeceirense do movimento "Limpar Portugal" está à deriva. A data do propósito deste movimento está próxima e não se conseguiu, ainda, marcar uma única reunião. Convém referir que este é um movimento nascido e criado a partir da sociedade civil e que pretende abranger todos no objectivo de limpar o nosso espaço comum. Contudo, o apoio de associações e entidades públicas é importante. Estas entidades por terem o equipamento e a capacidade logística devem associar-se a esta iniciativa, é importante que assim seja. Porém, e mais uma vez em sentido contrário aos concelhos vizinhos, em Cabeceiras de Basto as associações, as autarquias e a Câmara Municipal não apoiam (com a disponibilização de equipamento, fornecimento das localização das lixeiras etc.) esta iniciativa. Portanto, conclui-se o seguinte: se não mudarem o rumo esta iniciativa em Cabeceiras de Basto poderá estar destinada ao fracasso.
02 fevereiro 2010
A adbasto promove sessão de esclarecimento sobre os impactos do Plano Nacional de Barragens no Tâmega e nas Terras de Basto
A adbasto (associação de desenvolvimento técnico-profissional das terras de basto) com o apoio do Jornal “O Basto” promove na próxima Sexta-Feira, dia 5 de Fevereiro, pelas 21.30 horas, uma Sessão de esclarecimento sobre o impacto do Plano Nacional de Barragens no Tâmega e nas Terras de Basto. A iniciativa é aberta a toda a população e decorre na sede social da adbasto, situada no lugar da Quinta da Mata, junto à sede da vila de Cabeceiras de Basto. Participam nesta acção como oradores, José António Luís Crespí, doutorado em Biologia Vegetal pela Universidade de Salamanca e professor Universitário das disciplinas de Botânica e Ecologia vegetal na UTAD ( Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro e Emanuel Queirós, técnico superior de Planeamento Regional, especialista em Geomorfologia e fundador do Movimento Cidadania para o Desenvolvimento do Tâmega
De referir ainda que José Luís Crespí é especializado em morfo-ecologia e análise fitoestrutural da vegetação, sendo autor de mais de oitenta publicações científicas em revistas especializadas nacionais e internacionais, sendo autor e co-autor de diversos livros sobre flora portuguesa. Orienta diversas teses de mestrado e doutoramento em colaboração com a Universidade de Salamanca (Espanha) e a Faculdade de Ciências do Porto, é investigador integrado em Centros de investigação portugueses e espanhóis e forma parte de equipas de investigação europeia na área da filo-biogeografia neogênica. Desde 1998 é conservador do Herbário do Jardim Botânico da UTAD, sendo director deste último desde o passado mês de Fevereiro de 2008.
Com esta iniciativa, a direcção da adbasto pretende de uma forma responsável esclarecer e alertar a população das terras de basto para os previsíveis impactos que a construção de barragens no Rio Tâmega poderão originar num futuro próximo, afectando o ambiente, os ecossistemas e a qualidade da água.
Cabeceiras de Basto, 2010-01-29
Pela Direcção
Miguel Teixeira
29 janeiro 2010
Uma mentalidade social também desmotivante
Aqui surge um apontamento. Tratar é uma coisa diferente de cuidar.
E apetece-me escrever hoje, porque se vai lendo uns comentários aqui e ali, que são tão básicos e desprovidos de argumentos e, muito propavelmente desprovidos de conhecimento de causa, que qualquer enfermeiro sente tristeza, e vê a não valorização de um trabalho de muita responsabilidade e desgaste.
Há ainda quem diga que não é uma boa altura para se convocarem greves. Eu pergunto se há alguma altura ideal para se fazerem greves, ou se tem de se encomendar um estudo científico para escolher as suas datas. Talvez para algumas cabecinhas, as greves deviam guardar-se para quando tudo parece correr bem, quando o país cresce, quando as pessoas vivem felizes, quando sentem justiça e são reconhecidas pelo seu trabalho, pelo seu esforço e pela busca da melhoria dos seus conhecimentos e qualidade na contribuição para o bem-estar das pessoas.
Na sociedade, a correria é tanta que tão pouco aprecia aquilo que é fundamental para a sua sobrevivência. Vive tão friamente à procura não sabe bem do quê, que nem de si sabe cuidar. Acha que sabe tudo de tudo e, que com uma busca no google ou umas breves leituras aqui e ali, se sabe muito sobre cuidados de saúde. Tão pouco aprecia um copo de água porque não se sente desidratada. Tão pouco aprecia o ar que respira. Tão pouco aprecia o seu corpo e a sua pele limpa. Tão pouco aprecia a sua independência e a sua autonomia para andar, comer, urinar e evacuar, ou de se virar numa cama as vezes que quiser durante a noite. Tão pouco aprecia a sua capacidade de comunicar as suas necessidades através da fala. Tão pouco aprecia a ausência de dor física, e também emocional, só se lembrando dela quando doi a sério e quando não tem ninguém que ouça os seus apelos ou a compreenda, por palavras ou por linguagem não verbal. Tão pouco sabe daquilo que a faz acreditar, daquilo que é olhar para ela como um conjunto de pessoas humanas na sua essência, que têm necessidades, e que precisa de as satisfazer para se sentir bem, feliz, e sobretudo, acreditar que a vida ainda tem algum significado. Seria bom que se lembrasse que a morte não é só biológica. São as necessidades que estão presentes desde o nascimento até à morte, aquelas que mais negligencia e as que mais sentido dão ao viver.
