Mostrando postagens com marcador Binoche. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Binoche. Mostrar todas as postagens

domingo, abril 05, 2015

MARÍA NEGRONI, CHARLAINE HARRIS, PROPERZIA DE' ROSSI, HESSE & STANISLAVSKI

 


A SOLIDÃO DE PROPERZIA - Aquela bela mulher era o milagre da natureza. Era a filha do notário que esculpia rostos com habilidade e imagens em caroços de pêssego, albiboca e cerejas. Cresceu e trabalhou em Bolonha para inveja de muitos que desencorajavam suas potencialidades. Mesmo assim tocava e cantava bem, a música era sua expressão: mais um dos seus pendores artísticos. Ligou-se à arte da ouriversaria, entalhando as virtudes femininas, o trabalho nas pedras das cantarias de Carrara, as esculturas em superfícies infinitesimais. Era a delicadeza feminina, a sua humildade ímpar, a sua modéstia indizível, a sua bondade inimitável, o seu intenso esforço, o seu perspicaz engenho. Tratada a preço vil, as suas lágrimas tiranizadas pela ardente paixão desventurada de suas tristes experiências amorosas, a impudica Putifar, a rainha de Sabá, o desditoso sexo, um espetáculo para repreensão pública. Ali nascera e ganhara fama numa vida tumultuada. Teve de defender-se da acusação de ter invadido e danificado a horta de um vizinho. Foi acusada de ter agredido um pintor. As hostilidades todas para desacreditá-la: foi dada por incapaz de controlar seus desejos e de gerenciar sua própria carreira. E ela, uma Ariadne abandonada na ilha de Naxos, o seu amor não correspondido nos seios intumescidos com a veste grudada no corpo, a volúpia e o desespero na mão que aperta a própria carne voluptuosa. Sua vida envolveu-se em sombras, era impossível arrancar do coração a paixão amorosa, por isso retirou-se e, na sua solidão, envenenando-se pela infelicidade de um funesto amor, na sua resignada melancolia. Aquela jovem com seu belo corpo agonizou com uma história infeliz e seus desafortunados amores nos mármores da sua glória eterna na exclusão do cânone da história. Em sua lápide: Se Properzia devesse à natureza e à arte tanto quanto deve à fortuna e aos presentes dos homens, ela, que agora está inglória imersa nas trevas, poderia igualar-se aos célebres artistas do mármore. Além disso, o que pode fazer com seu engenho vívido e sua arte é mostrado não mármores esculpidos por sua mão de mulher. Viva Properzia de' Rossi (1490-1530). Veja mais aqui, aqui & aqui.

 


DITOS & DESDITOS - A vida é uma jornada rumo ao nada e escrever é um atalho... Pensamento da escritora argentina María Negroni, autora do poema Botânica da Morte: Alguns dizem que, na Porta de Cem Arrependimentos, as coisas se encontram. O deserto, o Inferno, o oásis e os livros mais decrépitos e perplexos. Mas isso é notícia exagerada. A que objeto celestial ou terrestre isso poderia se aplicar? A que malevolências ternas? A que garotinha cavaleira briguenta com seu animal fabuloso? Olhe para dentro, dizem os guias: essa é a única dor que conta. Veja mais aqui.

 

ALGUÉM FALOU: A ficção só torna tudo mais interessante. A verdade é tão chata... Pensamento da escritora estadunidense Charlaine Harris, autora do livro Dead To The World: A True Blood Novel (Gollancz, 2010), no qual expressa que: […] Provavelmente é um mau indicador do seu estilo de vida quando você sente falta do seu ex-namorado, porque ele é absolutamente letal. [...]. No seu livro Club Dead (Ace, 2010), ela menciona: […] A parte mais doce de ser um casal é compartilhar sua vida com outra pessoa. Mas minha vida, evidentemente, não tinha sido boa o suficiente para compartilhar [...]. Na obra Dead as a Doornail (Ace, 2010), ela traz: […] Fizemos sexo?" ele perguntou diretamente. Por cerca de dois minutos, isso pode ser realmente divertido. "Eric", eu disse, "fizemos sexo em todas as posições que eu poderia imaginar, e algumas que eu não poderia. Fizemos sexo em todos os cômodos da minha casa, e fizemos sexo ao ar livre. Você me disse que foi o melhor que você já fez." (Na época, ele não conseguia se lembrar de todo o sexo que já fez. Mas ele me fez um elogio.) "Pena que você não consegue se lembrar", concluí com um sorriso modesto. Eric parecia que eu tinha batido na testa dele com um martelo. Por trinta segundos, sua reação foi completamente gratificante. [...]. Já no seu livro Living Dead in Dallas (Ace, 2002), ela narra: […] A propósito, ainda não ouvi um "sinto muito" seu." Meu senso de queixa havia sobrepujado meu senso de autopreservação. Sinto muito que a bacante tenha escolhido você." Olhei para ele. "Não o suficiente", eu disse. Eu estava tentando muito manter essa conversa. Angelical Sookie, visão de amor e beleza, estou prostrada que a bacante perversa e maligna tenha violado seu corpo suave e voluptuoso, em uma tentativa de me entregar uma mensagem." É mais ou menos assim [...]. Por fim, na sua obra All Together Dead (Ace, 2007), ela conduz: […] Alguns podem pensar que você é suicida. Bem, 'alguns' podem enfiar isso no cu. [...]. Veja mais aqui, aqui, aqui, aqui e aqui.

 

LEVIATÃ – O livro Leviatã: ou matéria, forma e poder de um Estado eclesiástico e civil (1651 – Abril, 1979), do filósofo, matemático e teórico político inglês Thomas Hobbes, é composto de quatro partes: do homem, do Estado, do Estado cristão e do reino das trevas, tratando sobre a estrutura da sociedade e do governo legítimo, a partir do pensamento de Plauto de que “O homem é o lobo do homem” e nas suas ideias de guerra de todos contra todos: o estado natural em que vive o homem é o modo de ser que caracteriza-o antes de seu ingresso no estado social, uma vez que nesse estado natural a utilidade é a medida do direito. Para ele, o altruísmo não é natural, uma vez que todos os homens são levados por suas paixões e precisa conquistar o bem, ou seja, as comodidades da vida, aquilo que resulta em prazer. Natural, para Hobbes, é o egoísmo, inclinação geral do gênero humano, constituído por um perpétuo e irrequieto desejo de poder e mais poder que só termina com a morte. As suas ideias sobre religião e sua teoria da natureza humana e da organização política, são constituídas, de um lado, de elementos que se vinculam a uma metafisica materialista e à sua teoria nominalista da natureza do conhecimento, compondo um sistema filosófico rígido, e de outro as teorias do homem e do Estado inserem-se dentro de um processo histórico de lutas sociais e econômicas bem definido: os conflitos entre o poder real e o poder do Parlamento, na Inglaterra do séc. XVII. Veja mais aqui, aqui, aquiaqui e aqui.

