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domingo, novembro 21, 2021

ALASDAIR GRAY, ELSE LASKER-SCHULER, EDWARD ELGAR &TONY ANTUNES.

 

 

TRÍPTICO DQP – Mameluquices mulatíndias... - Ao som do Concerto para Cello e orquestra em Si menor, Op. 85 (1919 – CBS, 1976), do compositor inglês Edward Elgar (1857-1934), na interpretação da violoncelista Jacqueline du Pre com a Orquestra Sinfônica de Londres, regência de Daniel Barenboim. – Videncruzilhada, tomei a direção da venta, como sempre. Andejo e só dei fé duma hestória: a ameaça nas imediações de uma certa bonitona, a mais bela de todas quanto já tivesse. Hem? Todos os homens, não tinha um só que a visse e não endoidasse de paixão. Mesmo? Disseram chegada das bandas da Paraíba e tinha lá um feitiço que era segredo só dela. Oi? Aos cochichos: ela vira a onça que matou a menina que foi criada pela velha. É? Ninguém escapa. Como assim? Era uma vez uma menina que cresceu e queria ganhar o mundo, mas não tinha nada. Pediu a velha que lhe desse e, a coitada, só tinha um carvão: eu quero. Com a posse, pé na estrada. Depois de muito andar ela encontrou um ferreiro que do carvão precisava e ela deu. Depois pediu de volta, era tarde, gastou-se e não mais havia. O ferreiro então deu um machado e ela ganhou o mundo. Adiante estava um cancão e precisava do machado para bater pau e ela deu pra ele tirar mel. Foi pá e pei, nisso o machado se quebrou e ela queria de volta: só tenho mel. Então, me dê. Picou a mula e, noutra volta, se deparou com a lavadeira com a trouxa no rio comendo feijão. Ao ver-lhe o mel às mãos dela, pediu e ela deu. Acabou-se o que era doce e ela queria de volta: deu-lhe um pão de milho e picou a mula. Lá na curva da rodagem, um velho pediu-lhe esmola e ela deu o pão de milho, logo devorado. E agora? Só tenho esse ferrão de acuar gado. Ora, quero. E na beira dum cercado, um vaqueiro aperreado para juntar a boiada, ele pediu pra ela e, sem cerimônia, deu: cutucou daqui, dali, e o ferrão partiu-se. E agora, quer uma vaca? Quero. Para lá e para cá com sua vaquinha, a onça apareceu e devorou: Onça, eu quero minha novilha de vaca, novilha que o vaqueiro me deu. Vaqueiro quebrou ferrão, o ferrão que o velho me deu. O velho comeu o pão de milho, o milho que a lavadeira me deu. Lavadeira comeu o mel, o mel que o cancão me deu. Cancão quebrou machado, machado que ferreiro me deu. O ferreiro gastou meu carvão, carvão que minha madrinha me deu. A onça nem pestanejou, lambeu os beiços e a menina no bucho, palitando os dentes, ancha. Foi aí que a fera, sem sabe como, virou uma moça bonita que vive por ai zanzando e seduzindo todos aqueles de juízo, só para endoidecê-los... Ouvia eu atento o relato, enquanto alguém desconhecido mencionou o poeta italiano Arturo Graf (1848-1913): A sabedoria e a razão, falam; a ignorância, ladra. Estranhei, desconfiado. Logo outro do meio deles sapecou Goethe: Não há nada mais terrível que a ignorância. Não falto algum injuriado, até quem invocasse Confúcio: A ignorância é a escuridão da mente! Outro mais desabusado cuspiu Pitágoras: Se me perguntar o que é a morte, respondo: a verdadeira morte é a Ignorância. Quantos mortos entre os vivos! Lá estava eu no meio de uma saraivada discordante de gente pia e incrédula, nem sabiam o que diziam, nem nada, só jogavam conversa fora, repetiam o que ouviram desde infância, apenas... Reproduziam do jeito deles, segundo eles... Foi aí que me apareceu o escritor escocês Alasdair Gray (1934-2019) que me puxou do lado: Não quero enfrentar este mundo, vamos voltar ao inferno que estou imaginando... Eu deveria ter mais amor antes de morrer. Eu não tive o suficiente... Depois de me conduzir para uma esquina na saída da localidade, ele me disse em tom confidencial: Trabalhe como se estivesse nos primeiros dias de uma nação melhor. E se despediu me livrando de zunzunzum tão discordante. Aproveitei a deixa, segui meu caminho...


