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- 44 titles
- DirectorJoel SchumacherStarsArnold SchwarzeneggerGeorge ClooneyChris O'DonnellBatman and Robin try to keep their relationship together even as they must stop Mr. Freeze and Poison Ivy from freezing Gotham City.[Mov 02 IMDB 3,6/10 {Video/@} M/28
BATMAN & ROBIN
(Batman & Robin, 1997)
"O vilão chora... e gelo! Alegórico até não poder mais, uma ofensa ao universo sombrio que os fãs admiram em Batman. Tosco demais!" (Rodrigo Torres de Souza)
"É um trash não intencional que tem como foco pisotear o que havia sobrado de útil em Batman Eternamente. A cena do beijo entre Hera Venenosa e Robin é particularmente horrenda." (Heitor Romero)
"Alguns críticos e veículos de informação têm símbolos que classificam com mais exatidão a falta de qualidade de um filme do que o sistema de estrelas. Por exemplo, o jornal O Globo tem os famosos bonequinhos, sendo que há um deles indo embora do cinema. Mais claro impossível, não? Leonard Maltin, autor de compêndios de críticas, usa o desenho de uma bomba prestes a explodir. Mick Martin e Marsha Porter, também autores de grossos livros de breves críticas, usam o desenho de um peru (a ave, por favor!) para indicar uma porcaria (turkey, em inglês). Não temos isso aqui no Plano Crítico, mas é em momentos como esse que sinto falta de algo mais, digamos, contundente. Acho que já deu para perceber em que direção vai essa crítica, não é mesmo? Mas vamos lá mesmo assim. Batman – O Retorno, de 1992, havia feito um pouco acima de 266 milhões de dólares, contra um orçamento de 80 milhões. Esse valor não satisfez a Warner, que culpou a violência e o tom sombrio do segundo filme de Burton para esse relativo fracasso. Assim, Schumacher foi chamado para dar nova vida à franquia do Homem Morcego. O resultado foi Batman Eternamente, carregado de luzes multicoloridas e personagens histriônicos, que fez belos 336 milhões contra um orçamento de 100 milhões. A conclusão era óbvia: o público queria mais leveza e cores e não aquele visual triste e sombrio de antes. Isso fez com que a Warner colocasse ''Batman & Robin'' em produção acelerada, para ser lançado meros dois anos depois do terceiro filme. E as poucas rédeas impostas ao diretor Joel Schumacher foram retiradas completamente. Assim, o quarto capítulo da franquia ganhou ainda mais cores, personagens e closes nas bundas dos atores, além de vários e salientes bat-mamilos (estranhamente ausentes do uniforme de Batgirl) e bat-protetores de virilha bem avantajados. Como Schumacher não gostou da postura desobediente de Val Kilmer durante as filmagens anteriores, decidiu escalar outro ator para o papel de Batman/Bruce Wayne e George Clooney, então ainda com a carreira em ascensão, entrou em cena. Chris O’Donnell voltou ao papel de Robin/Dick Grayson e Uma Thurman e Arnold Schwarzenegger foram escalados nos papéis dos vilões Hera Venenosa e Senhor Frio. Alicia Silverstone também foi trazida para a família do morcego, como Barbara Wilson, sobrinha do moribundo mordomo Alfred (Michael Gough), para tornar-se Batgirl. Ah, o vilão Bane (Jeep Swenson) também dá as caras como um capataz demente de Hera Venenosa. Mas tudo que há de errado em ''Batman & Robin'' está encapsulado nos seus primeiros 15 minutos. Nesse tempo, os heróis do título partem da batcaverna para impedir que Senhor Frio roube um ridiculamente enorme diamante de um museu de Gotham. Nessa ação de abertura, temos Schwarzenegger falando única e exclusivamente por meio de irritantes frases de duplo sentido com gelo ou frio (Akiva Goldsman é o culpado por isso, novamente). Vemos a dupla dinâmica bater os pés e bat-lâminas de patinação saem de suas botas. Testemunhamos uma partida de hockey no gelo, com direito até aos bastões. Isso sem contar com um sem fim de malabarismos impossíveis, efeitos especiais abaixo do padrão e uma cena de surf aéreo capaz de arrepiar os cabelos dos mais tolerantes críticos de cinema. A pièce de résistance vem mesmo algum tempo depois dessa cena inicial, quando Schumacher e Goldsman nos obrigam a ver o Exterminador do Futuro na cena mais humilhante de sua carreira cinematográfica: ele, careca, pintado com tinta prateada e cheio de purpurina, vestindo um roupão e pantufas de ursos polares, com um charuto na boca, vendo um desenho em stop motion na televisão e fazendo com que seus congelados comparsas cantem em conjunto. A primeira reação é fugir de horror e, a segunda, arrancar os olhos como Édipo ao descobrir que Jocasta era sua mãe. A direção de Schumacher é uma repetição de seu filme anterior, ou seja, uma lição do que não fazer. Edição terrível, fazendo a película parecer uma colcha de retalhos e uso de luz e cores de maneira a invadir os sentidos da pior maneira possível. Isso sem contar com o uso incessante do chamado ângulo holandês, em que a câmera é virada, para dar uma sensação de estranhamento. E o roteiro de Akiva Goldsman também não ajuda, ainda que seja marginalmente superior ao anterior, por apresentar um Senhor Frio atormentado por sua incapacidade de curar sua esposa. Mas mesmo esse aspecto é diluído completamente quando reparamos que, por uma daquelas coincidências que só existem em livros ruins, daqueles vendidos em papel jornal por dois reais nas bancas de jornal, o mordomo Alfred Pennyworth sofre da mesma doença fatal da mulher do Senhor Frio. Qualquer resquício de credibilidade (algo que realmente é difícil de achar) desaparece nesse exato momento. E a presença aleatória de Barbara Wilson (Silverstone, fazendo beicinho) e sua transformação em Batgirl mostram a fraqueza e a incapacidade de se construir personagens interessantes. Ela é uma garota rebelde debaixo do verniz de uma estudante certinha que, absolutamente sem mais nem menos, é uma exímia lutadora, do nível dos super-treinados heróis do título. E mais: sua roupa de Batgirl já estava pronta, esperando por ela, já que Alfred, além de mordomo, é apresentado, aparentemente, como alguém capaz de prever o futuro, só faltando uma bola de cristal, um roupão com estrelas e luas, um chapéu pontudo e uma longa barba. Entre bat-cartões de créditos e efeitos sonoros retirados de desenhos dos Looney Tunes, Batman & Robin não resiste ao mais superficial escrutínio. Só duas lições podem ser tiradas dessa obra George Clooney é um cara perseverante, que, para nossa sorte, não deixou sua carreira ir por água abaixo por causa desse filme e o público não é tão otário como a produtora achava e o filme só fez 238 milhões de dólares, tendo custado 125, o que acabou por enterrar por oito anos a carreira do morcegão que somente seria revivida debaixo da batuta certeira de Christopher Nolan. Ah, um último comentário: não se deixem enganar pela meia estrela que vocês vêem aqui. Esse filme merecia algum dos símbolos do primeiro parágrafo ou, talvez, aquele aviso de lixo tóxico nuclear." (Ritter Fan)
Top 100#12 Cineplayers (Bottom Editores)
Top 200#156 Cineplayers (Bottom Usuários)
Warner Bros
PolyGram Filmed Entertainment
Diretor: Joel Schumacher
154.142 users / 4.343 face
Sountrack Rock = Smashing Pumpkins + The Goo Goo Dolls + Moloko
Check-Ins 93
Date 26/10/2012 Poster - # - DirectorSam LevinsonStarsEllen BarkinEzra MillerEllen BurstynA wedding at her parents' Annapolis estate hurls high-strung Lynn into the center of touchy family dynamics.[Mov 07 IMDB 5,5/10 {Video/@@@@} M/46
BASTIDORES DE UM CASAMENTO
(Another Happy Day, 2011)
{O que você esta fazendo no banheiro? Fazendo os dois. Como em dois-dois, uma forma de se dizer calibre 22. Mas se você tirar um dois, só fica um dois, fazer cocô} (ESKS)
''Existem muitos filmes norteamericanos que são lançados no Brasil direto em home vídeo (DVD/Blu-Ray). Na grande maioria das vezes, eles realmente são filmes desnecessários no cinema. Mas um filme desnecessário no cinema não significa um filme totalmente ruim: apenas razoável e com elementos interessantes. É o caso de “Bastidores de um Casamento” (Another Happy Day), filme do diretor estreante Sam Levinson, com Demi Moore. Inconstante em diversos aspectos, o filme parece apenas usar o nome de Demi Moore para conquistar algum chamariz para o público, já que esta faz um papel pouco importante. “Bastidores de um Casamento” se parece muitas vezes com um filme para TV principalmente por sua fotografia e pelo cenário quase único que exige pouco investimento, mas faz bem em modificar o formato de tela quando mostra cenas filmadas por uma câmera caseira, enquanto usa formato de cinema para as cenas normais. O filme mostra a problemática Lynn (Ellen Barkin) indo à casa de seus pais, onde ocorrerão os preparativos para o casamento de seu filho Dylan, que foi criado pela madrasta. Enquanto isso, Lynn terá que lidar com dificuldades de relacionamento em meio aos outros três filhos cheios de problemas psiquiátricos e parentes quase igualmente perturbados. Sempre em tom de tragicomédia, o filme funciona como um mergulho em meio a personagens exagerados, malucos e que dificilmente seriam encontrados convivendo no mundo real (embora eu não duvide de mais nada ultimamente). Ao contar com diversas cenas cujo único objetivo é traçar o perfil psicológico dos personagens (até mesmo os secundários), o filme se parece com uma minissérie de TV editada em formato de longa metragem, o que resulta em algumas cenas desnecessárias quando se trata do conceito de cinema. A única cena filmada pela “câmera pessoal” que tem serventia é a primeira delas, que o diretor usa para apresentar os personagens e o conflito inicial da trama. Apesar de conter uma quantidade de personagens digna de novela, o filme consegue centrar as ações em Lynn e seu filho viciado Elliott (Ezra Miller) quase que todo o tempo, embora se perca diversas vezes em algumas situações cômicas gratuitas ou eventuais momentos dramáticos pouco explicados, como a tentativa de aproximação entre Paul (ex-marido de Lynn) e sua filha Alice (Kate Bosworth). Entretanto, Levinson mostra sensibilidade ao adotar uma câmera instável e hesitante para demonstrar o desconcerto entre os personagens quando vão conversar. Em alguns momentos, a captação de som das falas de quem está ao longe beira o amadorismo, mas isso não é o suficiente para eliminar por completo a construção dos personagens, que são bem encaixados nas suas situações, apesar de serem quase caricaturais, de tão intensos. Enquanto as atrizes Ellen Barklin (Lynn) e Ellen Burstyn (Doris) vivem intensamente seus dramas, Ezra Miller mostra maturidade ao encarar um personagem alcoólatra e drogado que se torna paradoxal ao ter uma visão ampla da situação da família, ao mesmo tempo em que tem comportamentos absurdamente infantis. E é fácil de prever que um comentário seu vai obviamente acontecer ao final da longa sucessão de chiliques, lágrimas e farpas trocadas. No fim das contas, “Bastidores de um Casamento” (péssima tradução do título) é quase uma novela mexicana condensada, com toques de loucura e alguns elementos curiosos, mas que não deixa de ser divertida." (Daniel Cury)
2011 Sundance
Cineric
Filmula
Mandalay Vision
Michigan Production Studios
New Mexico Media Partners
Prop Blast Films
Taggart Productions
Diretor: Sam Levinson
2.660 users / 751 face
Soundtrack Rock = Nina Simone
Check-Ins 109
Date 08/02/2013 Poster - ##### - DirectorJoe BerlingerStarsJeffrey DonovanStephen Barker TurnerErica LeerhsenA group of tourists arrives in Burkittsville, Maryland after seeing The Blair Witch Project (1999) to explore the mythology and phenomenon, only to come face to face with their own neuroses and possibly the witch herself.[Mov 01 IMDB 3,9/10] {Video/@} M/15
BRUXA DE BLAIR 2 - O LIVRO DAS SOMBRAS
(Book of Shadows: Blair Witch 2, 2000)
Joga no lixo tudo o que o primeiro acertara para contar uma história batida e totalmente apelativa.
"A Bruxa de Blair, 1999. Três estudantes vão para a floresta de Black Hills, nos EUA, filmar um documentário sobre uma lenda local. Algum tempo depois, a gravação que fizeram é encontrada e seu legado tem como nome A Bruxa de Blair, que descreve a agonizante e angustiante viagem dos três jovens por cinco dias na floresta de Black Hills, que terminaria em tragédia com a morte dos três personagens principais do primeiro filme. Imenso sucesso nas bilheterias de todo o mundo e um marco do cinema nos filmes de terror em pleno anos 90, o filme rapidamente se transformou num verdadeiro clássico, uma verdadeira febre mundial. Então, o que estava óbvio se concretizou pouco tempo depois do sucesso do primeiro filme: uma continuação (praga Holliwoodiana) caça-níquel estava por vir. Triste, absurda, horrorosa, desmerecedora, estúpida, pífia, ridícula, previsível, idiota, medíocre e sem graça. Não existem palavras para descreverem o quão desprezível é esta continuação. Aliás, ''A Bruxa de Blair 2 - O Livro das sombras" mostra-nos e é a prova viva ao ponto que chega a ganância por se lucrar com uma continuação sem nexo, cujo filme que o antecedeu fora um verdadeiro sucesso. O enredo, pra variar um pouco, pega carona na onda do primeiro filme. Alguns estudantes da Universidade de Boston, atraídos pelos acontecimentos de três anos atrás (onde foi passado o primeiro filme), resolvem ir a floresta de Black Hills desvendar o que possivelmente poderia ter acontecido com os três jovens que passaram 5 dias na floresta. O filme perde sua originalidade a começar pelo modo de filmagem. Aquele modo simples e amador do primeiro filme simplesmente desapareceu, decepcionando muito dos fãs do primeiro filme. O horror teen fraco toma conta da película. Fiquei surpreendido como Daniel Myrick e Eduardo Sanchez, idealizadores do primeiro filme (roteiristas, diretores que também trabalharam na montagem) tiveram a idéia insana de tocar esse projeto para frente. Na fotografia tivemos uma grande decepção. As tomadas noturnas do primeiro filme nos passavam uma impressão assustadora do local onde a história se passava, ótimas tomadas. Apesar do filme não ser em preto-e-branco, tínhamos todo um condicionamento que nos levava a crer que as tomadas eram realmente em tais condições. No segundo filme o aspecto é deixado de lado. Agora o mais importante e o foco é mostrar adolescentes berrando, levando tudo na farra, transando e enchendo a cara até não poder mais e, claro, correndo. Aliás, por falar neles, se a fotografia foi uma decepção, não acho palavras pra tentar dizer o quão medíocre é o elenco. É muito amadorismo para um grupo só. E o que me espanta é que os produtores ganharam tanto dinheiro com o primeiro filme e nem se deram o trabalho de escolher alguém decente para o papel (ou os papéis) principal (principais). O clima do filme é muito artificial. Você sente que aquilo tudo é papo furado e, o pior, sabe aquela sensação que você tem em filmes ruins, quando a história é apenas um pretexto para ver cenas tais como mortes em demasia, assassinatos misteriosos (se é que podemos chamar desse modo nesta continuação) e sustos nada aterrorizantes? Então... Essa superficialidade toda estraga um filme que já nasceu errado. O som do primeiro filme, que estava lá, sempre presente nos momentos mais assustadores e ajudava em seus momentos de tensão mais fortes, simplesmente é deixado de lado aqui. Música alta, muitos gritos e quando você pensa que já ouviu demais, mais berros a vista... É isso a que se resume o papel desse importante quesito que é o som, que sempre é importante, seja lá qual for o gênero do filme. Concluindo, apenas posso dar a você, caro leitor, um bom conselho: fique longe desse filme, custe o que custar. Esse é um dos piores filmes de Horror Teen que há no mercado... Produções como Glitter – O Brilho de Uma Estrela (de Mariah Carey) chegam a ser obra-prima perto desta fatídica continuação, que foi um verdadeiro horror para os fãs do primeiro filme. Esperamos agora pela Bruxa de Blair 3, que já foi anunciado e deve sair em meados desse ano, isso se não for adiado para 2004. De qualquer forma, vamos ver que bicho vai dar. Só não dou nota 0,0 (zero) a este filme porque Austin Powers em o Homem do Membro de Ouro consegue fazer pior, apesar dos gêneros serem completamente diferentes." (Tony Pugliese)
Top 200#78 Cineplayers (Bottom Usuários)
Artisan Entertainment (presents)
Haxan Films
Director: Joe Berlinger
25.644 users / 762 face
Soudtrack Rock = Marilyn Manson + Queens of the Stone Age + Godhead + Poe + System of a Down + Tony Iommi + Elastica + Rob Zombie + Diamanda Galás + Death In Vegas
Check-Ins 68 34 Metacritic
Date 10/11/2012 Poster - # - DirectorPeter GlenvilleStarsRichard BurtonPeter O'TooleJohn GielgudKing Henry II of England comes to terms with his affection for his close friend and confidant Thomas Becket, who finds his true honor by observing God's divine will rather than the King's.[Mov 08 IMDB 7,9/10 {Video/@@@@} M/68
BECKET - O FAVORITO DO REI
(Becket, 1964)
''Pela primeira vez em mais de 40 anos, as grandes atuações de dois grandes atores de sua geração em um dos melhores filmes de todos os tempos. Peter O'Toole interpreta de forma magistral o rei Henry II, que surpreende a Inglaterra ao nomear seu confidente Thomas Becket (Richard Burton no papel que difundiu sua carreira) como chanceler. Mas quando Henry o indica como o Arcebispo de Canterbury, Becket fica dividido entre o mundo de prazeres de Henry II e o recém descoberto mundo de fé e compaixão. As novas regras iriam destruir essa amada amizade para salvar um reino dividido? John Gielgud co-estrela esse épico baseado numa peça da Broadway, e traz para as telas através de Hal Wallis, o lendário produtor de True Grit e Casablanca." (Filmow)
"Tem a força das grandes peças sobre reis, mas carece de diálogos realmente marcantes (apesar de tê-los, porém em pequena quantidade)." (Alexandre Koball)
37*1965 Oscar / 22*1965 Globo
Top Inglaterra #39
Paramount Pictures
Paramount Film Service
Keep Films
Diretor: Peter Glenville
9.600 users / 1.058 face
Green-Ins 220
Date 23/06/2013 Poster - ########## - DirectorJules DassinStarsBurt LancasterHume CronynCharles BickfordAt a tough penitentiary, prisoner Joe Collins plans to rebel against Captain Munsey, the power-mad chief guard.[Mov 08 IMDB 7,6/10 {Video}
BRUTALIDADE
(Brute Force, 1947)
"Jules Dassin entregava um noir típico, dos poderosos. Não fossem os desinteressantes flashbacks (e também desnecessários) e houvesse um pouco mais de profundidade no grupo principal, seria um filmaço." (Alexandre Koball)
"Tem a marca, forte como a pisada de um elefante, do film noir – e o noir é um estilo de fato fascinante, apaixonante. O noir é (e aí me arvoro a fazer uma definição da minha cabeça) um maravilhoso cruzamento de elementos do expressionismo alemão, os contrastes de luz e escuridão, as sombras, os enquadramentos que fogem ao padrão da horizontalidade, com o mundo sujo, brutal, dos romances policiais americanos dos anos 20 a 40, com seus heróis absolutamente anti-Sherlock Holmes, anti-Hercule Poirot, detetives mal pagos, intuitivos, briguentos, que normalmente não levam a melhor, metidos em casos em geral muito mais complexos e de uma corrupção muito maior do que suas forças podem enfrentar. No imediato pós-guerra, com hordas de pessoas de volta do campo de batalha a uma realidade que não existia mais, zonzas, perdidas, traumatizadas, descrentes, desiludades, o film noir atingiu seu apogeu – e Dassin foi uma figura da maior importância exatamente aí. Com Brutalidade, de 1947, e Cidade Nua, de 1948, ele encantou 12 de cada dez críticos ou cinéfilos de carteirinha. A avaliação de Pauline Kael: O título é apropriado: um filme de prisão de uma força cruel, produzido por Mark Hellinger, escrito por Richard Brooks e dirigido por Jules Dassin. O material, essencialmente velho, foi modernizado (lembrando: Dame Kael escreveu isso nos anos 40) pelo uso de sadismo e artifícios como fazer o chefe dos guardas enlouquecido pelo poder (Hume Cronyn) lembrar um Hitler local. É o tipo de filme muitas vezes chamado de cinema para homens, ou seja, corrido, repleto de ação, pseudo-realista. A avaliação de Georges Sadoul: Carcereiro-chefe sádico (Hume Cronyn) provoca uma rebelião entre os detentos (Burt Lancaster e Charles Bickford, etc) para poder massacrá-los, mas é vítima de sua própria maquinação. Este filme, influenciado pelo cinema europeu, notadamente por Carné, foi o primeiro êxito de Dassin. O roteiro metafórico faz alusões ao nazismo, e pinta o chefe como um fascista americano, digno dos SS. Fotografia em claro-escuro. Burt Lancaster (estreando) impressionou muito. Bem. Com todo respeito pelos mestres da crítica, lembro que na verdade este filme aqui não foi a estréia de Burt Lancaster – ele havia estreado um ano antes, em 1946, em Assassinos/The Killers, um filme produzido pelo mesmo Mark Hellinger deste aqui e dirigido por outro grande do film noir, Robert Siodmak. Ouso também dizer que, se por um lado Burt Lancaster impressiona, com seu rosto fortíssimo e seu físico de homem do circo, do qual havia saído para o cinema, seu talento interpretativo não chegava ainda a ser maior que o de uma formiga. A rigor (ainda mais revisto hoje, tanto tempo depois), o grande Burt, por quem Visconti curtiu imensa paixão (cinematograficamente falando, ao menos), neste filme aqui não passa de um canastrão, um horroroso careteiro. Também discordo dos alfarrábios quando eles dizem que o chefe dos guardas, o tal Capitão Munsey, interpretado por Hume Cronyn, é quem provoca a rebelião. Não é isso que o filme mostra. Sim, de fato o Capitão Munsey é um sádico absoluto, uma figurinha que de fato lembra Hitler – mas não é ele que provoca a rebelião. Como diz um dos personagens, qualquer preso quer sempre tentar fugir – basta estar preso para querer fugir. E o fato é que aqueles presos mostrados por Dassin não são, absolutamente, nenhuma flor que se cheire. OK: não há nenhum assassino em série, nenhum estuprador ali. Mas são ladrões, falsários, bandidos; e formam gangues dentro da prisão, e matam. Não sou, evidentemente, defensor da tese de que criminoso tem que ser morto, mal tratado ou submetido a trabalhos forçados, e é óbvio que prisão tem que ser uma coisa digna, jamais sub-humana – de preferência, tem que tentar reformar, oferecer segunda chance. Mas também não simpatizo com a tese (onipresente, por exemplo, nas canções folk de língua inglesa, e em muitos filmes franceses e americanos) de que todo preso e/ou bandido é bom, injustiçado, tadinho. E, vamos e venhamos, o assaltante interpretado por Burt Lancaster, envolvido com assassinatos de informantes dos guardas do presídio, não é propriamente um personagem angelical. Nem dá para simpatizar com o sujeito que deu golpe na empresa em que trabalhava para poder comprar um casaco de pele para a mulher, que, sem tal mimo, ameaçava abandoná-lo (a personagem da mulher do cara é interpretada por Ella Raines, atriz belíssima, que trabalhou em muitos noirs dos anos 40). O que acaba ficando como moral da história, na verdade, é a essência do noir: não tem jeito, não tem escapatória, a sociedade que criamos não tem saída, é tudo uma grande merda. Os sujeitos de uniforme que são colocados para guardar os bandidos não são melhores do que eles – e podem ser até muito piores. O diretor do presídio até que não é uma má pessoa – mas é tíbia, fraca. Só escapa o médico; só ele é bom e vê o mundo de forma lúcida, por detrás da quantidade absurda de cachaça que toma para enfrentar tanta sujeira. Eu, particularmente, cético esperançoso, crente agnóstico, não tenho especial prazer com essa visão de mundo. E, tentando botar os pés no chão depois de tanta filosofada, acho que o filme de Dassin envelheceu, perdeu o viço – ficou datado. Até mesmo a trilha sonora do mestre Miklós Rozsa soa hoje grandiloqüente, paquidérmica demais. E aquele esquema dos flashbacks quando os presos olham para a figura de uma mulher numa folhinha, pelamordedeus, que coisa mais datada. A seqüência em flashback de Burt Lancaster indo visitar o grande amor antes de um assalto (e o espectador pensa: mas, Cacilda, já vimos os flashbacks do grande amor de todos os sujeitos da cela, quando é que virá o flashback do grande amor do protagonista?) é de um ridículo atroz. Mas péra lá. Isso é só minha opiniãozinha particular, única e exclusiva: 239 mil críticos de cinema adoram Dassin, adoram Brutalidade. Quem não viu deveria ver." (50 Anos de Filme)