Imagem: The Seduction of Venus - The dream of love, do pintor francês Jean-Honoré Fragonard (1732-1806). Veja mais aqui.


Ouvindo A Twist Of Jobim (Polygram/I.E. Music, 1997), do músico e compositor estadunidense Lee Ritenour, com participações de Al Jarreau, Herbie Hancock, Daniel Jobim, Dave Grusin, Paulinho da Costa, Abe Laboriel, Céu, Sergio Mendes, El DeBarge, Oleta Adams, Dave Grusin, Russell Ferrante, Cassio Duarte, entre outros. Veja mais aqui.


LITERATURA INFANTIL – Reunindo desde os meus trabalhos já publicados, o blog Brincarte do Nitolino também reúne a literatura de grandes escritores brasileiros e estrangeiros. RECADINHO: para as crianças de todas as idades, hoje tem programa Brincarte do Nitolino, a partir das 10hs, no Projeto MCLAM, com apresentação de Ísis Corrêa Naves. Para conferir ao vivo e online clique aqui ou aqui.

Imagem: Fortuna and a Beggar, do pintor russo Alexey Tarasovich Markov (1802-1878).


TIQUÊ, A DEUSA FORTUNA – A deusa Tiquê dos antigos cultos gregos, era a divindade da fortuna e prosperidade, destino e sorte, filha de Hermes e Afrodite. Era também considerada uma das Oceânides e associada a Nêmesis e Agatodemon. Na arte greco-budista de Gandara, ela era associada à deusa budista Hariti. Em Roma, ela era denominada de Fortuna, homenageada no Festival da Boa Sorte. Veja mais aqui.

PREPARAÇÃO DO ATOR – O livro A preparação do ator (Civilização Brasileira, 1989), do escritor, diretor, pedagogo e ator russo Constantin Stanislavski (1863-1938), traz em seus capítulos abordagens acerca da primeira prova, quando atuar é uma arte, a ação, a imaginação, a concentração da atenção, a descontração dos músculos, unidades e objetivos, fé e sentimento de verdade, a memória das emoções, a comunhão, a adaptação, as forças motivas interiores, a linha contínua, o estado interior da criação, o superobjetivo e o limiar do subconsciente. Livro indispensável para quem quer militar na área teatral. Veja mais aqui, aqui, aqui, aqui, aquiaqui e aqui.

SETEMBRO & SORTE – No livro Antologia poética (Nova Fronteira, 1976), do escritor alemão naturalizado suíço e Prêmio Nobel de Literatura de 1946, Hermann Hesse (1877-1962), encontrei dois poemas, o primeiro deles Setembro: Triste é o jardim, / a chova penetra fria nas flores. / O verão espera inconformado / o seu fim. / Uma a uma, folhas amarelas se desprendem / das altas acácias. / O verão, surpreso e cansado, sorri / na exausta beleza do jardim. / Algum tempo permanece ainda nas rosas / à procura de repouso. / E, lentamente, cerra os grandes olhos cansados. O segundo, o poema Sorte: Enquanto vives perseguindo a sorte, / não estás pronto para ser feliz, / ainda que seja teu o que mais queres. / Enquanto te lamentas do perdido, / e tens metas e não te dás descanso, / não podes saber o valor da paz. / Só quando a todo anelo renuncias, / sem objetivos nem desejos mais, / e já não dás à sorte qualquer nome, / já a maré dos eventos não te atinge o coração, e se acalma tua alma. Veja mais aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aquiaqui.


A LIBERDADE É AZUL – O premiadíssimo drama Trois Couleurs: Bleu (A liberdade é azul, 1993), integrante da Trilogia das Cores do cineasta polonês Krzysztof Kieslowski (1941-1996), conta a história de Julie, esposa de um renomado maestro e compositor francês que morre, juntamente com a sua filha, em um acidente automobilístico. Única sobrevivente do acidente trágico, ela persegue sua vida tentando lidar com as perdas, quando se depara com a encomenda de finalizar uma composição orquestral pela unificação da Europa. Destaque para o sempre excelente trabalho da atriz Juliette Binoche. Veja mais aqui, aqui, aqui, aquiaqui e aqui.

HOMENAGEM DO DIA
BETTE DAVIS
 
Todo dia é dia da atriz estadunidense Bette Davis (1908-1989) Veja mais aqui.


Veja mais sobre:
Parece que foi ontem ser pai no aniversário da filha, a literatura de Erza Pound, Enterrem meu coração na curva de um rio de Dee Brown, a música de Percorso Ensemble & pintura de Fernand Khnof aqui.

E mais:
Infância, Imagem e Literatura: uma experiência psicossocial na comunidade do Jacaré – AL, a literatura de Ítalo Calvino, Mademoiselle Fifi de Guy de Maupassant, Mandrágora de Nicolau Maquiavel, Serge Gainsbourg & Jane Birkin, a música de Cole Porter, os Poemas de amor de Ivo Korytowski, a arte de Maria de Medeiros, a pintura de Odilon Redon & a coreografia da Quasar Cia de Dança aqui.
Ginofagia: quatro poemetos em prosa de paixão por ela & a pintura de Victoria Selbach aqui.
A arte musical de Ruthe London & outras dicas tataritaritatá aqui.
A honra dos sertões à morte, a literatura de Euclides da Cunha, O julgamento de Frineia, Amarcord de Federico Fellini, a música de Amedée Ernest Chausson, a pintura de Antonio Parreiras, a poesia de Ana Terra & Programa Tataritaritatá aqui.
A filosofia na alcova de Marquês de Sade, a necessidade neurótica do amor de Karen Horney, O tambor de Günter Grass, a música de Chico Buarque, o teatro de Maria Clara Machado, a pintura de Larry Vincent Garrison, a arte de Angela Winkler, a poesia de Luiz Edmundo Alves & o blog de Monica & Monique Justino aqui.
O caso Dora de Freud & Ida Bauer, Contos do Panchatantra, O amante de Marguerite Duras, o teatro de Molière, a música de Muddy Waters, o cinema de Jean-Jacques Annaud & Jane March, a pintura de Maurice de Vlaminck & a Deusa Cibele aqui.
A menstruação mental do Robimagaiver puto da vida, A realidade e os sonhos de Muriel Spark, O mundo da vida cotidiana de Peter L. Berger & Thomas Luckmann, A sociologia econômica de Mark Granovetter, a música de Han-Na Chang, a arte de Marina Abramović, a fotografia de Greg Gorman & Alfred Cheney aqui.
A correnteza do rio me ensinou a nadar, A flor azul de Penelope Fitzgerald, A juventude e as tecnologias de Beatriz Polivanov e Vinicius Andrade Pereira, Intereções e redes na sociedade de Denise Najmanovich & Elina Dabas, a música de Karlheinz Stockhausen & Suzanne Stephens, a arte de Yayoi Kusama & Robert Rauschenberg, a coreografia de Anita Berber, a arte de Otto Dix & Sue Halstenberg, Palmares & Rio Una aqui.
O amor todo dia e o dia todo, O homem ativo & o intelectual de Antonio Gramsci, a literatura de Samuel Rawet, A dialética do concreto de Karel Kosik, a música de Madeleine Peyroux, a fotografia de Rory Banwell, a arte de Luciah Lopez, a pintura de Serge Marshennikov & Amélia Toledo aqui.
Entre topadas e escorregões, eu insisto, persisto, resisto e até persevero, A poesia brasileira de Antonio Cândido, História de um louco amor de Horacio Quiroga, O espelho da alma de Marilena Chauí, a música de Catherine Ribeiro, a coreografia de Caralotta Ikeda, a pintura de Anders Zorn, a fotografia de Spencer Tunick & Maureen Bisilliat aqui.
Poesia não deu, só noutra, o pensamento de Friedrich Nietzsche, a literatura de Nadine Gordimer, A gaia ciência de José D 'Assunção Barros, a música de Dulce Pontes, a fotografia de Kharlos Cesar, a arte de Giovanna Casotto & Jeju Loveland aqui.
Lasciva da Ginofagia aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui e aqui.
História da mulher: da antiguidade ao século XXI aqui.
Palestras: Psicologia, Direito & Educação aqui.
A croniqueta de antemão aqui.
Fecamepa aqui e aqui.
Livros Infantis do Nitolino aqui.
&
Agenda de Eventos aqui.

