RESUMO
A severidade de ferrugem, causada pelo fungo Uromyces appendiculatus, foi avaliada em 12 cultivares de feijoeiro, em ensaios instalados nas safras de inverno de 1994, 1995 e 1996, das águas de 1994/95 e 1995/96 e da seca de 1995 em diferentes municípios no Estado de São Paulo. Em cada local e safra foram instalados dois experimentos, um sem e outro com tratamento fitossanitário, em delineamento estatístico de blocos ao acaso com doze tratamentos (cultivares) e quatro repetições. Os cultivares utilizados (Carioca, IAC-Carioca, IAC-Maravilha, IAC-Una, IAPAR-57, IAPAR-65, Carioca-MG, FT-120, Safira, Ônix, Aporé e Diamante Negro) foram avaliados por escala de notas de 1 a 9. Os cultivares Ônix e Aporé apresentaram a menor incidência da doença; IAPAR57 e IAPAR-65 foram os mais afetados pela ferrugem em todas as safras.
PALAVRAS-CHAVE:
Feijoeiro; cultivares; ferrugem; Uromyces appendiculatus; controle de doenças.
ABSTRACT
Severity of rust (Uromyces appendiculatus) on twelve common bean cultivars was evaluated during and autumn-winter season of 1994, 1995 and 1996 at four localities in São Paulo State, Brazil. Two experiments were carried out, one without and another with chemical control. The experimental design was a randomized block with twelve treatments (cultivars) with four replications. The twelve studied treatments were: Carioca, IAC-Carioca, IAC-Maravilha, IACUna, IAPAR-57, IAPAR-65, Carioca-MG, FT-120, Safira, Ônix, Aporé, and Diamante Negro. The disease severity was evaluated on a scale from 1 to 9. The less affected cultivars were Ônix and Aporé; the most susceptible ones were IAPAR-57 and IAPAR-65, in all localities studied.
KEY WORDS:
Bean; cultivars; rust; Uromyces appendiculatus; disease control.
INTRODUÇÃO
A ferrugem causada pelo fungo Uromyces appendiculatus (Pers.) Unger., uma das doenças mais importantes do feijoeiro, está distribuída em todas as regiões produtoras e pode ocorrer nast rês épocas de semeadura, embora, segundo OLIVEIRA (1992)OLIVEIRA, S.H.F. DE O perigo da ferrugem. Corr. Agríc., São Paulo. v.1, p.20-21, 1992. e SARTORATO et al. (1996)SARTORATO, A. ; RAVA, C.A.; RIOS, G.P. Doenças fúngicas e bacterianas da parte aérea. In: ARAUJO, R.S.; RAVA, C.A.; STONE, L.F.; ZIMMERMANN, M.J.O. DE (Coord.). Cultura do feijoeiro comum no Brasil. Piracicaba: POTAFOS, 1996. p.669-700. manifeste -se com maior intensidade na safra de inverno, favorecida por baixa temperatura e umidade elevada do ar promovida pela irrigação utilizada nessa safra.
As perdas em produção são verificadas principalmente nas regiões tropicais e sub-tropicais como conseqüência de epidemias periódicas, porém severas, em áreas de clima temperado úmido (ZAUMEYER & THOMAS, 1957ZAUMEYER, W.J. & THOMAS, H.R. A monographic study of bean diseases and methods for their control. Washington: USDA, 1957, 255p. (Technical Bulletin, 868); BALLANTYNE, 1974; citado por SARTORATO et al., 1996SARTORATO, A. ; RAVA, C.A.; RIOS, G.P. Doenças fúngicas e bacterianas da parte aérea. In: ARAUJO, R.S.; RAVA, C.A.; STONE, L.F.; ZIMMERMANN, M.J.O. DE (Coord.). Cultura do feijoeiro comum no Brasil. Piracicaba: POTAFOS, 1996. p.669-700.). As maiores perdas em rendimento ocorrem quando as plantas são infectadas durante os períodos de pré-floração e floração (ALMEIDA et al., 1977; COSTA, 1972; CRISPIN et al., 1976; NASSER, 1976; WIMALAJEEWA & THAVAM, 1973; YOSHII & GALVES, 1975, citados por VARGAS, 1980VARGAS, E. La roya. In: SCHWARTZ, H. F. & GALVEZ, G. E. (Eds.) Problemas de producción del Fríjol: Enfermedades, Insectos, Limitaciones Edáficas & Climáticas de Phaseolus vulgaris. Cali: CIAT, 1980. p.17-36.).