"Este clássico dos filmes de prisão, muito copiado e influente, foi apenas o segundo trabalho de Burt Lancaster (1913-94), já estabelecendo seu estrelato após Os Assassinos (The Killers, 1946) em uma grande atuação num tipo de papel que depois seria constante em sua carreira, onde fala pouco e transmite tudo pela expressão corporal e do rosto. Com roteiro de primeira linha do depois também diretor Richard Brooks (A Sangue Frio, Gata Em Teto de Zinco Quente), mostra a realidade violenta e brutal (que demandou longas negociações com a censura) de um presídio onde um grupo de presos, liderados por Lancaster, planeja uma fuga. O grupo inclui, em atuações impecáveis, várias faces conhecidas, sempre como coadjuvantes. A direção segura de Jules Dassin, que pouco depois seria banido de Hollywood pela cruzada anti-comunista do Macarthismo, dá o tom exato de desesperança e valoriza as muitas idéias interessantes: o preso negro que cantarola rimas como um coro grego, os delatores, as celas apinhadas e claustrofóbicas, o calendário velho com o rosto de uma moça (que, sintomaticamente, parece estar morta) que serve para lembrar aos membros do grupo o porquê de estarem ali, sempre mulheres (dando abertura para flashbacks que nos mostram que não são totalmente maus ou criminosos). E em especial o capitão sádico que espanca os presos ao som de Wagner feito pelo baixinho Hume Cronyn . As mulheres aparecem em cenas curtas embora sejam todas estrelas do estúdio na época. O verdadeiro autor do filme é o produtor, antigo jornalista Mark Hellinger que brigava sempre por realismo em suas fitas, como Assassinos e "Cidade Nua" (ele morreu de enfarte logo depois deste). O filme envelheceu muito bem e merece ser redescoberto." (Rubens Ewald Filho)
"O ano de realização de "Brutalidade" diz muito sobre o filme: 1947. Estamos logo depois da guerra, o cinema americano amadurece rapidamente e pode se dispor a tratar com maior ênfase social do fenômeno penitenciário, que já produzira um subgênero do filme policial. Estamos também antes de começar a "caça às bruxas", isto é, a tenebrosa perseguição que, a pretexto de combater o comunismo, atingiu mais efetivamente os liberais e os adeptos do New Deal. Ou seja, estamos nesse breve intervalo em que certas questões podiam ser colocadas impunemente, como o uso da força bruta contra presidiários como forma de controle (Força Bruta, aliás, seria um título mais apropriado ao caso). O didatismo, uma marca do pensamento de esquerda nos EUA, é patente no roteiro de Richard Brooks. Pode-se observá-lo como positivo ou não -à vontade do freguês. O importante, no caso, é que ele dá o tom ao filme, já que lá se encontram representados a direita brucutu, na pessoa do capitão Munsey (Hume Cronyn) e a esquerda lúcida e impotente, na pessoa do médico do presídio de Westgate. Entre eles, ao centro, o indeciso diretor da prisão. Os três gravitam em torno de Joe Collins (Burt Lancaster), o prisioneiro rebelde que organiza uma fuga e um motim. Para quem achar, em nome da arte, que tudo isso soa um tanto esquemático, vale lembrar um pouco acontecimentos recentes nas prisões paulistas: não há tantas formas assim de as relações degringolarem nas cadeias. De 1947, nos EUA, a 2006, no Brasil, as coisas são, em linhas gerais, as mesmas. Não vem ao caso, aqui, falar de esquematismo, mas de franqueza. E quem ficar em dúvida que observe a antológica cena de tortura criada por Dassin, acentuada pelas alusões nazistas da trilha de Miklós Rosa. Se tivesse sido feito um ou dois anos depois, "Brutalidade" já teria enfrentado, provavelmente, problemas com o macartismo e precisaria recorrer aos subentendidos para expor seu pensamento: é sua clara franqueza que faz dele um representante mais que digno desse momento fugaz, mas muito rico, do cinema americano." (* Inácio Araujo *)
Mark Hellinger Productions
Universal International Pictures (UI)
Diretor: Jules Dassin
4.967 users / 267 face
Check-Ins 261
Date 02/08/2013 Poster - ####### - DirectorOlivier MegatonStarsLiam NeesonFamke JanssenMaggie GraceIn Istanbul, retired CIA operative Bryan Mills and his wife are taken hostage by the father of a kidnapper Mills killed while rescuing his daughter.[Mov 06 IMDB 6,2/10 {Video/@@} M/45
BUSCA IMPLACÁVEL 2
(Taken 2, 2012)
"Sem o ritmo ágil do primeiro (apesar do excesso de correria enganar), Taken 2 sequer possui um bom argumento (as famílias dos bandidos mortos no primeiro filme desejam vingança) e a incursão de Maggie Grace como "par" tira a força de Liam Neeson." (Alexandre Koball)
"Neeson segue mandando bem como herói de ação, mas o filme é bobo demais e o roteiro extremamente raso. Para piorar, as cenas de ação são incompreensíveis, filmadas com excesso absurdo de cortes. Mais do mesmo - só que um pouco pior." (Silvio Pilau)
"Desnecessário. Desculpa óbvia para forçar uma trilogia e dar créditos para Liam Neeson. A relação com o filme anterior é clara, mas rasteira, sem personalidade e graça. Funciona como ação e emplaca maneirismos em cenas de perseguição e luta, mal filmadas." (Marcelo Leme)
"O primeiro não era lá essas coisas. Bryan Mills (Liam Neeson), um ex-espião americano, tinha a filha sequestrada em Paris por um grupo de albaneses ligado ao tráfico sexual de mulheres. Ato-contínuo, usava de suas super-habilidades (num misto de Jason Bourne e McGiver) para revirar a capital francesa de pernas por ar e descobrir o paradeiro da jovem. No caminho, um rastro de corpos de vilões estereotipados e ruins de pontaria que chegavam a dar dó. Este era o frágil enredo criado pela dupla Luc Besson e Robert Mark Kamen para Busca Implacável, lançado em 2008 sob a direção de Pierre Morel (do ruim Dupla Implacável). Para segurar a atenção do público e compensar o roteiro vacilante, restava ao filme o ritmo frenético de ação ininterrupta e Neeson no papel principal, um ator capaz de carregar de autenticidade até mesmo um personagem mal elaborado e fútil como o obsessivo e durão Bryan Mills. Os bons números nas bilheterias servem de justificativa para esta sequência, e apenas eles. Busca Implacável custou pouco mais de US$ 25 milhões e arrecadou US$ 227 milhões ao redor do mundo. O êxito fez Besson apostar nesta continuação, também roteirizada por ele e Kamen, mas agora dirigida por Olivier Megaton (Em Busca de Vingança). O resultado: um filme que não só repete os erros do primeiro, mas os galvaniza a ponto de quase se transformar numa sátira aos filmes do gênero. Quase, porque Busca Implacável 2 se leva a sério. Pior: quer que você o leve também. A descrição de uma sequência talvez dê boa mostra do que esperar do longa. Nela, Bryan está algemado a uma tubulação de aço fixa ao chão e à parede. O vilão (Rade Serbedzija, de Missão Impossível 2) que o prendeu ali chega trazendo sua ex-mulher Leonore (Famke Janssen, a Jean Grey da franquia X-Men). Antes de matar Bryan, quer que ele assista à morte da mãe de sua filha. Ele poderia dar um tiro nela, cortar sua garganta, afogá-la, mas resolve matá-la de uma maneira mirabolante, complicada e demorada. Naturalmente, não fica no local para ver os últimos momentos da vítima. O que vem adiante, claro, não precisa ser contado. Murad Krasniqi é o vilão trapalhão, pai do bandido que sequestrou a filha de Bryan no primeiro filme. Ele quer vingar a morte do filho e, para isso, junta uma trupe de bandidos mal encarados (e ruins de pontaria como no primeiro filme) para sequestrar o algoz de seu filho, sua ex-mulher e filha, que estão em Istambul onde Bryan foi realizar um trabalho. Segue-se então um corre-corre frenético pelas ruas da cidade turca com direito a momentos, no mínimo, hilários de tão inverossímeis, como quando a filha de Bryan tenta localizar o cativeiro do pai explodindo granadas a esmo por Istambul. O filme poderia se chamar Busca Implacável ao Quadrado em vez de ''Busca Implacável 2'': mais inverossímil, mais exagerado e mais supérfluo. Adições que o tornam inferior ao antecessor, que como disse no início deste texto, já não era lá essas coisas." (Roberto Guerra)
Mesmo filme, com mais estilo.
"O roteiro de ''Busca Implacável 2'', por Robert Mark Kamen e o próprio Besson, pega emprestada uma ideia da série Duro de Matar, a da vingança pela morte da família como motivação do antagonista, e a simplifica. No primeiro filme, Bryan Mills (Liam Neeson) passa feito uma máquina de matar pelos sequestradores de sua filha (Maggie Grace). Aqui, as famílias desses criminosos assassinados, moradores de uma cidadezinha na Albânia e liderados por Murad (Rade Sherbedgia), se reúnem para levar à sua própria justiça distorcida o ex-agente e sua própria família, incluindo a ex-esposa (Famke Janssen). Ao manter o grupo criminoso, o filme consegue esquivar-se de um problema frequente das continuações, o exagero de recolocar as vítimas na mesma situação que se encontraram anteriormente. Preservada a suspensão de descrença, Busca Implacável 2 pode concentrar-se no que faz melhor: mostrar Liam Neeson em ação. E Megaton tem mais estilo que Morel nesse quesito. Com as firulas, perde-se um pouco do realismo do primeiro, mas ganha-se em adrenalina (o que não é necessariamente positivo). Ambientado em Istambul, na Turquia, cenário relativamente "virgem" nas telonas em longas contemporâneos, o filme tem uma inversão interessante na primeira metade: como os sequestradores falharam em capturar a filha, é ela - auxiliada pelo pai através de um celular escondido - quem tem a missão de resgatá-los. Os recursos do engenhoso Bryan Mills (há uma cena envolvendo granadas, cadarços e um mapa que deixaria MacGyver com inveja) dão o charme inicial e distanciam este do original, mas a segunda metade é parecida demais como o primeiro para efetivamente entregar algo novo. Ao final, ''Busca Implacável 2'' é uma repetição do primeiro, um entretenimento razoável, para quem conseguir desconsiderar a xenofobia da trama criada por Besson, o mais estadunidense dos franceses." (Erico Borgo)
EuropaCorp
Grive Productions
Canal+
M6 Films
Ciné+
Diretor: Olivier Megaton
165.384 users / 63.281 face
Soundtrack Rock = The Chromatics
Check-Ins 346
Date 02/10/2013 Poster - ### - DirectorRon HowardStarsKurt RussellWilliam BaldwinRobert De NiroTwo feuding siblings carrying on a heroic family tradition as Chicago firefighters. But when a puzzling series of arson attacks is reported, they are forced to set aside their differences to solve the mystery surrounding these crimes.[Mov 05 IMDB 6,6/10 {Video/@@@} M/38
BACKDRAFT - CORTINA DE FOGO
(Backdraft, 1991)
''Chicago, 1971. Quando criança, Brian McCafferty (William Baldwin) viu seu pai, bombeiro, perder a vida no cumprimento do dever. Vinte anos depois ele passa a integrar o corpo de bombeiros, juntando-se ao irmão mais velho, Stephen (Kurt Russell). Os dois o tempo todo e Brian vai trabalhar com Donald Rimgale (Robert De Niro) na investigação de uma cortina de fogo que pode ter motivações políticas.'' (Filmow)
"Aquele tipo de filme que se entucha com um elenco de peso para cobrir sua história sem graça. Típico de Ron Howard." (Heitor Romero)
64*1992 Oscar
Imagine Films Entertainment (presents) (as Imagine Entertainment)
Trilogy Entertainment Group
Diretor: Ron Howard
50.954 users / 1.842 face
Soundtrack Rock = Bruce Hornsby & The Range + Los Lobos + Cream + Martha & The Vandellas + The Smithereens + The Drovers
Check-Ins 348
Date 02/10/2013 Poster - # - DirectorPeter BergStarsAlexander SkarsgårdBrooklyn DeckerLiam NeesonA fleet of ships is forced to do battle with an armada of unknown origins in order to discover and thwart their destructive goals.[Mov 04 IMDB 5,8/10 {Video/@@@} M/41
BATLLESHIP: A BATALHA DOS MARES
(Battleship, 2012)
"Rihanna interpretando um espantalho, efeitos de segunda categoria, cenas baseadas em outros jogos/filmes. O visual das naves alienígenas é bacana, e a ação é movimentada, mas só." (Alexandre Koball)
"Apesar de AC/DC, a trilha, persistente e ensurdecedora, é um erro tão notável quanto o roteiro oco/tosco que pretende maquiar. Quando sua inspiração no jogo Batalha Naval fica mais óbvia, a melhora no ritmo surpreende, mas não salva o blockbuster, bobo." (Rodrigo Torres de Souza)
Batalha Naval no Pacífico.
''Imagino os responsáveis numa sala discutindo qual seria a desculpa para adaptarem o jogo Batalha Naval para um longa de grande repercussão. Várias idéias absurdas devem ter sido cogitadas, entre elas a selecionada. Não se pode culpá-los: a proposta é difícil; um desafio. A decidida, por sua vez, aparece num ato em que, sem radares, os tripulantes de um navio ouvem atentamente as coordenadas do Capitão Yugi Nagata (Tadanobu Asano), por causa de sua habilidade em localizar coisas sem radares: daí um imenso tabuleiro surge em sua frente e tem início a batalha naval, ignorando completamente algumas noções como, por exemplo, a desculpa dos alienígenas não conseguirem rastreá-los. Soma-se a isso a explicação estapafúrdia sobre como um dos personagens diagnosticou o que é nocivo aos alienígenas graças a uma experiência com um réptil. São pequenas coisas que passam batido, mas convenhamos que, no geral, ''Battleship - A Batalha dos Mares'' traz demasiada subestimação à inteligência do espectador. A narrativa não procura maiores explicações sobre o ataque, ela dá a razão e entendemos. Isso parece bastar. Tudo surgiu da mera desculpa da adaptação e traduziu-se o jogo ao modelo mais convencional possível. Têm-se a garota bonita que aflora os hormônios masculinos vivida por Brooklyn Decker, e seu pai, o Almirante Shane (Liam Neeson), carrancudo e imponente, pouco acrescentando a trama, a não ser por fazer vista grossa para os pretendentes da moça. Há também o modelo perfeito de honra e hombridade, o irmão do protagonista, interpretado pelo sueco Alexander Skarsgård (o vampiro Eric de True Blood). Outra que merece menção é a dona dos diálogos mais imemoráveis, a personagem de Rihanna, esta que estreia nas telonas com sua durona Cora Raikes. O entretenimento barato é cumprido e nada mais é feito. O cartão de visita da obra segue o que o cinema popular demanda: ação e humor. É a formula para apresentar o protagonista, o rebelde típico gênio indomável Alex Hopper (Taylor Kitsch, que interpretou recentemente o aventureiro John Carter), e que deve ganhar a afeição do público. A cena em que o conhecemos é mesmo cômica, mas o filme inteiro procura alívio no humor o tempo todo, basicamente como uma versão marítima de Transformers, dado que também trabalha com vilões extraterrestres dotando de um arsenal rico e naves colossais. O roteiro ficou a cargo dos irmãos Erich Hoeber e Jon Hoeber, que escreveram Terror na Antártida (Whiteout, 2009) e Red - Aposentados e Perigosos (Red, 2010). A preocupação destes é direcionar as cenas a combates, sem desperdiçar tempo com qualquer enrolação dramática – perdas são sentidas em ligeiros suspiros –, utilizando de frases de efeito e gestos de heroísmo, bem como redenção e compaixão. Não são poucos os momentos em que breves palavras motivam os combates no meio do Oceano Pacífico, entre elas, o não hoje martela na cabeça do público crente quanto à competência de seus protagonistas em defesa do mundo pelas mãos, dessa vez, de americanos e japoneses. Pearl Harbor vêm a memória. Com a humanidade em perigo pela enésima vez, Hollywood celebra mais um ataque e quem dirige o show caótico aqui é Peter Berg, que tem em mãos uma produção magnânima. Os efeitos especiais são irrepreensíveis, com destruições e explosões convincentes e desmedidas, o que hoje não surpreende mais devido às incontáveis estreias que utilizam desse atributo no circuito. O som é significativo na produção, é possível ouvir as ondas chocando-se aos navios durante a guerra. Juntamente a esses aspectos técnicos, o que há de melhor em Battleship é a a trilha sonora. O filme todo é embalado por bandas como Stone Temple Pilots, Creedence e AC/DC, o que potencializa algumas cenas. Barulhento e longo, longo demais para tratar tão pouco, Battleship é mais um expoente da ficção recente que nada diz. Presume-se sucesso de bilheteria e exaltação pela ousadia de sua adaptação. Hollywood tenta de tudo, e os alienígenas, ao que parece, continuarão sendo os nossos melhores vilões e ainda incapazes de nos enfrentar. Otimismo estadunidense? Enganar-se é um talento do ser humano. E com esse talento produções assim são lançadas para o espectador ver, não pensar e ir embora satisfeito." (Marcelo Leme)
Guerra politicamente correta.
''Não havia ideia mais bizarra que a de transformar um jogo que é quase um bingo temático de guerra, o Battleship (mais conhecido por aqui como Batalha Naval), em longa-metragem hollywoodiano. Prova incontestável da capacidade dos roteiristas dos EUA de adaptarem qualquer coisa como filme (seleção natural da Meca do cinema nestes tempos da quadrifeta remake - sequência - adaptação - reboot), ''Battleship - A Batalha dos Mares'' não apenas consegue ser uma diversão decente como também traz ideias inteligentes, especialmente sobre como usar um dos temas favoritos dos estadunidenses - o binômio guerra e patrotismo - de maneira amigável ao mercado internacional, hoje importantíssimo para a sobrevivência de Hollywood. Na trama, a NASA descobre um planeta capaz de sustentar vida, já que tem massa e distância a um sol semelhantes às da Terra. Envia então ao espaço um sinal, disparado a partir de uma instalação no Havaí, lançado para dizer que estamos aqui. Anos depois, a resposta chega na forma de uma frota enviada para nos exterminar. Mas os aliens escolheram uma má hora para nos infernizar: a instalação fica justamente ao lado de uma das mais famosas bases navais do mundo, Pearl Harbor, que está abrigando um encontro internacional de Marinhas para exercícios de guerra. A escolha de Pearl Harbor não é por acaso. A base, cujo ataque em 7 de dezembro de 1941 pelos japoneses "viverá na infâmia", carrega meio-século de rancor. Assim, quer maneira melhor de açucarar o coração do público internacional, que torce o nariz para patriotadas made in USA, do que colocar ombro a ombro, ali nesse palco tão difícil, um capitão ianque (Taylor Kitsch) e um oficial japonês (Tadanobu Asano, para o desgosto imortal de Franklin Delano Roosevelt), como linha de frente no combate a alienígenas? Com os combatentes posicionados, começa a partida - e um campo-de-força literalmente transforma um pedaço do Havaí e Pearl Harbor em um tabuleiro gigante. Ninguém entra, ninguém sai, e as estratégias começam a ser formar. Essa é a parte bacana de Battleship: o confronto inteligente, de parcos recursos contra um oponente insuperável, em cenas de ação grandiosas. Nem tudo é perfeito, porém. A necessidade dos alívios cômicos (me pergunto se em guerras de verdade alguém tem estômago para piadas) surge na forma de um núcleo paralelo formado pela namorada do personagem de Kitsch, uma fisioterapeuta (Brooklin Decker), que se junta a um ex-soldado amputado (Gregory D. Gadson) e um cientista nerd (Hamish Linklater) para enfrentar os aliens em outro terreno. Diálogos muito ruins e pose em excesso tornam essas cenas parecidas demais com o que há de pior em Transformers (Decker é a Megan Fox da vez). A previsibilidade é outro problema. Há personagens que são apresentados no começo, para justificar seu uso no clímax, que chegam sem qualquer surpresa. Pelo menos isso acontece ao som de AC/DC - o que torna qualquer coisa melhor. Falta o que fazer também a Rihanna (que só aparece para fazer cara de durona e soltar frases de efeito, limitação gerada por este ser seu primeiro papel como atriz) e Liam Neeson, que tem utilidade no começo e no fim, mas desaparece completamente durante o jogo. A lógica alienígena, se analisada com mais critério, também desmorona, tornando este um dos filmes mais curiosamente divertidos, mas que não sobrevivem a qualquer escrutínio, do cinema recente. Muito mais interessante é como o filme é, ao final, uma celebração guerreira do analógico, do velho e do supostamente inútil, substituído em detrimento do digital, do moderno. Ironia máxima em um filme em que a computação gráfica e os efeitos especiais imperam (nem Taylor Kitsch é ele mesmo na cena do pênalti!). Com o rumo que o desfecho toma, não há como não querer colocar um disco na vitrola para ouvi-lo ao lado do seu avô. O analógico oficialmente agora integra o mundo do politicamente correto." (Erico Borgo)
''Existem duas maneiras de prender a atenção dos espectadores numa sessão de cinema por duas horas. Ou se segue o método tradicional, meio fora de moda hoje em dia, de contar uma boa história com personagens interessantes, ou se faz muito barulho. Neste último caso, conta-se com a mãozinha providencial dos modernos sistemas de som dos multiplexes. Battleship – A Batalha dos Mares se enquadra neste último caso: uma bobagem repleta de clichês e diálogos tolos que mantém seus sentidos entorpecidos à força de muita reverberação. Não dava para esperar coisa melhor. A produção é dirigida por Peter Berg, o mesmo diretor de obras relevantes como Hancock, Bem-Vindo à Selva e O Reino. Se não bastasse, o marketing do filme o anuncia como a nova empreitada dos produtores de Transformers, como se isso fosse motivo de orgulho. Não à toa A Batalha dos Mares é o que é: uma perda de tempo sem nada a acrescentar. A trama, ou a falta dela, fala de uns alienígenas que resolvem responder a uma mensagem humana enviada ao espaço com fogo. Chegam à Terra botando para quebrar, com o objetivo de assumir o controle e nos despejar do planeta. Para salvar o mundo do seu fatídico fim, o arremedo de roteiro de Erich e Jon Hoeber empurra goela abaixo do público uma série de personagem tão rasos e tolos que fica difícil de acreditar que seremos salvos por eles. Neste quesito quem se destaca é o mocinho da história, o tenente Hopper (Taylor Kitsch, de John Carter). Na verdade, até agora não sei qual é sua patente de fato. Num determinado momento do filme é primeiro-tenente, em outro é capitão de corveta, ou seja, duas patentes acima. Mas nem vou me ater aos furos que o filme dá nesta área militar porque daria para encher uma página. Para se ter uma ideia, por exemplo, o navio do herói é um contratorpedeiro, embarcação militar guarnecida por uns quinhentos homens em média. No filme parece que a tripulação não tem mais de 20 militares de tão mal feita que é a ambientação. Como o longa segue à risca a cartilha dos lugares-comuns e estereótipos, temos como o alvo romântico do tenente-capitão Hopper a modelo Brooklyn Decker, de beleza inversamente proporcional a seu talento de atriz. E olha que a mulher é, de fato, muito bonita. Ela é a filha do almirante Shane, interpretado por Liam Neeson, que não sei responder o que faz nesse filme. A cena na qual o casal se conhece, que abre o longa, é talvez a coisa mais constrangedora e nosense que vi nas telas nos últimos anos. Tenho de admitir que o filme me fez rir algumas vezes, mas não exatamente nos momentos em que tentou ser engraçado. A risada veio com alguns diálogos surreais e lamentáveis. Como não rir quando o mocinho, diante do ataque alienígena que já afundou duas embarcações da Marinha, matou seu irmão e está prestes a fazer repousar no fundo do mar seu próprio navio, diz: “Estou com um mau pressentimento”. Hã? Não falta nem aquele clichê batido dos dois militares na iminência de uma ação suicida: Foi uma honra lutar com você. A cantora Rihanna faz uma ponta no longa como uma sargento, mas nem dá para avaliá-la porque pouco faz ou tem a dizer. Os efeitos especiais são muito bons, como de hábito, mas não capazes de disfarçar a história sem estofo. Deve agradar o público adolescente acostumado a ouvir seus ipods no volume máximo, mas dificilmente convencerá um público mais adulto que já anda de saco cheio de ver mais do mesmo." (Roberto Guerra)
Universal Pictures
Hasbro
Bluegrass Films
Film 44
Diretor: Peter Berg
148.109 users / 42.386 face
Soundtrack Rock = Stone Temple Pilots + Billy Squier + The Black Keys + Citizen Cope + Dropkick Murphys + AC/DC + Band of Horses + Creedence Clearwater Revival + Tom Morello + ZZ Top
Check-Ins 370
Date 03/12/2013 Poster - ## - DirectorRichard LinklaterStarsEllar ColtranePatricia ArquetteEthan HawkeThe life of Mason, from early childhood to his arrival at college.[Mov 07 IMDB 7,9/10] {Video/@@@@} M/100
Boyhood - DA INFÂNCIA A JUVENTUDE
(Boyhood, 2014)
TAG RICHARD LINKLATER
{simpático}Sinopse
''Filmado ao longo de 12 anos, “Boyhood - Da Infância à Juventude” conta a história de um casal de pais divorciados (Ethan Hawke e Patricia Arquette) que tenta criar seu filho Mason (Ellar Coltrane). A narrativa percorre a vida do menino durante um período de doze anos, da infância à juventude, e analisa sua relação com os pais conforme ele vai amadurecendo.''