CRÔNICA DE AMOR POR ELA
Veja mais aquiaqui e aqui.

CANTARAU: VAMOS APRUMAR A CONVERSA
Recital Musical Tataritaritatá - Fanpage.
Veja os vídeos aqui & mais aqui e aqui.

 

sábado, fevereiro 28, 2015

DENISE LEVERTOV, PICHON RIVIÈRE, ADELAIDE PROCTER & LISZTOMANIA

 


A SOLIDÃO DE DENISE... - Sua família emigrou pro Reino Unido e a infância de Ilford era reflexo da prisão domiciliar dos pais: estrangeiros inimigos que traziam para Essex os problemas étnicos. Era a primeira guerra e as suas células se desenvolviam à sombra da sabedoria paterna. Educada em casa já guardava o desejo desde os 5 anos de idade: ser escritora. Estudou balé, piano, francês e arte. Nenhuma identidade a fazia sentir excluída: não era judia, nem alemã, nem galesa nem inglesa – era especial e já sabia: Antes dos dez anos que eu era uma pessoa-artista e tinha um destino... O pai protestava contra Mussolini pela invasão da Abssínia; a mãe fazendo campanha para a Liga das Nações; a irmã no palanque contra a falta de apoio à Espanha; todos empenhados em favor dos refugiados alemães e austríacos, essa a sua condução pela política humanitária desde menina, quando vendia o Dayly Worker de casa em casa nas ruas de Ilford Lane. Aos 12 anos escreveu seu primeiro poema e depois enviou alguns deles para Eliot e recebeu uma carta incentivadora. Foi então servir como enfermeira civil em Londres durante o Blitz. Aos 17 anos publicou seu primeiro poema e, logo depois, o livro: The Double Image. Casou-se e foi pros Estados Unidos onde naturalizou-se depois para publicar Here and Now – a influência de Black Moyntain & William Carlos Williams. Vieram então Overland to the Islands  e With Eyes at the Back of Our Heads. Tornou-se editora do The Nation, abrindo espaço para feministas e ativistas de esquerda, publicando The Jacob's Ladder e O Taste and See: New Poems. É a hora da Guerra do Vietnã, a morte de sua irmã e The Sorrow Dance, com o engajamento à War Resisters League e o Writers and Editors War Tax Protest. Recusou-se a pagar impostos em protesto contra a guerra, inspirada na desobediência de Thoreau. Passou a integrar o coletivo anti-guerra RESIST, conclamando os indivíduos a se tornarem defensores da mudança, ao vincular a experiência pessoal à justiça e reforma social. E vieram Relearning the Alphabet, To Stay Alive – poemas com uma coleção de cartas anti-Guerra do Vietnã, noticiários, entradas de diário e conversas. Depois Footprints, The Freeing of the Dust, Life in the Forest e a Collected Earlier Poems 1940–1960. Sozinha dedicou-se à educação morando em Massachussets, Boston, Palo Alto, Stanford e a descoberta dos cadernos da mãe e pai para resolver conflitos pessoais e religiosos. Foi aí que apareceram Pig Dreams: Scenes from the Life of Sylvia, Candles in Babylon, Oblique Prayers: New Poems, Breathing the Water e A Door in the Hive. Mudou-se para Seattle para admirar apaixonadamente o Monte Rainier. Aposentou-se para realizar leituras dos seus poemas pelos USA e Grã-Bretanha, protestando contra os ataques ao Iraque. Surgem Evening Train e A Door in the Hive / Evening Train. Um diagnóstico com linfoma e o sofrimento com pneumonia e laringite aguda. Mesmo assim prosseguia com palestras e conferências, ressaltando a beleza da linguagem e a feiura dos horrores da guerra: a violência é uma válvula de escape... Por fim publica Sands of the Well e, logo em seguida, a morte leva-a para sempre. Veja mais abaixo & mais aqui e aqui.

 