Os fatores ambientais influenciam todas as fasesd o desenvolvimento de uma epidemia, desde a infecção, colonização, multiplicação até a dispersão e sobrevivência do inóculo (RIOS et al., 2001RIOS, G.P.; SILVA, S.R. DA; ZIMMERMANN, F.J.P. Influência da cultivar e fonte de inóculo, na infecção do feijoeiro comum por Uromyces appendiculatus. Summa Phytopathol., v.27, n.4, p. 387-392, 2001.). A disseminação dos uredosporos se dá principalmente pela ação dos ventos, e sua germinação ocorre com temperaturas entre 16° e 25° C, durante 6 horas (BIANCHINI et al., 1997BIANCHINI, A.; MARINGONI, A.C.; CARNEIRO, S.M.T.P.G. Doenças do feijoeiro. In: KIMATI, H.; AMORIM, L.; BERGAMIN FILHO, A.; CAMARGO, L.E.A.; REZENDE, J.A.M.(Eds.). Manual de Fitopatologia. São Paulo: Agronômica CERES, 1997. p.376399. Capítulo 34: doenças da plantas cultivadas.). Temperaturas superiores a 32° C podem causar a morte do fungo (IMHOFF et al., 1982; citados por SARTORATO et al., 1996SARTORATO, A. ; RAVA, C.A.; RIOS, G.P. Doenças fúngicas e bacterianas da parte aérea. In: ARAUJO, R.S.; RAVA, C.A.; STONE, L.F.; ZIMMERMANN, M.J.O. DE (Coord.). Cultura do feijoeiro comum no Brasil. Piracicaba: POTAFOS, 1996. p.669-700.). Para a infecção, as condições ideais são: temperatura entre 17° e 27° C e umidade relativa do ar acima de 95% durante 10 a 18 horas (AUGUSTIN et al., 1972; HARTER et al., 1935; citados por VARGAS, 1980VARGAS, E. La roya. In: SCHWARTZ, H. F. & GALVEZ, G. E. (Eds.) Problemas de producción del Fríjol: Enfermedades, Insectos, Limitaciones Edáficas & Climáticas de Phaseolus vulgaris. Cali: CIAT, 1980. p.17-36.; SARTORATO et al., 1996SARTORATO, A. ; RAVA, C.A.; RIOS, G.P. Doenças fúngicas e bacterianas da parte aérea. In: ARAUJO, R.S.; RAVA, C.A.; STONE, L.F.; ZIMMERMANN, M.J.O. DE (Coord.). Cultura do feijoeiro comum no Brasil. Piracicaba: POTAFOS, 1996. p.669-700.; GONZÁLEZ, 1976; ZCHEIN, 1961; ZAUMEYER & THOMAS, 1957ZAUMEYER, W.J. & THOMAS, H.R. A monographic study of bean diseases and methods for their control. Washington: USDA, 1957, 255p. (Technical Bulletin, 868); citados por VARGAS, 1980VARGAS, E. La roya. In: SCHWARTZ, H. F. & GALVEZ, G. E. (Eds.) Problemas de producción del Fríjol: Enfermedades, Insectos, Limitaciones Edáficas & Climáticas de Phaseolus vulgaris. Cali: CIAT, 1980. p.17-36.; BIANCHINI et al., 1997BIANCHINI, A.; MARINGONI, A.C.; CARNEIRO, S.M.T.P.G. Doenças do feijoeiro. In: KIMATI, H.; AMORIM, L.; BERGAMIN FILHO, A.; CAMARGO, L.E.A.; REZENDE, J.A.M.(Eds.). Manual de Fitopatologia. São Paulo: Agronômica CERES, 1997. p.376399. Capítulo 34: doenças da plantas cultivadas.). A liberação de uredosporos em campo se dá em dias secos, com umidade relativa inferior a 60% e temperaturas superiores a 21° C, precedidos por período de orvalho ou com ocorrência de chuvas na noite anterior (NASSER, 1976; citado por SARTORATO, 1996).