"Ao tentar emular a vida ordinária no Cinema, Linklater acaba cedendo a convenções e clichês da sétima arte, o que parece ser uma contradição. Ainda assim, excetuando-se partes excessivamente amadoras, os textos são muito agradáveis." (Alexandre Koball)
"Cinema sobre sua essência, representação da vida, suas idas e vindas, erros e acertos. Um dos projetos mais ambiciosos dos últimos anos - e um dos mais eficientes também. Para ser lembrado, por qualquer prisma que se veja, daqui a vários e vários anos." (Rodrigo Cunha)
"A metodologia de filmagem de Linklater, pelo seu arrojo e ineditismo, tende a engolir o próprio filme. Por isso mesmo, a obra deve ser vista pelo que de fato é - um incrível épico sobre a vida em família. "Boyhood" é o "Nashville" da sua geração." (Régis Trigo
"Depois de sua trilogia com o casal Jesse e Celine, Linklater se firmou como um doce observador e artesão do tempo, e agora é natural seu novo filme vir como uma progressão a esse tema. Boyhood é vida real tornada singela, pura e terna pela ficção. Lindo!" (Heitor Romero)
"A infância. Os aprendizados. A escola. A família. Os amigos. As descobertas. O crescimento. As desilusões. As dores. As alegrias. Os erros. Os acertos. A independência. O simples. O importante. O tempo. A vida, pura e simples." (Silvio Pilau)
"O roteiro se vale dos divisores comuns da juventude e usa personagens-coringa para retratar certas fases. Mas o que vale destacar é como o elenco está ótimo, como a trilha é fantástica, como a montagem é bem feita e como Linklater é preciso na direção" (Pedro Costa De Biasi)
"Linklater continua moldando o tempo através do efêmero, dessa vez sob a ótica da análise comportamental mais emocional que racional. Mesmo que comente um pouco demais a própria estrutura, um ótimo filme." (Gabriel Papaléo)
"É sobre a vida, sobre a família, sobre os pequenos momentos, sobre os aprendizados, sobre as expectativas, sobre as realizações, sobre a magnitude do tempo em cima de nossa existência. É o épico de Linklater sobre a auto-descoberta de todos nós." (Rafael W. Oliveira)
"É notória a habilidade do Linklater em agigantar essas histórias juvenis e pequenas através de um trabalho que não é pautado pela simplicidade, mas pela potência de cada um de seus objetos." (Guilherme Bakunin
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''Boyhood - Da Infância à Juventude'' é um desses projetos de longo prazo de Richard Linklater que lhe conferem prestígio (por deixar o aspecto comercial em segundo plano), mas implicam certo risco. Pode dar certo em alguns casos, como na trilogia que acompanhou por 20 anos as relações amorosas entre Ethan Hawke e Julie Delpy. Aqui, a ideia era acompanhar uma criança dos cinco aos 18 anos. Não é problemático que fosse um filme de atores e não um documentário. Mais problemático é que o interesse no desenvolvimento do menino é menos que flutuante. O que não impediu o filme de ter sido favorito ao Oscar deste ano.'' (* Inácio Araujo *)
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''Filmado ao longo de 12 anos com os mesmos atores, longa ganhou prêmio de melhor direção no Festival de Berlim. A proeza de filmar um elenco ao longo de 12 anos pode ser considerada a maior qualidade de "Boyhood - Da Infância à Juventude". O trabalho, que valeu o prêmio de direção a Richard Linklater no último Festival de Berlim, usa esse esforço de autenticidade para ir muito mais longe do que aparentam as imagens e peripécias de seu enredo prosaico. Mamãe, Papai, Samantha e Mason compõem uma família típica. Olivia (Patricia Arquette) cuida sozinha das crianças. Mason (Ethan Hawke), o pai, foi embora, mas reaparece de tempos em tempos para passar tardes agradáveis com as crianças. Os filhos Mason (Ellar Coltrane) e Samantha (Lorelei Linklater, filha do diretor) crescem em meio a distúrbios afetivos, violências de um padrasto alcoólatra e mudanças de casas, cidades e escolas. Nada disso, porém, faz deles crianças-problema. As disputas entre irmãos, o despertar sexual, o bullying, as primeiras bebedeiras, a chatice das ordens paternas, a rebeldia calculada junto à falta de noção da adolescência são filmados do modo mais banal possível, o que reitera a trivialidade dessas experiências. Como na trilogia Antes do Amanhecer, Antes do Pôr do Sol e Antes da Meia-Noite, lançada entre 1995 e 2013, o que mais interessa a Linklater é a captura do tempo, algo impalpável e implacável. Mesmo que a trilha musical matadora e os fatos do contexto remetam ao passado, o filme dirige-se a nós, contemporâneos, que tentamos abolir as demais dimensões da experiência para viver uma espécie de aqui e agora perpétuos. Mas não se trata de provocar a nostalgia, por meio do crescimento de um garoto que testemunha as mudanças históricas e culturais, como na série Anos Incríveis, da década de 1980. A memória tem pouco lugar na narrativa. Boyhood insiste em restituir o dado essencial da existência: o devir. O vir a ser se confunde com o fluxo da vida, que move a narrativa e ganha corpo nas mudanças físicas de Mason, em vez de se dissipar na forma dramática tradicional dos atos e viradas. Assim, a percepção dos ciclos e das repetições brotam quase espontaneamente, oferecendo a oportunidade de contemplar uma aprendizagem que, mesmo simples, não deixa de ser espetacular." (Cassio Starling Carlos)
***
"A esta altura, todo mundo já ao menos ouviu falar da odisseia que foi produzir Boyhood com o mesmo elenco ao longo de 12 anos e da esnobada que este filme levou no último Oscar. Convenhamos: a proposta não é assim inédita e já havia sido empregada em documentários como os da série Seven Up, do britânico Michael Apted. A qualidade de Boyhood está menos no objetivo ousado de Richard Linklater e mais nos pequenos detalhes do longa. Como em seus outros filmes (Antes do Amanhecer, etc.), não há aqui nenhuma reviravolta: a trama segue a vida de um garoto dos seis aos 18 anos. O encanto está mesmo no corriqueiro: a mãe que desaba no choro quando o filho sai de casa, o pé na bunda que ele leva da namorada, o padrasto truculento - coisas que não são exclusivas de um garoto de subúrbio americano." (Thales de Menezes)
''Boyhood - Da Infância à Juventude'', o novo filme de Richard Linklater, na verdade não é tão novo assim. O diretor passou os últimos 12 anos acompanhando a vida do menino Ellar Coltrane - que interpreta o personagem Mason no filme - dos cinco aos 18 anos, da escola até a admissão na faculdade. Em 164 minutos, Boyhood fala de infância, juventude, casamento, divórcio, fala do medo do futuro e das coisas da vida de forma tão comovente que o espectador nem vê o tempo passar. Depois de sua premiére mundial em Sundance, o filme teve a sua primeira exibição no Festival de Berlim, ontem, e foi ovacionado como num show de rock. Não supreenderá se Linklater sair da competição com o Urso de Ouro de melhor filme. Por conta de seu processo atípico de filmagem - que já foi usado em outros filmes, como o recente Irmãs Jamais, de Marco Bellocchio - Boyhood é menos sobre a história de um menino, e mais sobre o passar do tempo, sobre coincidências, sobre como a vida de todos nós daria, sim, um filme. Nas entrevistas na Berlinale, Linklater afirmou ter rodado um total de 39 dias, cerca de três ou quatro dias de filmagens por ano, e disso tirou um estudo honesto sobre o cotidiano de uma família comum com pais separados e irmãos que se amam mas também brigam. Além de Coltrane, Boyhood também conta com Patricia Arquette (que vive a mãe do menino), Lorelei Linklater (irmã de Mason no filme e filha do diretor na realidade) e Ethan Hawke (pai das crianças). Todos os anos o diretor se reuniu com suas estrelas para rodar as cenas, que são exibidas de maneira cronológica e fazem de Boyhood um filme de uma simplicidade deslumbrante. Linklater reuniu uma seleção de canções para pontuar temporalmente o filme. "Yellow", do Coldplay, abre o longa e deixa claro que a história começa em 2002. A chegada no tempo presente, por exemplo, quando Mason já dirige e se prepara para ir para faculdade, é marcada por "Get Lucky", do Daft Punk. Apesar de ser um filme que se define em função da experiência adolescente americana, Boyhood consegue ser universal. O contexto varia, mas todos temos memórias de momentos para lembrar, bons ou maus, com pais, amigos, namoradas, colegas. Sem apelar para o melodrama ou a farsa, Linklater aborda todos esses temas e muitos outros da mesma maneira simples, sem piscar, como partes de um álbum de memórias da maneira efêmera que a própria vida é: aquilo que parece ser um enorme problema por um momento, passa sem ninguém perceber enquanto pequenas dores podem permanecer na alma para sempre. É esse uso seletivo, mas cumulativo de experiências que parecem banais, mas são cheias de significado, que dão a Boyhood seu brilho. Eu queria mostrar os momentos de amadurecimento que vemos nos filmes, mas numa produção só. Queria capturar como lembramos da vida, como o tempo passa. Não queria uma história dramática, às vezes há momentos dramáticos no filme, como acontece em nossas vidas, mas não é assim na maior parte do tempo. Tentamos ser o mais próximos possível da realidade, afirmou o diretor na coletiva após a exibição. Bem perto do fim, depois de mais uma sequência de caminhada dos personagens - em ''Boyhood - Da Infância à Juventude'', assim como na famosa trilogia de Antes do Amanhecer de Linklater com Ethan Hawke, os personagens nos levam para passear durante diálogos -, o diretor saca uma piada de metalinguagem, como se o tempo de Mason estivesse apenas começando. O espectador até esquece a tristeza da despedida do filme - porque inconscientemente sabe que, a partir dali, poderá carregar o menino para sempre consigo." (Bruno Amaral)
''O filme de Linklater esfumaça as barreiras entre o cinema e a vida, utilizando o transcorrer do tempo dentro e fora do filme como grande aliado.
''Boyhood - Da Infância à Juventude'' o novo filme de Richard Linklater, chama a atenção primeiramente pelo seu projeto, por sua forma de produção. Afinal, o filme foi filmado durante 12 anos, mantendo o seu núcleo de atores principais do início ao fim. Esse tipo de processo já foi utilizado em alguns documentários (que filmam e voltam aos seus personagens reais no espaço de alguns anos) e por ficções seriadas (que temporado após temporada mantém um elenco fixo). No campo do documentário, talvez a experiência mais próxima seja Anna dos 6 aos 18 (1994), de Nikita Mikhalkov. No filme, o diretor russo repete uma série de perguntas a sua própria filha por 12 anos, entre 1979 e 1991. O filme acaba passando pelas questões sociais e políticas da derrocada da URSS, pelo olhar da menina. Para além da semelhança no tempo, os projetos se aproximam por Linklater também ter escalado sua filha Lorelei para viver a irmã de Manson Jr., Samantha. Os dois filmes de alguma forma partem de um microcosmo familiar (ficcional ou real) e esbarram no macrocosmo social e político – com a diferença que esse efeito é bastante mais nuançado na obra de Linklater. No campo da ficção seriada os exemplos seriam múltiplos. Muitas séries utilizam o efeito do tempo nos corpos e ainda mais em um corpo em constante transformação (da infância ao início da vida adulta) como uma grande força. Talvez o caso mais significativo dentro dessa mesma proposta do crescimento de um garoto da infância ao início da vida adulta seja Os Anos Incríveis – em que acompanhamos a vida de Kevin Arnold dos 12 aos 18 anos, e consequentemente de sua família e amigos, entre o final dos anos 1960 e início dos 1970. Em comparação ao seriado, Linklater dobra a quantidade de anos e condensa em 3 horas – tornando o efeito do passar do tempo nos corpos ainda mais potente. De qualquer forma, a utilização desse procedimento em um filme de ficção, se não inédita, é ao menos raríssima. E, apesar da ousadia e grandiosidade da empreitada original que poderiam levar o filme a ter um peso ou uma presunção, são necessários poucos minutos para que a narrativa flua naturalmente. Estamos em mais um filme de Linklater – e isso importa mais do que procedimentos ou ineditismos. Nesse sentido, o cinema de Linklater vai cada vez mais na direção de um desarme dos arranjos convencionais do tempo das narrativas – como o diretor já havia experimentado nos 18 anos que separam a triologia Antes do Amanhecer (1995), Antes do Por do Sol (2004) e Antes da Meia Noite (2013). O curioso é que Boyhood começou a ser produzido antes da triologia com Ethan Hawke e Julie Delpy – depois do primeiro filme, mas antes da concretização dos dois segundos. Foi o início da empreitada de 12 anos sobre a infância e adolescência de um garoto que encorajou Hawke e Linklater a tocarem para frente a triologia do casal, realizando os dois últimos filmes. Acompanhando a vida de Mason Jr. dos 6 aos 18 anos, Boyhood balanceia bem o nada acontece e também as grandes mudanças pelas quais uma família passa ao longo de uma década. No ponto de partida, Mason está com seis anos e sua irmã Samantha com nove, seus pais Olívia e Mason Sr. são separados – o pai é um músico um pouco irresponsável e ausente, mas que demonstra fortemente o afeto pelos filhos e a mãe tenta equilibrar o cuidado com os filhos, a vida amorosa e o projeto de continuar os estudos e ter uma carreira melhor. A partir daí, o filme vai seguindo o fluxo dos anos, sem nunca amarrar oficialmente as passagens – percebe-se que saltamos de ano pelas transformação fisíca dos atores e pelas elipses narrativas. Durante os 12 anos que o filme foi filmado, os dias de gravação foram poucos, cerca 40 dias ao todo – isto porque as gravações eram feitas por 3 ou 4 dias ao ano, quando os atores e equipe conseguiam combinar as folgas. Mas o processo de preparação e escrita se desenrolava em uma colaboração constante entre o diretor e os atores. Assim, Linklater incorporou detalhes ou transformações da vida dos atores no roteiro, ainda que desde o início houvesse uma ideia geral de para onde a narrativa iria. Mais do que nunca, o diretor consegue em Boyhood diluir as barreiras entre vida e cinema, usando sobretudo a manipulação do tempo como aliada.'' (Kênia Freitas)
O tempo é amigo.
''Ao acompanhar um dia dos desajustados sociais texanos em 1991, Richard Linklater ajudou a cimentar um meandro comportamental que batizou seu filme e que depois foi associado apenas ao movimento de boicote ao trabalho – Slacker. O filme, que se apoiava no fluxo do tempo e na forma que os personagens enfrentavam o andar do dia, foi nomeado ao grande prêmio do Festival de Sundance no mesmo ano. Em 1996, Suburbia era lançado. O filme acompanha através de um curto espaço de tempo e um pequeno espaço cênico – um posto de gasolina e seus arredores - o peso que a vida adulta traria para este grupo de slackers que lentamente assemelham a ideia que tudo está prestes a mudar. Estes dois exemplos mostram como ''Boyhood - Da Infância à Juventude'' parte de um princípio utilizado com certa frequência na filmografia de Richard Linklater: o tempo como sustentação. O filme, que acompanha Mason da infância ao momento em que entra para a faculdade, se resume a um jogo de elipses muito coeso, pois o maior desafio é o de manter a ideia de fluxo – o passar dos anos - entre tantos cortes. A sensação que se tem é de que Linklater resume o filme como antítese ao cinema de James Benning (curiosamente presença constante na sala de edição de Boyhood). É um filme de retrospecto, onde são pincelados momentos de aflição, afirmação e claro, de amadurecimento. ''Boyhood - Da Infância à Juventude'', assim como Suburbia ou Slacker, não se inclina a qualquer tipo de drama. Os conflitos são presentes, mas o fluxo continuará como norte principal da narrativa. Como abrir um álbum de fotografias, lembrar-se de uma determinada época por alguns minutos e seguir em frente. Logo estaremos em outro local, com outras motivações, outros amigos e outra noção de vida. O que há de mais interessante em Boyhood é como Linklater nos dá o papel de nostálgicos e deixa seu protagonista como vivente. Mason passa pela vida sem olhar pra trás, como se estivesse sempre em busca do melhor. O espectador, passivo, ficará com os rastros, com a sensação de que o melhor está acontecendo e escapando das mãos a cada quadro, pois não há espaço para proveito. Esta maneira de esculpir uma parte da vida sugere este olhar para trás. E por esta percepção, ''Boyhood - Da Infância à Juventude'' vai lentamente de encontro ao que era seu oposto. A noção de explorar o momento e o tempo oferecido, suas formas e possibilidades. Se Boyhood é um resumo de fragmentos repletos de sentimentos e diferentes formas de compreensão da vida ao longo de doze anos de filmagem, ele exprime sua concepção de forma que é possível interagir com o básico, sem que nenhuma imersão domine o filme. E assim fica ainda mais interessante pensar na presença de Benning na sala de edição e como o diretor norte-americano - com quem Linklater protagonizou o belíssimo documentário Double Play dirigido por Gabe Klinger - faria Boyhood: provavelmente em um único plano que entoasse a infância e a juventude." (Pedro Tavares)
87*2015 Oscar / 72*2015 Globo / 2015 Urso de Ouro
Top 250#52
Top Cineplayers 250#245 (Usuários)
Top Década 2010 #6
IFC Productions
Detour Filmproduction
Diretor:Richard Linklater
30.833 users / 19.458 faceSoundtrack Rock
Daft Punk / Weezer / George Harrison / Arcade Fire / Family of the Year / Charlie Sexton / Atlas Genius / Yo La Tengo / Foster the People / The Black Keys / Paul McCartney and The Wings / Bob Dylan / Kings of Leon / Foo Fighters / Phoenix / Vampire Weekend / Wilco / The Flaming Lips / Cat Power / Coldplay / The Hives / Blink 182 / Sheryl Crow / Aaliyah / Gary Glitter
50 Metacritic 1.284 Up 194
Date 10/11/2014 Poster - ######## - DirectorChristophe HonoréStarsCatherine DeneuveLudivine SagnierChiara MastroianniIn London, a mother and daughter navigate their respective romances: Madeline rekindles an affair from thirty years earlier, while her daughter Vera is caught between a musician who cannot commit and her ex, who still pines for her.[Mov 06 IMDB 6,1/10 {Video/@@@} M/55
BEM AMADAS
(Les bien-aimés, 2011)
''De Paris nos anos sessenta para Londres na década de 2000, Madeleine e sua filha Vera vem e vão nas vidas dos homens. Mas o amor se torna mais difícil à medida que os anos passam. Como você pode resistir à força do tempo que passa e que ataca os nossos sentimentos mais profundos?" (Filmow)
''Fui ver “Bem Amadas” como fui ver o Batman: esperando muito pouco. É, acho, uma situação interessante, porque não raro a gente se surpreende. Até hoje não sei bem o que o Christophe Honoré quer da vida. Não que seja culpa dele, é minha, provavelmente. De todo modo, adoro A Bela Junie, gosto da situação familiar de Em Paris, me enchi bastante nas Canções de Amor, se é o que o nome é esse. Mas meu preconceito com o filme não vinha daí, e sim do encontro mãe e filha, Deneuve e Chiara, que me pareceu uma coisa muito mercadológica. Não sei, li a notinha do Sergio Alpendre no Guia da Folha. Bola preta, frase dizendo que chega de sub Jacques Demy, o cacete. Bom, para mim o mundo seria ótimo se houvesse um monte de sub Jacques Demy. Quem me dera. Em todo caso, não conheço tantos assim. O filho do Demy, de certo modo, mas nem tanto assim. Ele tem, digamos, uma filiação antes de tudo. Filiação ali no cartório mesmo. Mas suas buscas e tal evocam o pai. Já o Honoré, neste filme, tem uma tremenda delicadeza e uma tremenda elegância. Há duas mulheres, mãe e filha, os homens que as amam e os homens que elas amam. De diferentes maneiras. O caso da Deneuve é mais surpreendente um pouco e não vou tocar nele para não estragar quem ainda não viu o filme. O da Chiara Mastroianni é: ela é amada por Louis Garrel, mas tem um amor obsessivo por Paul Schneider, um roqueiro que pelo jeito não se interessa muito por ela, embora não diga isso em momento algum. A ambiguidade que sustenta é tão mais interessante quanto ele é homossexual e é portador do HIV (parte do filme se passa num momentoem que Aidsera fatal). Ele é capaz de viajar horas para vê-la, mas leva o jovem amante, para o qual diz não dar muita bola, mas que está sempre lá. Honoré faz uma linda cena de amor entre os três. Bem sensível. Melhor é o momento, logo depois,em que Chiaradesce ao hall do hotel (ela foi aos EUA bem no 11 de setembro e seu avião foi desviado para Montreal) onde colocaram uma pilha de passageiros, pega o controle da TV, tira do noticiário que todo mundo quer ver, bota num videoclipe e começa a dançar sozinha no lugar. Belíssimo. Dito isso, Chiara Mastroianni me dá aflição. Não sempre. Mas quando colocada em primeiro plano. Tenho sempre a impressão de estar vendo Marcello Mastroianni em Casanova e a Revolução. Acho que ela deu um azar genético inacreditável. É demais a cara do pai. Mas não a via tão bem, exceto nesses momentos, desde “A Carta”, desde o Manoel de Oliveira. Ela me parece uma grande atriz, sempre que filmada em plano americano ou médio.'' (* Inácio Araujo *)
A bolha do cinema de Honoré.