 

O reencontro na ruína... – Imagem: arte do fotógrafo francês Lucien Clergue (1934-2014). – Andanças noitedia e se era ou não onça, na vera, não sei. O que sei de mesmo é que ao depará-la deu-se o reencontro: era a Vênus do Quintal. Lembra? Ora, se. E logo me disse toda cantatriz mexicana María Félix (1914-2002): Minha lenda começou a ganhar forma sem mover um dedo. A imaginação do público fez tudo por mim... E sorriu sedutoramente como se me revelasse seus segredos, abraçando-me para cochichar ao meu ouvido: Quando eu quiser, será pela porta grande. Não entendi a última frase sussurrada, sei apenas que levou por insólitas paisagens que mais pareciam as cenas do The Black Crown (1951) do Luis Saslavsky: era o milagre, disse-me e confessou: havia perdido a memória há muito tempo e só agora tomou ciência da razão disso: havia matado o marido. Ao me reconhecer tomara ciência de tudo. Para ela parecia que eu a havia curado, não sei, fato inexplicável. Logo fez-se em mim a La Doña – María Bonita. E me narrou detalhadamente sua turbulenta vida amorosa, casamentos desfeitos, de como se tornou a María de Todas las Marías e o motivo de todos cantarem para ela Je l'aime à mourir de Cabrel. Nada disso jamais poderia eu saber, há muito tempo ela havia se tornado apenas uma deliciosa lembrança que eu guardara para que a vida valesse a pena. Não sei se estava ali condenado ou absolvido, sabia apenas que estava agora enredado nos braços da Inés Rojas do La fièvre monte à El Pao, de Buñuel. De fato, em mim a febre aumentava mesmo porque a República do Pecado misturava histórias que me puxavam e, depois de tudo, era como se não mais confiássemos um no outro, enquanto fugíamos da ilha do ditador à beira de uma guerra civil, até chegarmos a uma praia deserta para me dizer que ela era a Diana do Safo’63 de Alcoriza e nos refugiamos ali. Sabia lá o que seria de nós ali isolados de tudo e de todos, só sei que ela me contou que lera a emocionante carta de Kierkegaard para Regine e se emocionou o panegírico apaixonado de Charlotte e Adam. Uma lágrima desceu e a enxuguei com o polegar. Fitou-me, chorosa e desabafou: havia detestado a leitura do Geschlecht und Charakter (Losada, 2004), do misógino filósofo austríaco Otto Weininger (1880-1903), repetindo o que ele escrevera: Nenhum homem que pense profundamente sobre as mulheres mantém uma opinião elevada sobre elas. Ou os homens desprezam as mulheres ou nunca pensarão seriamente a respeito delas. Nossa! E prosseguiu protestando o fato de como ele se dedicara à entrega total aos imperativos da genialidade, suicidou-se aos 23 anos. Que tragédia! Para ela, a única coisa de relevante que ele deixara, tão somente foi o impacto que exerceu sobre Wittgenstein: Ver o mundo corretamente em silêncio. Quase sorrindo mencionou o silêncio dos versos do The Second Coming de Yeats: Falta convicção aos melhores / enquanto os piores estão cheios de apaixonada intensidade. Abraçamo-nos com a paradisíaca paisagem. Com o passar dos dias aquele lugar era o espetáculo dela nua e tive que veemente discordar do filósofo suicida que sentenciara: Uma figura feminina absolutamente nua deixa uma impressão de algo deficiente, uma coisa incompleta que é incompatível com a beleza. Ah, não! Prefiro o feitiço dela, mesmo que seja uma completa desconhecida, monstro disfarçado ou anátema indesvencilhável.