O fungo U. appendiculatus é um parasita obrigatório que completa todo o seu ciclo em um único hospedeiro, onde produz todos os estágios de desenvolvimento (SOUSA et al., 1999SOUSA, R.C.M.D.E; RIOS, G.P.; FRANCO, L.G. Reação de genótipos de feijoeiro à ferrugem e à mancha angular. In: REUNIÃO NACIONAL DE PESQUISA DE FEIJÃO, 6., 1999, Salvador, BA. Resumos expandidos. Santo Antônio de Goiás: EMBRAPA Arroz e Feijão,1999. p.226-227.). O fungo se caracteriza ainda por sua alta variabilidade genética, com mais de 250 raças identificadas no mundo inteiro, até o momento (HALEY et al., 1994; citados por FALEIRO et al., 1999FALEIRO, F.G.; VINHADELLI, W.S.; RAGAGNIN, V.A.; ZAMBOLIM, L.; PAULA JUNIOR.,T.J.; MOREIRA, M.A.; BARROS, E.G. Identificação de raças fisiológicas de Uromyces appendiculatus no Estado de Minas Gerais, Brasil. Fitopatol. Bras., v.24, n.2, p.166-169, 1999.). No Brasil essa variabilidade tem sido confirmada por diversos autores, conforme compilação apresentada por RIOS et al.(2001)RIOS, G.P.; SILVA, S.R. DA; ZIMMERMANN, F.J.P. Influência da cultivar e fonte de inóculo, na infecção do feijoeiro comum por Uromyces appendiculatus. Summa Phytopathol., v.27, n.4, p. 387-392, 2001.. SILVA & RIOS (1999)SILVA, S.R. & RIOS, G.P. Efeitos da resistência varietal, do período de molhamento e da temperatura máxima, na eficiência de infecção de Uromyces appendiculatusn o feijoeiro. In: REUNIÃO NACIONAL DE PESQUISA DE FEIJÃO, 6., 1999, Salvador, BA. Resumos expandidos. Santo Antônio de Goiás:EMBRAPA Arroz e Feijão, 1999. p.179-181. comprovaram a influência da resistência varietal, do período de molhamento e da temperatura na infecção de U. appendiculatus em feijoeiro. As raças fisiológicas variam entre locais e anos (OLIVEIRA, 1992OLIVEIRA, S.H.F. DE O perigo da ferrugem. Corr. Agríc., São Paulo. v.1, p.20-21, 1992.) e pode-se observar várias raças fisiológicas em diferentes freqüências infectando a mesma planta (COELHO & CHAVES, 1975; citados por CARRIJO et al., 1980CARRIJO, I.V.; CHAVES, G.M.; PEREIRA, A.A. Reação de vinte e cinco variedades de Phaseolus vulgaris a trinta e nove raças fisiológicas de Uromyces phaseoli var. typica Arth., em condições de casa de vegetação. Fitopatol. Bras., v.5, p.245-255, 1980.; CARRIJO et al., 1980CARRIJO, I.V.; CHAVES, G.M.; PEREIRA, A.A. Reação de vinte e cinco variedades de Phaseolus vulgaris a trinta e nove raças fisiológicas de Uromyces phaseoli var. typica Arth., em condições de casa de vegetação. Fitopatol. Bras., v.5, p.245-255, 1980.) o que limita o uso de cultivares resistentes no controle da doença (BIANCHINI et al., 1997BIANCHINI, A.; MARINGONI, A.C.; CARNEIRO, S.M.T.P.G. Doenças do feijoeiro. In: KIMATI, H.; AMORIM, L.; BERGAMIN FILHO, A.; CAMARGO, L.E.A.; REZENDE, J.A.M.(Eds.). Manual de Fitopatologia. São Paulo: Agronômica CERES, 1997. p.376399. Capítulo 34: doenças da plantas cultivadas.; FALEIRO et al., 1999FALEIRO, F.G.; VINHADELLI, W.S.; RAGAGNIN, V.A.; ZAMBOLIM, L.; PAULA JUNIOR.,T.J.; MOREIRA, M.A.; BARROS, E.G. Identificação de raças fisiológicas de Uromyces appendiculatus no Estado de Minas Gerais, Brasil. Fitopatol. Bras., v.24, n.2, p.166-169, 1999.; BARROS et al., 2000BARROS, B.C. DE; OLIVEIRA, S.H.F. DE; LEITE, L.G.; ITO, M.F.; CAMPOS, T.B. DE; OLIVEIRA, C.M.G. DE; SANNAZZARO, A.M.; CASTRO, J. L. DE; PINZAN, N. R. Manejo integrado de pragas e doenças do feijoeiro. São Paulo: Secretaria de Agricultura e Abastecimento, 2000. v.3. 