"Dentre os realizadores franceses contemporâneos reconhecidos pelo público e crítica, Christophe Honoré certamente é o mais prolífico. "Bem Amadas" (Les bien-aimés, 2011) é o décimo título de sua carreira em dez anos, e com ele novamente o diretor nos entrega um produto com a marca Honoré, com muito que já se apresenta, mais do que características, como clichês (visuais, inclusive) do seu cinema. Um cinema adocicado, perfumadinho, de boutique, sempre a apresentar um desfile com os melhores vestuários como numa passarela em um desfile de moda coleção outono/inverno, e as melhores estampas − ou frascos, uma vez que nos referimos à perfumaria de seu cinema: para os marmanjos, Ludivine Sagnier (sempre uma intérprete bastante limitada), e às moçoilas, o indefectível Louis Garrel (alguém que não seja do sexo feminino ainda suporta assisti-lo num filme que não seja os do seu pai?), dentre outros mais e menos famosos que compõem os elencos de suas obras. Tirando a overdose de charme e bom gosto na qual Honoré normalmente chafurda, o que resta num filme como este seu mais recente? Pois então, Bem Amadas se torna difícil de não ser visto ou pensado como uma novela das oito. Honoré trabalha numa certa zona de indiferença estética, seus personagens parecem habitantes de um mundo de plástico, numa relação efêmera com essas figuras, que só ganham corpo e credibilidade mesmo aos olhos dos seus fãs se encarnados por atores reconhecidos cujos rostos imediatamente transmitam uma cumplicidade com o público (um filme do diretor francês sem nenhum astro provavelmente não convenceria ninguém). Não há afrontamentos da parte do cineasta para com os personagens, e nem destes para com o mundo. Em Bem Amadas a vida se resume a uma ciranda de relacionamentos e traições (sempre marcada por uma rede de afetos, o que surge como parte da necessidade que o diretor tem em cativar), somente interrompida por fatalidades providenciais do roteiro, como o suicídio e a doença, ou os acontecimentos históricos que permeiam a narrativa: a Primavera de Praga em 68, e os atentados de 11 de setembro no limiar do novo século. O filme é dividido entre essas duas épocas, com Madeleine na fase jovem (Ludivine Sagnier), onde o passado (contado a partir de 1964) ganha forma com as cores dos musicais da época de Jacques Demy (melhor ficar com o original), e com a mulher se envolvendo com o médico estrangeiro Jaromil (Radivoje Bukvic), o que lhe acarreta uma filha, e o posterior abandono, que a faz fugir para procurá-lo na República Tcheca durante a invasão comunista em Praga. Quarenta anos depois a filha, Vera (Chiara Mastroianni), repete o mesmo percalço de decepções da mãe, com uma paixão obsessiva por um amigo homossexual (Paul Schneider) e como alvo do interesse do personagem de Garrel, enquanto que a própria Madeleine mais velha (Catherine Deneuve) prossegue com as idas e vindas de sua relação com Jaromil (na falta do falecido Marcello Mastroianni − pai de Chiara fruto de sua relação com Deneuve −, que muito provável e oportunamente gostaria de ter utilizado, Honoré recorre a uma participação do cineasta Milos Forman no papel). Em meio a tudo há as canções, novamente escritas por Alex Beaupain, o mesmo de um dos sucessos anteriores do diretor, Canções de Amor (Les Chansons D'amour, 2007), reciclando elementos e um estilo (não bastassem os mesmos atores) de uma receita que triunfara antes com um público numeroso. Algumas canções se casam melhor com as imagens, em outras parece que estamos a ouvir uma rádio em paralelo enquanto vemos o filme, sem falar quando determinados trechos com música perigam tomar forma de videoclipe, bem ao gosto de um cinema publicitário como o do diretor. Porque na verdade certos filmes seus se assemelham e podem ser deliciosos e envolventes como uma canção pop. Mas como cinema ainda é muito pouco." (Vlademir Lazo)
2012 César
Top República Tcheca #15
Why Not Productions
France 2 Cinéma
Sixteen Films
Negativ
Canal+
France Télévision
Orange Cinéma Séries
Région Ile-de-France
Fonds d'Action de la Sacem, Le
Soficinéma 7
Diretor: Christophe Honoré
1.590 users / 535 face
Check-Ins 403
Date 10/12/2013Poster - ##### - DirectorEskil VogtStarsEllen Dorrit PetersenHenrik RafaelsenVera VitaliForsaken in a new Oslo apartment, a frail blind woman battles to come to terms with her condition, as she slowly retracts into an elaborate fantasy bubble. Are her stories fanning her suspicions, or is this what total blindness looks like?{Video/@@@@}
BLIND
(Blind, 2014)
''Tendo recentemente perdido a visão, Ingrid retira-se para a segurança de sua casa - um lugar onde ela pode se sentir no controle, a sós com seu marido e seus pensamentos. Mas os problemas reais de Ingrid se encontram dentro, não para além das paredes de seu apartamento, e seus mais profundos medos e fantasias reprimidas aparecem." (Filmow)
2014 Urso de Ouro / 2014 Sundance
Date 26/11/2014 Poster - ###### - DirectorBilly WilderStarsDean MartinKim NovakRay WalstonJealous piano teacher Orville Spooner sends his beautiful wife Zelda away for the night while he tries to sell a song to famous nightclub singer Dino, who is stranded in town.{Video} M/63
BEIJE-ME, IDIOTA
(Kiss Me, Stupid, 1964)
''Quando o mundialmente reconhecido cantor "Dino" (Martin, em uma hilariante paródia) passa por Climax, Nevada, ele não esperava conhecer dois aspirantes a compositores com um plano de sequestrá-lo e mantê-lo preso para que escute suas canções. O que eles não sabiam era do insaciável apetite de Dino...por mulheres e vinhos! E quando um dos compositores descobre que a sua própria esposa já foi presidente do fã-clube de Dino, ele contrata uma esposa substituta (Kim Novak) para deixar o cantor "cheio de vontade" de comprar suas músicas!" (Filmow)
"Deliciosa comédia em que Wilder volta a brincar com as farsas e as máscaras da sociedade, questionando o limite do homem quando se trata de dinheiro. Inferior a outros grandes filmes dele em torno do tema, mas ainda assim um trabalho hilariante." (Heitor Romero)
"Em torno de Billy Wilder, existe um mistério: por que certos de seus filmes fazem sucesso, enquanto outros passam em branco? Por que o belo Fedora nem chegou ao Brasil, ou Amigos, Amigos, Negócios à Parte foi esnobado solenemente, para ficar apenas com dois casos. Nessa categoria também entra "Beija-me, Idiota", se bem que nesse caso existe o estigma da imoralidade. Pois nosso conservadorismo não gosta nem de ouvir falar da história do compositor talentoso, desconhecido, caipira, que, para ter a chance de ser revelado, praticamente entrega sua mulher a um famoso cantor (Dean Martin). Pouco importa também que sua mulher, no caso, não seja bem sua mulher, mas a prostituta da cidade (Kim Novak): as trocas de pessoas, mais as trocas de afetos que se vê põem em certo risco os hábitos matrimoniais estritos e desencadeiam essa coisa caótica que é o desejo. O desejo que Wilder observa não com ironia, como Lubitsch, mas com sarcasmo." (* Inácio Araujo *)
''É estranho o destino de Billy Wilder. Alguns de seus filmes são jogados às nuvens. Outros, destinados ao esquecimento. Por vezes não há razão nem para um nem para outro. "Beija-me, Idiota" é, de longe, a mais ousada de suas comédias. Ali, a bela mulher de um músico desconhecido faz de tudo para que um cantor famoso grave uma canção do marido. E tudo é tudo mesmo, embora a elegância seja de lei e faça parte da comédia. Mas a bela mulher é Kim Novak e o cantor é o bonitão Dean Martin. Dois tipos provocantes, não há dúvida. Dessa ambiguidade moral, Wilder tira todas as consequências: ri do humano, um pouco a distância, um pouco disfarçado, mas sem abrir mão de mostrar como viver pode ser duro e roçar a indignidade. Mas, claro, um beijo pode compensar nossas dores." (** Inácio Araujo **)
Date 06/12/2014 Poster - ######## - DirectorSofia CoppolaStarsKatie ChangIsrael BroussardEmma WatsonInspired by actual events, a group of fame-obsessed teenagers use the internet to track celebrities' whereabouts in order to rob their homes.{Video/@@@@} M/66
BLING RING - A GANGUE DE HOLLYWOOD
(Bling Ring, The, 2013)
"Sofia Coppola filma todos esses jovens sem futuro, fúteis e vazios e parece não trazer nenhuma lição a respeito disso para seu público. Ou, faz pior: idolatra, de certa forma repulsiva, esse comportamento." (Alexandre Koball)
"http://youtube.com/watch?v=hkr-vUu3V-w" (Daniel Dalpizzolo)
"Discute com eficiência essa onda de adoração e exposição das celebridades de Hollywood. Até que ponto isso é benéfico não apenas para elas, mas para a sociedade como um todo?" (Rodrigo Cunha)
"Lá pelas tantas, depois da enésima invasão domiciliar, o filme dá sinais de esgotamento e repetição. Felizmente, Sofia Coppola escapa dessa armadilha e, sem julgamentos morais, faz um retrato honesto - e universal - do vazio da juventude atual." (Régis Trigo)
"O distanciamento de Coppola é ao mesmo tempo a força e a fraqueza do filme: enquanto permite apresentar os personagens sem julgá-los, também resulta em um retrato superficial, como se fosse representante da cultura vazia que pretende criticar." (Silvio Pilau)
"O acerto de Coppola é não cair na tentação de julgar os personagens, nem impor algum tipo de opinião em cima dos fatos. Ela apenas observa(o plano geral enquadrando a casa de longe durante a invasão é um achado) e expõe um universo que entende muito bem.'' (Heitor Romero)
Oh my God, it’s Paris Hilton!.
''O novo filme da diretora americana Sofia Coppola era certamente um dos mais aguardados no Festival de Cannes. Ele abriu a competição da mostra Un Certain Regard. A história traz questões profundamente contemporâneas, por tratar do universo das celebridades, sua exploração midiática e a criação de ilusões, desejos e cobiça na vida de pessoas comuns. Como disse a diretora na conferência de imprensa: é um filme que não poderia ter sido feito 10 anos atrás. A escolha pelo título é explicado logo na sinopse: foi o nome dado pela mídia americana a uma gangue de jovens (entre 16 e 17 anos) que invadia casas de famosos em Los Angeles para roubar produtos de marca e se divertir. A escolha das celebridades não era aleatória: eram todos jovens nos quais o grupo se espelhava e que observava de longe em boates e casa noturnas que frequentavam. A história se baseia em fatos reais e chegou à diretora através de uma reportagem de Nancy Jo Sales, publicada na Vanity Fair em 2010 – “Os Suspeitos Usavam Louboutins”. Coppola interessou-se pelos personagens e seus delitos. Foi atrás das entrevistas colhidas pela jornalista e dos depoimentos registrados pela polícia, quando os meninos foram detidos. A procura dos cinco atores para compor essa turma de amigos durou um ano. Para alguns, foi necessário um intenso trabalho de pesquisa, de forma a perder o sotaque (caso da britânica Emma Watson), adentrar no universo da moda (caso de Israel Broussard, que interpreta Mark, o personagem que conduz a história) e se familiarizar com o lifestyle de Los Angeles (para tanto, contaram com a ajuda da atriz Claire Julien, que de fato mora na cidade). O filme tem muitos méritos além da história, que por si só já é bastante curiosa: é no mínimo surpreendente que adolescentes consigam acesso fácil e contínuo à casa de celebridades tão visadas. Ele incorpora com domínio a estética dos reality shows, das redes sociais e dos registros fotográficos (a multiplicidade de autorretratos instantâneos e compartilhados). A montagem é dinâmica e acelerada, no compasso do intenso fluxo de imagens e informações consumidas diariamente na internet. Assim, a contemporaneidade é trabalhada também enquanto linguagem, de forma fluida e bem-sucedida. O espírito juvenil também está na tela: a narrativa é leve e bem humorada, tratando a superficialidade dos personagens com boas doses de ironia. Não há lugar para o desenvolvimento da psicologia e da intimidade: a sucessão de imagens é também uma sucessão de ações. A leveza perpassa todo o filme e sobrevive a um acidente de carro potencialmente perigoso, com a motorista alcoolizada, ao consumo de drogas ilícitas, à possibilidade sempre presente da descoberta e punição. Mesmo a divulgação de imagens de câmeras de segurança de uma das casas invadidas, em TV aberta, não abala as ações dos invasores. Isso só é quebrado na saída do julgamento, com a narração em off da dura sentença, e na sequência final, em que o olhar de Mark não encontra consolo. Foi particularmente interessante assistir a The Bling Ring no mais importante e badalado festival de cinema do mundo. Cannes se pretende o epicentro do mundo cinematográfico (ou, para usar uma expressão da refinada língua francesa, la crème de la crème), exalta a cultura do tapete vermelho e atrai os olhares, gritos e cliques de milhares de pessoas. A própria vinheta de abertura sintetiza a ostentação do festival, sua autoconsciência grandiloquente. Aqui estamos, no céu, junto das estrelas. Abaixo de nós, o mundo. Acima, o infinito. O aparente bom gosto revela-se de um brega incontido. Mas o centro não brilha sozinho. As bordas, as margens, o fora é que conferem sentido a sua existência e o alimentam. Ao lado do glamoroso tapete vermelho, onde as celebridades são bombardeadas com 24 flashes por segundo, há amontoados de jornalistas para entrar nas sessões (vale empurrão e furar fila para não ficar de fora) e dezenas de pessoas com plaquinhas pedindo ingressos para os filmes mais disputados. É para esse outro lugar que Coppola repousa seu olhar. Essas relações ficam mais complexas se pensarmos que o elenco principal traz uma das atrizes mais conhecidas no mundo – visto que os 8 filmes da saga Harry Potter figuram no ranking dos 100 filmes de maior bilheteria na história do cinema, entre o 3º e 33º lugares. Vida e ficção se confundem quando sabemos que a casa mais visitada pelo grupo, e a mais excêntrica, é verdadeiramente a casa da milionária Paris Hilton. Os famosos do filme são os mesmos da vida real e há uma série de imagens de arquivo (fotos e vídeos) recheando a narrativa, contextualizando-a em seu tempo e conferindo mais força a sua abordagem temática. A própria feitura do filme traz em si uma operação interessante, trazendo a margem para o centro, girando os holofotes para as sombras. Contudo, Sofia Coppola guarda um distanciamento crítico e lúcido. Ela manteve os nomes reais das celebridades, mas fez questão de criar novos para os protagonistas e assim não contribuir para a fama que os jovens ganharam por motivos escusos." (Lygia Santos)
"Baseado em texto de Nancy Jo Sales para a Vanity Fair, "Bling Ring - A Gangue de Hollywood" é o quinto longa de Sofia Coppola. O filme, como a reportagem, mostra adolescentes de Los Angeles obcecados pela fama. Num surto de loucura e irresponsabilidade, eles invadem casas de famosos que estão fora da cidade - pesquisando na internet o melhor momento para a ação. Entrar nas mansões não é problema para eles, tampouco levar pertences de seus alvos. Da mesma forma, ignoram a possibilidade de serem descobertos e condenados. O que pensam esses jovens? Põem fotos no Facebook com os objetos roubados e contam suas estripulias. Se apanhados, terão seus minutos de fama. Sofia Coppola retrata muito bem o mundo dos adolescentes burgueses de Los Angeles (e dos adolescentes em geral): o encanto com o pop e o gangsta rap, a tendência a beber e se drogar, o desprezo por instituições e, sobretudo, o vício de interagir com outros internautas. O cotidiano desses jovens é mostrado como num documentário, de maneira observacional e sem julgamento. O que ela procura é entender. A personagem mais interessante é a de Emma Watson, Nicki. Fútil e inconsequente, está a quilômetros de distância de Hermione, personagem que revelou Watson na série Harry Potter. Quando detida, deleita-se com os momentos de fama e com a sorte de ter dividido cela com a atriz Lindsey Lohan. A educação dada pela mãe de Nicki às filhas é uma versão cor-de-rosa da família repressora de As Virgens Suicidas (1999); e o quase romance entre os jovens Marc (Israel Broussard) e Rebecca (Katie Chang) é a versão teen do relacionamento inconcluso entre Bill Murray e Scarlett Johansson em Encontros e Desencontros (2003). Se Bling Ring está abaixo dos filmes que revelaram o talento da cineasta, ao menos demonstra certa recuperação após o modorrento Um Lugar Qualquer (2010)." (Sergio Alpendre)
"O principal mérito de "Bling Ring: A Gangue de Hollywood" consiste na coragem de Sofia Coppola de fazer um filme sobre o vazio. Isto é, sobre o nada de um grupo de adolescentes. O grupo de meninas e rapazes que tem por centro um jovem homossexual e uma garota cleptomaníaca se empenha em invadir casas (se possível das ditas celebridades) e roubar objetos. Para eles isso não passa de alguns momentos de diversão, ou de uma forma de exorcizar o tédio. A sociedade verá as coisas de outra maneira. A questão que fica é: desta vez, Sofia fez um filme sobre o vazio (ela flerta com isso não é de hoje) ou fez um filme apenas vazio, que não tem nada a dizer? Será que abordou um aspecto essencial da sociedade americana, ou apenas uma borda sem maior significação? Em todo caso, é na margem que o filme ficou." (* Inácio Araujo *)
"Crianças ricas com nada além de amigos falsos, canta Frank Ocean na canção que encerra Bling Ring - A Gangue de Hollywood'', o filme de Sofia Coppola sobre crianças ricas com amigos falsos. É uma escolha bastante literal para os créditos finais, mas a figura de Ocean, que hoje representa o oposto do gangsta no rap dos EUA, é interessante para contrapor a relação que as personagens do filme têm com esse subgênero musical e com o gangsterismo americano em geral. A imagem que todos têm do gangsta rap são os videoclipes cheios de mansões, carrões, mulheres de biquini e correntes de ouro, e o ideal de vida das patricinhas de Bling Ring não é muito diferente. A trama se baseia no caso real de um grupo de adolescentes que comete uma série de assaltos a mansões de celebridades em Los Angeles, como Lindsay Lohan e Paris Hilton - celebridades que elas invejam e almejam conhecer. Dentro dos guarda-roupas de atrizes pouco mais velhas que elas, as ladras sabem de cor qual vestido ou sapato foi usado em determinado evento ou ensaio de fotos. Depois de Um Lugar Qualquer, também ambientado na superfície de baladas de Berverly Hills, Sofia Coppola leva mais além seu exercício de observação da banalidade para mostrar como essas jovens são criadas em um universo de superproteção (escola em casa, remédios contra déficit de atenção) e se tornam filtros no "mundo real", pegando o que encontram para criar para si uma imagem de sucesso e riqueza. É essa imagem que se confunde com o gangsterismo - porque nos EUA de hoje, que ainda lida com a herança de espertezas do governo Bush, não é só a cultura da celebridade que se incentiva, mas também a cultura do gângster. Então entre um golpe e outro, vemos a garotada nos carros, cantando junto o gangsta rap marrento que toca no rádio, ou brincando com uma arma encontrada num dos furtos. É meio uma coisa Bonnie & Clyde, diz, em referência ao casal de assaltantes de bancos glamourizado pelo cinema, uma das personagens quando depara com o perigo de ser pega pela polícia - um flerte com a notoriedade pública que obviamente a gangue não refuta, porque ninguém é celebridade se guarda a fama para si. Em Super Rich Kids, Frank Ocean, gay assumido, também canta que procura por um amor de verdade. Uma das cenas mais importantes de Bling Ring é o momento em que o único menino da gangue, que evidentemente não consegue lidar bem com sua sexualidade, apaga as luzes do quarto para cantar e dançar um rap. É um pedido privado por compreensão - de corresponder de verdade seu tipo de amor. Que esse personagem tenha o final mais doloroso de Bling Ring - não só agridoce, como a maioria dos finais do filmes de Sofia, mas terrível mesmo - é mais um sinal de que os EUA têm muito o que reexaminar." (Marcelo Hessel)
"O quinto filme de Sofia Coppola fez mais barulho na imprensa do que nas bilheterias. É baseado no caso real de uma gangue de garotos californianos ricos que invade mansões de famosos para bagunça e furtos. Um caso quente que a diretora tratou com frieza.
Mas "Bling Ring" ainda é um dos lançamentos mais atraentes do ano passado. Por baixo do verniz cool, é cínico e incisivo. Mesmo longe de seu melhor, Sofia Coppola incomoda." (Thales de Menezes)
2013 Palma de Cannes
Date 17/12/2014 Poster - ###### - DirectorAlejandro G. IñárrituStarsMichael KeatonZach GalifianakisEdward NortonA washed-up superhero actor attempts to revive his fading career by writing, directing, and starring in a Broadway production.{Video/@@@@@} M/88
BIRDMAN OU (A INESPERADA VIRTUDE DA INGNORÂNCIA
Birdman or (The Unexpected Virtue of Ignorance, 2014)
''O metafilme "Birdman" é o melhor do diretor Alejandro González Iñárritu e o mais ousado entre os concorrentes da principal categoria do Oscar. Não é pouca coisa. O mexicano tem no currículo Amores Brutos e 21 Gramas, e disputam o prêmio deste ano títulos como Sniper Americano, de Clint Eastwood, O Grande Hotel Budapeste, de Wes Anderson, e Whiplash, do novato Damien Chazelle. No longa, que estreia nesta quinta, o ator Riggan Thomson (Michael Keaton) dirige e protagoniza uma peça na Broadway baseada num conto de Raymond Carver, Do que Estamos Falando Quando Falamos de Amor. Busca prestígio contra a decadência que veio ao recusar o quarto filme da cinessérie do tal Homem-Pássaro do título, super-herói que lhe deu fama e dinheiro. É em torno dos ensaios e da estreia teatral que se desenrola a trama. No elenco da obra fictícia estão o ator stanislavskiniano Mike Shiner (Edward Norton) e sua ex-namorada Lesley (Naomi Watts). A produção é de Jake (Zach Galifianakis), auxiliado por Sam (Emma Stone), a única filha de Thomson que acaba de sair de um clínica de reabilitação. Todas as atuações estão entre as melhores dos quatro atores. "Birdman" é feito à maneira de Festim Diabólico, de Alfred Hitchcock, e Arca Russa, de Alexandr Sokurov, em que o espectador tem a ilusão de que não há um único corte. Tem também toques de A Noite Americana, de François Truffaut, e O Jogador, de Robert Altman, outros grandes metafilmes. A trilha é quase toda de solos de bateria, o que dá ainda mais nervosismo ao filme --e pode irritar alguns. Mas o ruído é um personagem em si. São muitas as referências, o que poderia indicar tibieza autoral ou imaginação limitada. Não é o caso aqui. "Birdman" é todo ele criatividade, a começar pelo dilema existencialista vivido por Thomson, que assim como o espectador não sabe o que é verdade e o que é teatro (ou cinema): ele pode levitar? Consegue fazer objetos flutuarem? Está morto? Firma ainda uma grande parceria, de Iñárritu e Keaton. O diretor mostra bom humor insuspeito e sobe a outro patamar, e o ator nos relembra por que gostamos dele, apesar de "Batman". Sim, Thomson/Keaton, Birdman/Batman, nem tudo é por acaso." (Sergio Davila)
*****
"É possível fazer uma lista considerável com méritos de "Birdman (ou a Inesperada Virtude da Ignorância)'', vencedor do Oscar de melhor filme, direção, roteiro original e fotografia. A confirmação do mexicano Alejandro Iñárritu como grande diretor. A volta por cima do ator Michael Keaton, resgatado do limbo de Hollywood. Edward Norton provando como é bom. Emma Stone provando que pode ser muito boa. Como um ótimo roteiro é feito com ótimas falas, daquelas que merecem estar enquadradas na parede para todo mundo se lembrar delas. No entanto, a história do ex-astro que interpretava um super-herói no cinema e, após o ostracismo, tenta fazer teatro sério não é uma unanimidade. As doses de realismo fantástico que iñárritu injetou no filme incomodam muitas pessoas. Uma obra ainda sem um jugamento definitivo." (Thales de Menezes)
''Qualquer um se identifica à questão formulada por Riggan (Michael Keaton) em "Birdman ou A Inesperada Virtude da Ignorância" (2014, TC Pipoca, 20h), o recente ganhador de quatro Oscars, entre eles os de melhor filme e direção (Alejandro González Iñarritu). No entanto, o centro é o ator. É Michael Keaton, no caso: a estrela de Hollywood que deve fazer uma peça em Nova York para provar que é mais que uma celebridade. Talvez falte originalidade à proposta (e/ou uma dramaturgia que a renove). Talvez Iñarritu tenha decidido compensar essa falta com uma mise-em-scène pernóstica, que busca se sobrepor a ela com uma série de efeitos.'' (* Inácio Araujo *)
Para um filme sobre provar o valor do ator no presente, Birdman é bem amargurado com o cenário atual da indústria.
''O cinema de Alejandro González Iñarritu, desde sua estreia em Amores Brutos, se baseia na dura jornada de personagens que sofrem diante das circunstâncias que não controlam em totalidade. A parceria rompida com o roteirista Guillermo Arriaga, responsável pelos três primeiros do diretor, prometia uma liberdade maior para o mexicano, que não precisava se preocupar com as ligações nem sempre bem-sucedidas de Arriaga, que poderia contar historias mais concisas, com uma linha de pensamento melhor estabelecida. Biutiful, primeiro filme pós-Babel, só demonstrou que os cacoetes da mão pesada do narrador, que julga seus personagens a ponto de comprometer a narrativa com soluções melodramáticas exageradas, estava na própria intenção autoral dos filmes. Muito pelo retrospecto duvidoso, Birdman entra como uma obra deveras curiosa na filmografia de Iñarritu. Uma comédia que beira a sátira, com herança forte da histeria das screwball comedies e seus diálogos ágeis, cuja estrutura evolui em função dos personagens, arcos dramáticos que se entrelaçam e se desenvolvem à medida que os atores se cruzam no quadro. A opção de rodar quase todo o filme na preparação para a peça escrita pelo protagonista Riggan Thompson é tão reverente ao potencial dramático do teatro quanto a forma do ator reagir à Arte. O ritmo do filme, fundamental para ilustrar o fluxo de consciência proposto pelo roteiro, é moldado pela trilha de jazz, improvisado na bateria espetacular de Antonio Sanchez, e pela fotografia do mexicano Emmanuel Lubezki, cada vez mais conhecido pelo trabalho de câmera conceitualmente rebuscado - que não raro vira o destaque dos projetos que entra. Os planos-sequência propostos por Lubezki em Filhos da Esperança e Gravidade aqui são reduzidos para um único plano, que dura do prólogo até o início do epílogo. A estratégia não impressiona tanto pelo virtuosismo (Sokurov fez mais em seu Arca Russa, e melhor), mas exerce função narrativa impecável durante os dois primeiros atos. Por mais que tenha cenas fotografadas com descaso assustador (os diálogos de Norton e Stone no telhado parecem filmados com um iPhone), e no fraco último ato a necessidade de se manter ao plano único o faça soar deslocado, ao longo do filme a dessaturação calculada e a iluminação majoritariamente diegética constróem uma atmosfera que complementa e explora o ambiente como extensão do estado mental dos personagens. Toda a preparação para a peça de Riggan flui como uma ideia contínua, desesperadora no ritmo ligeiro, trazendo tanto inquietação pela expectativa dos personagens para a estreia quanto angústia pelo estado mental deteriorado gradativamente do protagonista - explorando com um humor negro que nunca se mostrou presente na filmografia do mexicano. Nesse sentido, o personagem vivido por Michael Keaton transmite muito da obsessão com a Arte que performers carregam. A tentativa de estender sua obra para a vida pessoal, um conflito que dá lastro à narrativa que flerta com o surrealismo pontualmente, é sobretudo uma necessidade de entender a responsabilidade do papel perante o público. Dessa forma, Riggan precisa de aprovação do público de teatro da mesma forma que precisa do afeto da família, duas entidades igualmente distantes na vida pessoal que cada vez mais se deixa mesclar com o profissional. A incursão psicológica densa lembra a jornada da bailarina de Cisne Negro, mas trocando o horror de corpo do filme de Aronofsky pelo humor de situação metalinguístico. Essa dualidade, que apresenta um arco forte para o personagem de Keaton, é movida a muitos monólogos didáticos sobre os obstáculos dramatúrgicos do protagonista (e cada ator tem o seu), mas é condizente com a postura teatral charmosa que Birdman assume desde o princípio. O problema é quando Iñarritu vê o pano de fundo criado e acha potencial para discutir não apenas sobre obsessão artística, mas sobre o Mundo, a Arte, a Condição Humana, o Estado das Coisas. O papel da tecnologia como catalizador da mediação do público com a arte revela o olhar datado do roteiro, os problemas conjugais do casal ganham a gravidade de mal-estar de relacionamentos, a relação pai e filha vira um ensaio sobre a forma que as mídias tratam o artista. Nisso, o terceiro ato desenvolve o personagem sob ótica existencialista que tenta a sutileza, mas soa vazia na inexistência de uma evolução dramática. Iñarritu busca simbolismos quaisquer na busca de uma conclusão do personagem, a ponto de promover até o mais prosaico papel higiênico em símbolo de nossa pequenez no universo. A postura diante do Cinema não ajuda – e para um filme sobre provar o valor do ator no presente, Birdman é bem amargurado com o cenário atual da indústria. A metalinguagem é a regra desde o princípio, seja nas atuações de Edward Norton e Keaton como versões de si mesmos ou nos diálogos que passam da esperteza pra obviedade muito rápido, e até diverte na construção do personagem de Keaton, mas ao esgarçar a proposta o comentário crítico se dilui. Não basta criar uma piada falando do quanto Riggan é menos famoso que George Clooney, tem que citar o último filme do Birdman foi em 1992, dizer que é o protagonista que abriu as portas para Robert Downey Jr. nesse filmes de herói. Essa visão reducionista dos blockbusters diz muito sobre a pretensão autoral do cinema de Iñarritu, que busca em estruturas de melodrama retratos manipuladores que julgam personagens sob o filtro falso do realismo urgente. Por mais que tenha frescor no que satiriza a indústria, e de fato o olhar estrangeiro do diretor ajuda no cinismo, a forma de enxergar o cinema de gênero é preguiçosa, ao ver os filmes do tipo como superficiais, sem conteúdo algum. O que Iñarritu não percebe é a liberdade criativa que o gênero concede a diretores que têm o que dizer liberta de amarras artísticas que podem ser armadilhas em mãos erradas. Nesse aspecto, filmes como Beijos e Tiros e JCVD são melhor sucedidos no caminho da sátira, porque não negam que a sátira pode se tornar uma verdade no gênero, o clichê que se instala consciente mas enxerga seu valor no discurso. Do alto do pedestal auto-imposto desse cinema de arte, Iñarritu não chega aos pés de Carpenter, de Siegel, de Mann. A síntese da ideia vem em certo momento, quando o super-herói olha para a câmera e versa com raiva sobre o quanto vocês só querem ver isso, isso que os faz se divertir, em meio a explosões e tiroteios. Um pensamento desastroso não só por achar que o problema dos filmes de ação está no gênero, e não na maneira como ele é feito, como por usar um didatismo sofrível que trata o espectador não apenas como idiota como também culpado pela padronização dos espetáculos arrasa-quarteirão da atualidade. Isso seria apenas uma visão distorcida do diretor, em meio às tantas verdades absolutas que o filme quer dizer, mas ao afetar diretamente a motivação do retorno ao panteão artístico, o arco do personagem afinal, a ideia geral é prejudicada. Não adianta falar sobre recomeços enxergando o futuro com desesperança; esse olhar saudosista funciona mais a um filme museu como Arca Russa que a um manifesto do hoje-e-do-agora como Birdman tenta ser. Não cabe apontar reducionismos que funcionam bem para a estrutura - como a crítica de teatro -, mas é sintomático que a jornada interessante de Riggan Thompson se esvazie em meio a ambição de se tornar relevante ao versar sobre grandes temas. Um pequeno grande conto da farsa cinematográfica vira um megalomaníaco ensaio definitivo sobre a vida de artista; a grande virtude da ignorância, no final, é acreditar que falar um pouco de tudo é ter coragem." (Gabriel Papaléo)
O razzle dazzle de uma sátira.