É talvez por isso que só o perceba, quando a doença força a uma alteração dos seus hábitos, e não são todos que o percebem, infelizmente. Talvez por isso, até chegar esse momento, pouco aprecia quem cuida dos seus conhecidos e familiares doentes, quem anda para trás e para a frente, para cima e para baixo, em telefonemas atrás de telefonemas, num esforço permanente de solicitar, ou sugerir ao médico a prescrição de um analgésico, um ansiolítico ou um medicamento para dormir. Para sugerir um alteração da dieta, ou um acerto na dosagem de um medicamento, ou para alertar para a necessidade de uma observação psiquiátrica, ou ainda solicitar uma avaliação da situação social. Tão pouco valoriza quem dá uma papa à boca. Tão pouco valoriza quem dá um banho, limpa um rabo ou limpa uma boca. Tão pouco valoriza quem detecta uma candidíase, uma escabiose, ou um herpes, ou uma conjuntivite... e solicita ao médico que prescreva umas pomadinhas, ou umas gotinhas. Tão pouco valoriza quem intervém na reabilitação, na explicação da importância das terapêuticas, na informação contínua que lhe presta sobre a sua evolução clínica, sobre a importância e utilidade dos procedimentos técnicos que são executados e sobre os exames que vão ser efectuados. Tão pouco aprecia quem a ajuda a ser menos dependente, e quem lhe ensina as estratégias para se tornar mais autónoma. Tão pouco aprecia aqueles que menos absentismo laboral apresentam ao seu serviço.
Ou seja, tão pouco aprecia que haja alguém presente, que dê cavaco, que se lembre da pessoa, que a informe, que se preocupe com ela, que a compreenda, que a queira ajudar, que olhe para ela como um todo.
Mas não é só no cuidar, também há as componentes técnicas. Para além de cuidar, os enfermeiros também intervêm no tratamento. Os enfermeiros são responsáveis por inúmeros equipamentos tecnólógicos, pelo seu manuseamento e manutenção. São responsáveis pela gestão dos stock´s e dos recursos materiais existentes nos serviços. São quem administra terapêutica e monitoriza os seus efeitos. São quem sabe como a terapêutica é preparada. Conhecem também as suas interacções, os seus objectivos e as complicações que podem provocar no organismo. São quem monitoriza o doente durante as 24h. São quem no imediato assiste o doente e intervém em situações de emergência, providenciando o que é necessário até que o médico chegue e complete a estabilização. Em algumas áreas entubam até oro-traquealmente, quando necessário. São quem prepara os procedimentos técnicos médicos, são quem prepara doentes para os exames e cirúrgias, são quem efectua colheitas de sangue, de urina, fezes, expecturação, exsudados de escaras, etc, São quem algalia, quem coloca sondas-nasogástricas, quem realiza os pensos, e quem monitoriza toda a hemodinâmica durante 24h. São quem fazem do corpo e da alma de uma pessoa o seu trabalho. E ainda tratam de papelada e burocracias. Também fazem trabalho de administrativos nas horas e nos dias em que ele lá não está, porque muitos serviços de saúde não fecham durante a noite nem aos fins-de-semana e feriados. Também organizam processos, resolvem questões burocráticas e atendem telefones.
É quando o problema de sáude se agrava, quando rouba o bem-estar, a autonomia e independência na satisfação dessas necessidades, que se passa a dar mais importância às coisas que pareciam mais simples e banais da vida, mas, que são as que se revelam mais importantes. E é aqui, que a tal relação de causa-efeito deixa de fazer sentido. É aqui que entra em jogo a espiritualidade da pessoa, a sua intimidade, as suas crenças, os seus objectivos, os seus gostos e os seus hábitos, no fundo, a sua singularidade, a sua personalidade única, que impede que essa relação de causa-efeito seja um sucesso garantido. É aqui que digo, ninguém conhece melhor um doente que o enfermeiro, ninguém gere tanta informação diversificada sobre o doente como enfermeiro. É porque as pessoas são todas diferentes, que a profissão de enfermagem é tão difícil, desgastante e um desafio constante.
Podia estar aqui a noite toda a escrever e a descrever exemplos da importância desta profissão.