90p. (Manual Técnico).), embora o controle de doenças pela resistência genética seja eficiente, econômico e não interfira com o meio ambiente (SARTORATO et al., 1996SARTORATO, A. ; RAVA, C.A.; RIOS, G.P. Doenças fúngicas e bacterianas da parte aérea. In: ARAUJO, R.S.; RAVA, C.A.; STONE, L.F.; ZIMMERMANN, M.J.O. DE (Coord.). Cultura do feijoeiro comum no Brasil. Piracicaba: POTAFOS, 1996. p.669-700.; RIOS et al., 2001RIOS, G.P.; SILVA, S.R. DA; ZIMMERMANN, F.J.P. Influência da cultivar e fonte de inóculo, na infecção do feijoeiro comum por Uromyces appendiculatus. Summa Phytopathol., v.27, n.4, p. 387-392, 2001.). Apesar de alguns cultivares e linhagem como Aporé, Corrente, IAC-Carioca, IAC-Una, IAC-Maravilha, Novo Jalo, Pérola, Rudá, FT-120, FT-206 e Xamego terem sido obtidos com característica que incluiu a resistência à maioria das raças de ferrugem prevalentes nos experimentos desenvolvidos no país (POMPEU, 1996POMPEU, A.S. IAC-Una, IAC-Maravilha, IAC-Carioca Aruã, IAC-Carioca Pyatã, IAC Carioca Akytã e IAC-Bico de Ouro: novos cultivares de feijoeiro. In: REUNIÃO NACIONAL DE PESQUISA DE FEIJÃO, 5., 1996, Goiânia, GO. Resumos expandidos. Santo Antônio de Goiás: EMBRAPA Arroz e Feijão, 1996. v.1, p.265-266.; SOUSA et al., 1999SOUSA, R.C.M.D.E; RIOS, G.P.; FRANCO, L.G. Reação de genótipos de feijoeiro à ferrugem e à mancha angular. In: REUNIÃO NACIONAL DE PESQUISA DE FEIJÃO, 6., 1999, Salvador, BA. Resumos expandidos. Santo Antônio de Goiás: EMBRAPA Arroz e Feijão,1999. p.226-227.; SOUSA et al., 2000; RIOS et al., 2001RIOS, G.P.; SILVA, S.R. DA; ZIMMERMANN, F.J.P. Influência da cultivar e fonte de inóculo, na infecção do feijoeiro comum por Uromyces appendiculatus. Summa Phytopathol., v.27, n.4, p. 387-392, 2001.; TERASAWA, s/ dTERASAWA, F. FT- Pesquisa e Sementes: recomendações de cultivo. [snt]. p.13-15.), esta resistência pode não ser observada em todos os anos ou locais (SOUSA et al., 2000).
O objetivo do presente estudo foi avaliar, em diferentes safras e municípios, o comportamento de cultivares de feijoeiro diante da ocorrência natural de ferrugem, em experimentos desenvolvidos para seleção e recomendação de genótipos para o Estado de São Paulo (WUTKE et al., 1997WUTKE, E.B.; PINZAN, N.R.; SANNAZZARO, A.M.; BERTI, A.J.; OLIVEIRA, S.H.F. DE; EICHEL, O.A.C.; YASBEK JUNIOR, W. Feijão: regimento interno do sistema de avaliação e recomendação de cultivares para o Estado de São Paulo. Campinas: Instituto Agronômico, 1997. 7p. (Documentos IAC, 57)).
MATERIAL E MÉTODOS
Os experimentos foram desenvolvidos a campo segundo normas propostas no 'Regimento interno do sistema de avaliação e recomendação de cultivares de feijoeiro para o Estado de São Paulo' (WUTKE et al., 1997WUTKE, E.B.; PINZAN, N.R.; SANNAZZARO, A.M.; BERTI, A.J.; OLIVEIRA, S.H.F. DE; EICHEL, O.A.C.; YASBEK JUNIOR, W. Feijão: regimento interno do sistema de avaliação e recomendação de cultivares para o Estado de São Paulo. Campinas: Instituto Agronômico, 1997. 7p. (Documentos IAC, 57)), em diferentes safras agrícolas e municípios do Estado de São Paulo em áreas experimentais do Instituto Agronômico-IAC e das Cooperativas COPASUL, em Itaberá e Holambra II em Paranapanema, nas safras de inverno de 1994 em Adamantina e Votuporanga, inverno de 1995 em Pindorama, inverno de 1996 em Pariquera-Açu, águas de 1994/95 em Capão Bonito, Itaberá, Mococa e Paranapanema, águas de 1995/96 em Capão Bonito, Itaberá, Mococa e Tietê e, seca de 1995 em Capão Bonito, Itaberá e Paranapanema.
Em cada local e safra foram instalados dois experimentos, um sem e outro com tratamento fitossanitário, em delineamento estatístico de blocos ao acaso com doze tratamentos (cultivares) e quatro repetições. Os doze cultivares utilizados foram: Carioca, IAC-Carioca, Carioca-MG, IAPAR-57 e Aporé, do Grupo Diversos; IAC-Maravilha, IAC-Una, IAPAR65, Diamante negro, FT-120 e Ônix, do Grupo Preto, e Safira, do Grupo Roxinho.
As parcelas foram constituídas por cinco linhas de 5,0 m de comprimento, espaçadas de 0,5 a 0,6m entre si, com 10 a 12 plantas viáveis por metro linear, considerando-se como área útil para avaliação, as três linhas centrais, desprezando-se 0,5 m de cada extremidade.
