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Plantas Cardiotóxicas para Ruminantes No Brasil

This review updates information on cardiotoxic plants affecting ruminants in Brazil. It is known that at least 131 toxic plants from 79 genera affect ruminants. Twenty-five species affect heart function. Plants containing sodium monofluoroacetate cause many poisonings in cattle, but other ruminants can also be affected. Palicourea marcgravii poisoning remains important due to its wide distribution. New species of Palicourea containing sodium monofluoroacetate have been described. Methods to prevent poisonings include inducing food aversion, administering non-toxic doses to induce resistance, and using acetamide or bacteria to degrade sodium monofluoroacetate.

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Plantas Cardiotóxicas para Ruminantes No Brasil

This review updates information on cardiotoxic plants affecting ruminants in Brazil. It is known that at least 131 toxic plants from 79 genera affect ruminants. Twenty-five species affect heart function. Plants containing sodium monofluoroacetate cause many poisonings in cattle, but other ruminants can also be affected. Palicourea marcgravii poisoning remains important due to its wide distribution. New species of Palicourea containing sodium monofluoroacetate have been described. Methods to prevent poisonings include inducing food aversion, administering non-toxic doses to induce resistance, and using acetamide or bacteria to degrade sodium monofluoroacetate.

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Pesq. Vet. Bras.

38(7):1239-1249, julho 2018


DOI: 10.1590/1678-5150-PVB-5548

Artigo de Revisão
Animais de Produção/Livestock Diseases
ISSN 0100-736X (Print)
ISSN 1678-5150 (Online)

Vet 2665 pvb-5548.R1 LD

Plantas cardiotóxicas para ruminantes no Brasil1


Naiara C. F. Nascimento2, Lorena D.A. Aires3, James A. Pfister4,
Rosane M.T. Medeiros5, Franklin Riet-Correa6 e Fábio S. Mendonça7*
ABSTRACT.- Nascimento N.C.F., Aires L.D.A., Pfister J.A., Medeiros R.M.T., Riet-Correa F. &
Mendonça F.S. 2018. [Cardiotoxic plants affecting ruminants in Brazil.] Plantas cardiotóxicas
para ruminantes no Brasil. Pesquisa Veterinária Brasileira 38(7):1239-1249. Laboratório
de Diagnóstico Animal, Universidade Federal Rural de Pernambuco, Rua Dom Manoel de
Medeiros s/n, Dois Irmãos, Recife, PE 52171-900, Brazil. E-mail: fabio.mendonca@pq.cnpq.br
This review updates information about cardiotoxic plants affecting ruminants in Brazil.
Currently it is known that there are at least 131 toxic plants belonging to 79 genera. Twenty
five species affect the heart function. Plants that contain sodium monofluoroacetate (Palicourea
spp., Psychotria hoffmannseggiana, Amorimia spp., Niedenzuella spp., Tanaecium bilabiatum
and Fridericia elegans) cause numerous outbreaks of poisoning, mainly in cattle, but buffaloes,
sheep and goats are occasionally affected. Poisoning by Palicourea marcgravii remains the
most important due to the wide distribution of this plant in Brazil. New species of the genus
Palicourea containing sodium monofluoracetate, such as Palicourea amapaensis, Palicourea
longiflora, Palicourea barraensis, Palicourea macarthurorum, Palicourea nigricans, Palicourea
vacillans and Palicourea aff. juruana were described in the amazon region. In the northeast
region, the most important toxic plant for cattle is Amorimia septentrionalis. In the midwest,
outbreaks of Niedenzuella stannea poisoning have been reported in cattle in the Araguaia region
and the disease needs to be better investigated for its occurrence and importance. Tetrapterys
multiglandulosa and Tetrapterys acutifolia, two plants causing cardiac fibrosis also contain
sodium monofluoroacetate and were reclassified to the genus Niedenzuella. These two plants
and Ateleia glazioveana, other plant that causes cardiac fibrosis continues to be important in the
southeastern and south of Brazil. Other less important are the plants that contain cardiotoxic
glycosides, such as Nerium oleander and Kalanchoe blossfeldiana, in wich poisonings are generally
accidental. Recently, several experimental methodologies were successfully employed to avoid
poisonings by sodium monofluoroacetate containing plants. These methodologies include the
induction of food avertion using lithium chloride, the ministration of repeatedly non-toxic doses
of leaves to induce resistance, the use of acetamide to prevent poisonings and the intraruminal
inoculation of sodium monofluoroacetate degrading bacteria.
INDEX TERMS: Poisonous plants, cardiotoxic plants, cardiotoxic glycosides, sodium monofluoroacetate,
plant poisoning, ruminants, toxicoses.

Recebido em 21 de agosto de 2017.


1
RESUMO.- Esta revisão atualiza informações sobre plantas
Aceito para publicação em 28 de agosto de 2017.
2
Programa de Pós-Graduação em Medicina Veterinária, Universidade cardiotóxicas que afetam os ruminantes no Brasil. Atualmente,
Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), Rua Dom Manoel de Medeiros s/n, sabe-se que existem pelo menos 131 plantas tóxicas pertencentes
Dois Irmãos, Recife, PE 52171-900, Brasil. a 79 gêneros. Vinte e cinco espécies afetam o funcionamento
3
Departamento de Medicina Veterinária, Universidade Federal Rural do coração. As plantas que contêm monofluoroacetato de sódio
de Pernambuco (UFRPE), Rua Dom Manoel de Medeiros s/n, Dois Irmãos,
Recife, PE 52171-900. (Palicourea spp., Psychotria hoffmannseggiana, Amorimia spp.,
4
Poisonous Plant Research Laboratory, Agricultural Research Service, United Niedenzuella spp., Tanaecium bilabiatum e Fridericia elegans)
States Department of Agriculture, 1150 E. 1400 N., Logan, UT 84341, USA. causam numerosos surtos de intoxicação, principalmente em
5
Hospital Veterinário, Universidade Federal de Campina Grande (UFCG),
Patos, PB 58700-000, Brasil. bovinos, mas búfalos, ovinos e caprinos são ocasionalmente
6
Instituto Nacional de Investigacíon Agropecuaria (INIA), La Estanzuela, afetados. A intoxicação por Palicourea marcgravii continua
Colonia, Uruguay, CP 70.000. a ser a mais importante devido à ampla distribuição desta
Laboratório de Diagnóstico Animal, Departamento de Morfologia e planta no Brasil. Novas espécies do gênero Palicourea contendo
7

Fisiologia Animal, Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), Rua


Dom Manoel de Medeiros s/n, Dois Irmãos, Recife, PE 52171-900. *Autor monofluoracetato de sódio, como Palicourea amapaensis,
para correspondência: fabio.mendonca@pq.cnpq.br Palicourea longiflora, Palicourea barraensis, Palicourea