 


Prexelândio absoluto.... - Despertei atordoado com a barulheira de uma multidão. Que será? Ao tomar pé da situação, entre os desencontros de ontem, reencontros de amanhã, reconheci uma voz de antanho: do poeta e radialista Tony Antunes (que também se assina professor Gleidistone) e recitava no palco Prexelândios de uma vida. Aplaudi ao final e foi quando percebi que estava sozinho e entre gente que nunca antes tivera sequer visto. Havia um certo desconforto só quebrado que, depois, ele encostou-se com a surpresa e um exemplar do seu Digitais absolutas: poemas escolhidos, para recitar-me o seu poema As letras: As letras que fazem nascer / minhas palavras / são portadoras / de criação infinita. / Nos calcanhares letrados da mente / surgem idiomas / com asas de fênix / reluzindo luz e conhecimento. / Abrindo os olhos à leitura, podemos então / ser descobridores de mágicas metáforas / em semânticas de vida / de luz e / de amor. Aplaudi com um firme aperto de mão de frater e um abraço caloroso com os versos do seu poema Meus quirodáctilos: ... sei do meu passado / não sei do meu porvir. / Sou viajante do cosmo / nos planetas mentais / do tico e do teco / do tosco e do taco / de tudo e de todos. Foi aí que conversamos animadamente por um bom espaço de tempo, até ela reaparecer e nos despedimos com a promessa de revermos em breve. Ela me levou de volta para o seu aconchego que sequer sabia onde que poderia ser, enquanto dizia-me de um poema O fim do mundo, da poeta alemã Else Lasker-Schuler (1869-1945): Há um lamento no mundo, / Como se não mais houvesse o bom Deus, / E a sombra que cai, cortina de chumbo, / Pesa mausoléus. / Vem, escondamo-nos mais de perto... / A vida jaz nos corações / Como nos féretros. / Ei, beijemo-nos até não mais poder / — Pulsa uma saudade no mundo, / E é disso que temos de morrer. Ao final do poema, estávamos no meio do mundo e eu não sabia onde era nem queria saber. Então, abraçou-me com o fervor de sempre, sem que eu soubesse jamais se onça ou benfeitora, apenas: precisamos viver, enquanto podemos respirar. Até mais ver.

 

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terça-feira, junho 15, 2021

MARGARET DELAND, BALMONT, PAUL RUSESABAGINA & MESTRE NOZA

 

 

TRÍPTICO DQP – Talentos das estrelas... - Ao som do Concerto in A minor, Op 16, de Edvard Grieg, na interpretação da pianista Khatia Buniatishvili & Orchestre National du Capitole de Toulouse, conductor Tugan Sokhiev. - A vida segue, deito a cabeça ao travesseiro de Chen-Tsi-Tsi e logo a cena: flagro o tratamento desumano com os nossos idosos nas filas do banco, nas emergências, nos pontos de condução. Yeats sussurra ao meu ouvido: Espalhei meus sonhos aos seus pés. Caminhe devagar, pois você estará pisando neles. Tomo um susto, procuro evitar, mas nada identifico. Procuro por ele e me deparo com Proust: Acontece com a velhice o mesmo que com a morte. Alguns enfrentam-nas com indiferença, não porque tenham mais coragem do que os outros, mas porque têm menos imaginação. Mediante sua fala, reflito sobre envelhecer: o que sei é que nãoé o fim do mundo. E me perco na fumaça da ideia, lembrando logo o tempo da faculdade em que estudei a Terceira Idade e a sexualidade. Dessa época, guardei comigo a frase da escritora estadunidense Margaret Deland (1857-1945): ... assim que você se sentir muito velho para fazer alguma coisa, faça essa coisa. Também aquela que me foi repetida um tanto de vezes da economista & estilista belga Diane von Fürstenberg: Meu rosto carrega todas as minhas lembranças. Por que eu deveria apagá-las? E ainda teimava em recitar os versos do poeta russo Konstantin Balmont (1867-1942): Procure, com meu coração, o que se foi e se desvaneceu, sem deixar vestígios. Eu sei: é o sol, com seu perfume infinito, Cante músicas comigo e eu canto também. O que sei é que quanto mais o tempo passa, se a pandemia ou o genocídio do Fecamepa ceifam nossa gente, sobretudo nossos idosos, sei que os avós são os mestres do passado, envelhecem para brilhar, não para a cruel violência e o preconceito: direitos da luta pela vida.

