Um primitivo e cruel mito
vedou a todos os homens
o direito de chorar em público
Quando o fazem
é sempre em profundo silêncio
num canto escuro da noite
numa cela solitária e fria
rodeada de sombrias abóbadas
como uma esfinge exilada
num vazio de areias hostis
Ninguém lhes ensinou
como expulsar os sentimentos
que cercam o coração ferido
quando o rosto se liberta
da máscara insensível da cal
e uma fonte oculta verte
as águas de um caudal reprimido
Sua dor é maior ainda
por não terem com quem dividir
o esplendor das lágrimas caídas
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