1239
1240 Naiara C. F. Nascimento et al.

macarthurorum, Palicourea nigricans, Palicourea vacillans e Plantas dos gêneros Palicourea e Psychotria
Palicourea aff. juruana foram descritas na região amazônica. No gênero Palicourea, são importantes as intoxicações
Na região nordeste, a planta tóxica mais importante para por P. marcgravii, P. aeneofusca, P. juruana e P. grandiflora
bovinos é Amorimia septentrionalis. No Centro-Oeste, surtos (Tokarnia et al. 2012). Porém, em pesquisas recentes detectou-se
de intoxicação por Niedenzuella stannea foram relatados em monofluoroacetato de sódio em mais oito espécies: P. amapaensis,
bovinos na região do Araguaia e a doença precisa ser melhor P. longiflora, P. barraensis (anteriormente P. aff. longiflora),
investigada quanto à sua ocorrência e importância. Tetrapterys P. macarthurorum, P. nigricans, P. vacillans e P. aff. juruana.
multiglandulosa e Tetrapterys acutifolia, duas plantas que No gênero Psychotria, só existem relatos de intoxicação por
causam fibrose cardíaca, também contêm monofluoracetato Psychotria hoffmannseggiana (Cook et al. 2014, Pedroza 2015,
de sódio e foram reclassificadas para o gênero Niedenzuella. Carvalho et al. 2016).
Essas duas espécies e Ateleia glazioveana, outra planta que Desse grupo, P. marcgravii é a planta tóxica mais importante
causa fibrose cardíaca, continuam sendo importantes no Sul devido à sua vasta distribuição no Brasil, ocorrendo nos domínios
e Sudeste do Brasil. Outras espécies menos importantes e que amazônia, caatinga, cerrado e mata atlântica. Provoca altos
ocasionamente provocam surtos acidentais de intoxicação são índices de mortalidade devido à sua boa palatabilidade, como
as plantas que contém glicosídeos cardiotóxicos, tais como por exemplo, na região amazônica, onde é responsável por 80%
Nerium oleander e Kalanchoe blossfeldiana. Recentemente, de todas as mortes relacionadas às intoxicações por plantas
várias metodologias experimentais foram empregadas para em bovinos (Tokarnia et al. 2012). Palicourea aeneofusca é
evitar intoxicações por plantas que contêm monofluoroacetato importante nos estados de Pernambuco, Paraíba, leste da Bahia
de sódio. Estas metodologias incluem a indução de aversão e Alagoas, onde ocorre em áreas de mata atlântica do litoral
condicionada utilizando cloreto de lítio, a utilização de doses e zona da mata e no agreste, em matas de brejo de altitude
repetidas não tóxicas de folhas para induzir resistência, o uso (Vasconcelos et al. 2008a, Brito et al. 2016). A intoxicação
de acetamida para prevenir as intoxicações e a inoculação natural é frequente em bovinos e ocasionalmente é relatada
intraruminal de bactérias degradantes de monofluoroacetato em pequenos ruminantes (Albuquerque et al. 2013, Brito et al.
de sódio. 2016, Oliveira-Neto et al. 2017).
Várias espécies que contêm MFA têm sua ocorrência registrada
TERMOS DE INDEXAÇÃO: Plantas tóxicas, glicosídeos cardiotóxicos,
na região amazônica e podem ser encontradas em florestas de
monofluoroacetato de sódio, intoxicação por plantas, ruminantes,
terra firme, florestas e campos de várzea, como P. grandiflora
toxicoses.
(Acre, Amazonas, Pará, Rondônia e Mato Grosso), P. amapaensis
(Amazonas, Amapá e Pará), P. macarthurorum (Amazonas),
INTRODUÇÃO P. longiflora (Amazonas, Pará e Rondônia), P. nigricans (Acre
e Amazonas), P. barraensis (Amazonas, Roraima e Rondônia)
No Brasil, plantas pertencentes às famílias Rubiaceae,
e P. aff. juruana (Maranhão e Tocantins). Palicourea vacillans
Malpighiaceae, Bignoniaceae, Fabaceae, Apocynaceae e
encontra-se distribuída em áreas de cerrado nos estados de
Crassulaceae constituem um grupo muito importante de
Minas Gerais e Bahia (Cook et al. 2014, Taylor 2015a, 2015b,
plantas tóxicas para animais de produção por afetarem o
Carvalho et al. 2016). Das espécies acima citadas existem
funcionamento do coração (Tokarnia et al. 2012). De acordo
casos registrados de surtos de morte súbita em bovinos
com dados dos laboratórios de diagnóstico de diferentes
associados às intoxicações por P. grandiflora, P. barraensis e
regiões do país, estima-se que esse grupo de plantas seja
P. longiflora. Experimentalmente, P. longiflora e P. barraensis
responsável pela morte de cerca de 500 mil bovinos por ano.
também causam intoxicação em coelhos (Cook et al. 2014,
Considerando o preço médio de US$ 200,00 por animal, as
Carvalho et al. 2016).
perdas anuais podem ultrapassar a cifra de um milhão de
A classificação do gênero Psychotria é complexa e não está
dólares (Riet-Correa & Medeiros 2001, Tokarnia et al. 2012).
totalmente resolvida, posto que algumas espécies atualmente
Considerando a importância econômica desse grupo de
classificadas como Psychotria estão mais intimamente relacionadas
plantas no Brasil, este trabalho tem como objetivo atualizar os
com o gênero Palicourea (Taylor 1996, Taylor et al. 2010, Taylor
dados sobre os principais aspectos epidemiológicos, clínicos,
& Gereau 2013). Desse gênero, Psychotria hoffmannseggiana
patológicos e formas de controle das intoxicações por plantas
é provavelmente importante por ser endêmica em todo o país.
que afetam o funcionamento do coração de ruminantes.
Psychotria hoffmannseggiana é um arbusto que mede de 0,5 a 2 m
e pode ser encontrado na mata atlântica, em matas mesófilas,
REVISÃO DE LITERATURA semidecíduas, restingas, matas ciliares e no cerrado (Taylor
Plantas que provocam mortes súbitas associadas ao 2007). No Brasil, há somente dois registros de intoxicação por
exercício P. hoffmannseggiana em bovinos, nos estados de Minas Gerais
De uma maneira geral, as plantas que provocam mortes e Rondônia (Schons 2011, Pedroza 2015). Nessas regiões,
súbitas associadas ao exercício contêm concentrações elevadas produtores rurais e médicos veterinários relatam há muito
de monofluoroacetato de sódio (MFA) e por esse motivo o tempo surtos de mortes súbitas em bovinos. No Vale do Paraíba,
quadro clínico-patológico apresenta evolução superaguda, sem Palicourea barbiflora (sinônimo de P. hoffmannseggiana) foi
que se observem lesões cardíacas significantes. Esse grupo relatada como responsável por surtos de mortes súbitas em
de plantas é atualmente representado por 22 espécies bovinos em décadas passadas e sua toxicidade foi confirmada
pertencentes às três famílias: Rubiaceae (Palicourea e experimentalmente em bovinos (Camargo 1962). A concentração
Psychotria), Malpighiaceae (Amorimia e Niedenzuella) e de MFA em P. hoffmannseggiana ainda não foi determinada
Bignoniaceae (Tanaecium e Fridericia). (Pedroza 2015).