Nos experimentos das safras das águas e da seca, em que se efetuou tratamento fitossanitário, realizaram-se quatro pulverizações, sendo a primeira 25 dias após a emergência das plantas, com 0,5 kg/ha de benomyl + 2,0 kg/ha de mancozeb e as demais a intervalos de quinze dias entre elas, aplicando-se 2,0 kg/ha de tiofanato metílico na segunda; 0,5 kg/ha de benomyl + 2,0 kg/ha de mancozeb na terceira e 2,0 kg/ha de clorothalonil na quarta e última pulverização. Nas safras de inverno foram feitas três pulverizações em intervalos de 15 dias, sendo a primeira 25 dias após a emergência das plantas, com 1,0 kg/ha de acetato de trifenil estanho na primeira; 2,5 L/ha de clorothalonil na segunda e, 2,5 kg/ha de clorothalonil + 2,0 L/ha de tiofanato metílico na terceira. Em áreas com incidência de mosaico dourado, realizaram-se 2 a 3 pulverizações com 0,7 L/ha de methamidofós.
A adubação mineral foi realizada de acordo com a necessidade da cultura em cada situação agrícola, em função dos resultados das análises de solo. Foram aplicados em média, 400 kg/ha da fórmula 04-14-08 na semeadura e 200 kg/ha de sulfato de amônio em cobertura, 20 dias após a emergência das plantas. Os demais tratos culturais como capinas e irrigações, foram realizados sempre que necessários.
A avaliação da severidade da doença foi feita nas fases de florescimento e enchimento de grãos (estádio R6 e R8), utilizando-se escala de notas de 1 a 9, (SCHOONHOVEN & PASTOR CORRALES, 1987SCHOONHOVEN, A. VAN & PASTOR-CORRALES, M.A. Sistema Estándar para la Evaluación de Germoplasma de Fríjol (comps.) CALI: CIAT, 1987. 56p.). Os dados obtidos foram analisados estatisticamente pelo Teste Tukey a 5% (PIMENTEL GOMES, 1982PIMENTEL GOMES, F. Curso de estatística experimental. 10.ed. Piracicaba: Nobel, 1982. 430p.). Os dados originais foram transformados em raiz quadrada de x + 0,5.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados obtidos no presente estudo encontram-se nas Tabelas 1 (safras de inverno de 1994, 1995 e 1996), 2 (safra das águas de 1994/95), 3 (safra das águas de 1995/96) e 4 (safra da seca de 1995). De modo geral, pode-se observar que nos municípios e safras avaliados para seleção de cultivares para plantio no Estado de São Paulo, em que houve incidência ferrugem, todos os tratamentos foram afetados pela doença em maior ou menor intensidade.
Nos experimentos sem tratamento fitossanitário (excetuando-se Pariquera-Açu, onde a área não tratada não foi avaliada), a menor severidade da doença foi observada na safra da seca de 1995 (Tabela 4) e a maior severidade nas safras das águas de 1995/96 (Tabela 3) e de inverno de 1994 e 1995 (Tabela 1). Embora OLIVEIRA (1992)OLIVEIRA, S.H.F. DE O perigo da ferrugem. Corr. Agríc., São Paulo. v.1, p.20-21, 1992. e SARTORATO et al. (1996)SARTORATO, A. ; RAVA, C.A.; RIOS, G.P. Doenças fúngicas e bacterianas da parte aérea. In: ARAUJO, R.S.; RAVA, C.A.; STONE, L.F.; ZIMMERMANN, M.J.O. DE (Coord.). Cultura do feijoeiro comum no Brasil. Piracicaba: POTAFOS, 1996. p.669-700. afirmem que a doença se manifesta com maior intensidade na safra de inverno, a alta severidade relatada na safra das águas, indica a presença de condições climáticas favoráveis à doença no período.
Severidade de ferrugem em cultivares de feijoeiro, na ausência e na presença de tratamento fitossanitário, em diferentes municípios do Estado de São Paulo, nas safras de inverno de 1994, 1995 e 1996.
Ainda, nos experimentos sem tratamento fitossanitário e com relação aos locais de avaliação, os sintomas se manifestaram com menor intensidade no Município de Capão Bonito durante a safra das águas de 1994/95 (Tabela 2), e com maior intensidade em Mococa na safra das águas de 1995/96 (Tabela 3).
Observou-se ainda um comportamento diferenciado entre os cultivares que variou com a safra e local, o que se deve, provavelmente, à presença de diferentes raças fisiológicas de U. appendiculatus nos diferentes locais e anos (COELHO & CHAVES, 1975; citados por CARRIJO et al., 1980CARRIJO, I.V.; CHAVES, G.M.; PEREIRA, A.A. Reação de vinte e cinco variedades de Phaseolus vulgaris a trinta e nove raças fisiológicas de Uromyces phaseoli var. typica Arth., em condições de casa de vegetação. Fitopatol. Bras., v.5, p.245-255, 1980.; CARRIJO et al., 1980CARRIJO, I.V.; CHAVES, G.M.; PEREIRA, A.A. Reação de vinte e cinco variedades de Phaseolus vulgaris a trinta e nove raças fisiológicas de Uromyces phaseoli var. typica Arth., em condições de casa de vegetação. Fitopatol. Bras., v.5, p.245-255, 1980.; OLIVEIRA, 1992OLIVEIRA, S.H.F. DE O perigo da ferrugem. Corr. Agríc., São Paulo. v.1, p.20-21, 1992.).