DITOS & DESDITOS - Um poeta que articule os medos e horrores do nosso tempo é necessário para que os leitores entendam o que está acontecendo, realmente entendam, não apenas saibam, mas sintam: e deve ser acompanhado por uma disposição por parte daqueles que escrevem de tomar medidas adicionais para acabar com as grandes misérias que registram... Todos os dias, todos os dias, ouço o suficiente para preencher um ano de noites com dúvidas... Nada do que fazemos tem a rapidez, a segurança, a inteligência profunda que viver em paz teria... Mas nós apenas começamos a amar a terra. Nós apenas começamos a imaginar a plenitude da vida. Como poderíamos nos cansar da esperança? - há tanta coisa em broto... Pensamento da poeta britânica Denise Levertov (1923–1997), autora do famoso poema Como eles eram?: O povo do Vietnã \ usava lanternas de pedra?\ Eles realizavam cerimônias\ para reverenciar a abertura dos brotos?\ Eles eram inclinados ao riso silencioso?\ Eles usavam osso e marfim,\ jade e prata, como ornamento?\ Eles tinham um poema épico?\ Eles distinguiam entre fala e canto?\ Senhor, seus corações leves se transformaram em pedra.\ Não se lembra se em jardins\ jardins de pedra iluminavam caminhos agradáveis.\ Talvez eles se reunissem uma vez para se deliciar com a flor,\ mas depois que seus filhos foram mortos\ não havia mais brotos.\ Senhor, o riso é amargo para a boca queimada.\ Um sonho atrás, talvez. O ornamento é para alegria.\ Todos os ossos foram carbonizados.\ não é lembrado. Lembre-se,\ a maioria era camponesa; sua vida\ era em arroz e bambu.\ Quando nuvens pacíficas se refletiam nos arrozais\ e os búfalos de água pisavam com segurança ao longo dos terraços,\ talvez os pais contassem histórias antigas aos filhos.\ Quando as bombas quebravam aqueles espelhos,\ havia tempo apenas para gritar.\ Ainda há um eco\ de sua fala que era como uma canção.\ Foi relatado que seu canto lembrava\ o voo de mariposas ao luar.\ Quem pode dizer? Está silencioso agora. Veja mais aqui, aqui, aqui & aqui.

 

ALGUÉM FALOU: A alegria é como um dia agitado; mas a paz divina é como uma noite tranquila... Veja como o tempo faz toda a tristeza desaparecer. Os sonhos se tornam sagrados quando colocados em ação; o trabalho se torna belo através do sonho estrelado, mas onde cada um flui sem se misturar, ambos são infrutíferos e em vão... Pensamento da poeta britânica Adelaide Anne Procter (1825-1864). Veja mais aqui, aqui e aqui.

 

ALGUÉM MAIS FALOU: Quem se entrega à tristeza renuncia à plenitude da vida. Para sobreviver, planeje a esperança... Em tempos de incerteza e desesperança, é essencial desenvolver projetos coletivos a partir dos quais planear a esperança juntamente com outros... Pensamento do psiquiatra e psicanalista suiço Enrique Pichon Rivière (1907-1977). Veja mais aqui.

 

O PEDANTE NOS ENSAIOS – O jurista, filósofo, escritor e humanista francês Michel Eyquem de Montaigne (1533-1592) inventou os ensaios pessoais ao conceber suas obras sob a denominação Ensaios (Abril Cultural, 1987) analisando as opiniões, instituições e costumes, bem como sobre os dogmas da sua época e observando a generalidade da humanidade como objeto de estudo. Dele destaco Pedantismo, no capítulo XXXV, do Livro I dos seus Ensaios: [...] Dionísio caçoava dos astrólogos que cuidavam de saber das desgraças de Ulisses mas ignoravam as próprias; dos músicos que afinam suas flautas mas não os seus costumes; dos oradores que estudam para discutir a justiça mas não a praticam. Se a sua alma não se aperfeiçoa, se seus juízos não se tornam mais lúcidos, melhor fora que o estudante gastasse o tempo a jogar péla, pois ao menos o corpo ele o teria mais ágil. Observai-o de volta após quinze ou dezesseis anos: nada se fará dele; o que trouxe a mais é o grego e o latim, que o fizeram mais tolo e presunçoso do que quando deixou a casa paterna. Devia voltar com o espírito cheio e voltou balofo; incharam-no e continuou vazio. Veja mais aqui, aqui, aquiaqui.

Imagem: Erótico, do desenhista, ilustrador, quadrinista, caricaturista, animador e editor do blog RabisqueiraLuhan Dias.

Curtindo a comédia Lisztomania (1975), roteiro e direção de Ken Russel com músicas de Franz Liszt, Richard Wagner, Rick Wakeman & Roger Daltrey.



O MORTO E ALUA – Uma lenda recolha do gênese africano, recolhida duma seleção de Fernando Correia da Silva, (Maravilhas do conto africano - Cultrix, 1962), narra a relação de um morto com a lua: Um ancião vê um morto banhado pela claridade da lua. Reúne grande número de animais e diz-lhes: - Qual de vós bravos, quer encarregar-se de passar o morto ou a lua para a outra margem do rio? Apresentam-se duas tartarugas: a primeira que tem as patas compridas carrega a lua e chega sã e salva com ela à margem oposta; a outra que tem as patas curtas, carrega o morto e se afoga. Por isso a lua morte reaparece todos os dias e o homem que morre não volta nunca. Veja mais aqui.

MEU POVO, MEU POEMA – Uma das maiores personalidades vivas da poesia brasileiro é, sem dúvida, o premiado e aplaudidíssimo poeta, crítico de arte, tradutor e ensaísta maranhense Ferreira Gullar que foi um dos fundadores do Neoconcretismo e ocupante da cadeira 37 na Academia Brasileira de Letras. No seu livro Dentro da noite veloz (José Olympio, 1975), destaco Meu povo, meu poema: Meu povo e meu poema crescem juntos / como cresce no fruto / a árvore nova / No povo meu poema vai nascendo / como no canavial / nasce verde o açúcar / No povo meu poema está maduro / como o sol / na garganta do futuro / Meu povo em meu poema / se reflete / como a espiga se funde em terra fértil / Ao povo seu poema aqui devolvo / menos como quem canta / do que planta. Veja mais aqui, aquiaqui.

A IMPORTÂNCIA DE SER PRUDENTE – A comédia A importância de ser prudente (1895 - Aguilar, 1975), é a obra prima do escritor e dramaturgo britânico de origem irlandesa, Oscar Wilde (1854-1900), apresentando uma sátira da sociedade vitoriana nos seus estertores. Foi adaptada diversas vezes para o cinema, sendo a mais recente transformada em uma comédia romântica de 2002, dirigida por Oliver Parker, com título em português de Armadilhas do Coração. Do texto destaco os seguintes fragmentos em diálogos: [...] L. BRA. É satisfatório. Entre os deveres que esperam a gente no transcurso da vida e os deres que exigem da gente depois da morre, a terra deixou de ser, em todo caso, um benefício ou um prazer. Ela nos dá posição e nos impede de mantê-la. É tudo quanto se pode dizer a respeito de terras. JOÃO. Tenho uma casa de campo com algumas terras a ela anexas, é claro, cerca de mil e quinhentos acres, creio eu. Mas minha verdadeira renda não porém disto. De fato, pelo que tenho podido comprovar, os caçadores furtivos são as únicas pessoas que tiram alguma coisa dela. [...] ALGERNON. É um trabalho terrivelmente duro não fazer nada. Mas não me importo de trabalhar duramente, contanto que não haja objetivo definido. Veja mais aqui, aquiaqui e aqui.