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Plantas cardiotóxicas para ruminantes no Brasil 1241

A concentração de MFA difere entre as espécies do Amorimia exotropica ocorre em locais sombreados na mata
gênero Palicourea. Em um estudo mais recente com métodos atlântica do Sudeste (São Paulo) e Sul (Paraná, Rio Grande
mais precisos (Lee et al. 2012), as concentrações foram do Sul e Santa Catarina). O primeiro surto de intoxicação em
significativamente maiores que as relatadas em estudos bovinos foi descrito no Estado de Santa Catarina (Gava et al.
anteriores, cujos valores eram de 0.00054% de MFA 1998) e mais recentemente nas regiões metropolitanas de
(Krebs et al. 1994, Tokarnia et al. 2012). No estudo publicado Porto Alegre, Serra Gaúcha e microrregião de Vacaria, Rio
por Cook et al. (2014) as concentrações de MFA nas folhas Grande do Sul (Pavarini et al. 2011, Bandinelli et al. 2014).
maduras de P. marcgravii foram estabelecidas em 0,24±0,10% As intoxicações ocorrem durante todo o ano, porém, com
e 0,88±0,08% nas folhas jovens e em desenvolvimento. Já nas maior concentração de casos entre os meses de maio e agosto,
folhas de P. aeneofusca, a concentração foi de 0,09 ± 0,05% período em que há escassez de alimentos no Sul do Brasil.
(Lee et al. 2012). Nas folhas de P. longiflora a concentração Desta forma, os bovinos podem invadir áreas de matas ou
variou de 0.006% a 0.16% e nas folhas de P. barraensis a capões à procura de alimento. Bovinos também podem se
concentração foi de 0.01% (Carvalho et al. 2016). intoxicar quando adentram nas matas à procura de abrigo
As concentrações de MFA nas folhas de P. juruana, das chuvas e ventos frios que também se concentram nessa
P. grandiflora, P. amapaensis, P. macarthurorum, P. nigricans, época (Pavarini et al. 2011).
P. vacillans e P. aff. juruana ainda não foram determinadas. Amorimia pubiflora tem ocorrência registrada no cerrado
Sugeriu-se, porém, que devem ser similares às encontradas em da região Centro-Oeste (Goiás, Mato Grosso do Sul e Mato
marcgravii, P. aeneofusca, P. barraensis e P. longiflora (Cook et al. Grosso) e na mata atlântica da região Sudeste (Minas Gerais e
2014, Carvalho et al. 2016). A dose letal das folhas frescas de São Paulo). Porém, surtos de intoxicação em bovinos só foram
P. marcgravii para bovinos foi estabelecida em 0,6g/kg, sendo registrados em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Nas regiões
similar a dose letal para pequenos ruminantes (Tokarnia et al. de sua ocorrência, A. pubiflora é uma das plantas tóxicas mais
2012). A menor dose de folhas frescas de P. aeneofusca capaz importantes, chegando a ser um fator limitante para expansão
de matar um bovino foi de 0,75g/kg (Tokarnia et al. 1983). pecuária devido à ocorrência de mortes súbitas, com registros
A dose letal das folhas de P. juruana foi estabelecida em de mortalidade próximos a 50% (Becker et al. 2013). Em Mato
2,0g/kg e de P. grandiflora entre 1,0 e 2,0g/kg (Peixoto et al. Grosso do Sul, A. pubiflora foi responsável por vários surtos
2011). Para coelhos, a dose letal das folhas de P. barraensis e de mortes súbitas em diferentes meses do ano, mas os casos
P. longiflora foi de 2g/kg (Carvalho et al. 2016). Assumindo-se predominaram no período chuvoso com morbidade de até
3,5% e a taxa de letalidade de 100% (Lemos et al. 2011).
que as concentrações de MFA são similares em Palicourea spp., é
Em Mato Grosso, as mortes de bovinos ocorrem mesmo com
presumível que as doses letais e o quadro clínico-patológico
disponibilidade de forragem, no entanto é frequentemente
sejam similares. Portanto, são potencialmente tóxicas se as
relatado que as mortes se concentram no final do período da
folhas e frutos forem consumidos por animais de fazenda.
seca e início do período chuvoso (Becker et al. 2013).
Amorimia rigida têm sua ocorrência registrada na Bahia,
Plantas dos gêneros Amorimia e Niedenzuella
Espírito Santo, Minas Gerais e Rio de Janeiro; seu habitat são
Dentre as Malpighiaceae, são importantes as intoxicações por as áreas de caatinga e da mata atlântica (Mamede 2015) e,
A. amazonica, A. exotropica, A. pubiflora, A. rigida e A. septentrionalis segundo Tokarnia et al. (1985) ocorre nos lugares mais baixos
(Duarte et al. 2013). No gênero Niedenzuella são importantes as das pastagens, pés-de-serra e beiras de rios. É possível que
intoxicações por N. stannea, N. multiglandulosa e N. acutifolia. A. rigida ocorra em outros estados do Nordeste, porém, nos
É importante ressaltar que várias espécies anteriormente surtos mais recentes de intoxicações relatados nessa região,
classificadas como Mascagnia foram reclassificadadas como a espécie responsável foi A. septentrionalis (Vasconcelos et al.
Amorimia (Anderson 2006) e que várias espécies anteriormente 2008b, Albuquerque et al. 2014). Intoxicações por A. rigida
classificadas como Tetrapterys foram reclassificadas como ocorrem principalmente na espécie bovina (Tokarnia et al.
Niedenzuella (Davis & Anderson 2010). As informações 1961, 1994, Medeiros  et  al. 2002, Da Silva  et  al. 2006,
sobre as intoxicações por N. multiglandulosa e N. acutifolia Vasconcelos et al. 2008b). Em caprinos e ovinos são menos
(anteriormente denominadas Tetrapterys multiglandulosa e frequentes (Oliveira et al. 1978, Pacífico da Silva et al.
Tetrapterys acutifolia) estão apresentadas entre as plantas 2008, Lago et al. 2009). A intoxicação por A. rigida ocorre
que provocam fibrose cardíaca, pois, apesar de conterem principalmente no início do período chuvoso quando está em
MFA como princípio tóxico, raramente provocam doença com brotação e as outras plantas ainda não cresceram. A planta
evolução superaguda. Além disso, provocam aborto e sinais também pode brotar após queimadas, período este também
clínicos e lesões relacionadas ao sistema nervoso central que considerado como o de maior número de casos de intoxicações
não são descritas nas plantas que provocam mortes súbitas (Borboleta 2010, Tokarnia et al. 2012).
associadas ao exercício. Amorimia septentrionalis ocorre sobre afloramentos rochosos
Amorimia amazonica ocorre nas florestas de Igapó da da caatinga nos estados de Alagoas, Ceará, Paraíba, Pernambuco
região amazônica nos estados do Acre, Amazonas e Rondônia e Rio Grande do Norte (Mamede 2015). As intoxicações têm
(Schons  et  al. 2011, Duarte  et  al. 2013, Mamede 2015). sido descritas principalmente no estado da Paraíba e em
Nos estados de Rondônia e Mato Grosso é responsável por Pernambuco. É uma das principais plantas tóxicas para bovinos
surtos de mortes súbitas associadas ao exercício em bovinos da região do Médio Capibaribe (Albuquerque et al. 2014).
e ovinos no Vale do Anari. As intoxicações ocorrem durante A doença ocorre principalmente no início do período chuvoso,
todo o ano, porém são mais frequentes no início do período quando a planta brota antes que outras forrageiras ou após
chuvoso quando há pouca disponibilidade de forragens e o final desse período, quando algumas forrageiras secam e
A. amazonica está brotando (Schons et al. 2011). A. septentrionalis permanece verde (Vasconcelos et al. 2008b).