''Em uma award season protagonizada por alguns razzle dazzles cinematográficos, espetáculos virtuosos, de grandiloquência particular, como O Grande Hotel Budapeste, Boyhood e, em escala menor, Whiplash, Birdman consegue superar o próprio exotismo e trazer para a tela algo seu: uma sátira, um exagero de tom perfeitamente histérico. Alejandro Gonzalez-Iñarrittu costumava ser o elo mais fraco e ambicioso do world cinema, ainda querendo fazer do cinema sua orquestra megalomaníaca, ele finalmente entrega algo de frescor criativo. Acredito que, filtrado pelo tempo, Birdman vai perder muito de seu encanto imediato. O filme é de um estilo demasiadamente atrativo, é fácil cair pelo virtuoso, mas é fácil também se perder nele, como a própria filmografia de Iñarrittu mostra, não é o caso aqui. Passei o último ano defendendo que O Grande Hotel Budapeste é uma obra-prima porque faz sua grandeza visual ter uma razão de ser dentro daquele personagem, que é o filme mais meticuloso de Wes Anderson justamente porque é sobre Wes Anderson e o universo cinematográfico que ele costuma criar. Embora eu não iria tão longe no meu carinho por Birdman, acredito que o seu truque está muito bem motivado pela narrativa. O plano-sequência falso que sempre dá tanto o que falar é a tentativa pelo sublime de um diretor sobre a mesma tentativa de outro diretor, curiosamente as duas parecem cheias de falhas e tropeços e exageros desnecessários, como costuma ser a arrogante procura do sublime na arte. Birdman funciona muito como uma música orquestrada. Há um crescimento de ritmo que atravessa o filme, começando com o leve ping-pong do tom cotidiano, provocando-se com alguns absurdos no decorrer da trama e da montagem e alcançando um clímax. Infelizmente, Birdman vai algumas vezes além do clímax. Mas não gratuitamente: há muito que o filme quer dizer e precisa de tempo depois de tempo para isso. Há uma brincadeira metalinguística óbvia com a escalação de Michael Keaton. O personagem dele, o ator de cinema aventurando-se como diretor de teatro Riggan Thomson, era famoso nos anos 1990 por interpretar o super-herói Birdman, do título, assim como Keaton uma vez foi famoso pelos Batmans de Tim Burton. A única coisa espetacular na performance de Keaton é essa relação, o resto é de uma histeria bem-vinda, mas singela. O destaque do elenco, a meu ver, é a desgraçada performance Naomi Watts, esquecida pelos tantos prêmios. O desespero de uma personagem que está chegando ao fundo do poço emocional enquanto se aproxima do auge da sua carreira é tocante. A grandeza do elenco (de todo ele, unido) está na sua perfeita sintonia. Eles se comunicam no bom excesso. Assim, é Edward Norton que pressiona Watts para o seu maior momento, é Keaton que empurra Norton, Emma Stone dá espaço para uma nova abordagem de Riggans por Keaton; esse ciclo tem várias ramificações, todas muito eficientes. A química entre eles é muito corporal, conflituosa e perfeita. Ninguém procura a luz para ofuscar seu colega. O elenco, a direção de Iñarrittu e a fotografia de Emmanuel Lubezki se aliam no truque da não interrupção de ritmo e narrativa. O trabalho de arte e efeitos visuais do filme os dão assistência no que for preciso não apenas para que a ilusão não seja quebrada, mas para aumentar a sua potência a cada novo momento. Há um certo realismo em não permitir cortes (ou a apenas aludir à falta de cortes, como acontece aqui), Birdman recusa esse falso realismo desde o primeiro momento, em que o protagonista flutua no seu camarim. Aí se afirma a outra parte do pacto de ilusão: nós. Sabemos desde o princípio que é tudo um truque, um exagero, uma sátira, é inútil apontar os momentos em que claramente os cortes acontecem, os absurdos das atuações aos rodopios de Lubezki, de um roteiro e uma direção que não sabem quando dizer basta na mensagem prolixa sobre ego, criação e crítica (crítica também em sentido mais amplo, como recepção e observação). Pela primeira vez, acho que a falta de limites de Iñarrittu tem um bom resultado. Era ela que deixavam seus moralismos sociais minimamente interessantes. Livre disso, ela parece finalmente se aproximar da grandeza." (Cesar Castanha)
"Tudo funciona nessa deliciosa insanidade: o equilíbrio entre comédia e drama é na medida, a técnica é esplendorosa, os atores estão impecáveis, os temas são bem explorados e a ousadia do projeto é digna de aplausos. Para ver duas, cinco ou vinte vezes." (Silvio Pilau)
"... ou o Inexpressivo Virtuosismo da Redundância." (Heitor Romero)
"Uma sátira ímpar! É o filme mais delirante do compenetrado e dramático Iñárritu. Keaton, enquanto protagonista se interpreta, se constrói, se revela." (Marcelo Leme)
87*2015 Oscar / 72*2015 Globo / 2014 Lion Veneza
Top 250#100
Date 19/01/2015 Poster - ######## - DirectorLeos CaraxStarsDenis LavantMireille PerrierCarroll BrooksParis at night. Alex, 22, wants to be a filmmaker. Florence, his girlfriend just left him for his best friend Thomas. First breakup, first assassination attempt. Alex tries to strangle him, but he gives up and wanders the streets.[Mov 08 IMDB 7,1/10 {Video/@@@@@}
BOY MEETS GIRL
(Boy Meets Girl, 1984)
"Lembra a estreia de Jean-Luc Godard em Acossado, filme de espírito irrequieto, por vezes desconexo e excessivo, que transborda uma série de boas ideias, conceitos e temas que seriam melhor desenvolvidos pelo cineasta em trabalhos seguintes." (Daniel Dalpizzolo)
''O tardio lançamento comercial de "Boy Meets Girl" e Sangue Ruim valida a crença de que só o tempo justifica ou refuta os entusiasmos de outrora. Quando o nome do cineasta francês Leos Carax apareceu, há três décadas, veio acompanhado de uma consagração imediata.Dois anos depois, seu segundo longa foi saudado, por crítica e público cinéfilo, como a confirmação de que ele seria a versão atualizada do que Godard, Truffaut e os asseclas da nouvelle vague representaram nos anos 1960. O culto, porém, esfacelou-se quando a produção catastrófica de Os Amantes da Ponte Neuf (1991) converteu o gênio de primeira hora em artista financeiramente maldito. Sua carreira entrou em parafuso, e ele só se reabilitou em 2012 com o impacto temporão de Holy Motors. Lavant e Mireille Perrier em 'Boys Meets Girl', que chega ao Brasil com 30 anos de atraso. "Boy Meets Girl" (1984) manteve seu vigor de estreia, em parte por ser aquele tipo de primeiro trabalho em que o artista brinca com as influências e ao mesmo tempo impõe uma abordagem única. O filme ironiza todas as histórias de amor, como se duvidasse da possibilidade de voltar a um tema tão batido. Em vez da linearidade que culmina no final feliz, Carax encena fragmentos românticos, promessas que ficam incompletas, dores que sempre duram mais que os amores. A fotografia em preto e branco, além de objetos como telefones em carros, fliperamas e discos de vinil projetam o filme num passado intemporal. Esses anacronismos, por fim, reafirmam a representação do amor romântico, um ideal ao mesmo tempo eterno e ultrapassado. Já o efeito contrário torna Sangue Ruim um filme bastante datado. A mescla de uma obscura trama policial com o tema do amor impossível sofre com o excesso de preocupação com a imagem. A opção pelo decorativismo fez Carax ser incluído na turma de Luc Besson e Jean-Jacques Beineix, diretores adeptos de um cinema hiperestilizado. Hoje, tal escolha deixa o filme com a aparência de um catálogo de efeitos, algo como uma revista de moda de coleções ultrapassadas." (Cassio Starling Carlos)
"Na entrevista que deu ao repórter no Rio, quando veio apresentar Holy Motors, Leos Carax comentou a parceria com Denis Lavant. Lembrou que tinha 24 anos quando fizeram o primeiro longa, Boy Meets Girl. E já naquela época ele fez de Lavant o seu alter ego. Fiz com que ele perdesse na ficção a mulher por quem estava apaixonado na vida real, a atriz Mireille Perrier. Leos Carax é um desses autores que escapam a classificações. Virou objeto de culto, mas está longe de ser uma unanimidade. Tem gente que até hoje se pergunta o que ele quis dizer com Holy Motors? Carax poderia fazer suas as palavras de Wim Wenders. Cinema não é para entender, é para sentir. Agradeça à Pandora Filmes, que promove hoje a estreia dos dois primeiros longas de Carax, que ele fez com Lavant, em 1984 e 87. Boy Meets Girl, com Mireille Perrier, e Sangue Ruim, com Juliette Binoche (por quem ele também era apaixonado na época). Os dois foram remasterizados e serão exibidos em cópias digitais que foram supervisionadas pelo próprio diretor. Há 30 anos, quando surgiu Garoto Encontra Garota - o mais velho tema do mundo -, Walter Salles saudou a descoberta de Carax como sendo a de um grande cineasta. Antecipou nele o futuro do cinema. Alex Christophe Dupont é seu nome, mas ele adotou o pseudônimo de Alex Carax e, se lhe interessa saber, Carax é um anagrama de Oscar. Pertencente à geração de Jean Jacques Beineix e Luc Besson, Carax foi integrado com eles num bloco que os críticos chamaram de neorrealista. A pós-modernidade seria o elo comum, mas Carax, com o tempo, revelou-se mais denso, menos palatável. E nunca parou de surpreender. Besson virou diretor e produtor comercial, Beineix teve hiatos tão grandes na carreira que, às vezes, ela parece parada. Só Carax persevera no estranhamento. Com Os Amantes do Pont Neuf, também com Lavant e Juliette Binoche, fechou a trilogia de Alex. Apesar do nome igual, Lavant interpreta personagens diferentes em cada um deles. Vieram depois Pola X, com sua cena de sexo explícito (e uma poderosa atuação de Guillaume Depardieu) e Holy Motors, que desconcertou o público e os críticos. O Carax da trilogia e de Pola X investiga o casal no mundo moderno, o de Holy Motors vai ao limite para expor a insanidade do mundo moderno. E sempre, em todos os seus filmes, o cinema, a linguagem, não é só uma ferramenta. É a própria razão de ser. "Boy Meets Girl" é sobre um pretendente a cineasta que leva o fora da namorada - que o troca pelo melhor amigo - e, em crise, vaga pela cidade enquanto espera a hora de partir para o Exército. Mauvais Sang, Sangue Ruim, é a história de um casal jovem sobre um fundo de criminalidade. Em 1987, os críticos viam o sangue ruim como metáfora não só da vida criminosa como da aids, que virara o pesadelo daqueles dias. Carax, ex-crítico, paga seu tributo à Nouvelle Vague, o movimento de transformação do cinema francês no fim dos anos 1950. Em especial, o filme é cheio de referências a Jean-Luc Godard, que o jovem Carax considerava seu profeta. Mais tarde, ele descobriu que não queria ser influenciado por ninguém, preferindo seguir uma via original. Talvez, para permitir que o público avalie integralmente o cinema segundo Carax, a Pandora devesse trazer os demais filmes do autor. É um cineasta interessado no casal moderno, no que aproxima e afasta as pessoas. E ele ousa - jogou todo o prestígio que adquirira com os dois primeiros filmes (''Boy Meets Girl'' ganhou o Prêmio da Juventude em Cannes) para conseguir que os produtores bancassem Os Amantes do Pont Neuf. Para narrar a historia do casal sem-teto que vive e se ama nos bancos do Pont Neuf, sobre o Sena, Carax fez construir o maior cenário já montado no cinema francês. Saiu caro e o fracasso do filme - cuja produção se estendeu por mais de ano - sedimentou a reputação de maldito de Carax. A provocação - o sexo explícito - de Pola X e logo o episódio Merda de Tokyo!, filme coletivo, fizeram dele o mais excêntrico dos autores franceses. Existem críticos que acham que ele é louquinho como seus personagens. Mas é bom demais, e intrigante." (Luiz Carlos Merten)
1985 César / 1984 Palma de Cannes
Abilene
Diretor: Leos Carax
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Date 26/02/2014 Poster - ###### - DirectorRoger VadimStarsJane FondaJohn Phillip LawAnita PallenbergIn the 41st century, an astronaut seeks to stop an evil scientist who threatens to unleash a powerful weapon upon the galaxy, partaking in sexy misadventures along the way.[Mov 08 IMDB 5,9/10 {Video/@@@}
BARBARELLA
(Barbarella, 1968)
"Top entre os filmes cult." (Heitor Romero)
O filme é horroroso, mas Jane Fonda faz compensar qualquer diálogo ruim que tenhamos que suportar.
''Considerado a primeira adaptação dos quadrinhos diretamente para o cinema (antes, o público só acompanhava seus heróis em tele-séries), Barbarella – o filme – chegou ao mundo em 1968, época em que a ficção científica no cinema ainda vivia de maneira forte (2001: Uma Odisséia no Espaço fora lançado naquele ano). ''Barbarella'', porém, tem pouco de científico, e o fato de o filme continuar vivo na mente de alguns seguidores é, quase que unicamente, devido à sua protagonista, Jane Fonda, desfilar semi-nua durante quase todo o tempo em que está na tela. ''Barbarella'' é uma espécie de agente que viaja pelo Universo a pedido do Presidente da Terra para cumprir missões vitais ao destino de todos. O roteiro do filme é tão descuidado que, apesar de Barbarella ser a heroína do filme, é uma personagem quase que totalmente passiva, que comete erros primários típicos de loiras burras (que é o que ela é, na realidade, para deleite de seus fãs): derrete-se fácil aos encantos de quaisquer desconhecidos que queiram fazer amor com ela; quando ela consegue escapar dos perigos que se apresentam, é devido à sorte ou à burrice de seus inimigos, que conseguem ser mais estúpidos que ela. Creio que sua única habilidade seja sua sensualidade, tanto que é utilizando seus dotes sexuais que ela consegue, em determinado momento, escapar da morte. O humor não-intencional toma conta do trabalho do diretor francês Roger Vadim. É o velho caso em que algo é tão ruim que, de certa forma, torna-se bom. Frases ou diálogos como um anjo não faz amor, um anjo é amor; - Você é muito bonita, Bonita-Bonita. – Meu nome não é Bonita-Bonita, é Barbarella; descrucifiquem o anjo; eu farei a você coisas que estão além de todas as filosofias conhecidas; e, finalmente - Qual é seu nome? – Eu venho da Terra!, enchem as cenas e tornam cada diálogo, digamos, especial. O motivo que fez de um filme tão ruim e burro viver por décadas dentro de um grupo de fãs é justamente esse humor não-intencional e, principalmente, Jane Fonda. Interpretando um papel que muitos homens absolutamente adoram (principalmente na época do lançamento do filme, quando qualquer movimento feminista era motivo de preconceito maior): a loira burra e sensual. Jane Fonda era uma atriz lindíssima na época (e é questionável se alguma atriz da atualidade é mais bela que ela àquela época) e o jeito ingênuo que inseriu em sua personagem faz derreter qualquer coração masculino (eu sou uma terráquea mediana). Tecnicamente, assim como artisticamente, ''Barbarella'' continua deplorável. Para filmar várias cenas com os recursos limitados da época, a equipe técnica contou com bastante inteligência. A cena inicial, por exemplo, em que ''Barbarella'' aparece flutuando sob gravidade zero, foi filmada de cima para baixo, com o cenário simulando a espaçonave da heroína. Mas mesmo com esses detalhes, os efeitos especiais podem ser considerados ruins ainda que levemos em consideração a sua época. A impressão que se tem é a de que o filme nasceu com dez anos de atraso. Pelo menos! Mesmo tão ruim, é inegável a influência que o filme teve. Tanto que a famosa banda dos anos 1980, Duran Duran, tirou seu nome de um de seus personagens: Duran é o cientista desaparecido que ''Barbarella'' tem a missão de encontrar. Lembrando que o filme deverá ganhar uma refilmagem em 2008 ou depois. A principal questão levantada pelos fãs do original é, obviamente, qual será a atriz que substituirá Jane Fonda. Não é trabalho para qualquer uma, e as comparações serão duras e inevitáveis. Até lá, todos podemos desfrutar o filme original, não pela história esdrúxula, mas pelos dotes físicos de Jane Fonda. Recomendado apenas para os homens." (Alexandre Koball)
Dino de Laurentiis Cinematografica
Marianne Productions
Diretor: Roger Vadim
21.354 users / 3.814 face
Check-Ins 479
Date 04/03/204 Poster - ##### - DirectorWoody AllenStarsCate BlanchettAlec BaldwinPeter SarsgaardA New York socialite, deeply troubled and in denial, arrives in San Francisco to impose upon her sister. She looks like a million dollars but isn't bringing money, peace or love.[Mov 09 IMDB 7,4/10] {Video/@@@@} M/78
BLUE JASMINE
(Blue Jasmine, 2013)
''Depois da longa temporada de filmes em Roma, Paris, Barcelona e Londres, Woody Allen decidiu encarar a crise econômica americana iniciada em 2008. Filmado entre Nova York e São Francisco, "Blue Jasmine" conta a história da mulher de um milionário investidor que é clone do golpista Bernard Madoff, um dos vilões da quebradeira de bancos que desintegrou as economias de milhares de investidores. A Ruth Madoff da ficção é Jasmine (Cate Blanchett), que parece ignorar tanto a desonestidade do marido, Hal (Alec Baldwin), quanto sua infidelidade em série. O filme começa com Jasmine já separada do marido, que é preso, e tendo que se virar sem a fortuna. Ela vai a San Francisco para se hospedar na casa da irmã, que se separou do marido pobretão, tem dois filhos pré-adolescentes e namora outro perdedor, tanto na cabeça de Jasmine, quanto na maneira como Allen o filma. Diversos flashbacks mostram como era a vida de Jasmine nos tempos da opulência na Park Avenue nova-iorquina, onde ela queria manter distância do lado pobre da família. Apesar de conservar os vestidos Chanel e as malas Louis Vuitton, Jasmine é um fracasso agora. Vira secretária de um dentista que a assedia sem parar, não consegue usar o computador para fazer um curso de decoração pela internet e se consola com uísque e doses generosas do antidepressivo Xanax. Ela está à espera da bondade de estranhos - sua personagem é inspirada na Blanche Dubois, do clássico teatral Um Bonde Chamado Desejo, de Tennessee Williams. Nessa América de desigualdades sociais crescentes, Allen não parece ter muita simpatia por ninguém: pobres e ricos são simplórios, clichês ambulantes. Apesar de descrita como comédia dramática pela crítica americana, "Blue Jasmine" é o menos cômico filme do cineasta desde o ótimo Match Point. Mas sofre do mesmo mal que atingiu Os Amantes Passageiros, de Pedro Almodóvar: é uma comédia que tenta explicar a crise, mas a mensagem compromete as piadas e boa parte da empreitada. Allen se sai melhor que o espanhol, felizmente, mas o melhor filme sobre a crise de 2008 ainda é o drama Margin Call - O Dia Antes do Fim (2011). Salva-se o padrão Allen de qualidade: elenco de grandes atores fazendo pontas inspiradas (neste caso, de Louis C.K. a Peter Sarsgaard); algumas tiradas que deveriam ser estudadas por todo jovem comediante de stand-up e a fotografia do espanhol Javier Aguirresarobe (de Fale com Ela e Vicky Cristina Barcelona). E Cate Blanchett, que paira imune à caricatura - ela dá dignidade e riqueza à personagem que não se encontram no roteiro. Principalmente por ela, continuaremos a dizer que qualquer filme ruim de Woody Allen ainda está acima da maioria dos filmes em cartaz." (Raul Justo Lopes)
"Mais uma obra sólida do Woody Allen século XXI, é uma média agradabilíssima de seus dramas com suas comédias, até porque repete situações de roteiro recorrentes em sua longa carreira." (Alexandre Koball)
"Impossível não pensar em como nossa vida poderia ficar diferente do que é se acontecesse isso ou aquilo... Você está aproveitando-a? Senão, está fazendo algo a respeito para melhorá-la? Woody segue em forma com seus dramas sempre precisos."(Rodrigo Cunha)
"A combinação de "Um Bonde Chamado de Desejo" e "Uma Mulher Sob Influência" serve para Woody Allen pintar um belo e profundo estudo de personagem. Blanchett domina a cena. Não chega a ser um novo "Match Point", mas o saldo está bem acima da média." (Régis Trigo)
"Blanchett, em uma atuação primorosa, e Allen constroem uma grande personagem na protagonista, complexa, real e repleta de nuances. O resto do filme, porém, não mantém o nível, com o roteiro apostando em soluções rápidas e fáceis para os conflitos." (Silvio Pilau)
"Em um filme de poucas concessões, e cujo sentindo encontra-se no paralelo com a crise financeira mundial, nos hábitos da elite (cínica e fútil) e na felicidade fabricada, Cate Blanchett domina Blue Jasmine, e hipnotiza o público, com seu tipo em ruína.'' (Emilio Franco Jr)
"A versão de Allen para Um Bonde Chamado Desejo rende um trabalho livre da lição de moral de suas obras recentes, e resgata seu lado tragicômico mais cínico. Blanchett constrói uma personagem de peso, mas é de Hawkins a composição mais bela e sutil." (Heitor Romero)
"Uma Cate Blanchett tão gigante em cena que a todo momento nos faz esquecer estarmos diante de um filme de Woody Allen, conferindo à esquizofrenia típica do autor um outro nível de complexidade. Ela é a autora de Jasmine, quem faz dela brilhante." (Rodrigo Torres de Souza)
''Depois de tanto filmar na Europa, nos últimos anos, Woody Allen parece ter se apaixonado novamente pelos Estados Unidos. Mas não, desta vez, Nova York. Ao adaptar "Um Bonde Chamado Desejo" (de Tennessee Williams, mas também o filme dirigido por Elia Kazan), escolheu situar seu "Blue Jasmine" em San Francisco. Na verdade, Nova York não está excluída: é de lá que chega a chique Jasmine (Cate Blanchett) para visitar sua irmã proletária, Ginger (Sally Hawkins). A história é um pouco mais complicada: Jasmine e Ginger são ambas filhas de adoção. Portanto, irmãs e não irmãs ao mesmo tempo. Jasmine até pouco tempo atrás era a mulher de um bilionário magnata das finanças. Há algum tempo, foi-se ver, o magnata era um escroque. Foi preso e, de uma hora para outra, Jasmine se viu na miséria e sem ter aonde ir com sua mala Louis Vuitton, exceto o pobre apartamento de Ginger. Como a Blanche DuBois de Tenessee Williams e Elia Kazan, Jasmine tentará por todos os meios apagar o passado. O encanto do filme, no entanto, não vem das semelhanças entre "Blue Jasmine" e Um Bonde Chamado Desejo, mas desse jogo de aproximação e oposição que Allen constrói, a começar da troca de Nova York por San Francisco: não muda apenas a costa, mas também o ar que se respira. Depois, Jasmine experimenta uma espécie de queda de categoria social bem diferente daquela por que passa Blanche. O marido vigarista (uma espécie de versão americana e mais sofisticada dos nossos fiscais municipais) é um finório e constitui uma oposição bem interessante ao namorado de Ginger, um grosseiro de carteirinha (ele é uma espécie de corruptela de Marlon Brando). Ali, onde Tennessee Williams e seu duplo, Elia Kazan, olhavam as relações humanas e a necessidade de desnudamento para chegar à verdade com angústia, Woody Allen observa os fenômenos com o distanciamento do humor, ainda que na segunda metade do filme, à medida que a necessidade de Blue Jasmine de se reencontrar na vida fica mais intensa, o drama se insinue. Mas Cate Blanchett não permite que o ar de Nova York chegue a San Francisco: insere beleza mesmo na decadência da dama, e não a despoja de ironia, quando sua Blue Jasmine evoca não mais Blanche Dubois, mas, mais diretamente, Vivien Leigh interpretando Blanche no célebre filme de Kazan. Depois do fracasso romano, nada melhor do que reencontrar Woody Allen em forma." (* Inácio Araujo *)
"Depois de uma infeliz excursão à Itália, com "Para Roma com Amor", fez bem a Woody Allen voltar aos EUA. "Blue Jasmine" foi um reencontro feliz com certas paisagens, com certo modo de ser. Mas não um reencontro burocrático: a ação deste Um Bonde Chamado Desejo devidamente adaptado passa-se em San Francisco, Califórnia, longe da Nova York tão familiar a Woody. E o filme trata de uma ricaça cujo marido é pego em flagrante de corrupção ostensiva. É isso que a força a procurar a irmã pobre. Nota-se o prazer de Woody em trabalhar com Cate Blanchett (Jasmine) e Sally Hawkins (Ginger, sua irmã). Ou em criar um tipo (o namorado de Ginger) à imitação de Marlon Brando. Ou em transformar o drama em semi comédia. Mas estar em seu país parece favorecer mais do que tudo." (** Inácio Araujo **)
O grande Woody Allen está de volta.