 


Duas lágrimas no Hotel Rwanda... - Não sei se despertei de fato ou se foi dentro do pesadelo, uma coisa assim, sei que era tudo diferente. Pareceu-me que era Kigali em pleno genocídio depois do atentado a Habyarimana, quando se rasgou o acordo de paz. Era mesmo, agora tinha certeza. Era a guerra civil, a maioria hutu atacava promovendo a matança: caçavam as baratas tutsis, foi o que disseram, nem sei quem. Estava eu no hotel de refugiados e, cá com meus botões: só me faltava essa! E Paul Rusesabagina, um homem comum, para lá e para cá. Dirigiu-se a mim com um gesto, nenhuma palavra. Ousei mencionar: Sim, Paul. Quantas vezes não ouvimos: A política é poder e dinheiro. E repetem entre si: Temos todas as razões para crer que atos de genocídio têm ocorrido. E nada fizeram, não fazem, nem farão nada, talqualmente aqui. O pior é que sabemos: Sinceramente, acho que as pessoas que virem essa gravação dirão ‘Oh, meu Deus, que horror’, e continuarão jantando. É sempre assim: como se nada acontecesse. E farram e dançam e pulam e vão e voltam. Quem diria, Paul, uma casa confortável no subúrbio, a bela mulher, o filhos. De repente, quantos mortos, estamos desamparados: os cemitérios esborram, corpos apodrecem. Nenhuma ajuda chegará, a deterioração da humanidade, a milícia, o preconceito, a corrupção, a estupidez, a ganância, o massacre, a indiferença. A história se repete em cada parte do mundo. Resta-nos socorrer os desamparados, os dessemelhantes, somos todos um. E: Sempre há lugar! E que não seja apenas o Hotel des Mille Collines. Sim, Paul, As palavras são as melhores armas jamais vistas. A arma mais potente do indivíduo é uma crença teimosa no triunfo da decência comum. Sim, Paul, é como nos sentimos quando o genocídio é vigente: somos um lixo, não valemos nada, a vida não vale nada para genocidas que pisam crânios e promovem mortes. Não sei, cenas do Hotel Rwanda (2004), em que Terry George foca Don Chedle na pele de Paul. Mas, uma coisa é certa: é preciso tomar alguma atitude! Aqui também é Ruanda.

 


Três luas no olhar... – De repente tudo muda novamente, não dá para acompanhar direito. Tudo por um triz. Agora era como se fosse uma sala de cinema. E passava a animação capixaba Mestre Vitalino e nós no barro (Marlin Azul, 2008): um boneco de barro ganha vida e sai para Vitória participar de um baile. Logo em seguida, o Tudo em homenagem ao Mestre Vitalino. Mal dei dois passos para o lado e de cara com a obra de Mestre Noza. Quem? O escultor, gravador e santeiro de Taquaritinga do Norte, Inocêncio Medeiros da Costa (1897-1983), também tratado por Inocêncio da Costa Nick ou Niquel, coisassim. Nunca ouvi falar. Agora estava vendo tudo: xilogravuras, pinturas, esculturas em madeira, artesanato, Luis Gonzaga, o padre Cicero Romão Batista, cambiteiros, caçadores, santos e santas aos milhares, ou quase, dos mais variados estilos e tamanhos. Era de se ver o grande artista do Vale do Cariri com a mão na peixeira rasgando o pedaço de umburana-de-cheiro, a palestra boa, a palavra amiga, as frases picantes, ou histórias inventadas na hora. Isso para quem viu aquele que andou a pé mais seiscentos quilômetros para chegar por ali. Está lá no Juazeiro do Norte, Ceará. Até mais ver.