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1242 Naiara C. F. Nascimento et al.

Niedenzuella stannea tem ocorrência confirmada nas (Tokarnia & Döbereiner 1981). No entanto, recentemente
regiões Centro-Oeste (Mato Grosso e Mato Grosso do Sul) e descobriu-se que a identificação de F. japurensis a partir de
Norte (Acre, Amazonas, Amapá, Pará, Rondônia, Tocantins) e amostras de plantas coletadas em fazendas dessa região
ocorre tanto na floresta amazônica quanto no pantanal. Até o estava incorreta. Também se verificou que não existe MFA em
momento, só existem históricos de intoxicações em bovinos F. japurensis, tanto em amostras coletadas em fazendas com
na região do Araguaia, Mato Grosso. Os surtos ocorrem casos confirmados de mortes súbitas, quanto em amostras
principalmente durante a estação seca, entre junho e agosto, de herbário. Na verdade, a planta responsável por surtos de
quando a planta está em brotação. A toxicidade da planta foi mortes súbitas de bovinos no Estado de Roraima é também
demonstrada em bovinos e ovinos pela administração de folhas T. bilabiatum (Lima et al. 2016).
jovens (Caldeira et al. 2016, Arruda et al. 2017). A evolução da Fridericia elegans tem seu registro confirmado apenas
intoxicação é aguda ou hiperaguda, dependendo da quantidade no Rio de Janeiro, onde cresce no bioma Mata atlântica,
de planta ingerida. Experimentalmente em bovinos, doses de especificamente nas costas dos morros de florestas caducifólia
15g/kg produziram sinais clínicos seguidos de recuperação. e ombrifólia (Lohmann 2015). Sabe-se de sua ocorrência nos
A menor dose que provocou a morte de bovinos foi 20g/kg municípios de São Miguel Pereira, Pacarambi, Saquarema, Rio
(Arruda et al. 2017). Bonito e Campo Grande (Tokarnia et al. 2012). Sob condições
A concentração de MFA em A. amazonica, A. exotropica, naturais, a intoxicação por esta planta tem sido observada em
A. pubiflora, A. rigida e A. septentrionalis foram determinadas bovinos (Helayel et al. 2009) e há histórico de intoxicação em
em amostras de herbário, com concentrações nas folhas de equinos. Experimentalmente podem ser intoxicados bovinos,
0,0007%, 0,02%, 0,06%, 0.002% e 0.002% respectivamente. equinos, coelhos, caprinos e ovinos (Tokarnia  et  al. 1993,
Porém, nessas espécies sabe-se que existe variação da Consorte et al. 1994, Helayel et al. 2009, Tokarnia et al. 2012).
quantidade de MFA tanto nas folhas quanto nas flores, caules A concentração de MFA nas folhas de T. bilabiatum variou
e sementes (Lee et al. 2012). Experimentalmente, sinais significantemente de acordo com os locais de coleta, sendo
clínicos de intoxicação foram observados com doses únicas determinada entre 0,0001% e 0,039% (Lima et al. 2016) e
entre 3,0 e 6,0g/Kg das folhas de A. amazonica. Doses únicas experimentalmente em coelhos, a menor dose que causou
entre 7,5-10g/kg de folhas frescas de A. exotropica causaram morte foi de 0,5g/kg com a brotação coletada na época da
intoxicação e morte de bovinos (Gava et al. 1998) e doses seca. Já com as folhas maduras, a menor dose que causou
entre 5-20g/kg das folhas de A. pubiflora também foram a morte dos coelhos foi de 4,0g/kg (Jabour  et  al. 2006).
capazes de causar sinais clínicos de intoxicação em bovinos. Para bovinos, 1,25 g/kg das folhas frescas causaram sinais
Devido à significante variação da toxidez de A. rigida para graves de intoxicação, enquanto 2,5g/kg provocaram a morte
bovinos, não se determinou a dose letal para essa espécie (Döbereiner et al. 1983). A concentração de MFA em F. elegans
(Tokarnia et al. 2012). Em coelhos, a dose letal foi de 4g/kg não foi determinada. A administração, por via oral, de doses
das folhas dessecadas e 0,25g/kg dos frutos dessecados entre 0,5 e 1g/kg da brotação da planta causou sinais clínicos
(Tokarnia  et  al. 1987). Na reprodução experimental da de intoxicação e morte de bovinos, enquanto a dose de 0,25g/kg
intoxicação por A. septentrionalis em caprinos e ovinos, foi capaz de causar apenas sinais clínicos, mas não levou à
doses únicas de 10 e 20g/kg foram letais. Já animais que morte (Helayel et al. 2009).
receberam a dose de 5g/kg apresentaram sinais discretos
e se recuperaram da intoxicação (Vasconcelos et al. 2008b). Sinais clínicos, lesões macro e microscópicas associadas às
As concentrações de MFA foram altamente variáveis intoxicações por plantas que contém monofluoroacetato
entre as diferentes partes de N. stannea. As concentrações de sódio (MFA)
foram maiores nas sementes (0,06%), seguidas de frutos O MFA é altamente tóxico para todas as espécies de mamíferos,
(0,0008 a 0,02%), flores (0,0003 a 0,006%) e folhas (0,0003%). incluindo humanos. No entanto, os efeitos tóxicos são muito
Experimentalmente em bovinos, doses de 15g/kg provocaram variáveis em função da espécie intoxicada, da sensibilidade
apenas sinais clínicos com consequente recuperação dos individual e dose ingerida, McIlroy 1981, Tokarnia et al. 2012).
animais. Doses entre 20-30g/kg provocaram sinais clínicos Porém, em ruminantes o quadro clínico consiste principalmente
e morte (Arruda et al. 2017). em intoxicações com evolução hiperaguda. O início dos sinais
clínicos se dá poucas horas após a ingestão da dose tóxica e o
Plantas dos gêneros Tanaecium e Fridericia exercício físico ou movimentação pode precipitar ou causar
Dentre as Bignoniaceae, são importantes as intoxicações por os sinais clínicos (entre 4-30 horas) (Tokarnia et al. 2012).
Tanaecium bilabiatum (anteriormente denominada Arrabidea Os sinais clínicos da intoxicação em bovinos, búfalos, caprinos
bilabiata) e Fridericia elegans (anteriormente denominada e ovinos consistem em anorexia, apatia, letargia, micções
Pseudocalymma elegans) (Lima et al. 2016, Santos-Barbosa et al. frequentes, decúbito esternal prolongado, pulso venoso positivo,
2017). T. bilabiatum tem ampla ocorrência registrada no país e taquicardia, taquipneia, dispneia, instabilidade, tremores
pode ser encontrada na floresta amazônica, caatinga, cerrado, musculares, quedas e, durante a fase agônica, apresentam
mata atlântica, pampa e pantanal (Lohmann & Taylor 2014). decúbito lateral, movimentos de pedalagem, opistótono,
Na Bacia Amazônica, essa planta é responsável por numerosas vocalizações e morte. Também podem estar presentes sinais
mortes de bovinos que ocorrem em extensas regiões de várzea clínicos decorrentes do decúbito prolongado, tais como
e, segundo Tokarnia et al. (2012), depois de P. marcgravii, é diminuição dos movimentos ruminais, algumas vezes atonia,
a principal planta tóxica da região Amazônica para bovinos. leve timpanismo e fezes ressecadas (Helayel et al. 2009). Esses
No estado de Roraima, surtos de intoxicações em bovinos sinais clínicos podem variar nas intoxicações, tendo em vista
com quadro clínico de mortes súbitas são atribuídos à Fridericia que a quantidade de MFA é significantemente variável nas
japurensis (anteriormente denominada Arrabidea japurensis) espécies descritas neste trabalho.