Apesar dessa variação, os cultivares Ônix e Aporé foram os mais resistentes à doença em todas as safras e locais estudados, com notas variando de 1,0 a 2,9 e de 1,0 a 3,3, respectivamente, o que representa plantas sem sintomas e sintomas em até 2% da área foliar ou da vagem. Tais dados comprovam aqueles obtidos por SOUSA et al.(1999)SOUSA, R.C.M.D.E; RIOS, G.P.; FRANCO, L.G. Reação de genótipos de feijoeiro à ferrugem e à mancha angular. In: REUNIÃO NACIONAL DE PESQUISA DE FEIJÃO, 6., 1999, Salvador, BA. Resumos expandidos. Santo Antônio de Goiás: EMBRAPA Arroz e Feijão,1999. p.226-227. segundo os quais o cultivar Aporé e também FT-120 comportaram-se como altamente resistentes à ferrugem, e confirmam a recomendação de Aporé pelo Sistema Nacional de Pesquisa Agropecuária (SNPA). Este cultivar também foi recomendado para cultivo no Estado de São Paulo nas três safras (CARBONELL et al., 2001CARBONELL, S.A.M.; PINZAN, N.R.; SANNAZZARO, A.M.; AZEVEDO FILHO, J.A. DE; SARTORI, J.A. Feijão: sistema de avaliação e recomendação de cultivares para o Estado de São Paulo 1999/2000. Campinas: CATI, 2001. 18p. (Documento Técnico, 115)).
Entretanto, devido à grande variabilidade do fungo U. appendiculatus no Brasil (MORA-NUÑES et al., 1992; FALEIRO et al., 1998; FALEIRO et al., 1999FALEIRO, F.G.; VINHADELLI, W.S.; RAGAGNIN, V.A.; ZAMBOLIM, L.; PAULA JUNIOR.,T.J.; MOREIRA, M.A.; BARROS, E.G. Identificação de raças fisiológicas de Uromyces appendiculatus no Estado de Minas Gerais, Brasil. Fitopatol. Bras., v.24, n.2, p.166-169, 1999.a; citados em FALEIRO et al., 2001FALEIRO, G.F.; NIETSCHE, S.; RAGAGNIN, V.A.; BORÉM, A.; MOREIRA, M.A.; BARROS, E.G. DE Resistência de cultivares de feijoeiro-comum à ferrugem e à mancha angular em condições de casa de vegetação. Fitopatol. Bras., v.26, n.1, p.86-89, 2001.; CARRIJO et al., 1980CARRIJO, I.V.; CHAVES, G.M.; PEREIRA, A.A. Reação de vinte e cinco variedades de Phaseolus vulgaris a trinta e nove raças fisiológicas de Uromyces phaseoli var. typica Arth., em condições de casa de vegetação. Fitopatol. Bras., v.5, p.245-255, 1980.), deve-se considerar a possível quebra de genes de resistência a cada safra, isso porque, por exemplo, embora Aporé ainda seja recomendado como resistente à ferrugem por diversos autores (MORAES et al., 1983a; EMBRAPA, 1996EMBRAPA. Centro Nacional de Pesquisa do Arroz e Feijão. Informativo anual das comissões técnicas regionais de feijão: cultivares de feijão recomendadas para plantio no ano agrícola 1996/97. Goiânia: EMBRAPA-CNPAF, 1996. 29p.; MEIRELES et al., 1999; BIANCHINI et al.,1989BIANCHINI, A.; MENEZES, J.R.D.; MARINGONI, A .C. Doenças e seu controle. In: Fundação Instituto Agronômico do Paraná. O feijão no Paraná. Londrina, 1989. p.189-216.), já se verificou alta suscetibilidade à doença no cultivar, assim como em cultivares de tipo de grão carioca como: Rudá, Carioca e Pérola (FALEIRO et al., 1999FALEIRO, F.G.; VINHADELLI, W.S.; RAGAGNIN, V.A.; ZAMBOLIM, L.; PAULA JUNIOR.,T.J.; MOREIRA, M.A.; BARROS, E.G. Identificação de raças fisiológicas de Uromyces appendiculatus no Estado de Minas Gerais, Brasil. Fitopatol. Bras., v.24, n.2, p.166-169, 1999.b; citados em FALEIRO et al., 2001FALEIRO, G.F.; NIETSCHE, S.; RAGAGNIN, V.A.; BORÉM, A.; MOREIRA, M.A.; BARROS, E.G. DE Resistência de cultivares de feijoeiro-comum à ferrugem e à mancha angular em condições de casa de vegetação. Fitopatol. Bras., v.26, n.1, p.86-89, 2001.). Também, o cultivar Meia Noite, que até 1996 se encontrava entre os mais resistentes à ferrugem (FALEIRO et al., 1996; citados em FALEIRO et al., 2001FALEIRO, G.F.; NIETSCHE, S.; RAGAGNIN, V.A.; BORÉM, A.; MOREIRA, M.A.; BARROS, E.G. DE Resistência de cultivares de feijoeiro-comum à ferrugem e à mancha angular em condições de casa de vegetação. Fitopatol. Bras., v.26, n.1, p.86-89, 2001.), em 1997 já se mostrou suscetível (FALEIRO et al., 2001FALEIRO, G.F.; NIETSCHE, S.; RAGAGNIN, V.A.; BORÉM, A.; MOREIRA, M.A.; BARROS, E.G. DE Resistência de cultivares de feijoeiro-comum à ferrugem e à mancha angular em condições de casa de vegetação. Fitopatol. Bras., v.26, n.1, p.86-89, 2001.)