BATE PAPO VESPERTINO – Desde que nos conhecemos no Grupo de Pesquisa de Neurofilosofia e Neurociência Cognitiva que todas as tardes privo da oportunidade de estreitar tanto amizade como conhecimentos com o graduando de Psicologia e pesquisador, Maurício da Silva Gomes. Todas as tarde conversamos e, intermitentemente, contamos com a presença dos amigos João do curso de Direito e de amigos do curso de Psicologia, a exemplo do Darnley Tenório que também participa do nosso grupo de pesquisa, entre outros. Ontem o Maurício me chegou com duas laudas digitadas para ler.  Continha o título Um olhar sobre o homem. Li, gostei e destaco um trecho aqui: Outrora pensava outro sábio. — Viver é uma obra de arte, eu sou uma obra de arte, nós somos obras de arte! E não se equivoque, pois esta arte não possui criador além da potência, da sua vontade de potência, da nossa vontade de potência. E quando dizeis: encontrei a dor, porém, viver na dor é mais vantajoso do que viver no nada. Assim eu te pego niilista, pois mundo é perfeito! Mas saiba que ele pode te maltratar. E o que o homem deve fazer? O homem, como tal e qual, deve se superar. Não mais querer o não querer, querer apenas se superar. Veja o texto completo aqui e mais aqui.

PERDAS E DANOS – Um inesquecível filme, principalmente pela sempre maravilhosíssima atuação da atriz francesa Juliette Binoche, é o drama britânico-francês Perdas & Danos (Damage, 1992), dirigido pelo cineasta Louis Malle (1932-1995), com roteiro de David Hare e baseado no romance de Josephine Hart.  A dupla Binoche e Jeremy Irons vive um envolvimento entre nora e sogro, bem ao gosto do diretor de sempre trazer temas polêmicos e críticos dos valores burgueses, expressando as angustias sociais humanas com temática como suicídio, liberação feminina, pedofilia, incesto, entre outros. Veja mais aqui, aquiaquiaqui.

 

HOMENAGEM ESPECIAL
VIRGINIA LANE
Como todo dia é dia da mulher, hoje é dia de homenagear a atriz, cantora e vedete brasileira Virginia Lane (1920-2014). Veja mais aqui.


Veja mais sobre:
A vida é uma canção de amor & Milo Manara aqui.

E mais:
Marquês de Sade, Karen Horney, Chico Buarque, Maria Clara Machado, Günter Grass, Larry Vincent Garrison, Angela Winkler, Luiz Edmundo Alves, Monica & Monique Justino aqui.
A saga do Padre Bidião aqui.
Proezas do Biritoaldo: Quando a língua dá no dente do alcaguete, sai de riba que lá vem o enterro voltando aqui.
Pode até ser, mas se não for, nunca será, Lina Cavalieri, Chris Maher & Eloir Amaro Júnior aqui.
A desmedida correria para perder o bom da vida, Heitor Villa Lobos, Francis Bacon & Fúlvio Pennnacchi aqui.
O maravilhoso mistério da vida, Ana Torroja, Rebecca West, Alan Bridges, Marie-Louise Garnavault & Julie Christie aqui.
Quem quer diferente tem que fazer diferente, Cândido Portinari, Xiomara Fortuna, Marcus Garvey & Emmanuel Villanis aqui.
O prazer de amar e de ser amado, Joyce, Bigas Luna, Aitana Sánchez-Gijón & Luciah Lopez aqui.
Todo dia um novo ano, Egberto Gismonti, John Poppleton, Sy Miller & Jill Jackson aqui.
Betinho, Augusto de Campos, SpokFrevo Orquestra, Alan Parker, Graça Carpes, Rinaldo Lima, Bader Burihan Sawaya & Tempo de Morrer aqui.
Galileu Galilei & Bertolt Brecht, Nise da Silveira, Egberto Gismonti, Michelangelo Antonioni, Irena Sendler, Glória Pires, Anna Paquin & Charles André van Loo aqui.
Imre Madách & A tragédia humana, Pierre Rode, Robert Joseph Flaherty, Franz West, Vera Ellen, Anne Chevalie & Sarah Clarke aqui.
Adolfo Bécquer, Paulo Moura, Pedro Onofre, Antônio Miranda & Gárgula – Revista de Literatura, Marcos Rey & Marta Moyano, Mihaly von Zick, Associação de Blogs Literários do Nordeste (ABLNE), Virna Teixeira & Programa Tataritaritatá aqui.
Marlos Nobre, André Breton, Nikos Kazantzákis, Toni Morrison, Milos Forman & Natalie Portman, Adolf Ulrik Wertmüller & Tanussi Cardoso aqui.
Nicolau Copérnico, Carson McCullers, Alberto Dines & Observatório da Imprensa, Rogério Tutti, Capinam, István Szabó, Krystyna Janda & Max Klinger aqui.
Lasciva da Ginofagia aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui e aqui.
História da mulher: da antiguidade ao século XXI aqui.
Palestras: Psicologia, Direito & Educação aqui.
A croniqueta de antemão aqui.
Fecamepa aqui e aqui.
Livros Infantis do Nitolino aqui.
&
Agenda de Eventos aqui.

CRÔNICA DE AMOR POR ELA
Leitora Tataritaritatá!
Veja mais aquiaqui e aqui.

CANTARAU: VAMOS APRUMAR A CONVERSA
Recital Musical Tataritaritatá - Fanpage.
Veja os vídeos aqui & mais aqui e aqui.


terça-feira, fevereiro 24, 2015

RITA JOE, ELIF SHAFAK, KAKÁ WERÁ & CATHERINE DENEUVE

 


NELA, O TRÂMITE: O QUE É DA VIDA SENÃO AMOR... - Não tenho asas e nem sei onde estou. Ela Boadicea me sorria para que não me sentisse recusado Manet no Le Havre et Guadaloupe, nem levado pelos mares tenebrosos de Conrad. Seu abraço de Ninfa surpresa juntou meus pedaços e vivi em suas feições marcantes o apaziguamento da minha perdição: era o afeto mais real que vinha de sua contumaz transparência, como quem caísse do telhado nua de céu. Jogava-me suas cartas como Aura de Fuentes e dos seus olhos escuros quão tardia indômita Melodia de Backer. Era Morisot elegantemente refinada entre violetas, com sua boca de véspera e eu mais que assíduo no seu jeito entreaberto. Insinuava-se tal gata de Nise no fio de Bastet: um olhar faminto na boca sedenta. Deu-me o sistro com a mão direta e, com a outra, a efígie com cabeça de leoa coroada pelo disco solar e serpente uraues: era a filha de Rá desvelando os segredos piramidais. E me fez Anúbis amante na assimetria das horas em plena madrugada, com sua nudez iluminada e o surpreendente nascia do quase impossível. Tudo nela onírica Dama do Lago de Cocaigne, no reino de Anaitis. E nela adormecia e sonhava tantas noites de outras vezes: a salvação era ela inopinada cheia de luz, fogos de artifícios nas minhas veias, trovões no meu coração. Desse no meio da solidão seria outro dia e mesmo que não tivesse para onde ir era nela: o amor valia a vida. Veja mais aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui e aqui.