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Plantas cardiotóxicas para ruminantes no Brasil 1243

Os achados de necropsia são ausentes na maioria dos casos Não existe tratamento para as intoxicações por plantas
de intoxicação por plantas que contêm MFA em ruminantes. que contém MFA. O controle das intoxicações é difícil,
Porém, lesões inespecíficas tais como hemorragias petequiais especialmente em fazendas muito extensas. Nesses casos, a
no epicárdio, endocárdio e músculos papilares podem ser utilização de cercas ou a remoção manual das plantas não são
observadas e são geralmente decorrentes da fase agônica medidas eficazes. A utilização de herbicidas é dispendiosa e
de morte. Outros achados consistem em hidropericárdio, só é eficaz em pequenas áreas, as quais também podem ser
edema e congestão pulmonar, palidez dos rins, congestão de cercadas (Riet-Correa & Medeiros 2001).
grandes vasos e da mucosa do intestino delgado. Os achados A utilização de doses entre 2,0 e 3,0g/kg de acetamida
histológicos são escassos ou, quando presentes, são condizentes pode ser eficaz para a prevenção da intoxicação, uma vez
com alterações degenerativas ou circulatórias, tais como que esse composto apresenta efeito protetor contra o MFA.
degeneração hidrópico-vacuolar das células epiteliais renais, Em um estudo realizado no Brasil, o tratamento prévio com
principalmente dos túbulos contorcidos distais com evidente acetamida evitou o aparecimento de sinais clínicos e o óbito
picnose nuclear. Na intoxicação por P. aeneofusca descreveram- de ovinos e caprinos intoxicados por F. elegans (Helayel et al.
se lesões inespecíficas no coração, tais como áreas difusas 2011). No entanto, a eficácia da acetamida depende de diversos
de hemorragia, edema das células de fibras de Purkinje e fatores, como a toxidez da planta em questão, tempo decorrido
necrose coagulativa de fibras miocárdicas, com fibras em entre a intoxicação e o fornecimento do antídoto e doses de
cariólise ou picnose, aumento da eosinofilia citoplasmática acetamida administradas (Egyed & Schultz 1986).
e perda das estriações transversais. Nos miocardiócitos Em bovinos foi induzida experimentalmente aversão alimentar
podem ser observados vacúolos intranucleares discretos com condicionada em condições de campo, administrando-se
marginalização da cromatina e nos espaços intersticiais pode cloreto de lítio após a ingestão de P. aeneofusca. Nessa espécie,
haver edema discreto, depósitos de fibrina e infiltração de o efeito aversivo perdurou por 12 meses, mostrando-se um
células mononucleares (Brito et al. 2016, Arruda et al. 2017). método eficaz (Brito  et  al. 2016). Em ovinos (Pacífico da
Possivelmente essas lesões também podem ser encontradas Silva & Soto-Blanco 2010) e caprinos (Barbosa et al. 2008)
em outras intoxicações por plantas que contêm MFA. a mesma técnica foi utilizada para prevenir a intoxicação por
Na intoxicação por Amorimia spp. em ruminantes, o quadro A. septentrionalis com resultados satisfatórios em condições
clínico e as lesões macro e microscópicas também são típicas experimentais. Também foi comprovado que a administração
de insuficiência cardíaca aguda. Entretanto, adicionalmente, de doses não tóxicas repetidas de folhas de A. septentrionalis
induz resistência à intoxicação por essa planta e que essa
podem incluir coágulos no interior do ventrículo esquerdo,
resistência pode ser transmitida de animais resistentes para
congestão hepática e do trato gastrintestinal (Tokarnia et al.
animais susceptíveis pela transfaunação de líquido ruminal
1961, 1994, Paraguassu 1983, Pacífico da Silva et al. 2008,
(Duarte 2012). A mesma técnica foi utilizada com sucesso
Vasconcelos et al. 2008b, Pavarini et al. 2011). Como as
contra a intoxicação por A. pubiflora (Becker et al. 2016).
concentrações de MFA são menores em Amorimia spp., a
Em outro estudo, a inoculação intraruminal de bactérias
letalidade é relativamente mais baixa do que a letalidade degradadoras de MFA foi recentemente utilizada com sucesso
de Palicourea spp. (Medeiros et al. 2002). Em alguns casos, para a prevenção da intoxicação por A. septentrionalis em
como nas intoxicações por A. exotropica, A. amazonica e que a administração intraruminal contínua de Ralstonia
A. septentrionalis, a evolução pode ser subaguda e, dessa sp. e Burkholderia sp. proporcionou proteção completa em
forma, o coração pode exibir aspecto globular com áreas caprinos (Da Silva et al. 2016). Entretanto, esses métodos
esbranquiçadas no miocárdio, além de áreas focais vermelhas não estão disponíveis comercialmente. Em fazendas onde a
entremeadas por áreas brancacentas na musculatura papilar intoxicação é frequente um método eficaz pode ser deixar os
esquerda (Soares et al. 2011, Bandinelli et al. 2014, Brito et al. animais sem movimentação, em áreas em que não existem as
2016). Sendo assim, pode haver necrose de coagulação com plantas, por um período de 7 a 15 dias (Tokarnia et al. 2012).
infiltrado inflamatório composto por macrófagos, linfócitos,
neutrófilos degenerados, além de tecido conjuntivo (fibrose) Plantas que provocam fibrose cardíaca
e debris celulares (Bandinelli et al. 2014, Brito et al. 2016). Nesse grupo existem três espécies de plantas tóxicas:
Niedenzuella multiglandulosa, anteriormente denominada
Diagnóstico, tratamento e medidas preventivas ou de Tetrapterys multiglandulosa e Niedenzuella acutifolia,
controle anteriormente denominada Tetrapterys acutifolia (ambas da
Para o diagnóstico é fundamental o conhecimento das família Malpighiaceae) (Tokarnia et al. 1989, Riet-Correa et al.
plantas que contém MFA que ocorrem em cada região. 2001, Anderson 2006, Carvalho et al. 2006, Caldas et al. 2011)
A presença dessas plantas associadas ao histórico de que os e Ateleia glazioveana (da família Fabaceae) (Gava et al. 2001,
ruminantes morrem ou adoecem ao serem movimentados Gava et al. 2003, Rissi et al. 2007). Por produzirem intoxicações
sugerem o diagnóstico de intoxicação. A lesão microscópica bastante semelhantes em relação aos quadros clínicos e
dos rins, quando presente, é de grande valor diagnóstico. patológicos, serão apresentadas em conjunto. De uma forma
A presença de fibrose cardíaca também é de valor diagnóstico geral, as intoxicações por esse grupo de plantas apresentam
para os casos de intoxicação subaguda por Amorimia spp. evolução subaguda à crônica e cursam com alterações
(Tokarnia et al. 2012). Recentemente foi demonstrado que degenerativas e fibrose cardíaca.
o MFA pode ser detectado no soro sanguíneo de animais que Niedenzuella multiglandulosa tem ocorrência registrada
foram intoxicados por plantas que contêm esse composto, nos estados da Bahia, Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais,
contudo, esse método ainda não está disponível na rotina Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo e Paraná. N. acutifolia
médico-veterinária (Santos-Barbosa et al. 2017). tem ocorrência descrita no Acre, Amazonas, Mato Grosso,