"Incrível o bem que uma grande atriz pode fazer a um filme do Woody Allen – uma verdadeira atriz, não Scarlet Johansson. Da mesma forma que as Dianes Keaton e Wiest, e de certa forma também Mia Farrow, foram fundamentais para o sucesso dos melhores filmes de Allen ao longo dos anos, Cate Blanchett é o mais recente e melhor filme do diretor em 20 anos, Blue Jasmine (idem, 2013), sua mais intensa e fluida obra desde pelo menos O Misterioso Assassinato em Manhattan (Manhattan Murder Mystery, 1993), com Diane Keaton, e Tiros na Broadway (Bullets over Broadway, 1994), com Diane Wiest. ''Blue Jasmine" talvez seja um de seus filmes mais cruéis: ao retratar impiedosamente uma socialite de Nova York quebrada após a morte do marido, Allen escolheu um bairro de classe média baixa de San Francisco (portanto, não ambientou o filme apenas em cartões postais deslumbrantes de Manhattan, só nos flashbacks), cenários claustrofóficos, barulheira infernal e um humor corrosivo que havia desaparecido das obras mais aguadas das duas últimas décadas. Mas a grande diferença é como Cate Blanchett lida com as paranóias típicas dos personagens de Allen: dá intensidade, injeta desalento, deixa o público atônito. Nunca um neurótico woodyalleniano, nem mesmo o próprio diretor e roteirista como ator, sofreu tanto com as próprias fobias. Allen compreendeu isso e, ao explorar as possibilidades que Blanchett poderia proporcionar, foi mais longe e de maneira inédita em sua obra. Blanchet fica em cena praticamente 90% do filme. Fala sozinha, bebe o tempo todo e se entope de Zanax, um tranquilizante usado para tratar distúrbios de ansiedade. Vestida de Channel, sapatos Hermès e bolsas Fendi, é uma versão contemporânea da Blanche Dubois, personagem que o dramaturgo americano Tennessee Williams criou na peça Um Bonde Chamado Desejo (A Streetcar Named Desire, 1951) – chegou ao cinema, com nome idêntico, na versão de Elia Kazan, com Vivian Leigh no papel principal. Blanchett acaba de interpretar a personagem nos palcos. Woody Allen disse que não viu a montagem, mas pelo menos o título do novo filme é uma referência à peça: Blanche Dubois diz na peça que Stanley, o rústico por quem se apaixona, não era do tipo de sentir perfume de jasmim. "Blue Jasmine" é também um comentário de Allen para a crise financeira mundial, em especial o escândalo Madoff, quando o então presidente da Nasdaq, a bolsa de valores de empresas .com, Bernard Madoff, foi preso em 2008 depois que os próprios filhos avisaram o FBI das atividades criminais do pai, uma fraude de US$ 65 bilhões. A alta sociedade mostrada por Woody Allen é, além de cínica e esnobe, corrupta e criminosa. A classe média é mesquinha, cafona, ‘loser’. Sem charmes dessa vez: o diretor saiu dos huis clos de Manhattan (ou o equivalente na Europa) para algo mais ambicioso e universal. Mas o Woody Allen misantropo, hipocondríaco e esquizofrênico de sempre está lá. O curioso é que, ao soltar as longuíssimas, intermináveis frases dos diálogos do roteiro de Allen, Cate Blanchett não repete os tiques e estereótipos do diretor na personagem: elas os molda numa constante de desilusão, desespero e desalento. Ela chora quando um pretendente finalmente liga para chamá-la para sair: isso nunca foi motivo de crise de choro num filme de Woody Allen. Mentirosa crônica, fantasista e incapaz de reconhecer a realidade, a anti-heroína é de tal forma humana e real que seduz pelos seus defeitos, como os demais personagens cativantes de Woody Allen, mas sem os apartamentos chiques de Nova York, nem a deslumbrante paisagem, nem a larga cultura ou a condescendência com os menos afortunados, em geral menos inteligentes, que Allen justifica por motivos de força sexual. Jasmine é uma menos afortunada intelectualmente, mas tão sedutora quanto – e não está nem um pouco interessada em ter relações com ninguém fora do que ela considera seu círculo. Eis uma das novidades do filme em relação ao restante da obra do diretor. As piadas voltaram à boa forma, ácidas e melancólicas. Mais elaboradas, várias não são nem mesmo verbais – é apenas o diretor com a câmera e sua atriz. As pausas dramáticas de Blanchett, com seus profundos olhos azuis e em geral uma cara abobalhada, pois a personagem foi pega de surpresa em mais uma gag do diretor, diluem o ritmo da comédia e intensificam o drama. Mesmo em situações mais ou menos absurdas, bem típicas de Woody Allen, as polidas e longas respostas de Jasmine soam arrogantes e antipáticas, de alguém atacando porque na defensiva, de maneira que o todo foge de ser mais uma cena engraçadinha que foram correntes nos demais filmes recentes do diretor. Há tensão. A personagem não está apenas respondendo de forma graciosamente inteligente a uma provocação. Ela está ocultando (mal) suas fraquezas, mesmo que o tom seja de farsa. Flashbacks permeiam a trama, explicando o passado, servindo de contraponto e impregnando as personagens de experiências. Rara tanta força narrativa em Woody Allen, só mesmo em suas obras de maior fôlego. Em suma, um filme menos abstrato que se espera do diretor no que seria sua fase final. Se antes ações e situações serviam apenas para ilustrar as ideias do diretor, em Blue Jasmine temos um presente forte o suficiente para interferir em tudo, mesmo nas crenças das personagens. É menos hermético e nem por isso mais superficial. Ao contrário, dá a Allen uma densidade que lhe faltava ultimamente. Com a câmera mais ágil, mesmo em espaços exíguos, Woody Allen conseguiu outro efeito: quando está parada, foca a desamparo interior de Jasmine. Em vez de ratificar as neuroses com as indefectíveis torrentes de palavras e citações, o diretor explora emoções que são desconhecidas pela personagem e ela não saberá como lidar como elas. É como se o cineasta tivesse saído de seu contemplativo mundo de intelectual para tentar entender a realidade que passa os EUA (e o mundo hoje) durante a crise econômica. Ele mesmo, diretor, que não consegue financiamento para seus filmes em Hollywood e é ignorado pela maior parte do público de seu próprio país. Woody Allen é Jasmine French." (Demetrius Caesar)
Woody Allen elege Cate Blanchett como sua nova musa problemática.
"Embora tenha chegado com um par de anos de atraso aos efeitos da crise econômica, Woody Allen tira de seu elenco principal em ''Blue Jasmine'', particularmente de Cate Blanchett, atuações que resumem o sentido tragicômico da ruína dos especuladores financeiros de Nova York após a quebra dos bancos em 2008. Enquanto era casada com o investidor Hal (Alec Baldwin), Jasmine (Blanchett) viveu o melhor da especulação: compras, festas, viagens pelo mundo. Depois que o marido foi preso por fraude e Jasmine - que tinha tudo no seu nome - foi à falência, só lhe restou morar de favor com a irmã cafona, Ginger (Sally Hawkins), e recomeçar a vida em San Francisco. Allen estrutura o filme com flashbacks constantes para dar o tom do seu conto moral. Desde o início, em que Hal e Jasmine aconselham o marido de Ginger a investir na especulação ao invés de abrir seu próprio negócio, Blue Jasmine trata sem meias palavras das razões e dos efeitos da crise, escolhendo vítimas e apontando culpados. Mas pela perua Jasmine Allen simpatiza, senão ela não seria a protagonista do filme, afinal. Na verdade, pela forma ostensiva como Allen filma Cate Blanchett - exposição que a atriz tem talento e experiência suficientes para aguentar - somos capazes de tirar da personagem, ao longo do filme, um espectro completo de juízos: ela é vítima e culpada, tapada e esperta, lúcida e neurótica. (Não seria uma protagonista de Woody Allen se não fosse neurótica.) O cineasta parece emular os contos morais e de verão de um dos seus ídolos, o finado Éric Rohmer, na maneira francesa como Allen filma os espaços do apartamento de Ginger em San Francisco, seguindo a ação junto ao corpo das atrizes e fazendo alguns travelings entre um cômodo e outro. De qualquer forma, são as escolhas que ele faz na hora de enquadrar Blanchett que têm o maior impacto. Na cena do telefonema, por exemplo, em que Jasmine quebra e cai no choro, a câmera fica a meia distância, em respeito, porque é o momento em que comédia e tragédia se unem. Quando Allen vai para o close-up na atriz mesmo que a ação aconteça fora do enquadramento (para Jasmine é imprescindível escutar os outros, para saber como reagir), percebemos a dedicação com que o cineasta trata essa sua nova musa. Há muitas musas tortas na carreira do diretor - Blanchett desde já rivaliza com Dianne Wiest como as melhores - mas entre tantas protagonistas problemáticas poucas são expostas com tanta convicção quanto Jasmine." (Marcelo Hessel)
"É o melhor filme de Woody Allen em muito tempo – desde a fase Mia Farrow? Ok, você pode ter se divertido com Meia-Noite em Paris, pode até ter visto certa densidade em Match Point – o remake alleniano disfarçado de Um Lugar ao Sol, de George Stevens –, mas há tempos que o autor não investia num retrato tão denso quanto ele traça agora de Blue Jasmine. O nome do filme é o da personagem de Cate Blanchett, e a atriz está excepcional, numa atuação de Oscar. Woody Allen tem garantido a estatueta da Academia de Hollywood a muitos de seus atores e atrizes (Diane Keaton, Dianne Wiest, Mira Sorvino, Penélope Cruz, Michael Caine). Será uma tremenda injustiça se Cate não ganhar – ficar de fora das indicações, que saem só em janeiro, parece impensável. ''Blue Jasmine'' é da vertente de Hannah e Suas Irmãs, Crimes e Pecados. Cate faz essa mulher cujo marido quebrou, financeira e moralmente. Socialite, acostumado ao bom e ao melhor de Nova York, ela busca refúgio na casa da irmã, em San Francisco. A irmã – Ginger – é interpretada por Sally Hawkins. Você se lembra dela. Era a Poppy de Simplesmente Feliz, de Mike Leigh (mas também estava em O Sonho de Cassandra, do próprio Woody Allen). Ginger é simplória, tem um namorado brucutu – pelos menos aos olhos de Jasmine. Ela acusa a irmã de sempre se haver contentado com pouco. Jasmine é assim. Chega para tensionar, dividir. Cria um mal-estar tão grande que a solução é lhe apontar a porta da rua. Woody Allen constrói seu filme na oposição – de personagens e ambientes. Alec Baldwin, o ex de Jasmine, é o contraponto perfeito de Bobby Cannavale, Chili, o atual de Ginger. Por pressão da irmã, Ginger arrisca-se a perder um amor sincero por uma relação duvidosa. A antinomia aplica-se às irmãs. Cate, como Jasmine, é absolutamente frenética. Passa o filme à beira de um ataque de nervos, expondo suas carências, mas sempre sem perder a pose. Embora sem um tostão no bolso, e vivendo de favor com a irmã, desembarca em San Francisco viajando de primeira classe – porque é o que os ricos fazem. Sally Hawkins meio que repete a Poppy de Simplesmente Feliz. É o problema de Cate/Jasmine – ela não consegue ser feliz, simplesmente. O segredo de ''Blue Jasmine'' é que Woody Allen volta à densidade da sua grande fase – Dostoievski, Crime e Castigo, etc. –, mas com a leveza da fase recente. Seu novo filme é um dos acontecimentos do ano." (Luiz Carlos Merten)
86*2014 Oscar / 71*2014 Globo
Gravier Productions
Perdido Productions
Diretor: Woody Allen
121.426 users / 34.920 face
Check-Ins 522 47 Metacritic
Date 25/04/2014 Poster - ####### - DirectorRoberto RosselliniStarsPierre ArditiRita ForzanoGiuseppe AddobbatiBlaise Pascal struggles to understand the natural world around him, in addition to an inner quest for religious faith.Mov 05 IMDB 7,2/10] {Video}
BLAISE PASCAL
(Blaise Pascal, 1972)
"Blaise Pascal" foi um pensador francês do Século XVII que teve grandes contribuições com a ciência de sua época. Fez a primeira máquina de calcular mecânica (La Pascaline) e ajudou a criar a Teoria das Probabilidades. Seu famoso Teorema de Pascal foi criado quando tinha 16 anos. Sua educação esteve inicialmente aos cuidados de seu pai, o matemático Etienne Pascal; mais tarde teve algumas controvérsias com aristotélicos tradicionais e escreveu muitas obras de teor religioso, durante um período (por volta de 1650) que se recolheu aos estudos. Este filme de Robero Rossellini faz parte da série de filmes sobre grandes filósofos feitos pelo italiano na década de 1970 (Sócrates, Santo Agostinho e Descartes) e acompanha a vida de Pascal dos seus 17 anos até a sua morte." (Filmes Épicos)
''Blaise Pascal'' é o mais novo filósofo de Roberto Rossellini (1906-1977) lançado pela Versátil. Antes, já haviam saído Sócrates, Descartes e Santo Agostinho. São alguns dentre os filmes feitos para a televisão italiana pelo cineasta, considerado pai do neorrealismo. Dito assim parece coisa de nada. Mas a decisão de Rossellini, ao abandonar o cinema tradicional e dedicar-se a fazer filmes para a TV, causou muita polêmica na época. Afinal, tem-se o cinema como faceta mais nobre do amplo espectro do audiovisual. É, por assim dizer, como a alta costura do audiovisual, enquanto a televisão seria o prêt-à-porter. O que então teria levado em direção à TV o renomado mestre, autor de obras clássicas como Roma Cidade Aberta, Paisà, Alemanha Ano Zero e Viagem à Itália? O próprio Rossellini deu a resposta a essa pergunta, em 1963, com uma frase provocativa: O cinema está morto. Morto? No início dos anos 1960, década dos grandes realizadores, de Federico Fellini a Michelangelo Antonioni, sem falar do nosso Glauber Rocha? A frase causou grande impacto. Inclusive entre colegas, companheiros de arte e ofício de Rossellini, que, melindrados, não deixaram de criticá-lo. Um deles, o mais ilustre, foi direto na jugular do italiano: Acontece que é o cinema de Rossellini que está morto, disse Alfred Hitchcock. Resposta violenta de Hitchcoch, que muitos atribuem ao ciúme por causa de Ingrid Bergman, atriz de vários dos seus filmes e que se tornou mulher de Rossellini. Caso rumoroso, aliás, pois a sueca era casada quando conheceu Rossellini e passaram a ter um caso. Ingrid passou a trabalhar com Rossellini e foi protagonista de filmes marcantes como Stromboli (1950) e Viagem à Itália (1954). Casaram-se, tiveram filhos, separaram-se. Mas, enfim, limpando de lado essa trivia pessoal, a verdade é que Rossellini tinha lá suas razões para se decepcionar com o cinema. Segundo ele, a chamada sétima arte havia sido engolida pelo excesso de glamour e exibicionismo em sua esfera mais mundana, a do cinema comercial, hollywoodiano ou não. E mesmo o cinema dito de arte não estava a salvo, por ter sacralizado a figura do autor, invenção francesa que havia colocado os filmes num patamar de culto, mas talvez pouco humano. Pelo menos segundo a ótica do humanista que era Rossellini. Assim havia a televisão, que já tinha sido inventada fazia algumas décadas e, àquela altura, havia se transformado em meio de comunicação que atingia grandes faixas da população. O cinema ainda era bem popular, mas Rossellini já previa o papel dominante que a televisão viria a ter nos anos seguintes. Antevia, com olhar nem tanto de profeta, mas de utopista, imaginando que aquele veículo rápido e democrático bem poderia ser usado em benefício do povo, até mesmo como veículo de instrução. Daí lhe parecer de máxima importância dedicar-se a dirigir filmes didáticos, sobre grandes acontecimentos históricos, ou sobre personagens marcantes. Foi assim que dirigiu filmes históricos como A Tomada do Poder por Luís XIV (1966) e A Era dos Médici (1973). A série de filósofos entra nesse quadro geral. Vê-se que são filmes ascéticos, em busca do rigor e da simplicidade. Preocupam-se com os acontecimentos de vida dos personagens, mas também com o que pensaram e escreveram. Muitos dos diálogos são extraídos diretamente de suas obras escritas. No caso de Sócrates, modelo intelectual de Rossellini, que não deixou livros, as frases são extraídas das obras de Platão, seu discípulo, que a ele se refere com freqüência em seus Diálogos e na Apologia de Sócrates. Os filósofos escolhidos por Rossellini são homens obstinados em sua busca do conhecimento e, de maneira geral, em luta contra alguns elementos de seu tempo. ''Blaise Pascal'' (1972), o mais recente título lançado, mostra o rapaz inventivo, encarnando a luta entre a ciência e a superstição. É interessante ver, no filme, o contraste entre o brilhante matemático, inventor da calculadora, que assiste, com horror e fascínio, ao julgamento de uma pobre mulher acusada de bruxaria. Esse confronto expõe, em linhas dramáticas, o combate, temerário e muitas vezes dissimulado, entre a fé e a razão.Embate também registrado em outro filme, Descartes (1974), filósofo antecessor de Blaise Pascal na afirmação da racionalidade e do método científico. Rossellini extrai trechos inteiros de algumas das obras fundamentais do pensador, como O Discurso do Método (1637) e as Meditações Metafísicas (1641), para compor as ações dramáticas do personagem. São procedimentos teóricos de Descartes, cuja função seria fundar a autonomia do pensamento racional diante da fé. Vale dizer que, naquela época, toda démarche racionalista tinha de ser, também, uma negociação com a autoridade religiosa. Donde, nas Meditações, Descartes precisar, primeiro, ocupar-se das provas da existência de Deus, para apenas depois afirmar que o Cogito (a Razão) se sustenta por si só. Eu sou, eu existo, deduz, pelo simples fato de pensar. A conclusão entrou para a história do conhecimento como a frase famosa Penso, logo existo.Já a questão abordada em Santo Agostinho (1972) é diferente, mesmo porque o momento histórico é outro e a, para usarmos uma expressão moderna, a agenda filosófica da época pedia outras meditações que não as cartesianas. Rossellini faz seu personagem ocupar-se menos dos problemas de conversão religiosa, que aborda em suas Confissões, do que do embate político sobre o qual se vê obrigado tomar posição. Nascido no norte da África, colonizada pelo império romano, Agostinho converteu-se ao cristianismo e, como bispo de Hipona, combateu heresias como o maniqueísmo e o donatismo. A grande questão política que teve de enfrentar foi o debate crucial com o paganismo. Estes responsabilizavam o catolicismo e sua pregação de não-violência pela queda de Roma diante dos bárbaros. A polêmica entre Agostinho e os pagãos, saudosos do imperador Juliano (que tentou, sem sucesso, restituir Roma ao paganismo), ocupa boa parte desse filme intelectual porém de ritmo envolvente. Mas talvez o mais emocionante perfil dessa série seja o de Sócrates (1971), mesmo porque Rossellini se identificava com o filósofo grego, que considerava uma espécie de herói intelectual. Vemos, ao longo do filme, Sócrates em ação, usando de sua melhor arma, o diálogo, para instilar a dúvida em adversários cheios de certeza. Uma longa sequência é dedicada ao julgamento e execução de Sócrates, acusado de vários delitos, entre os quais o de impiedade, culto a novos deuses e corromper a juventude. Sócrates poderia ter escapado à morte se tivesse abjurado suas ideias ou aceitado o plano de fuga dos amigos. Preferiu morrer, bebendo cicuta, a trair a si mesmo ou renunciar à cidadania ateniense. Essa postura, ética até o fim, fascinava Rossellini. Talvez Sócrates tenha encarnado, de fato, o ofício que Rossellini se atribuiu, no final da vida. Decepcionado com o cinema e com os rumos que este tomava, mesmo por gente que se dizia influenciada por ele (como os diretores da nouvelle vague francesa), escreveu, em seu Fragmento de uma Autobiografia (Nova Fronteira, 1992), essa frase surpreendente. Eu não sou um cineasta. E acrescentou que seu trabalho, na verdade, era outro. Árduo, extenuante, exigindo dedicação cotidiana e impossível de ser exercido com perfeição: o ofício de ser um homem. Sócrates (470-399 a.C.) Sócrates delimita uma época da história da filosofia, tanto assim que os autores anteriores a ele, como Tales, Heráclito e outros, são denominados de pré-socráticos. Paradoxalmente, esse que é considerado o pai da filosofia, não deixou obras escritas, pois entendia que elas imobilizavam o pensamento. O conhecimento de suas idéias e trajetória se devem à sua presença nos Diálogos, de seu discípulo Platão, e também em referências de Aristóteles e Xenofonte. Denominava seu método de maiêutica, o parto de idéias, que, pelo diálogo, colocava em crise as certezas dos interlocutores. A frase que define sua postura diante da vida é tudo que sei é que nada sei. Foi condenado à morte pelos tribunais de Atenas e obrigado a beber cicuta. Santo Agostinho (354-430) Agostinho nasceu e morreu no norte da África, atual Argélia, na época parte do Império Romano. Foi professor de retórica em Milão, converteu-se ao cristianismo e tornou-se religioso. Combateu seitas cristãs, como a dos donatistas, consideradas então heréticas. Suas obras principais são A Cidade de Deus e Confissões. Influenciado por Platão, fez a ponte entre o pensamento grego e a doutrina cristã. A influência do pensamento de Agostinho se estendeu até a Idade Média, em especial nas relações entre a fé cristã e o conhecimento da natureza. Respeitava a capacidade de conhecimento do ser humano mas afirmava que a revelação da fé era mais importante. René Descartes (1596-1650) Com ele, temos uma nova espécie de filósofo, situado na base da revolução científica. Descartes propôs a fusão da geometria com a álgebra, o que redundou na geometria analítica. Seus principais livros – Regras para a Direção do Espírito, Discurso do Método e Meditações Metafísicas – estabelecem as bases para o conhecimento da natureza, propondo inclusive algumas das regras da moderna ciência: analisar, ou seja, dividir as dificuldades em suas partes elementares para melhor estudá-las, e depois reuni-las de novo através da síntese. É considerado o iniciador da filosofia moderna e pai do racionalismo. ''Blaise Pascal'' (1623-1662) Pascal vive numa época de intensa afirmação do método científico, para o qual colabora como extraordinário matemático que era. Filho de um coletor de impostos, inventa a primeira máquina de calcular que se conhece, para facilitar o trabalho do pai. Com tamanha paixão pelos estudos exatos, é curioso que Pascal tenha deixado uma frase popular até hoje: O coração tem razões que a própria razão desconhece (para se ter idéia, faz parte da letra de Aos pés da Santa Cruz, samba-canção Marino Pinto e Zé da Zilda). É também famosa a chamada aposta de Pascal, raciocínio utilitarista sobre a existência de Deus. Quem acredita, tem tudo a ganhar, estando certo ou não. Quem duvida, nada ganha se estiver certo e vai para o Inferno se errado. A principal obra de Pascal, Pensamentos, foi traduzida para o português por Sérgio Milliet." (Luiz Zanin)
Orizzonte 2000
RAI Radiotelevisione Italiana
Office de Radiodiffusion Télévision Française (ORTF)
Diretor: Roberto Rossellini
284 users / 38 face
Check-Ins 537
Date 17/04/2014 Poster - - DirectorMario MonicelliStarsVittorio GassmanAdolfo CeliSandro DoriAfter saving an infant of royal blood, knight Brancaleone forms a new army and sets out to return the baby to his father: a prince fighting in the Crusades.[Mov 10 Fav IMDB 7,4/10] {Video}
BRANCALEONE NAS CRUZADAS
(Brancaleone alle crociate, 1970) Obra Prima
{Grande é a fé e estreito é o mar} (ESKS)
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''Seguindo a fórmula de L’armata Brancaleone (O Incrível Exército de Brancaleone), o cineasta italiano Mario Monicelli lançou em 1970 o clássico Brancaleone Alle Crociate (''Brancaleone Nas Cruzadas''). O filme é uma anti-heroica e bem-humorada crítica a visão romântica sobre os cavaleiros cruzados. Em Brancaleone Alle Crociate, o protagonista anti-herói Brancaleone (Vittorio Gassman) é líder de um exército de perdedores que viaja rumo à Terra Santa. Logo no início da jornada, a ausência de um estratagema, que dá a tônica da falta de hierarquia e de propósitos coletivos, termina em massacre. Então o trapalhão Brancaleone decide formar uma nova armada, composta pelos sobreviventes; nada mais que derrotados com anseios totalmente individualistas. Tudo isso soma para ratificar com muita ironia o extremo da contradição existencial do homem. No segundo filme da franquia Brancaleone, Mario Monicelli novamente faz críticas escrachadas e satíricas sobre o perfil do cavaleiro medieval, figura muito humana e caricata na obra. A ideia do autor é justamente antagonizar a imagem clássica do cavaleiro – o que muitos livros e filmes épicos vendem como exemplo de fidalguia. O cineasta não poupa nem a Igreja Católica ao mostrar uma briga de egos entre os papas Gregório e Clemente. Um ordena o genocídio de seguidores do outro, quando na realidade a religião deveria cumprir o seu papel de valorizar a vida. Há também, como de costume na filmografia de Monicelli, o clássico humor pastelão. Exemplos são as cenas em que Brancaleone confronta o seu companheiro e teimoso pangaré Aquilante, uma paródia do cavalo Rocinante, de Dom Quixote de La Mancha, de Miguel de Cervantes Saveedra. ''Brancaleone nas Cruzadas" é uma comédia de gradação em que o espectador é estimulado a rir de situações corriqueiras e subjetivas.'' (David Arioch)
***
''A Idade Média já foi retrada de diversas maneiras no cinema. Desde obras-primas marcantes, como O Sétimo Selo, de Ingamar Bergman, passando pelas divertidas comédias do grupo inglês Monty Python, e até em produções de nível no mínimo duvidoso, como os recenetes Cruzada e Robin Hood, curiosamente ambos de Ridley Scott. Mas talvez as versões mais interessantes tenham sido do diretor Mario Monicelli, falecido recentemente: O Incrível Exército de Brancaleone, lançado em 1966, e que alcançou um notável sucesso comercial; e ''Brancaleone nas Cruzadas'', de 1970, que acompanha as aventuras do herói Brancaleone da Nórcia, imediatamente após os acontecimentos do filme anterior. O roteiro pode parecer estapafúrdio, mas é repleto de simbolismos e mesmo de tons sobrenaturais, penetrando na mentalidade do mundo medieval, além de um tom satírico delicioso. Na trama, Brancaleone, após quase todos os membros da peregrinação a Jerusalém da qual fazia parte terem sido mortos, parte junto com os quatro últimos sobreviventes (dentre eles, um coxo e um cego!) em direção a Terra Santa, para libertá-la do domínio dos mouros. No caminho, o cavaleiro ainda encontra uma bruxa, um leproso, um anão, um masoquista, um bebê, um alemão e ainda conversa com a morte! O humor do filme funciona perfeitamente. Há diálogos simplesmente hilários ( não há como não rir na seqüência da luta com o alemão, por exemplo). E o ator Vitorio Gassman, uma das maiores estrelas que o cinema italiano já viu, ainda investe em um certo tipo de humor físico que combina com o tom absurdo adotado pelo diretor (e também roteirista) Mario Monicelli. Dá-lhe brigas com o cavalo, batalhas contra vários oponentes, e mesmo cenas românticas (!) dignas de se chorar de rir. E os roteiristas (o próprio Monicelli, Agneore Incrocci e Furio Scarpelli) ainda tomaram um risco adicional no último ato, em Jerusalém: todos os diálogos são rimados, lembrado as cantigas cavaleirescas e as trovas medievais, tornando as situações mais engraçadas do que já seriam naturalmente. "Brancaleone nas Cruzadas" ainda pode ser deliciado pelas imagens belíssimas proporcionadas por Monicelli. O diretor mostra um garnde domínio técnico, demonstrado na intrigante seqüência da árvore com corpos pendurados, cena cuja força é ampliada pelos diálogos entre os mortos e a bruxa (mais uma vez, o sorenatural presente), com os primeiros contando os motivos de sua morte (por adultério, por ser judeu, ou simplesmente por comer salame). Temas medievais são abordados em cenas memoráveis, como o encontro dos dois papas, além da linda (tanto visualmente, como em seu aspecto simbólico) luta entre Brancaleone e a morte. A fotografia é mais um trunfo, além da trilha sonora com o já clássico grito de guerra, Branca, Branca, Branca, Leone, Leone, Leone!. O único pecado do filme é sua duração excessiva. Os 119 minutos acabam parecendo excessivos, e poderiam ter sido encurtados em cerca de 15 minutos. As cenas com o leproso, por exemplo acabam parecendo desinteressantes e mesmo desnecessárias perto de outros momentos hilários, e talvez pudessem ter sido eliminadas, sem fazer muita falta. Ainda assim, "Brancalone nas Cruzadas" consegue ser superior ao anterior, e mais conhecido "O Incrível Exército de Brancaleone". É uma comédia satírica interessantíssima, tendo como pano de fundo o período medieval, com cenas dignas de se assistir várias vezes. Sem dúvidas, é uma pérola do humor e do cinema italiano, de uma forma em geral." (Douglas Braga)
Fair Film
O.N.C.I.C.