 


DITOS & DESDITOS - Pare de correr atrás das ondas. Deixe o mar vir até você... Todo amor e amizade verdadeiros são uma história de transformação inesperada. Se somos a mesma pessoa antes e depois de amar, isso significa que não amamos o suficiente... Pensamento da escritora turca Elif Shafak, que no seu livro The Forty Rules of Love: The magical tale of love and self-discovery from the bestselling author of The Island of Missing Trees (Penguin, 2009), expressa que: […] Aconteça o que acontecer em sua vida, não importa o quão preocupantes as coisas possam parecer, não entre na vizinhança do desespero. Mesmo quando todas as portas permanecerem fechadas, Deus abrirá um novo caminho somente para você. Seja grato! [...] Se somos a mesma pessoa antes e depois de amar, isso significa que não amamos o suficiente. [...] Não vá com o fluxo. Seja o fluxo [...] Como o amor pode ser digno de seu nome se alguém seleciona somente as coisas bonitas e deixa de fora as dificuldades? É fácil aproveitar o bom e não gostar do ruim. Qualquer um pode fazer isso. O verdadeiro desafio é amar o bom e o ruim juntos, não porque você precisa aceitar o áspero com o suave, mas porque você precisa ir além dessas descrições e aceitar o amor em sua totalidade. [...] Paciência não significa suportar passivamente. Significa ser clarividente o suficiente para confiar no resultado final de um processo. O que paciência significa? Significa olhar para o espinho e ver a rosa, olhar para a noite e ver o amanhecer. Impaciência significa ser tão míope a ponto de não conseguir ver o resultado. Os amantes de Deus nunca perdem a paciência, pois sabem que é preciso tempo para que a lua crescente fique cheia. [...] Como vemos Deus é um reflexo direto de como nos vemos. Se Deus traz à mente principalmente medo e culpa, significa que há muito medo e culpa acumulados dentro de nós. Se vemos Deus como cheio de amor e compaixão, nós também somos. [...].

 

ALGUÉM FALOU: É preciso ter liberdade e confiança absolutas para se expressar verdadeiramente. Eu me esforço para ser autêntica e fiel a mim mesmo, em vez de me conformar com as expectativas da sociedade. Eu encontro consolo e alegria na solidão. Ela me permite conectar com meu eu interior. Eu sei quem eu sou, como eu era. Eu não quero saber como eu serei porque ninguém sabe disso... É melhor não se preparar, porque o que você preparar sempre estará errado... Fortaleça sua mente em qualquer lugar e a qualquer hora. Acredito no poder do silêncio. Às vezes, as palavras podem diluir a essência de um momento. Gentileza e empatia são as verdadeiras medidas de caráter. Pensamento da atriz francesa Catherine Deneuve. Veja mais aqui, aqui, aqui & aqui.

 

PERDI MINHA FALA - Perdi minha fala \ A fala que você levou embora. \ Quando eu era uma garotinha \ Na escola Shubenacadie. \ Você a arrebatou: \ Eu falo como você \ Eu penso como você \ Eu crio como você \ A balada embaralhada, sobre meu mundo. \ Duas maneiras de falar \ Ambos os caminhos eu digo, \ Seu jeito é mais poderoso. \ Então gentilmente ofereço minha mão e peço, \ Deixe-me encontrar minha fala \ Para que eu possa lhe ensinar sobre mim. Poema da escritora indígena canadense Rita Joe (1932-2007), membro da tribo Mi’kmaq, tendo aos 10 anos tornado-se órfã e aos 12 anos, entrado para uma escola indígena, onde as críticas destrutivas quanto à sua cultura de origem constantemente a incentivaram a começar a escrever como forma de resistência. O poema escrito em 1989, I Lost My Talk, foi destacado em uma entrevista que ela concedeu mencionando: Meu maior desejo é que haja mais escrita do meu povo, e que os nossos filhos a leiam. Eu já disse repetidas vezes que a nossa história seria diferente se tivesse sido expressa por nós mesmos...

 

A TERRA DOS MIL POVOS – [...] A palavra tem espírito [...] E nesse contar eu sou o espírito de cada folha, cada planta, cada brisa pronunciada. Eu sou cada pedra no caminho e cada vento, cada dia de sol e cada dia noite de lua e cada brisa; e cada brilho de cada estrela. Nesse contar eu sou o fluxo límpido da cachoeira e do rio, e de toda água que preenche o grande mar [...]. Trechos extraídos da obra A terra dos mil povos: história do Brasil contada por um índio (Peirópolis, 1998), do escritor, ambientalista e conferencista indígena tapuia, Kaká Werá Jecupé (Carlos Alberto dos Santos), que no livro Oré awé roiru’a ma - Todas as vezes que dissemos adeus (TRIOM, 2002), Kaká expressa:[...] É entre o sul e o norte que Mãe Terra expira as almas. Por estes quatro cantos flui a grande vida. Por estes quatro cantos os nomes descem à Terra. Por estes Quatro cantos as palavras encarnam, tornando-se gente. Apontava-me o Leste, o Norte, o Sul, o Oeste. - Por esta respiração sagrada o ‘espírito-nomeado’ contempla seu último desdobrar, indobrando-se na terra virando semente, depois é que a pequena mãe terrena concebe o corpo do nome na barriga. Quando Pai e Mãe abraçam o abraço de criar. Quando dois viram um. No abraço do ‘fogo-amor’, recomeça a magia do desdobrar da semente: vira música, vira dança, vira voo e passa a caminhar pelo chão da vida terrena. [...]. Já no livro Tupã Tenondé: a criação do Universo, da Terra e do Homem segundo a tradição oral Guarani (Peirópolis, 2001), Kaká traz esse belíssimo momento poético: Os fundamentos do ser foram concebidos \ Na origem da futura linguagem humana,\ Tecida da sabedoria contida em sua própria divindade\ E em virtude de sua sabedoria criadora\ Concebeu como primeiro fundamento o Amor.\ Antes de existir a terra,\ Em meio à Noite Primeira\ E antes de ter-se conhecimento das coisas,\ O amor era [...] O ser humano é percebido como “alma-palavra” – é o que se expressa mediante a linguagem e por meio do pensamento. Ser e som têm o mesmo sentido. Para essa percepção é necessário ampliar o nosso conceito de som para além da vibração sonora, percebê-lo como corpo-vida, princípio dinâmico da luz cuja forma denominamos “consciência” [...] uma tonalidade da Grande Música Divina colocada em pé, encarnada, dentro de um assento chamado corpo-carne, para entoar a criação no mundo terreno, para ser na Terra o que sua essência sagrada é no céu – escultor, tecelão, cantor e transformador da vida [...].  O grande movimento da vida é qualificado como Amor incondicional e Sabedoria. É com base na qualidade do amor e na sabedoria que o universo torna-se supraconsciente, consciente e subconsciente de si mesmo. Equilibra os mundos, sustenta as dimensões, gera o Cosmos. O Grande Espírito torna-se Música Celeste, ritmo e movimento. Desdobra-se em Espíritos Co-Criadores, chamados também de Seres-Trovões. Sonha e manifesta a morada terrena. Os Seres-Trovões estabelecem moradas espirituais nas quatro direções e agora recebem a responsabilidade de gerarem palavras-almas, tonalidades de suas essências, para encarnarem na Terra [...].