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1244 Naiara C. F. Nascimento et al.

Goiás, Tocantins, Maranhão, Pernambuco, Bahia, Minas realizados experimentos para determinar se essa substância
Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná e é responsável pelas lesões cardíacas presentes em bovinos
Santa Catarina, podendo ocorrer no cerrado, mata atlântica e intoxicados por A. glazioveana.
floresta amazônica (Mamede 2015). Os casos de intoxicação Niedenzuella multiglandulosa e N. acutifolia apresentam
por N. multiglandulosa foram registrados no Rio de janeiro, MFA como princípio ativo. Porém, as concentrações dessa
São Paulo e Mato Grosso do Sul. Os casos de intoxicação toxina não foram publicadas, pois a detecção foi realizada
por N. acutifolia foram constatados em diversos municípios em espécimes de herbário (Santos-Barbosa et al. 2017).
dos estados do Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais e Tendo em vista que as intoxicações apresentam evolução
Espírito Santo. As intoxicações ocorrem durante todo o ano subaguda a crônica, é possível que a quantidade de MFA
e a morbidade varia de 6 a 28%, com letalidade próxima a nessas espécies seja menor do que em Palicourea spp. ou que
100% (Tokarnia et al. 1989, Riet-Correa et al. 2001). haja interação com outras substâncias tóxicas, possivelmente
As intoxicações naturais ocorrem somente em bovinos e, toxinas do grupo das poliaminas, similar ao que se sugere
diferentemente das intoxicações por N. stannea, as intoxicações como princípio tóxico da A. glazioveana (García y Santos et al.
por N. multiglandulosa e N. acutifolia têm evolução subaguda 2004, Riet-Correa et al. 2005).
à crônica (Carvalho et al. 2006). A doença foi reproduzida
experimentalmente em bovinos por ingestão dos brotos Sinais clínicos, lesões macro e microscópicas associadas
frescos nas doses de 5g/kg durante 60 dias, 10g/kg durante às intoxicações por plantas que provocam fibrose cardíaca
13 a 41 dias e 20g/kg durante 10 dias. Em um experimento Diferentemente das outras intoxicações por plantas que
com bovinos, doses únicas de 100 g/kg não provocaram contém MFA, as intoxicações por N. multiglandulosa e N. acutifolia
morte súbita. Constataram-se apenas sinais clínicos discretos cursam sinais clínicos relacionados à insuficiência cardíaca
(Tokarnia  et  al. 1989). Experimentalmente a intoxicação congestiva. Além disso, causam sinais clínicos e lesões (edema
também foi reproduzida em ovinos (Riet-Correa et al. 2005, intramielínico) relacionados ao sistema nervoso e são causa
Cardinal et al. 2010). frequente de aborto e mortalidade neonatal com presença
Ateleia glazioveana, árvore com cerca de 5-15m de de lesões cardíacas e no sistema nervoso de fetos e neonatos
altura e 20-30cm de diâmetro, ocorre na Mata Atlântica, nas (Riet-Correa et al. 2005, Carvalho et al. 2006).
florestas estacionais semideciduais e em florestas ombrófilas, Os principais sinais clínicos, porém, consistem em edemas
principalmente nos Estados do Paraná, Rio Grande do Sul e subcutâneos nos locais de declive como edema de barbela e
Santa Catarina. Mas também possui ocorrência registrada edema esternal (“peito inchado”), ingurgitamento e pulso
nos Estados do Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, Mato venoso positivo da jugular, arritmia cardíaca, dispneia,
Grosso do Sul e Rio Grande do Norte (Mansano et al. 2015). letargia, anorexia, fraqueza, dificuldade de locomoção,
Sob condições naturais, surtos de intoxicações foram descritos tremores musculares e fezes ressequidas (Carvalho et al.
principalmente em bovinos no Oeste de Santa Catarina e 2006, Tokarnia  et  al. 2012). Nesses casos são observadas
Noroeste, Centro-Norte e Planalto Médio do Rio Grande do lesões cardíacas que consistem em áreas claras que podem ser
Sul (Gava et al. 2001, Rissi et al. 2007). Intoxicações em ovinos vistas no epicárdio, manchas e feixes esbranquiçados, muito
também podem ocorrer (Gava et al. 2003). nítidos, ocupando áreas extensas do miocárdio, que às vezes
As intoxicações em bovinos geralmente estão associadas está endurecido. Há alterações secundárias como edemas
ao período de escassez de alimentos, principalmente quando e derrames serosos em cavidades. O fígado apresenta, em
ocorre seca no outono ou em invernos mais rigorosos. A maior quase todos os casos, alterações que consistem em aumento
maturação das folhas que ocorre no outono e a maior produção do padrão lobular e às vezes maior firmeza que o normal.
de sementes são fatores importantes para a ocorrência da Os principais achados histológicos restringem-se ao coração
doença, pois nesses casos a planta apresenta maior toxicidade e fígado, sendo observados cardiomiócitos com aumento de
(Gava et al. 2001). A intoxicação por A. glazioveana foi volume e número de núcleos, picnose, citoplasma tumefeito e
reproduzida experimentalmente em bovinos que consumiram eosinofílico, áreas multifocais de fibrose, às vezes, circundada
entre 40 e 50g/kg das folhas verdes uma única vez. Lesões por extensas áreas focais de necrose massiva no coração e, no
cardíacas crônicas foram reproduzidas experimentalmente em fígado, observa-se congestão, tumefação, vacuolização e lise de
bovinos, com doses fracionadas de 2,5, 5,0 e 7,5g/kg por longo hepatócitos, fibrose periportal e centrolobular (Carvalho et al.
período e com dose inicial de 1g/kg, acrescida de 1g/kg/dia 2009, Caldas et al. 2011, Tokarnia et al. 2012).
até atingir 15g/kg, num total de 120g/kg (Gava et al. 2001). Bovinos intoxicados por A. glazioveana também podem
Em ovinos, doses fracionadas totalizando 60 ou 80g/kg até apresentar três diferentes manifestações, com sinais cardíacos,
125g/kg das folhas de A. glazioveana causaram lesões cardíacas neurológicos ou reprodutivos (García y Santos et al. 2004,
(Stigger et al. 2001, Raffi et al. 2006, Almeida et al. 2008). Raffi et al. 2006). Esses sinais podem ocorrer separadamente ou
O princípio tóxico de A. glazioveana é desconhecido. em conjunto dentro de um mesmo surto (Gava et al. 2001, Gava
Porém, as lesões cardíacas observadas nessa intoxicação & Barros 2001). Os sinais clínicos mais comuns, para bovinos
são semelhantes às observadas nas intoxicações por plantas e ovinos intoxicados naturalmente ou experimentalmente
da família Rubiaceae do Sul da África, que contêm como incluem apatia, depressão, letargia, cegueira, andar lento
toxina uma substância do grupo das poliaminas denominada e cambaleante, salivação, fezes secas, emagrecimento
pavetamina, (García y Santos et al. 2004, Riet-Correa et al. progressivo, decúbito frequente, podendo ocorrer mandíbula
2005). Mais recentemente demonstrou-se que uma isoflavona apoiada ao chão, ingurgitamento da jugular e leve edema
extraída das folhas de A. glazioveana, denominada glaziovina na região esternal, taquicardia e taquipneia, relutância em
A apresenta efeito citotóxico por inibir a polimerização de mover-se, cabeça baixa, instabilidade dos membros pélvicos,
microtúbulos (Hayakawa et al. 2016). Todavia ainda não foram movimentos de pedalagem e morte espontânea devido ao

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Plantas cardiotóxicas para ruminantes no Brasil 1245