Severidade de ferrugem em cultivares de feijoeiro, na ausência e na presença de tratamento fitossanitário, em diferentes municípios do Estado de São Paulo, na safra das águas de 1994/95.
Os cultivares IAPAR-57 e IAPAR-65 foram os mais suscetíveis à ferrugem nos locais e safras analisadas, com notas que variaram de 1,4 a 9,0 e de 2,8 a 9,0, respectivamente, representando de ausência de sintomas a mais de 25% da área foliar ou da vagem com sintomas e desfolha prematura em muitos casos. Fato previsível, visto serem esses materiais suscetíveis ao fungo, uma vez que a prioridade de seu melhoramento foi a resistência ao mosaico dourado (BIANCHINI et al.,1997BIANCHINI, A.; MARINGONI, A.C.; CARNEIRO, S.M.T.P.G. Doenças do feijoeiro. In: KIMATI, H.; AMORIM, L.; BERGAMIN FILHO, A.; CAMARGO, L.E.A.; REZENDE, J.A.M.(Eds.). Manual de Fitopatologia. São Paulo: Agronômica CERES, 1997. p.376399. Capítulo 34: doenças da plantas cultivadas.).
Os produtos utilizados no presente estudo foram selecionados para o controle de diversas doenças, inclusive a ferrugem. Entretanto, comparando-se os experimentos sem e com tratamento fitossanitário (Tabelas 1, 2, 3 e 4), observa-se que o controle obtido por eles variou em função da safra, local e cultivar envolvidos, pois embora tenha sido pouco eficiente em alguns municípios, a doença foi eficientemente controlada em outros, como em Votuporanga, na safra de inverno de 1994, quando a severidade da doença foi reduzida em 50%, na maioria dos cultivares.
Tal fato indica novamente a possível presença de diferentes raças fisiológicas nos locais dos experimentos e demonstra claramente a necessidade da atenção para a resistência à ferrugem nos programas de melhoramento, uma vez que apenas os tratamentos com fungicidas não são suficientes para garantir a colheita de um determinado genótipo de feijão em safras e locais sujeitos à ocorrência da doença.
Severidade de ferrugem em cultivares de feijoeiro, na ausência e na presença de tratamento fitossanitário, em diferentes municípios do Estado de São Paulo, na safra das águas de 1995/96.
Cabe ainda ressaltar que, pelos dados obtidos nas avaliações do presente estudo, os cultivares IACCarioca, IAC-Maravilha, IAC-Una, FT-120, Safira e Diamante Negro, apresentaram comportamento variável, embora na maioria das safras os níveis da doença tenham permanecido baixos. Também, em outros estudos de avaliação de resistência de cultivares de feijoeiro à ferrugem, os seguintes genótipos foram recomendados como resistentes à doença: IAC-Una (BIANCHINI et al., 1989BIANCHINI, A.; MENEZES, J.R.D.; MARINGONI, A .C. Doenças e seu controle. In: Fundação Instituto Agronômico do Paraná. O feijão no Paraná. Londrina, 1989. p.189-216.; EMBRAPA 1996EMBRAPA. Centro Nacional de Pesquisa do Arroz e Feijão. Informativo anual das comissões técnicas regionais de feijão: cultivares de feijão recomendadas para plantio no ano agrícola 1996/97. Goiânia: EMBRAPA-CNPAF, 1996. 29p.), FT-120 (SOUSA et al., 1999SOUSA, R.C.M.D.E; RIOS, G.P.; FRANCO, L.G. Reação de genótipos de feijoeiro à ferrugem e à mancha angular. In: REUNIÃO NACIONAL DE PESQUISA DE FEIJÃO, 6., 1999, Salvador, BA. Resumos expandidos. Santo Antônio de Goiás: EMBRAPA Arroz e Feijão,1999. p.226-227.), DIAMANTE NEGRO (BIANCHINI et al., 1989BIANCHINI, A.; MENEZES, J.R.D.; MARINGONI, A .C. Doenças e seu controle. In: Fundação Instituto Agronômico do Paraná. O feijão no Paraná. Londrina, 1989. p.189-216.; SOUSA et al.,1999SOUSA, R.C.M.D.E; RIOS, G.P.; FRANCO, L.G. Reação de genótipos de feijoeiro à ferrugem e à mancha angular. In: REUNIÃO NACIONAL DE PESQUISA DE FEIJÃO, 6., 1999, Salvador, BA. Resumos expandidos. Santo Antônio de Goiás: EMBRAPA Arroz e Feijão,1999. p.226-227.) e IAC-Maravilha (BIANCHINI eta l.,1989BIANCHINI, A.; MENEZES, J.R.D.; MARINGONI, A .C. Doenças e seu controle. In: Fundação Instituto Agronômico do Paraná. O feijão no Paraná. Londrina, 1989. p.189-216.).