 

O MISTÉRIO DA CONSCIÊNCIA – No livro Psicologia Social crítica como prática de libertação (EdiPucRS, 2009), o filósofo, sociólogo, professor e doutor em Psicologia Social, Pedrinho Guareschi, aborda no segundo capítulo a questão acerca do Mistério da consciência, expressando que: Somos seres limitados, em processo, não apenas imortais, mas eternos, em busca do infinito. O mistério é sempre invisível, intocável, inefável [...] Chega-se a ele através da contemplação, da meditação profunda, onde nossos olhos se fecham, nossos ouvidos se cerram, nossas mãos descansam, onde não necessitamos pronunciar palavras. Quem experimentou, sabe. [...] a consciência é a resposta que conseguimos dar às perguntas: quem sou eu: que são as coisas que me rodeiam? A consciência seria o quanto de resposta conseguimos dar a essas perguntas. Quando mais resposta, mais consciência. A consciência é, portanto, um processo infinito, de busca e de construção de respostas. Vamos crescendo em consciência na medida em que conseguimos respostas. [...] É a consciência que leva à liberdade. Isto é, que só é livre quem tem consciência. Através do processo de descoberta, investigação, reflexão meditação, contemplação, vamos identificando a r5azão de nós sermos o que somos e de por que as coisas que nos rodeiam são do modo que são. Esse seria o caminha para a liberdade, processo também infinito. [...] só é livre quem tem consciência; a consciência é um pressuposto indispensável para que alguém possa ser considerado livre. E a responsabilidade? [...] passa pelo caminho da consciência e da liberdade. Poderíamos então afirmar: a consciência conduz à liberdade; e a consciência e a liberdade conduzem à responsabilidade. O especifico do conceito de responsabilidade é que ele implica uma ação de resposta, um incentivo à ação: responsabilidade vem de resposta [...]. Veja mais aqui e aqui.

PROGRAMA TATARITARITATÁ – O programa Tataritaritatá que vai ao ar todas terças, a partir das 21 (horário de Brasilia), é comandado pela poeta e radialista Meimei Corrêa na Rádio Cidade, em Minas Gerais. Confira a programação desta terça aqui Logo mais, a partir das 21hs, acontecerá mais uma edição do programa Tataritaritatá, com muita festa e a apresentação da querida Meimei Corrêa, com as seguintes atrações na programação: Egberto Gismonti, Duofel, Nando Lauria, Gal Costa & Caetano Veloso, Djavan, Geraldo Azevedo, Chico Buarque, Chico César, Sônia Mello, Roberto Toledo, Mazinho, Julia Crystal & Monica Brandão, Elisete Retter & Edward Brown, Irina Costa & Mácleim, Ricardo Machado, Ely Camargo & Reisado de Alagoas, Frederico Amitrano, Zé Linaldo & Ramanir, Zé Ripe & Paulo Profeta, Tirso Florence de Biasi & Banda Tres, Sóstenes Lima, Jan Cláudio & Eduardo Proffa, Ju Mota, Rusty Young, David Sylvian, Pedro Abrunhosa, Wilson Simonal, Daniel & muito mais! Veja mais aqui.

SERVIÇO:
O que? Programa Tataritaritatá
Quando? Hoje, terça, 24 de fevereiro, a partir das 21hs
Onde? No MCLAM - blog do Programa Domingo Romântico
Apresentação: Meimei Corrêa

Imagem do pintor norueguês Johan Christian Dahl (1788-1857)

Ouvindo Pablo Milanés ao vivo no Brasil (Philips, 1984) do cantor cubano Pablo Milanés. Veja mais aqui.

SE EU FOSSE PINTOR... – No livro Ilusões do mundo (Nova Aguilar, 1976), a escritora, pintora, professora e jornalista Cecília Meireles (1901-1964) traz a crônica Se eu fosse pintor, na qual ela se expressa assim: Se eu fosse pintor começaria a delinear este primeiro plano de trepadeiras entrelaçadas, com pequenos jasmins e grandes campânulas roxas, por onde flutua uma borboleta cor de marfim, com um pouco de ouro nas pontas das asas. Mas logo depois, entre o primeiro plano e a casa fechada, há pombos de cintilante alvura, e pássaros azuis tão rápidos e certeiros que seria impossível deixar de fixa-los, para dar alegria aos olhos dos que jamais os viram ou verão. Mas o quintal da casa abandonada ostenta uma delicada mangueira, ainda com moles folhas cor de bronze sobre a cerrada fronde sombria, uma delicada mangueira repleta de pequenos frutos, de um verde tenro, que se destacam do verde-escuro como se estivessem ali apenas para tornar a árvore um ornamento vivo, entre outros brancos, os pios vermelhos, o jogo das escadas e dos telhados em redor. E que faria eu, pintor, dos inúmeros pardais que pousam nesses muros e nesse telhados, e aí conversam, namoram-se, amam-se, e dizem adeus, cada um com seu destino, entre floresta e os jardins, o vento e a névoa? Mas por detrás estão as velhas casas, pequenas e tortas, pintadas de cores vivas, como desenhos infantis, com seus varais carregados de toalhas de mesa, saias floridas, panos vermelhos e amarelos, combinados harmoniosamente pela lavadeira que ali os colocou. Se eu fosse pintor, como poderia perder esse arranjo, tão simples e natural, e ao mesmo tempo de tão admirável efeito? Mas depois disso, aparecerem várias fachadas, que se vão sobrepondo umas às outras, dispostas entre palmeiras e arbustos vários, pela encosta do morro. Aparecem mesmo dois ou três castelos, azuis e brancos, e um deles tem até, na ponta da torre, um galo de metal verde. Eu, pintor, como deixaria de pintar tão graciosos motivos? Sinto, porém, que tudo isso por onde vão meus olhos, ao subirem do vale à montanha, possui uma riqueza invisível, que a distância abafa e desfaz: por detrás dessas paredes, desses muros, dentro dessas casas pobres e desses castelinhos de brinquedo, há criaturas que falam, discutem, entendem-se e não se entendem, amam, odeiam, desejam, acordam todos os dias com mil perguntas e não sei se chegam à noite com alguma resposta. Se eu fosse pintor, gostaria de pintar esse último plano, esse último recesso da paisagem. Mas houve jamais algum pintor que pudesse fixar esse móvel oceano, inquieto, incerto, constantemente variável que é o pensamento humano? Veja mais aqui, aquiaqui.