Diretor: Mario Monicelli
996 users / 27 face
Date 17/04/2015 Pster - ##### - DirectorAbel FerraraStarsGérard DepardieuJacqueline BissetShanyn LeighA high-powered financial titan who controls global markets struggles with his inner demons while grappling with uncontrollable personal urges and mounting fears.[Mov 08 IMDB 5,3/10] {Video/@@@@@} M/71
BEM VINDO A NOVA YORK
(Welcome to New York, 2014)
TAG ABEL FERRARA
{violento / intenso}Sinopse
''O Sr. Devereaux é um homem poderoso. Um homem que lida com milhares de milhões de dólares todos os dias. Um homem que controla o destino econômico das nações. Um homem impulsionado por um ímpeto sexual frenético e desenfreado. Um homem que sonhava em salvar o mundo e que não pode salvar a si mesmo. Um homem apavorado. Um homem perdido.''
"Ferrara parte de um fato real para contorna-lo completamente e compor um personagem que se destaca entre os mais fortes de sua filmografia. Um filme de encenação minimalista todo arquitetado em torno do corpo e da respiração impressionantes de Depardieu." (Daniel Dalpizzolo)
"A câmera como cúmplice, mas também como acusadora; o perfil de um homem que cede aos seus instintos, mesmo tendo noção de que são errados. Impulso ou desculpa? Ferrara condena, mas acima de tudo, traça um perfil e tenta entender seu viciado em sexo." (Rodrigo Cunha)
"O olhar de Ferrara não está interessado em recriar o episódio real com Strauss-Khan, mas sim no estudo de um personagem amoral, hedonista, viciado e excessivo (seu alter-ego?). Depardieu, e sua respiração ofegante, domina o filme. Repugnante e fascinante." (Régis Trigo)
"Ainda que tendencioso, Ferrara não abre mão de sua visão amoral e mantém seu cinema intacto a qualquer interferência externa, e isso explica a escolha da história real que decidiu adaptar. Depardieu entre o grotesco e o genial." (Heitor Romero)
"Ferrara tem todo o direito de contar a história a partir de um discurso posicionado e engajado. Mas me parece que o diretor foi particularmente tendencioso na maneira como fez isso." (Cesar Castanha)
"Um Ferrara inédito desta vez, onde não há nenhuma esperança de redenção para se buscar, restando a descida cada vez mais profunda rumo a um inferno pessoal, do qual não existe volta. Depardieu impressiona." (Rafael W. Oliveira)
Desnudando o pecado.
''Simples e objetiva, a história de Ferrara inpirada pelo escândalo de estupro de Strauss-Khan revolve em volta de um único acontecimento e não deixa espaço para ambiguidades na interpretação. O conflito entre carne e espírito é uma constante em seus filmes, o que faz com que a observação quase imparcial da câmera deixe o tempo imperando em ritmos de blocos temporais sobre seus ambientes, tornando a câmera um dispositivo de registro do personagem e de seu conflito detonado pelo peso de suas ações, recusando a encenação de antagonismos e dilemas que envolvam narrativas paralelas, o recorte plástico e didático dado à ação e a fragmentação entre várias imagens repletas de potencialidades. Aqui, o protagonista Devereaux é exilado do Éden econômico e político por, inebriado pelo poder financeiro, estatal e libidinoso que representa, ir mais além disso do que todos os seus companheiros de excesso e de fato cometer um crime. Futuro candidato à presidência da França, Devereaux equilibra-se entre a figura pública, respeitável e íntegra, e a pessoal, animalesca, grotesca e destruidora. Esse êxodo do paraíso, por ser aproveitar-se de seu poder dito civilizatório para ser baixo, faz com que o político tenha de encarar suas próprias vergonhas – além da mera nudez física, também a tomada de conhecimento de suas vergonhas diante do público. Em uma história onde é claramente definido o que é moralmente errado – só não são claros e definidos seus tempestuosos indivíduos que a câmera obriga a encarar – fica difícil não ter a leitura de Ferrara como um criador de parábolas modernas, com um tema espinhoso e dolorido: a cultura de excessos, dos vícios, do delírio e posteriormente a criação de um calvário onde frequentemente o falho ser humano tem que se imolar. Aceitação, resignação, sangue e dor são a única via de saída de reconstrução de personalidades em cacos que tornam os filmes que protagonizam erráticos como elas: o fio condutor é estendido em longos silêncios e imobilidades expositoras, pela imputação das elipses e pela economia austera nos cortes. A mesma imagem adquire diferentes significados concentrada em um só tempo e recortada em poucos enquadramentos – ou seja, a a funcionalidade de seu material dialético se dá pelo tempo, pela longa exposição. Quantos menos se contar, mais irá se mostrar. Este é o grotesco revelatório de Ferrara. Apesar de isso poder ser a princípio, uma contradição – afinal, um pretende ressaltar certas características do que é real fora de sua proporção original para chamar a atenção do olhar ao efeito pretendido, enquanto o outro não quer intervir, julgar ou modificar, apenas observar – é um paroxismo que faz sentido dentro da carreira do diretor saído de filmes de grande capricho estético, conjugando trabalho coreografado de câmera e recursos de montagem (paralelismo narrativo em perseguições, câmera lenta em momentos dramáticos, etc) como Inimigos Pelo Destino, Sedução e Vingança e Cidade do Medo, teve uma maturação com filmes cultuados dos anos noventa como O Rei de Nova York e Vício Frenético, já lançando mão do abuso da temporalidade sobre a ação, do efeito plástico sobre o artifício, da fragmentação narrativa episódica sobre a simplicidade apresentação-conflito-resolução, para então na década de 2000 desembocar em filmes que estavam no limiar da encenação e do documento, como Napoli Napoli Napoli, que influenciariam de forma retroativa sua ficção, como se pode observar em e agora em Bem-Vindo a Nova York e seu trabalho minimalista de câmera e iluminação, os longos silêncios e as cenas organizadas não em crescendo, mas em longos blocos temporais um freak show que em outras mãos receberiam um tratamento preocupado com a especularização didática e a constante demanda por atenção através das revoltas.Ferrara sempre quis funcionar diferente e quando progressivamente despediu-se do filme confinado em um gênero descobriu um norte estético combinado com uma lógica de produção quase artesanal em sua simplicidade formal que foi um verdadeiro redescobrimento dificilmente encontrado em seus contemporâneos setentistas – perdidos em sua maioria entre um ostracismo engessado em questões dos anos setenta ou adesão à Grande Forma em projetos comerciais que pouco parecem dialogar com as transgressões promovidas por eles que os catapultaram à fama popular, mainstream ou de nicho, e prestígio crítico. É sentida essa diferença de maneira marcada não apenas em seu primeiro terço, uma encenação desgovernada sem nenhuma pretensão de ser objetiva e dramática da rotina de orgias de Devereaux, mas quando o mesmo é detido e um longo grande plano o assiste tirar a roupa – porém não da maneira vista anteriormente, onde usa seu apetite sexual como instrumento de poder e afirmação, da linha dissolvida entre a subjetividade de sua vida pessoal e a objetividade requerida para ocupar o cargo que ocupa – tal como acontecia com a confusão entre família e máfia em Os Chefões que decretavam de forma fatalista a tragédia de seus personagens. Desta feita, o desnudamento é tal como a câmera, neutro, investigativo e lento. Descobrindo pouco a pouco cada centímetro de pele por trás do personagem de figurão respeitável da alta sociedade encarnado por Devereaux. Os diálogos são poucos e irrelevantes. A ação é simples e única. Essa exposição é incômoda em seu tom de revelação, de quebra da identificação psicologizante tradicional, da falta de um diálogo interno explicitado da maneira demandada pelo drama, da necessidade de encarar o seu pecado capital de forma concreta e nada além. Em filmes guiados por exposições de culpa e questionamentos de dogmas, a língua em que
Ferrara tenta se expressar é de conciliar justamente a noção do errôneo sempre presente em seus filmes desde o início com a observação sem juízo de valor. A conversa que tem com sua mulher Simone, com sua carga de fala entrecortada, ruídos incompletos e silêncios carregados de tensão, em um isolamento de fatores externos senão o aprofundamento do que se passa pela cabeça de Devereaux, da falta de uma linha dramática clara, liga Ferrara às pretensões do cinema contemporâneo, ainda que ao seu modo, onde ainda impera a noção de caráter, na acepção de personagem: o papel que o político está fadado a repetir de maneira incontornável (mais à frente do filme, há outra encenação de estupro igualmente incômoda), moldado o cargo que preenche e sua relação com o poder ao seu desejo, à sua incapacidade de autocontrole, a sua tentativa de interpretar papéis mais domesticados e civilizados e, novamente, o erro. Devereaux cometeu um crime terrível que veio a público. O olhar da câmera o descobriu. Ele não é mais um personagem impune. Perito em tirar humanos da zona de ofuscação e descobrir na luz os monstros recalcados, conflituosos e angustiados que escondem. Para quem quiser ver a nossa falta de beleza, integridade e divindade, para aquele que quer sentir-se desafiado em entender algo absurdo irracional, em Bem-Vindo à Nova York Ferrara tornou o pecado nu aos nossos olhos." (Bernardo D.I. Brum)
''O pior momento de um filme de Abel Ferrara contém mais talento que 99% dos filmes que chegam aos cinemas atualmente. Ferrara é um herói do cinema alternativo americano, sempre atacando temas polêmicos e sombrios. Em "Bem-Vindo a Nova York", ele se inspirou na história do francês Dominique Strauss-Kahn (DSK), diretor do FMI que, em 2011, foi preso por supostamente violentar uma camareira. Strauss-Kahn admitiu conduta imprópria com a camareira, mas foi solto depois que os promotores encontraram contradições no depoimento da suposta vítima. Gérard Depardieu, em sua melhor atuação em muitos anos, interpreta Devereaux, inspirado em DSK. Entre reuniões com ministros e executivos, Devereaux promove orgias, usa os serviços de prostitutas, cheira e bebe. O cineasta parece menos interessado nos detalhes do caso do que em explorar a psique de Devereaux, que vê o mundo como um playground para suas fantasias. O filme é bruto e revoltante. Devereaux é um dos personagens mais repulsivos que o cinema viu em muito tempo. Mas, assim como muitos monstros, são os defeitos que o tornam um personagem interessante. E Ferrara continua incomodando. Que continue assim." (Andre Barsinski)
''Este longa de Abel Ferrara (de 4:44 - O Fim do Mundo) é livremente inspirado no rumoroso escândalo sexual que ganhou as manchetes dos jornais em 2011 envolvendo Dominique Strauss-Kahn, o ex-chefão do Fundo Monetário Internacional. O termo "livremente inspirado" deve ser levado em consideração pelo espectador, porque o que vai ver na tela não é uma representação dos fatos, mas uma encenação da sordidez sexual e sua relação com o poder pelos olhos de Ferrara. Gérard Depardieu (Mamute) interpreta, com total desprendimento, Devereaux, o todo-poderoso presidente de uma instituição financeira viciado em sexo. Um tipo ao mesmo tempo atraente e repulsivo que vive uma vida de excessos hedonistas, depravações sexuais e se considera intocável. Seu mundo, no entanto, vira de cabeça para baixo quando é preso por agressão sexual em uma viagem de negócios a Nova York. Ferrara dedica a primeira meia hora do filme ou quase isso a uma série de cenas de sexo prolongadas com Devereaux grunhindo e rosnando com um bicho insaciável. Um interpretação corajosa de Depardieu de um viciado em sexo assumido e descontrolado. Antes, na cena que abre o filme, o ator é mostrado numa coletiva explicando porque se interessou pelo personagem: Porque eu não gosto dele. Não gosto de políticos, diz.Não demoramos muito a notar que Devereaux não é a representação de Strauss-Kahn, mas um personagem criado a partir dele. Uma distorção criativa da mente de Ferrara, que sempre se interessou em filmar o mal e suas manifestações. O problema é que o resultado disso tudo é somente inquietante de se ver. Não passa muito disso e perde a oportunidade de se aprofundar na percepção de que o mundo ainda mantém traços feudais em suas relações sociais. A cenas de sexo e orgias que dão o tom num primeiro momento são substituídas posteriormente por também extenuante sequências da via-crúcis de Devereaux dentro do sistema prisional, com sequências que pouco dizem e soam supérfluas. Sobra o bom trabalho dos atores principais: Depardieu com um Devereaux obcecado e escravo de seus apetites - um monstro que não percebe sê-lo -, e Jaqueline Bisset como a mulher inteligente que se resignou no papel de mãe de seu marido autodestrutivo. "Bem-vindo a Nova York'' poderia ter se aprofundado em uma infinidade de temas, como a misoginia, mercantilização das mulheres, os males do capitalismo e sociopatias decorrentes , as diferenças de classes e os privilégios dos mais afortunados. A matéria era rica, mas Ferrara preferiu ficar na superfície." (Roberto Guerra)
Belladonna Productions
Diretor: Abel Ferrara
2.064 users / 656 face
22 Metacritic
Date 19/09/2015 Poster - ###### - DirectorAlfred HitchcockStarsJohn BlytheJanique JoelleA young Scottish R. A. F. Gunner is debriefed by French officials about his escape from occupied territory, and in particular one person who may or may not have been a German Agent.[Mov 08 IMDB 5,3/10] {Video}
BOA VIAGEM (unofficial)
(Bon Voyage, 1944)
TAG ALFRED HITCHCOCK
{intrigante}Sinopse
''A jovem escocesa artilheiro RAF informados por autoridades francesas sobre a sua fuga do território ocupado e, nomeadamente, uma pessoa pode ou não pode ter sido um agente alemão.''
''Hitchcock fez o possível para transformar um par de histórias da ação política em algo memorável, mas os resultados foram exatamente o oposto do que seus empregadores quiseram. Talvez Hitchcock tenha sido o responsável por ter sido incapaz de de produzir uma propaganda aceitável. Todo o diretor do seu porte provavelmente faria o mesmo. Hitchcock pode não ter ajudado o ministério de informação britânico, mas que as autoridades esperavam? Os gênios têm melhores coisas a fazer que receber ordens de burocratas? Se nada mais, a experiência provou a insensatez de ajustar um cineasta em finalidades transversais com suas próprias inclinações e habilidades. Freqüentemente afirmou-se por críticos que as películas de propaganda fazem o mau entretenimento; Hitchcock demonstrou que o bom entretenimento pode fazer a propaganda igualmente má." (TC)
Ministry of Information
Diretor: Alfred Hitchcock
1.109 users / 19 face
Date 27/09/2015 Poster - ### - DirectorOlivier MegatonStarsLiam NeesonForest WhitakerMaggie GraceFramed for his ex-Wife's murder, Bryan Mills sets out to take revenge on the real killers.[Mov 06 IMDB 6,1/10] {Video/@@} M/26
BUSCA IMPLACÁVEL 3
(Taken 3, 2015)
Tag OLIVIER MEGATON
{esquecível}Sinopse
''O ex-agente do governo norte-americano Bryan Mills (Liam Neeson) tenta tornar-se um homem família, mas vê tudo ruir quando Lenore (Famke Janssen) é assassinada. Acusado de ter cometido o crime, ele entra na mira da polícia de Los Angeles. Desolado e caçado, ele tenta encontrar os verdadeiros culpados e proteger a única coisa que lhe resta: a filha Kim (Maggie Grace).''
O ousado trabalho de lidar com armadilhas.