esforço (Gava et al. 2001, Stigger et al. 2001). O quadro e pouco importantes para animais de fazenda, tendo em
clínico-patológico manifestado pelos bovinos intoxicados por vista que os surtos de intoxicação são menos frequentes e
A. glazioveana é semelhante ao produzido pela intoxicação ocorrem por erros de manejo, geralmente quando as plantas
por N. multiglandulosa e N. acutifolia. Essa planta, quando são podadas e deixadas nas áreas de pastagem ou quando
ingerida pelos bovinos em grande quantidade e por um são, equivocadamente, oferecidas aos animais (Riet-Correa
curto período não causa lesões cardíacas significativas, & Méndez 2007).
mas, se ingerida em doses fracionadas por períodos mais Nerium oleander é uma planta arbustiva encontrada em todo
longos, produz lesões cardíacas associadas à insuficiência o Brasil e que pode atingir 4 metros de altura (Zibbu & Batra
cardíaca crônica com edemas de declive (Tokarnia et al. 1989, 2010, Koch et al. 2015). Surtos naturais de intoxicação foram
Gava et al. 2001, Carvalho et al. 2006). Alterações macro e diagnosticados apenas em bovinos nos estados da Paraíba,
microscópicas causadas pela intoxicação por A. glazioveana Rio Grande do Norte e Rio Grande do Sul (Soto-Blanco et al.
variam de acordo com a manifestação clínica (cardíaca, 2006, Pedroso et al. 2009, Assis et al. 2010). A toxicidade de
neurológica ou reprodutiva). Lesões macroscópicas incluem N. oleander se deve à elevada quantidade de cardenolídeos,
áreas esbranquiçadas no miocárdio e o fígado com aspecto sobretudo oleandrina, presente em todas as partes da planta,
de noz-moscada. As alterações histológicas mais citadas são como folhas, ramas, flores, raízes e seiva, frescas ou secas (Zibbu
tumefação e necrose de miofibras cardíacas, fibrose intersticial & Batra 2010). Os cardenolídeos inibem a enzima Na+/K+
no miocárdio, e degeneração esponjosa no encéfalo (Gava et al. ATPase da membrana dos cardiomiócitos, promovendo redução
2001, Stigger et al. 2001, Raffi et al. 2006). do potássio e aumento do sódio intracelular, resultando no
acúmulo de cálcio. Esses distúrbios eletrolíticos afetam a
Diagnóstico, tratamento e medidas preventivas ou de condutividade e contratibilidade do coração (Soto-Blanco et al.
controle 2006). Estudos anteriores demonstraram que a média da
O diagnóstico das intoxicações por plantas que provocam concentração de oleandrina nas folhas de N. oleander é elevada,
fibrose cardíaca deve ser baseado nos dados epidemiológicos, geralmente superior a 4,5mg g-1 (Soto-Blanco et al. 2006,
em que há presença das plantas e histórico de seu consumo Pedroza et al. 2015). Experimentalmente, em bovinos, as
associados à presença do quadro clínico bastante característico doses de 0,5 e 1,0g/kg de folhas de N. oleander desencadearam
de insuficiência cardíaca, com evidente edema de barbela e sinais clínicos severos e morte (Pedroso et al. 2009). De acordo
da região esternal e ingurgitamento de jugulares em bovinos com Soto-Blanco et al. (2006), a dose letal para esta espécie
adultos. Em bovinos jovens esses sinais clínicos são menos seria de 0,005% do peso corporal do animal de folhas secas.
característicos. Em ovinos, a dose letal foi estimada entre 0,5 e 1g/kg de peso
No diagnóstico diferencial deve se levar em consideração corporal de folhas verdes (Armién et al. 1994).
outras doenças cardíacas de bovinos como a pericardite Kalanchoe blossfeldiana é uma espécie de suculenta
traumática e as endocardites (Gava et al. 2001), que podem com hábito perene e que mede aproximadamente 45cm
ser confundidas clinicamente com a intoxicação crônica por de altura. As folhas são de cor verde escura, opostas e têm
plantas que provocam fibrose cardíaca. Apesar disso, esses aspecto elíptico e espatulado. Suas flores têm longa duração
casos não ocorrem sob a forma de surtos, tendo lesões de e as cores variam de branco a amarelo e tons de vermelho.
necropsia características e que permitem o diagnóstico Florescem no fim do inverno e início da primavera (Costa
definitivo. Lesões cardíacas semelhantes também podem 2011). No Brasil só há um relato de intoxicação em bovinos no
ser observadas nas intoxicações por antibióticos ionóforos e agreste de Pernambuco (Ribeiro et al. 2016). K. blossfeldiana
deficiência de selênio e também, apesar de serem raras, nas contêm como princípio tóxico bufadienólidos, que também
intoxicações pelas sementes de Senna occidentalis e Senna são potentes glicosídeos cardiotóxicos presentes em todas