O PERU DA FESTA COM AS HISTÓRIAS QUE AS NOSSAS BABÁS NÃO CONTAVAM - Entre os humoristas brasileiros que mais apreciei, um deles foi o memorável humorista e ator Lírio Mário da Costa (1923-1995), mais conhecido como Costinha. Tive a oportunidade de adquirir quatro dos sete elepês que ele lançou com o título O Peru da Festa, como tive acesso as duas edições das Proibidas do Costinha, ler os livros As melhores do Costinha e O Humor de Costinha, bem como de assistir uma penca de filmes com participação dele na década de 1970, principalmente o Histórias que as nossas babás não contavam e o impagável Costinha, o Rei das Selvas, entre outros. Uma coisa posso dizer: morria de rir só com a cara dele. Uma maravilha! Daí a minha homenagem. Veja mais aqui.

CONQUISTA DO VOTO FEMININO NO BRASIL – O voto feminino no Brasil passou a ser garantido a partir da edição do Decreto nº 21.076, de 24 de fevereiro de 1932. Entretanto, o primeiro direito foi garantido cinco anos antes, quando a professora potiguar Celina Guimarães Viana adquiriu na Comarca de Mossoró (RN), o direito do registro para votar, tornando-a primeira mulher eleitora do país. O movimento tomou corpo por iniciativa da bióloga e ativista Bertha Maria Julia Lutz (1894-1976) que acompanhou os movimentos feministas na Europa e nos Estados Unidos, participando no Brasil da criação da Liga para Emancipação Intelectual da Mulher e representar a Liga das Mulheres Eleitoras, criando a Federação Brasileira Pelo Progresso Feminino, instituindo o movimento sufragista que conseguiu o grande êxito em 1932. Veja mais aqui


JE VOUS SALUE MARIE – Um dos inesquecíveis filmes que assisti foi indubitavelmente o polêmico filme Je vous salue, Marie (1985), do não menos polêmico e provocador cineasta franco-suíço Jean-Luc Godard que tem um elenco de peso, notadamente a participação das atrizes Juliette Binoche e Myriem Roussel nas duas estórias paralelas narradas na película, a primeira que conta a história de uma estudante Maria que trabalha num posto de gasolina do pai, e de um jovem taxista José que descobre que sua namorada está grávida e ele a acusa de traição exigindo a separação, recendo aconselhamento e convencimento do anjo Gabriel a aceitar os planos divinos dela. Na segunda, envolve um professor de história que se envolve com uma das suas alunas. Ambas histórias mostram a difícil convivência entre o espírito e o corpo. Veja mais aqui, aquiaqui

Veja mais sobre:
A vida é uma canção de amor & Milo Manara aqui.

E mais:
Marquês de Sade, Karen Horney, Chico Buarque, Maria Clara Machado, Günter Grass, Larry Vincent Garrison, Angela Winkler, Luiz Edmundo Alves, Monica & Monique Justino aqui.
A saga do Padre Bidião aqui.
Proezas do Biritoaldo: Quando a língua dá no dente do alcaguete, sai de riba que lá vem o enterro voltando aqui.
Pode até ser, mas se não for, nunca será, Lina Cavalieri, Chris Maher & Eloir Amaro Júnior aqui.
A desmedida correria para perder o bom da vida, Heitor Villa Lobos, Francis Bacon & Fúlvio Pennnacchi aqui.
O maravilhoso mistério da vida, Ana Torroja, Rebecca West, Alan Bridges, Marie-Louise Garnavault & Julie Christie aqui.
Quem quer diferente tem que fazer diferente, Cândido Portinari, Xiomara Fortuna, Marcus Garvey & Emmanuel Villanis aqui.
O prazer de amar e de ser amado, Joyce, Bigas Luna, Aitana Sánchez-Gijón & Luciah Lopez aqui.
Todo dia um novo ano, Egberto Gismonti, John Poppleton, Sy Miller & Jill Jackson aqui.
Betinho, Augusto de Campos, SpokFrevo Orquestra, Alan Parker, Graça Carpes, Rinaldo Lima, Bader Burihan Sawaya & Tempo de Morrer aqui.
Galileu Galilei & Bertolt Brecht, Nise da Silveira, Egberto Gismonti, Michelangelo Antonioni, Irena Sendler, Glória Pires, Anna Paquin & Charles André van Loo aqui.
Imre Madách & A tragédia humana, Pierre Rode, Robert Joseph Flaherty, Franz West, Vera Ellen, Anne Chevalie & Sarah Clarke aqui.
Adolfo Bécquer, Paulo Moura, Pedro Onofre, Antônio Miranda & Gárgula – Revista de Literatura, Marcos Rey & Marta Moyano, Mihaly von Zick, Associação de Blogs Literários do Nordeste (ABLNE), Virna Teixeira & Programa Tataritaritatá aqui.
Marlos Nobre, André Breton, Nikos Kazantzákis, Toni Morrison, Milos Forman & Natalie Portman, Adolf Ulrik Wertmüller & Tanussi Cardoso aqui.
Nicolau Copérnico, Carson McCullers, Alberto Dines & Observatório da Imprensa, Rogério Tutti, Capinam, István Szabó, Krystyna Janda & Max Klinger aqui.
Lasciva da Ginofagia aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui e aqui.
História da mulher: da antiguidade ao século XXI aqui.
Palestras: Psicologia, Direito & Educação aqui.
A croniqueta de antemão aqui.
Fecamepa aqui e aqui.
Livros Infantis do Nitolino aqui.
&
Agenda de Eventos aqui.

CRÔNICA DE AMOR POR ELA
Leitora Tataritaritatá
Veja mais aquiaqui e aqui.

CANTARAU: VAMOS APRUMAR A CONVERSA
Recital Musical Tataritaritatá - Fanpage.
Veja os vídeos aqui & mais aqui e aqui.


ROSA MECHIÇO, ČHIRANAN PITPREECHA, ALYSON NOEL, INDÍGENAS & DITADURA MILITAR

    Imagem: Acervo ArtLAM . Ao som de Uma Antologia do Violão Feminino Brasileiro (Sesc Consolação, 2025), da violonista, cantora, compos...