 

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quinta-feira, junho 14, 2018

DALTON TREVISAN, YEATS, WALLON, CHRISTOPHER MONROE, SYLVIE GUILLEM, LARISA ILIEVA, JOHAN ONVLEE & HIROMI UEARA


PRA FALAR DAS COISAS & SÓ – Imagem: Buy her time, da artista visual búlgara Larisa Ilieva. - Não tenho nenhuma verdade, nem a petulância de dourar minhas próprias constatações como escorreitas ou inatacáveis. Não preciso da firmeza dos invulneráveis, porque um dia nunca é igual a outro: ontem já não é mais; o futuro, agora. Questiono dúvidas, a verdade é de cada um, que seja. A mim, de mesmo, nenhuma, por favor, prefiro a aleatoriedade de tudo pulsando em todas as direções, nada por definitivo, por isso mesmo incompreensível. A mim me basta sentir, a lógica só serve para quem quer respostas; eu não, voo pela incerteza quântica e natural. Respeito o outro, não sou melhor que nada nem ninguém. Fiz e faço escolhas em todo momento, impossível não fazê-las, mesmo quando nem esperava ou precisasse, empurrado contra a vontade, assumo o tanto de insensato, presa de sensações quais sejam. Nada demais, aprendizagens. Sigo adiante dia a dia para transcender o ego pelo insondável umbral do neófito desde ontem, o meu discipulado eterno, para dar na esfinge de Gauguin: de onde vim, o que estou fazendo aqui, para onde vou, não sei. Alguém sabe, preciso saber sem açodamento do intangível a sentir a essência de todas as coisas. Sentir me basta, e a compreensão por consequência. Respostas nem sempre resistem ao tempo, ou quase, talvez, nunca as esperei, tudo muda; até o que se tem por líquido e certo, o que convinha fazer, logo ou mais tarde rui inexoravelmente. Aprendi desmoronando, nem pude prever. Quantas, ah, já liquidado contumaz, suspenso pelas eternidades dos supostos tão humanos – muitas vezes, nem são -, e pela circunstância, um declive logo ali e o frio na barriga findei hesitante, coração estacado de nem saber explicar e acuado pelos olhares remotos por dias pardos e invernosos. Não temi a má reputação, nem a repugnância excludente; já me vi em palpos de aranha, atravessei zis infernos, esquinas muitas pra sobreviver lidando com convenções canhestras, redomas e coações então legais, patíbulos e execrações, ou se quisesse reabilitado só por favores de subalternidades. Ah, quanto! Foram cães, gatos, cavalos, bichos outros, a lição reveladora: não preciso de leis pro autodomínio, nem para tratar alguém como a mim mesmo, sei o que devo e posso, penso eu, isso não quer dizer que não esteja redondamente enganado em todos os sentidos e expressões. Não sei como o universo funciona, sei que não é de código de ética ou de postura, etiquetas ou agir corretamente, o que precisamos, é de evolução humana. Vou pela espiritualidade na paz corpalma com a harmonia da unidade cósmica. Amém e amem. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais aqui.

RÁDIO TATARITARITATÁ:
Hoje na Rádio Tataritaritatá especial com a música do compositor e músico australiano Johan Onvlee: Meditation on piano, Reflexion for the love of nature & Deep relaxation; da pianista e compositora japonesa Hiromi Ueara: Desire, Caravan & Time difference; & muito mais nos mais de 2 milhões de acessos ao blog & nos 35 Anos de Arte Cidadã. Para conferir é só ligar o som e curtir. Veja mais aqui.

PENSAMENTO DO DIA – [...] A física clássica simplesmente não permite a aleatoriedade… Ou seja, o resultado de qualquer processo clássico pode – em última instância – ser determinado… tendo-se informações suficientes das ‘condições iniciais’. – Apenas processos quânticos podem ser, de fato, aleatórios. Pensamento do físico quântico e professor da University of Maryland, Christopher Monroe. Veja mais aqui, aqui e aqui.