obtusifolia (Nogueira et al. 2009, Carmo et al. 2011, Tokarnia et al. as partes da planta. Para bovinos, a dose letal das flores e
2012, Carvalho et al. 2014). Nessas condições a musculatura folhas de Kalanchoe spp. foi estimada entre 7g/kg e 40g/kg,
esquelética também é afetada, o que não ocorre nas intoxicações respectivamente (Ribeiro et al. 2016).
por A. glazioveana, N. multiglandulosa e N. acutifolia. Outra
enfermidade que ocorre em bovinos adultos na região da Sinais clínicos, lesões macro e microscópicas associadas
Serra Geral de Santa Catarina, chamada de “doença do peito às intoxicações por plantas que contêm glicosídeos
inchado”, deve ser levada em consideração por apresentar cardiotóxicos
quadro clínico similar às intoxicações por A. glazioveana, Os sinais clínicos da intoxicação por N. oleander são observados
N. multiglandulosa e N. acutifolia. Porém, a lesão característica entre 1 e 24 horas após a ingestão das folhas (Baskin et al.
é uma intensa fibrose intersticial do miocárdio, não ocorrendo 2007) e consistem principalmente em andar cambaleante,
lesões degenerativo-necróticas. polidipsia, desidratação, sialorreia, micção frequente, ranger
Não se conhece tratamento eficaz para as intoxicações por de dentes, tremores musculares generalizados, aumento da
plantas que provocam fibrose cardíaca. A profilaxia consiste frequência respiratória, dificuldade de locomoção, regurgitação
na erradicação das plantas das áreas de pastagens. No caso de de conteúdo ruminal, relutância em caminhar, queda brusca do
A. glazioveana a erradicação pode ser difícil porque o corte das animal ao chão, decúbito lateral, movimentos de pedalagem,
árvores favorece a brotação, facilitando o acesso aos bovinos. vocalização, intensa taquicardia, mugidos, vômito, diarreia
(às vezes sanguinolenta), ataxia, extremidades frias, dispneia,
Plantas que contêm glicosídeos cardiotóxicos paralisia, coma e morte (Assis et al. 2010, Pedroso et al. 2009,
Nesse grupo existem duas espécies de plantas tóxicas: Baskin et al. 2007). Há também efeitos diuréticos que estão
Nerium oleander (Apocynaceae) (Leániz et al. 2013) e Kalanchoe ligados diretamente aos efeitos dos glicosídeos nos túbulos
blossfeldiana (Crassulaceae). Ambas as espécies são ornamentais renais, especialmente nos estágios iniciais da intoxicação,

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1246 Naiara C. F. Nascimento et al.

resultando em elevação do fluxo sanguíneo renal e aumento frequentes as áreas de hemorragia, diminuição da altura das
da filtração glomerular e da diurese (Adams 1995). Em alguns vilosidades e necrose do epitélio, ocasionalmente associada
casos também se pode notar hidrotórax, hidropericárdio e à presença de infiltrado inflamatório de polimorfonucleares
ascite. (Ribeiro et al. 2016).
As lesões macroscópicas da intoxicação por N. oleander são
inespecíficas (Leániz et al. 2013) e consistem em congestão de Diagnóstico, tratamento e medidas preventivas ou de
mucosas (ocular, bucal e vulvar) e principalmente hemorragias. controle
No coração essas hemorragias podem ser do tipo petequial O diagnóstico de intoxicação por N. oleander e K. blossfeldiana
até sufusões que podem ser notadas no epicardio, endocárdio deve ser baseado no histórico de consumo das plantas pelos
e por vezes formam coágulos no átrio e ventrículo esquerdo. animais, na epidemiologia, sinais clínicos, lesões macroscópicas
No miocárdio e septo interventricular pode haver ainda áreas e achados histológicos compatíveis com intoxicações por
levemente pálidas que correspondem à necrose. Os pulmões plantas que contém glicosídeos cardiotóxicos. No diagnóstico
frequentemente encontram-se congestos e edemaciados. diferencial devem ser levadas em consideração as intoxicações
Hemorragias podem ser notadas também na pleura, tecidos por antibióticos ionóforos e as por plantas que contêm MFA
subcutâneos, músculos intercostais, omento e serosa do (Tokarnia et al. 2012). Não existe antídoto para a intoxicação
rúmen. À superfície de corte, o fígado está frequentemente por N. oleander e K. blossfeldiana em bovinos. O tratamento
vermelho-escuro e os rins podem estar de coloração amarelo- deve ser sintomático e de suporte (Smith 2004).
pálida com petéquias na região medular (Pedroso et al. 2009,
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dura em média de 4 a 5 dias. Os principais sinais clínicos
Arruda F.P.D., Caldeira F.H.B., Ducatti K.R., Bezerra K.S., Marcolongo-Pereira
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