toca solto como uma música. Espalha-te por todos os cantos e recantos. Liberta uma esperança. Sê uma alquimia de velhos sonhos em novos, porque a lucidez deles está ali na ponta da língua.
segunda-feira, 7 de junho de 2010
quarta-feira, 26 de maio de 2010
Quando faltam as palavras, buscamo-las.
«Sim Senhor, tudo o que queira, mas são as palavras as que cantam, as que sobem e baixam.
Prosterno-me diante delas. Amo-as. Uno-me a elas, persigo-as, mordo-as, derreto-as. Amo tanto as palavras. As inesperadas. As que avidamente a gente espera, espreita até que de repente caem. Vocábulos amados. Brilham como pedras coloridas, saltam como peixes de prata, são espuma, fio, metal, orvalho. Persigo algumas palavras. São tão belas que quero colocá-las todas no meu poema. Agarro-as em pleno voo, quando vão zumbindo, e capturo-as, limpo-as, aparo-as, preparo-me diante do prato. Sinto-as cristalinas, vibrantes, ebúrneas, vegetais, oleosas, como frutas, como algas, como ágatas, como azeitonas. E então revolvo-as. Agito-as, bebo-as, sugo-as, trituro-as, adorno-as, liberto-as. Deixo-as como estalactites no meu poema, como pedacinhos de madeira polida, como carvão, como restos de naufrágio, presentes da onda.
Tudo está na palavra. Uma ideia inteira muda porque uma palavra mudou de lugar, ou porque outra se sentou como uma rainha dentro de uma frase que não a esperava e lhe obedeceu. Têm sombra, transparência, peso, plumas e pêlos. Têm tudo o que se lhes foi agregando de tanto vagar pelo rio, de tanto transmigrar de pátria, de tanto ser raízes sem fim. São antiquíssimas e recentíssimas. Vivem no féretro escondido e na flor que quase desabrochou.
Que bom idioma o meu, que boa língua herdámos dos conquistadores torvos. Estes andavam a passos largos pelas tremendas cordilheiras, pelas Américas encrespadas, buscando batatas, butifarras, feijõezinhos, tabaco negro, ouro, milho e ovos fritos, com aquele apetite voraz que nunca mais se viu neste mundo. Tragavam tudo: religiões, pirâmides, tribos, idolatrias iguais ás que eles traziam nas suas grandes bolsas.
Por onde passavam a terra ficava arrasada. Mas caíam das botas dos bárbaros, das barbas, dos elmos, das ferraduras. Como pedrinhas, as palavras luminosas que permaneceram aqui resplandecentes. O idioma. Saímos perdendo. Saímos ganhando. Levaram o ouro e deixaram-nos o ouro. Levaram tudo e deixaram-nos tudo.
Deixaram-nos as palavras...»
Pablo Neruda
Prosterno-me diante delas. Amo-as. Uno-me a elas, persigo-as, mordo-as, derreto-as. Amo tanto as palavras. As inesperadas. As que avidamente a gente espera, espreita até que de repente caem. Vocábulos amados. Brilham como pedras coloridas, saltam como peixes de prata, são espuma, fio, metal, orvalho. Persigo algumas palavras. São tão belas que quero colocá-las todas no meu poema. Agarro-as em pleno voo, quando vão zumbindo, e capturo-as, limpo-as, aparo-as, preparo-me diante do prato. Sinto-as cristalinas, vibrantes, ebúrneas, vegetais, oleosas, como frutas, como algas, como ágatas, como azeitonas. E então revolvo-as. Agito-as, bebo-as, sugo-as, trituro-as, adorno-as, liberto-as. Deixo-as como estalactites no meu poema, como pedacinhos de madeira polida, como carvão, como restos de naufrágio, presentes da onda.
Tudo está na palavra. Uma ideia inteira muda porque uma palavra mudou de lugar, ou porque outra se sentou como uma rainha dentro de uma frase que não a esperava e lhe obedeceu. Têm sombra, transparência, peso, plumas e pêlos. Têm tudo o que se lhes foi agregando de tanto vagar pelo rio, de tanto transmigrar de pátria, de tanto ser raízes sem fim. São antiquíssimas e recentíssimas. Vivem no féretro escondido e na flor que quase desabrochou.
Que bom idioma o meu, que boa língua herdámos dos conquistadores torvos. Estes andavam a passos largos pelas tremendas cordilheiras, pelas Américas encrespadas, buscando batatas, butifarras, feijõezinhos, tabaco negro, ouro, milho e ovos fritos, com aquele apetite voraz que nunca mais se viu neste mundo. Tragavam tudo: religiões, pirâmides, tribos, idolatrias iguais ás que eles traziam nas suas grandes bolsas.
Por onde passavam a terra ficava arrasada. Mas caíam das botas dos bárbaros, das barbas, dos elmos, das ferraduras. Como pedrinhas, as palavras luminosas que permaneceram aqui resplandecentes. O idioma. Saímos perdendo. Saímos ganhando. Levaram o ouro e deixaram-nos o ouro. Levaram tudo e deixaram-nos tudo.
Deixaram-nos as palavras...»
Pablo Neruda
domingo, 18 de janeiro de 2009
#1
Flutua no sonho realista que a percorre.
Longe das banalidades irrealistas de outras vivências.
Cinzas do tempo sopradas num mar a perder de vista.
Numa linha do horizonte de um passado (in) temporal onde todos os caminhos se cruzam e nada se funde.
Apenas a presente certeza da plenitude deste nosso universo. Meu.
Longe das banalidades irrealistas de outras vivências.
Cinzas do tempo sopradas num mar a perder de vista.
Numa linha do horizonte de um passado (in) temporal onde todos os caminhos se cruzam e nada se funde.
Apenas a presente certeza da plenitude deste nosso universo. Meu.
Subscrever:
Comentários (Atom)
-
-
IKEA “Wherever Life Goes”Há 4 semanas
-
-
Nytt samarbete gå gång !Há 3 anos
-
-
-
so long 2018Há 6 anos
-
hmmmmmHá 7 anos
-
“Take a look at me now”Há 7 anos
-
Bra selectionHá 8 anos
-
-
CansadaHá 10 anos
-
O lobisomem invisívelHá 11 anos
-
last wishHá 11 anos
-
Bem-vindoHá 11 anos
-
-
TeimosiaHá 12 anos
-
-
-
Até breveHá 12 anos
-
>> está aí alguém?Há 12 anos
-
Rookie MistakeHá 12 anos
-
NEW BLOG / NOVO BLOGHá 13 anos
-
Reboo(s)tHá 13 anos
-
-
-
optimus | o que nos liga é optimusHá 14 anos
-
Novo updateHá 14 anos
-
AMIHá 15 anos
-
-
Um par de galhetas bem assente...Há 15 anos
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-