Portanto, é pertinente a permanência deles na relação de cultivares recomendados pelo Sistema Nacional de Pesquisa Agropecuária (SNDA), em que IAC-Carioca, IAC-Una, IAC-Maravilha e Aporé são relatados como resistentes à ferrugem; Safira e Diamante Negro com resistência intermediária e FT-120 como moderadamente resistente, conforme relatado em literatura (POMPEU, 1982POMPEU, A.S. Feijoeiro. Agronômico, Campinas, v.34, p.8-12, 1982.; MORAES et al.,1993aMORAES, E.A.; DEL PELOSO, M.J.; CARNEIRO, J.E.S.; SARTORATO, A.; SILVA, C.C. DA; SILVA, L.O. Aporé: nova variedade de feijão carioca para o Estado de Goiás. In: REUNIÃO NACIONAL DE PESQUISA DE FEIJÃO, 4., 1993, Londrina, PR. Resumos. Londrina: IAPAR, 1993a. p.106., bMORAES, E. A.; DEL PELOSO, M. J.; COSTA, J. G. C. DA; RAVA, C. A.; SILVA, C. C. DA; SILVA, L. O. Diamante Negro: nova cultivar de feijão preto para o Estado de Goiás. REUNIÃO NACIONAL DE PESQUISA DE FEIJÃO, 4., 1993, Londrina, PR. Resumos. Londrina: IAPAR, 1993b. p.107., cMORAES, E.A.; CARNEIRO, J.E.S.; DEL PELOSO, M.J.; COSTA, J.G.C. DA; SARTORATO, A.; SILVA, C.C. DA; SILVA, L.O. Safira: nova alternativa de feijão de cor para Goiás. REUNIÃO NACIONAL DE PESQUISA DE FEIJÃO, 4., 1993, Londrina, PR. Resumos, Londrina: IAPAR, 1993c. p.109.; POMPEU, 1996POMPEU, A.S. IAC-Una, IAC-Maravilha, IAC-Carioca Aruã, IAC-Carioca Pyatã, IAC Carioca Akytã e IAC-Bico de Ouro: novos cultivares de feijoeiro. In: REUNIÃO NACIONAL DE PESQUISA DE FEIJÃO, 5., 1996, Goiânia, GO. Resumos expandidos. Santo Antônio de Goiás: EMBRAPA Arroz e Feijão, 1996. v.1, p.265-266.; SILVA et al.,1996).
AGRADECIMENTOS
Os autores expressam seus agradecimentos aos engenheiros agrônomos, funcionários de apoio e estagiários do Instituto Agronômico e Instituto Biológico e das cooperativas COPASUL, em Itaberá, e Holambra II, em Paranapanema, que colaboraram direta e indiretamente para o preparo, instalação e desenvolvimento dos experimentos: Jacó Antônio Barnabé, José Angelino de Paula, Wilson Luís Strada, José Roberto Martelini, Celso Aparecido Abaque, Sérgio José Coradello, Marcio Aparecido Batista, Carlos Alberto Redígolo Raymundo, José Carlos Cavichiolli, Mário Montani Júnior, Felinto Pereira dos Santos, Joaquim Vitorino, Luiz Evangelista da S. Pinto, João Batista Sales, Antônio Orlando da Silva, Nair Antônia dos Santos, Luzia Fátima da Silva, Jorgina Laurentino Vaz, Wilson Pereira Camargo, Júnia Naís Garcia Prado, Celina Alves da Silva, Luís Carlos de Faria, Tânia Cristina Rodrigues, Graciele Pereira Carrapeiro, Joana Góes e Hamilton César dos Santos.
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Datas de Publicação
-
Publicação nesta coleção
24 Jun 2024 -
Data do Fascículo
Jul-Sep 2003
Histórico
-
Recebido
24 Fev 2003 -
Aceito
28 Abr 2003