''Nunca imaginei que algum dia pudesse olhar para Liam Neeson de forma semelhante à que olho para Charles Bronson. Bronson era talentoso, subestimado e terminou por tornar-se um imortal ícone da truculência em plena meia-idade. Neeson não se tornou um ícone (prefiro deixar essa questão para o tempo, já que este trabalha de forma misteriosa), mas os demais adjetivos dados ao Bronson podem ser atribuídos aqui também. No entanto, uma coisa não deixa de martelar a cabeça dos mais adeptos ao clássico cinema-médio: como foi que Oskar Schindler foi se transformar em Bryan Mills? Como foi que aquela elegância, aquele ser engomado conseguiu se vestir como um sanguinário guerrilheiro (sob a pele de ex-agente do governo)? Ninguém esperava, mas aconteceu. E ficou muito bonito. O cinema de ação tem o objetivo de desencadear a adrenalina, mas não apenas; existe em sua fórmula mais usual uma forte carga de sadismo, o prazer em ver o protagonista socando, perfurando e explodindo pessoas. "Busca Implacável 3" possui essa proposta básica, de despertar a fera dentro do espectador. O que importa para qualquer obra artística é o foco; no caso de bons filmes de ação, não importa muito se a trama é chinfrim (algo que muitos gostam de condenar), pois grande parte desses exemplares se encarregam de trabalhar grandes consequências a partir de um pequeno motivo – podemos notar isso em Comando para Matar, em que o John Matrix realiza um verdadeiro inferno para resgatar sua filha; em Duro de Matar (Die Hard, 1988), em que o John McClane, um policialzinho qualquer, se vê em confronto com terroristas; etc. O extraordinário é, na maioria das vezes, praticamente uma consequência das atitudes do protagonista, que por algum motivo (vingança, justiça etc) decide sair de sua zona de conforto. Retomando certas semelhanças entre Charles Bronson e Liam Neeson, é bom dizer que elas ficam em um campo superficial; isso porque, se notarmos bem, Neeson carrega elegância na própria pronúncia de seu nome, e em cada tiro que seu personagem dá. Na prática, são muito diferentes. Bryan Mills é um personagem extraordinário, importante e com muitos inimigos; não é um peixe pequeno que se vê envolvido com a violência urbana. Aliás, o próprio filme em si carrega personagens bem aparentados – temos a ex mulher do Bryan Mills, interpretada pela belíssima Famke Janssen, saindo com o seu carrão; sua mimada filha, que apesar de ser bem crescida ganha um panda de pelúcia de aniversário; etc. Busca Implacável 3, assim como os dois filmes anteriores (todos bons, por sinal), é eficiente por criar esse contraste entre esse mundo de luxúria, de poder, de relações de negócio com o lado selvagem existente em praticamente todos os personagens. O estilo de direção é parecido com o do filme anterior, com direito àqueles planos relâmpagos e àquele abusivo uso da montagem picotada nas cenas mais absurdas. É visível que essa forma de filmar a ação é comum ao atual cinema de gênero mais truculento, algo também visto em outras obras de outros diretores, como o Stallone fez em Rambo IV e Os Mercenários. É um elemento interessante, pois parece sintetizar uma verdadeira característica desses tempos corridos e violentos, mas nem sempre funciona; por vezes o efeito se perde, cai numa armadilha, e o que resta é apenas o caos por si só. Naquela cena da perseguição policial, por exemplo, juro que pensei que, na confusão de planos, tinha visto o rosto de um daqueles russos (sempre eles, os inimigos clássicos do herói americano), os que ameaçam o nosso (anti-) herói. ''Busca Implacável 3'' confirma uma boa e surpreendente série. Surpreendente porque, além de ninguém ter esperado tamanha qualidade e sucesso, cada uma das obras carrega um forte grau de independência, não se limitando a cair na mera zona de conforto de continuar o que já foi dito. É um filme de ação feito num contexto cultural, com direito ao herói (pai de família americano) contra os vilões russos. Aliás, sinto que desde o primeiro havia essa vontade de discutir mais a fundo essa temática simbólica de certas nações, mas até agora utilizaram isso de forma tímida, o que é uma pena – existe até mesmo uma breve reflexão sobre o falho sistema dos EUA. Nesse terceiro título também há certo descuido para com certos personagens, que aparecem e somem do nada – aquele sujeito que foi baleado e chegou a ser socorrido; não se sabe que fim ele levou. Mas é prazeroso ver como maior parte do que foi feito deu certo no saldo final, com o desfecho evidenciando o quão boa foi a jornada, culminando em melancolia – enquanto o anterior terminava de forma alegre. E, convenhamos, testemunhar bons atores em uma violenta obra de ação é um grande motivo para um sorriso no rosto, gênero que é grande alvo de preconceitos pelo público que gosta de carregar o crachá de Cult." (Victor Ramos)
"Surpreende" ao manter o set em Los Angeles, e não na Europa, e também ao ver que, embora as bilheterias estejam caindo, Neeson não pede água e continua em um ritmo invejável para um "senhor" de 60 anos (os dublês, claro, existem). Divertido!" (Alexandre Koball)
''Há uma boa e uma má notícia a respeito de "Busca Implacável 3". A boa é que o filme é bem melhor do que o anterior. A má: isso não quer dizer muito, já que Busca Implacável 2 é pavoroso. Essa trilogia vai ficar na história do cinema como o momento em que um ator aparentemente talentoso e premiado resolveu assumir o papel de herói de filmes de ação. Com o sucesso de seu personagem, o ex-agente Bryan Mills, o irlandês Liam Neeson, 62, dificilmente será lembrado por filmes como A Lista de Schindler. Já está difícil imaginar sua figura sem uma arma na mão. O primeiro filme, de 2008, tem suas qualidades, mostrando Mills em ritmo frenético na busca da filha sequestrada. Na sequência, de 2012, parece que um menino de dez anos escreveu o roteiro. Pelo menos desta vez o roteiro não teme os clichês, mantendo o enredo nos trilhos sem as risíveis reviravoltas do filme anterior. Dá para resumir o 3 em uma frase: a mulher de Mills é brutalmente assassinada, ele é o principal suspeito e precisa fugir da polícia enquanto caça o verdadeiro culpado. Neeson é grandalhão o bastante para dar credibilidade às surras que aplica nos bandidos, e as cenas fluem melhor quando seu personagem fica introspectivo e calado - na linha Clint Eastwood em seus faroestes. Diálogos ruins derrubam a performance de um bom ator, Forest Whitaker. A mulher de Mills é interpretada pela bonitona Famke Janssen, mas quem rouba algumas cenas é Maggie Grace (a loirinha que morre cedo em Lost), novamente no papel da filha do ex-agente. "Busca Implacável 3" é recomendado para quem viu os primeiros e gostou. E também para quem tem prazer ao desligar o cérebro diante de cenas de ação. Porque, depois de uma meia hora inicial de falação, o filme é uma sucessão incontrolável de tiros e pancadaria." (Thales de Menezes)
''Busca não é o melhor filme de todos os tempos e nem tem a pretensão de ser. Conscientes disso, os roteiristas Luc Besson e Robert Mark Kamen extraem tudo o que podem de uma trama genérica, mas que graças à honestidade de ambos e, principalmente, ao carisma e a competência de seu astro protagonista, consegue se transformar em uma experiência cinematográfica extremamente divertida. Tendo em Liam Neeson a sua força motriz, o filme virou “hit” do gênero ação e sequências logo foram demandadas pelo grande público. É aí que, por cair no erro de se levar a sério demais, o segundo acaba descendo um pouco o nível em relação ao ótimo primeiro (mas ainda funcionando razoavelmente) e culmina em um terceiro capítulo realmente medíocre, fechando de forma melancólica a trilogia de Bryan Mills e sua família. Mantendo basicamente a mesma equipe do anterior, os dois roteiristas e o diretor Olivier Megaton, em “Busca Implacável 3” o que vemos é um homem de meia idade cansado e que tudo o que mais quer é aproveitar o tempo que lhe resta em paz e curtindo a família que lhe sobrou; a filha e a ex esposa, de quem está se aproximando novamente. Tudo muda quando ele é acusado injustamente de cometer um assassinato, o que faz com que agora ele tenha que, o invés de apenas buscar os verdadeiros culpados e fazer justiça, fugir da polícia norte-americana enquanto tenta executar tamanha tarefa. A temática da passagem do tempo, aliás, está presente desde os primeiros minutos de projeção, nos diálogos de Bryan Mills com Lenore e, especialmente, com sua filha Kimmy, mostrando dificuldades em aceitar que os anos passaram e ela não é mais aquele garota ingênua e indefesa do primeiro filme (nada que não já soubéssemos no segundo). A intenção dos realizadores é clara: criar uma atmosfera de nostalgia que chame emocionalmente o espectador para dentro da trama; um truque válido, mas que por ser colocado de maneira tão artificial, acaba não funcionando do modo como deveria. E é exatamente aí que reside o principal escorregão do roteiro e que compromete de modo significativo todo o nosso envolvimento com a história daí em diante; a franquia Busca Implacável jamais fez sucesso pelo dramalhão familiar de seu protagonista. Sim, ele existe e é muito bem-vindo quando posto em seu devido lugar; em segundo plano. O que queremos ver de verdade é um ex agente “porradeiro” passando por cima de tudo e todos para conquistar seus objetivos. Queremos Liam Neeson fazendo o que sabe fazer de melhor e ponto final. Quando isso aparece em tela, o resultado é (quase) tão eficiente quanto nos anteriores. O que puxa pra trás é mesmo todo o drama que em momento algum convence e que tira o foco da principal qualidade da trilogia. Nem tudo são tropeços, entretanto. A ideia de colocar Mills no lado oposto ao visto nos dois longas anteriores é bem sucedida, e é curioso vê-lo dessa vez, ao invés de somente ir atrás do inimigo, o fazer enquanto ele próprio foge e se esconde de uma outra ameaça. O nome da franquia jamais fez tanto sentido quanto agora, podendo ser analisada sob diversos ângulos. De perseguidor a perseguido, é notável como o protagonista se sente em uma posição desconfortável, ainda que consiga sair com extrema classe e competência de todas essas situações, como esperado. Tendo, portanto, o suficiente para driblar os defeitos e mesmo assim fazer um bom filme, eis que Olivier Megaton e seus roteiristas desperdiçam tal oportunidade em um antagonista pobre e previsível; falta-lhe carisma e motivações consistentes. Além do mais, o script ainda busca fazer um jogo de esconde-esconde, de tentar despistar o espectador, atraindo sua atenção para outros suspeitos quando tudo já apontava para o verdadeiro culpado. Assim, quando o véu é retirado e tudo se revela, o impacto não provoca nem de longe a surpresa e a perplexidade que os realizadores tinham intenção de provocar.Dessa forma, ainda que mantenha a boa qualidade das cenas de ação, “Busca Implacável 3” é sem dúvidas o pior da trilogia. O drama não convence, o vilão é fraco e previsível e, assim, o clímax do longa não desperta qualquer tipo de emoção diferenciada. Por seu bom protagonista, continua valendo a pena dar uma conferida e assistir o final da sua história. Como obra cinematográfica, entretanto, é realmente uma pena ver tamanho potencial jogado fora." (Arthur Grieser)
EuropaCorp
M6 Films
Canal+
M6
Ciné+
TSG Entertainment
Twentieth Century Fox Film Corporation
Diretor: Olivier Megaton
114.961 users / 38.176 faceSinopse
The xx / Glass Animals
30 Metacritic 384 Up 174
Date 28/11/2015 Poster - # - DirectorWalter RuttmannStarPaul von HindenburgThis movie shows us one day in Berlin, the rhythm of that time, starting at the earliest morning and ends in the deepest night.[Mov 04 IMDB 7.8/10] {Video}
BERLIM - SINFONIA DA METRÓPOLE
(Berlin: Die Sinfonie der Grosstadt, 1927)
TAG WALTER RUTTMANN
{inovador}Sinopse
''Berlim, Sinfonia da Metrópole é um dos filmes mais importantes e visionários da história do cinema, verdadeiro marco do cinema de vanguarda documentarista. O filme é um registro da Berlim dos anos 20, da aurora ao anoitecer. A movimentação urbana, a cultura, o lazer, os trabalhadores, as máquinas trabalhando, tudo registrado pelo olho mecânico da câmera, que às vezes ficava oculto entre as pessoas. A composição dos planos proporciona um impressionante espetáculo visual, com ângulos e movimentos que vão compondo uma verdadeira sinfonia gráfica.''
''Berlin. 1927. Era industrial. Personagem: a cidade. Máquinas, engrenagens, movimento e velocidade caracterizavam uma espécie de celebração à modernidade, ao futuro de progresso que se mostrava próximo, no qual a cidade era a representação máxima de poder e transformação na vida dos indivíduos. Pessoas, trabalhadores e habitantes que de alguma maneira tinham suas vidas relacionadas a ela, sejam os que garantiam o funcionamento e continuidade da máquina no centro da cidade ou os que faziam do campo o movimento migratório para o turbilhão da vida na cidade. Na composição da obra impressionista foi utilizada uma orquestra de 75 músicos para a execução da sinfonia que, junto à sucessão de imagens visuais, compõem a coreografia do organismo que é a cidade. Do despertar do dia até a madrugada, evidencia-se um fenômeno urbano. Soldados, bois e trabalhadores marcham por Berlin, seguindo a cadência industrial da partitura. A fábrica é retratada com portadora do sentido de civilização, já que nessa estrutura, o trabalho é valor indispensável, rege todas as relações sociais e o convívio diário de operários que são considerados menos importantes do que as máquinas, as quais parecem ser estruturas vivas e principais agentes de funcionamento da metrópole. Entre edifícios, trilhos e postes, amontoados de pessoas disputam o seu lugar em escadas, túneis, bondes e automóveis, onde representações móveis e concretas transformam a fisionomia da cidade, conferindo-lhe diferentes aparências, humores e estados de espírito. O homem sofre um processo de substituição pela vida mecanizada que nesse momento era exaltada com efusividade." (Joyce Pais)
''O clássico ''Berlim, Sinfonia da Metrópole'', de Walther Ruttmann, lançou uma onda de documentários do gênero nos anos 1920, em que grandes cidades tinham sua rotina esquadrinhada num suposto período de 24 horas. O próprio Ruttmann ainda retrataria Düsseldorf, Stuttgart e Hamburgo. Alberto Cavalcanti mostraria Paris em Rien que les Heures. No Brasil, Adalberto Kemeny e Rudolf Rex Lustig fariam São Paulo, Sinfonia da Metrópole em 1929. Em todos esses casos, a relação entre imagens e música visava a celebração da modernidade: máquinas, movimento, velocidade. Havia um sentimento de efusividade futurista, onde a metrópole representava a quintessência da era industrial. Setenta e cinco anos depois, outros motivos levaram o fotógrafo e diretor Thomas Schadt a reeditar a experiência de Ruttmann. Sinfonia de Berlim também se baseia em padrões gráficos e rítmicos, mas o contexto da capital alemã é bem diferente. Um muro foi levantado e posteriormente derrubado. A imigração mudou a fisionomia humana da cidade, que de paisagem estabilizada e radiante se transformou num enorme canteiro de obras. O resultado é um remake melancólico, onde o entusiasmo foi substituído por uma estranha sensação de solidão e incomunicablidade, apesar de todo progresso material. Com uma trilha sonora largamente baseada em música industrial, o filme alterna imagens banais (embora sempre bem fotografadas em preto-e-branco), paralelismos simplistas entre homens, máquinas e animais, e cenas de forte sugestão sobre as diferenças entre passado e presente. O célebre edifício do Reichstag (a chancelaria de Hitler), hoje restaurado em versão hi-tech, ocupa o centro da reflexão de Thomas Schadt. A partir dele, um raio documental se abre sobre os novos miseráveis de Berlim, o olhar agressivo dos skinheads, gente deprimida em parques e filas de sopa, punks tardios, passeatas, desfiles de moda, espetáculos, esportes etc. Os fogos de artifício que abrem e fecham o filme não bastam para anular a impressão de que a Berlim de hoje comprova o funeral dos ideais modernos e a plena vigência de um tempo assustador." (Carlos Alberto Mattos)
''Berlim – Sinfonia da Metrópol'' é o lendário documentário mudo de 1927, dirigido por Walter Ruttmann, sobre o dia-a-dia da Berlim de sua época. A versão do final dos anos 20 foi realizada com o compositor Edmund Meisel, que acabou por criar uma trilha sonora em perfeita sintonia com o filme. A película começa com os operários, que levantam cedo para o trabalho nas fábricas e termina com a agitada vida noturna berlinense dos anos 20. No decorrer de um dia, temos uma visão multifacetada da sociedade da época, desde a pobreza e a vida de operário, até a riqueza e o luxo. A edição foi realizada juntamente com o compositor Edmund Meisel, permitindo o mesmo criar uma trilha sonora em perfeita sintonia com o filme. Esse verdadeiro poema musico-visual nos possibilita uma impressionante e inesquecível viagem no tempo à essa importante época da história de Berlim. Em 2010, Hans Brandner preparou uma nova orquestração da obra original, por meio de uma encomenda em comemoração ao jubileu de 200 anos da Universidade Humboldt de Berlim, numa formação para orquestra de câmara. Esta nova versão foi lançada em 2011 pela editora especializada em cinema-mudo Ries & Erler e já foi apresentada com grande sucesso em cinemas da capital alemã, recebendo críticas positivas de, entre outros, Ian Wekwerth, pianista da Max Raabe Palast Orchester (famosa orquestra berlinense especializada no repertório dos anos 20 e 30). Em Berlim, Hans Brandner e o maestro brasileiro Marcelo Falcão se conheceram e tiveram juntos a idéia, de apresentar essa mesma versão numa série de concertos no Brasil. Hans Brander estudou piano com a Prof. Natalia Gussewa, recebendo seu diploma pela Associated Board of the Royal Schools of Music de Londres e é musicólogo pela Universidade Humboldt, em Berlim. Em 2010 realizou um novo arranjo da trilha do filme “Berlim – Sinfonia da Metrópole” em comemoração aos 200 anos da Universidade Humboldt de Berlim. Em 2012 apresentou esta nova versão em concertos na China. Uma suíte para piano solo desta mesma trilha foi lançada no mesmo ano. Além de sua relação com cinema-mudo, Hans Brandner dedica-se também à pedagogia do piano, lançando em 2012 o livro Motion Lines of Music, sobre a história da técnica pianística em sintonia com movimentos do corpo. Já Marcelo Falcão estudou regência em Berlim, onde vive desde 2008. Em 2010, estreou no Brasil com a Camerata Independente do Rio de Janeiro em concerto no mosteiro de São Bento do Rio de Janeiro e a gravação do mesmo transmitida pela Rádio Mec FM. Em Berlim foi assistente de Kristiina Poska e Catherine Larsen-Maguire. Já regeu também orquestras na Alemanha, Rússia, Itália, Geórgia, Suíça e Brasil. Marcelo Falcão é também compositor, tendo suas obras estreadas no Brasil, Espanha e Alemanha e é musicólogo pela Universidade Humboldt de Berlim. Em 2014, está em turnê no Brasil com o Ensemble de Solistas, apresentando a trilha original com exibição do filme-mudo “Berlim – Sinfonia da Metrópole”.'' (Helder Miranda)
Deutsche Vereins-Film
Les Productions Fox Europa
Diretor: Walter Ruttmann
2.651 users / 188 face
Date 12/12/2015 Poster - ##### - DirectorGeorge ShermanStarsJohn WayneLouise BrooksRay CorriganAfter gold shipments from a mining town have been hijacked, the three Mesquiteers buy a plane to fly the gold out. The owner of the shipping line brings in Eastern gangsters to thwart them.[Mov 04 IMDB 5,3/10] {Video/@@@}
BANDIDOS ENCOBERTOS
(Overland Stage Raiders, 1938)
TAG GEORGE SHERMAN
{nostálgico}Sinopse
''Os Três Mosqueteiros do Oeste estão trabalhando numa mina de extração de ouro, auxiliando como podem, toda a vila. As dificuldades de sempre, problemas com transporte e constantes roubos de carga, trazem uma ideia lucrativa a Stony Brooke e os outros: transportar a carga de ouro por avião. Os mineiros logo aceitam, com a condição de que tudo seja responsabilidade de Stony. Mas o dono da linha, Mullins, decide sequestrar o avião e roubar todo o carregamento para si. Conseguirão os Mosqueteiros impedir esse terrível plano traiçoeiro?''
''À primeira vista, nada. Mary Louise Brooks foi uma diva do cinema mudo que teve sucesso fazendo filmes na Alemanha e cujo papel mais conhecido é o da femme-fatale de A Caixa de Pandora. Marion Robert Morrison, mais conhecido como John Wayne, conseguiu fama nos westerns e sua imagem estará para sempre associada à do cowboy destemido. Duas figuras mais diferentes, impossível. Entretanto, em 1938, os dois fizeram um filme juntos, ''Bandidos Encobertos'' no Brasil). Este foi o último papel de Brooks no cinema. Já John Wayne teria sua grande chance no ano seguinte em No Tempo das Diligências / Stagecoach. Um grupo rouba um pequeno carregamento de ouro que está sendo transportado em um caminhão por estradas áridas e desertas. Stony Brooke (John Wayne) chega de paraquedas para deter os bandidos e ajudar seus amigos a prendê-los e conseguir uma recompensa de mil dólares. Eles investem o dinheiro em gado e usam o lucro para tornarem-se sócios dos irmãos Beth Hoyt (Louise Brooks) e Ned Hoyt (Anthony Marsh) em uma empresa de transporte aéreo que promete levar o ouro da cidade com segurança a qualquer lugar. O diretor George Sherman era uma constante nos filmes B que John Wayne fez em sua escalada para a fama nos anos 1930. Com menos de uma hora de duração, muitos destes filmes apresentavam o trio que aqui também está presente: the three mesquiteers (uma série de 51 filmes, sendo que Wayne participou de oito deles). Outra característica é muita ação e um bom tiroteio. Este filme de 1938 não deixa a desejar no quesito pólvora: são três tiroteios, cada um envolvendo um meio de transporte (cavalo, trem e avião).
Esqueça a linda Lulu. Neste filme Louise Brooks está bem diferente: com os cabelos negros na altura dos ombros, sem franja (surpresa! a testa dela é tão larga quanto a minha) e, infelizmente, com um papel pequeno e mal-desenvolvido. Não há sequer um ensaio de romance (apenas uma insinuação) entre os personagens de Louise e Wayne. Outra tristeza é ela não ter nenhum close expressivo: mesmo aos 32 anos, o que era considerado velhice em Hollywood, é possível ver que ela continua charmosa. Depois no sucesso na Europa no final dos anos 20, Louise cometeu um erro fatal ao voltar para a América: recusou um papel em Inimigo Público, de 1931. Este papel ficou com Jean Harlow e poderia ter dado vida nova à carreira de Louise. Ao contrário de outras estrelas do cinema mudo, não havia nada de errado com a voz dela: podemos perceber que é uma voz forte que combina com sua persona. Este filme de 1938, que à época foi considerado sua volta às telas, na verdade foi uma despedida. Louise fez o filme porque precisava dos 300 dólares de cachê. Depois disso, mudou-se para Wichita, onde não foi bem recebida pela população local, e tempos depois pôde ser vista como vendedora em uma loja em Nova York. Saindo deste emprego, teve vários relacionamentos amorosos, escreveu excelentes artigos sobre cinema e foi redescoberta pelos jovens cinéfilos franceses na década de 1950." (Crítica Retrô)
Republic Pictures (I)
Diretor: George Sherman
268 users / 17 face
Date 10/01/2016 Poster - ### - DirectorJohn CrowleyStarsSaoirse RonanEmory CohenDomhnall GleesonAn Irish immigrant lands in 1950s Brooklyn, where she quickly falls into a romance with a local. When her past catches up with her, however, she must choose between two countries and the lives that exist within.[Mov 06 IMDB 7,7/10] {Video/@@@@@} M/87
BROOKLYN
(Brooklyn, 2015)
TAG JOHN CROWLEY
{nostálgico}Sinopse
''A jovem irlandesa Ellis Lacey (Saoirse Ronan) se muda de sua terra natal e vai morar em Brooklyn para tentar realizar seus sonhos. No ínicio de sua jornada nos Estados Unidos, ela sente falta de sua casa, mas ela vai tentando se ajustar aos poucos até que conhece e se apaixona por Tony (Emory Cohen), um encanador italiano. Logo, ela se encontra dividida entre dois países, entre o amor e o dever.''
"A partir de uma história simples, basicamente sem conflitos, Crowley e Hornby constroem um filme sensível e adorável, quase um conto de fadas, sobre encontrar seu lugar no mundo. Bom-humor, sensibilidade e belas atuações. Impossível não gostar." (Silvio Pilau)
"Pequeno grande filme." (Heitor Romero)
"Brooklyn é adorável. Tem a intensidade das emoções de um coração extremamente dividido e de uma vida totalmente nova e a singeleza de uma personalidade calma por fora e de certo dramalhão. A combinação ficou muito boa e é um pequeno filme admirável." (Alexandre Koball)
****
''Uma cena apenas basta para definir "Brooklin": após longa e incômoda viagem, a jovem irlandesa Eilis chega aos EUA. Quando um policial lhe concede o direito de entrar no país, ela se dirige à porta de entrada. Abre-a e, então, uma grande luz vindo do fundo cobre sua figura. Não é a entrada de um país, mas do paraíso. O tom está dado. Não sejamos ingênuos, porém. O filme, ao menos, não o é: a imigração não é um paraíso. Estamos em meados do século passado, e Eilis enfrentará mais ou menos todos os problemas de adaptação pelos quais passa quem troca de país. Existe uma particularidade adicional: os costumes e tradições irlandeses estão arraigados, o que torna a experiência ainda mais amarga, especialmente porque Eilis é uma garota meio sem graça. É assim que ela vive seus primeiros tempos em Nova York. Como sempre nesses casos, o que pode arranjar as coisas é um namorado, e Eilis conhece um rapaz de origem italiana que parece estimá-la de verdade. Sua aparência subitamente se ilumina, e o estudo lhe permite sonhar com um futuro mais promissor. Ela parece esquecer a Irlanda. Mas, não por acaso, logo no começo de "Brooklin", é evocado Depois do Vendaval, em que, pelas mãos de John Ford, esse perpétuo vaivém entre Irlanda e EUA ganhou, há mais de 60 anos, sua obra-prima. No caso, tudo ia muito bem, quando sua irmã morre – aquela que arranjou tudo para que a garota inteligente e sem emprego decente pudesse ter uma chance nos EUA. O incidente força o retorno à Irlanda no momento em que ela está bem, cheia de boas perspectivas. Assim, não se trata apenas de fazer companhia à mãe – ali ela também consegue um bom emprego e, mais importante, um pretendente quase tão simpático e mais rico que o jovem italiano. Aquele país que parecia o paraíso de repente é confrontado à força da tradição irlandesa, de seus costumes, de sua – é o que se sugere – imobilidade. Eis o dilema de Eilis: ficar ou voltar. Bem raso, pode-se perceber, mas à altura do que, com alguma exceção, nos propõe esta edição do Oscar de suposto melhor filme. É possível pensar que "Brooklin" faça parte da lista como representante da inevitável cota britânica de todos os anos. Pode ser. O certo é que a principal, a mais inquietante questão que este filme propõe: por que diabos a distribuidora houve por bem traduzir o título original, "Brooklyn", por "Brooklin", promovendo a inócua substituição de um y por um i? Tudo o mais está dentro do previsível. Mesmo que a comparação a fazer fosse com o razoavelmente frustrado Era uma Vez em Nova York, "Brooklin" teria a oferecer apenas algum conforto ao espectador que veja no cinema uma distração. Este é um filme para ver facilmente e esquecer com facilidade ainda maior.'' (* Inácio Araujo *)
''Em tempos de indicações ao Oscar, "Brooklin" pode confundir um comprador. As três indicações citadas se referem a primiação do ano passado. Mas "Brooklin" passou tão batido pelo cinema que pouca gente reparou. E sua carreira nas lojas também não deve ser popular. Uma injustiça, principalmente com Saoirse Ronan, uma atriz interessante cuja carreira não decola, talvez por causa de seu bem incomun. Ela interpreta a garota irlandesa que migra para Nova York na metade do século passado, sofre um bocado e, e quando a vida parece sorrir para ela, encara mais infrtúnios. O filme não vai mudar avida de ninguém, mas é passatempo para quem quer só uma história bem contada.'' (Thales de Menezes)
88*2016 Oscar / 73*2016 Globo / 2015 Sundance
Wildgaze Films
Parallel Film Productions
Irish Film Board
Item 7
Diretor: John Crowley
21.835 users / 17.826 face
42 Metacritic 31 Up 1
Date 22/01/2016 Poster - ########