SENTIMENTOS, ATITUDES & REAÇÕES - [...] a coesão de reações, atitudes e sentimentos, que as emoções são capazes de realizar em um grupo, explica o papel que elas devem ter desempenhado nos primeiros tempos das sociedades humanas: ainda hoje são as emoções que criam um público, que animam uma multidão, por uma espécie de consentimento geral que escapa ao controle de cada um. Elas suscitam arrebatamentos coletivos capazes de escandalizar, por vezes, a razão individual. [...]. Trecho extraído da obra As origens do pensamento na criança (Manole, 1986), do filósofo, médico e psicólogo francês Henri Wallon (1879-1962), que em outra obra Do ato ao pensamento: ensaio de psicologia comparada (Vozes, 2008), expressa que: [...] O que permite à inteligência esta transferência do plano motor para o plano especulativo não pode evidentemente ser explicado, no desenvolvimento do indivíduo, pelo simples fato de suas experiências motoras combinarem-se entre si para melhor adaptar-se exigências múltiplas e instáveis do real. O que está em jogo são as aptidões da espécie, particularmente as que fazem do homem um ser essencialmente social. [...] Veja mais aqui.

DINORÁ – [...] Encorajado por este prelúdio, avançou para mim – ai de mim! – que, possuída de terror, tombei de decúbito dorsal, tremula e palpitante sobre o canapé que ele escolhera para o nosso campo de batalha. Mãos postas, implorei que não me profanasse. Palavras serviam apenas para atiçar-lhe a imunda paixão. Meus grandes olhos verdes e cismadores, que lançavam lampejos, não intimidaram o velho corcel que tomara a brida nos dentes. Na confusão rompeu-se um alça do vestido de tafetá branco. Os cabelos esparsos – na luta eu perdera um sapatinho bordado em fio de ouro -, toda a encantadora desordem de minha pessoa excitavam a sua febre criminosa. Submissa aos seus caprichos, antes que madame regressasse, jurou que da cabeça aos pés cobrir-me-ia de joias. - Senhor, é demais a repulsa que me inspira! [...] Tremi pela minha virtude e, com grito abafado de terror, olhei para o infame instrumento de minha tortura que, de joelhos sobre o luxuoso tapete, enquanto assistia ao meu banquete, contentava-se em devorar-me com olhinho lúbrico. Prodigalizando louvores à beleza, afiançou que respeitaria a minha honra, satisfeito em adorar-me a cerimoniosa distância. Vendo-me indefesa, em delicioso abandono, molemente reclinada entre as almofadas de veludo carmesim, acenava-me em frases inspiradas com os ricos tesouros da volúpia. Apresentava-se fogoso campeão nas liças do amor e, se o recebesse como herói, seria instalada na classe da senhora teúda e manteúda. Em troca, renunciam aos míseros consolos da solidão, poderia abrir-lhe as portas do paraíso. Ou então vomitava horrendas injúrias, ridicularizado não seria por suposta menina e moça, em conluio com a viúva desonesta, que, na velhice precoce, exercia o humilhante ofício de rufiã. Incitava-me a provar o néctar da maçã proibida e, arrebatada na torrente avassaladora da sua eloquência, sentia as consequências do primeiro passo na estrada do vício – o rubor que me tingia as faces era antes do frenesi que da modéstia. Embevecido, os olhos ávidos nas minhas vestes em desalinho e nos graciosos caracóis que se espalhavam sobre a testa pálida, sua excelência forcejava por devassar as belezas escondidas. Recitando o seu caviloso discurso, o velho sátiro arrastava-se pelo tapete escarlate. Presto agarrou o pezinho descalço, cobriu-o de beijos úmidos e quentes. Um resto de pudor sustinha-me à beira do precipício, as forças já não respondiam, combalidas pelo inebriante filtro do amor. [...]. Trechos do conto Dinorá, moça de prazer, extraído da obra Cemitério de Elefantes (Record, 1987), do escritor Dalton Trevisan. Veja mais aqui.