Há quem por ignorância ou estupidez, ache que tudo é fácil, ache que é só limpar uns cuzinhos e dar uma injecções. Para isso até um serralheiro serviria, pensam eles. Mas estão mais enganados do que julgam. Por que até para isso é preciso ter jeito. Nós não nascemos todos para o mesmo. Por isso tão pouco dão ouvidos ao que o enfermeiro lhes diz, tão pouco valorizam no que os educa e aconselha nos seus hábitos e na promoção da sua saúde, no acompanhento domiciliário, no envolvimento da família e na articulação dentro dos serviços de saúde e com serviços sociais e educacionais. Como se não fossem necessários conhecimentos científicos, técnicos, clínicos, humanos e sociais, para exercer enfermagem. Para aqueles que julgam que os enfermeiros são meros empregados dos médicos e se limitam a cumprir as suas ordens, não tendo nenhuma actividade autónoma, então pergunto, o porquê de serem tão exigentes connosco quando recorrem aos serviços de saúde? Por que chamam tanto pelos enfermeiros nas situações de aflição? Por que nos atiram com responsabilidade à cara quando no doente surgem alterações? Por que fazem tantas perguntas ao enfermeiro?
Por isso digo, que estamos cá para lembrar a sociedade que as coisas aparentemente banais da vida, são aquelas que mais sentido lhe dão. Os enfermeiros estão cá para ajudar a satisfazer essas necessidades, ou restituir a autonomia na satisfação das mesmas. Nós estamos cá para vos servir e não estamos apenas presentes nas instituições de saúde. No dia-a-dia estamos ao vosso lado, e fiquem descansados que não vos vamos cobrar 100 euros por limpar um rabo ou dar uma injecção.
Sou um enfermeiro orgulhoso do meu trabalho, perdi o nojo do cheiro a merda, depressa me habituei à arrogância de pessoas sãs e doentes, ao insulto. Deixou de me incomodar o cheiro a sangue, os salpicos de secrecçõs, a tosse e os espirros para cima da minha cara, dos meus braços e do meu cabêlo. Não corro atrás do frasco de álcool para despejá-lo em cima de mim por ter medo das bactérias e afins. tenho prazer de cuidar pessoas desorientadas que perderam a noção do mundo e de tudo aquilo que as rodeia. As mais necessitadas são aquelas a quem dou prioridade, independentemente do seu status... Sabem qual o maior gozo de ser enfermeiro? É o de crescer-se como pessoa, de dar valor ao que muitos se esqueceram de dar. Esse é o meu verdadeiro orgasmo profissional. A única coisa que me incomoda, é que não se dê valor ao trabalho e dedicação de uma profissão tão humana como é a enfermagem.
Quando ouvi a ministra Ana Jorge apelar ao bom senso dos enfermeiros, o meu sentimento imediato foi, o de que a caríssima ministra é que perdeu o bom senso.
08 janeiro 2010
«Quid pro quo», no sentido anglo-saxónico
Hoje (porque escrevo na madrugada do dia que corre) será aprovada na Assembleia da República a aprovação de um «remendo» à legislação que permite o casamento (sem aspas) entre duas pessoas do mesmo sexo. Provavelmente, amanhã, também será aprovado um «remendo» legislativo para impor uma discriminação e retirar a possibilidade de futuros casais (civilmente casados) homossexuais adoptarem uma criança (quem sabe, no futuro também se alargue esta discriminação na adopção dos restantes animais). Portanto, poucas serão as razões para a celebração, pelo simples facto de se retirar (e assim darmos um passo civilizacional) uma discriminação e, quase ao mesmo tempo, impor-se outra. Pode ser defeito, mas dou-me mal com a hipocrisia e mais mal me dou com a moral e a política hipócrita que tende a governar esta sociedade. «Quid pro quo», entre os conservadores e os outros poderá ser explicação.
Não acredito em casamentos (como contratos perante o Estado). Contudo, esta opinião não me exclui de querer que a sociedade, a que eu pertenço, estenda o acesso a este contrato a quaisquer dois seres. Sem limitações em direitos, deveres e, muito menos, no sexo (passo o trocadilho).
31 dezembro 2009
30 dezembro 2009
Sobre a questão da discriminação (II)
«Mais de um terço dos bebés já nasce fora do casamento Número disparou nos últimos sete anos, mas a tendência vem de trás. "As pessoas estão a construir a sua vida sem necessidade de um papel"» in [Público]
A tendência é clara. Não havendo benefício algum, as pessoas (naturalmente) não assinam o contracto civil intitulado de casamento. O afecto (e o conceito de família) é algo transversal a um conjunto de assinaturas, sejam elas escorridas no cartório ou na sacristia. A família não é uma instituição é somente um conceito afectivo. Muitos viveriam melhor sem estes artificialismos que cobrem e desvirtuam algo tão natural como as livres relações humanas.