A ROSA DO MUNDO - Quem sonhou que a beleza passa como um sonho? / Por estes lábios vermelhos, com todo o seu magoado orgulho, / Tão magoados que nem o prodígio os pode alcançar, / Tróia desvaneceu-se em alta chama fúnebre, / E morreram os filhos de Usna. / Nós passamos e passa o trabalho do mundo: / Entre humanas almas que se agitam e quebram / Como as pálidas águas e seu fluxo invernal, / Sob as estrelas que passam, sob a espuma do céu, / Vive este solitário rosto. / Inclinai-vos, arcanjos, em vossa incerta morada: / Antes de vós, ou de qualquer palpitante coração, / Fatigado e gentil alguém esperava junto ao seu trono; / Ele fez do mundo um caminho de erva / Para os seus errantes pés. Poema do poeta, dramaturgo e místico irlandês William Butler Yeats (1865-1939). Veja mais aqui.

ARTE DE SYLVIE GUILLEM
A arte da bailarina francesa Sylvie Guillem.


Exposição Brennand – Mestre dos Sonhos & muito mais na Agenda aqui.
&
A arte da artista visual búlgara Larisa Ilieva.
&
Do possível ao impossível da realização, a poesia de Philip Larkin, a espiritualidade de Robert C. Solomon, o teatro de Mário Bortolotto & Renata Gaspar, a fotografia de Dani Olivier & a arte de Ana Maria Pacheco aqui.

APOIO CULTURAL: SEMAFIL
Semafil Comércio de Livros nas faculdades Estácio de Carapicuíba e Anhanguera de São Paulo. Organização do Silvinha Historiador, em São Paulo.


terça-feira, dezembro 13, 2016

WILLIAM B. YEATS, ANTONIO NÓBREGA, TUNICK & VELHICE NÃO É O FIM DO MUNDO


A VELHICE NÃO É O FIM DO MUNDO - O aumento na esperança de vida da população é um fenômeno planetário que têm possibilitado duas situações para reflexão. A primeira delas, é que a melhoria das condições de vida, saneamento básico, campanha de vacinação, atendimento médico-hospitalar, avanço científic0, diminuição da fecundidade, queda na taxa de mortalidade e, por consequência, melhor relacionamento entre os seres humanos, entre outras, têm possibilitado que as pessoas nos continentes do mundo, possam desfrutar mais da vida, alcançando níveis centenários de existência. Inclusive, já conheci pessoas com mais de cem anos que mantinham uma lucidez incrível, conversavam tranquilamente sobre os mais diversos assuntos, queixando-se aqui e ali, apenas, de algumas memórias que haviam desaparecido ou que surgiam inadvertidamente, confundindo alguns assuntos em momentos informais. Tirante isso, essas pessoas mantinham o vigor físico proporcional à idade, participando ativamente do convívio familiar dentro do que lhe cabia. Por outro lado, problemas diversos têm sido provocados por esse envelhecimento, como, por exemplo, o colapso da previdência social – instituição sempre vítima de má gestão por décadas -, tornando-se iminente a desassistência que já é de fato, para ser de direito – a exemplo do Brasil que já sinaliza uma opção já legalizada da desaposentação e, a pior de todas, a perspectiva inglória de, após haver cumprido todos as fases da existência, jamais conseguir a justa aposentadoria. Tal fato é reflexo da desigualdade social, concentração de renda, alto índice de pobreza, principalmente numa sociedade voltada apenas para a vitalidade – é a juventude e os adultos que possuem maior poder de consumo, estão prontos para reverter situações e, exatamente por isso, são representantes da atividade perversa de manutenção da produtividade capitalista a qualquer custo. Crianças e idosos, afora outros grupos sociais minimizados pelos preconceitos e discriminações, são sempre tratados por desimportantes, valendo-se, apenas, as primeiras pela exigência provocadora para consumo dos pais para se manterem na moda, enquanto os segundos só valem quando possuem ganhos para contribuir com a renda familiar. Tirante isso, crianças, idosos e outros grupos sociais são tidos por invisíveis e entregues à própria sorte. Principalmente o idoso que além de ser vítima do preconceito e da discriminação por estar no imaginário social como relacionado à perda de saúde, do vigor físico e sexual, afora sofrer todo tido de ataque à sua dignidade: filas extensas e inoperantes para seu atendimento nos casos de medicamentos e serviços médicos, locomoção, transportes, segurança, educação, lazer, enfim, tudo é difícil para eles. Os idosos se encontram numa encruzilhada de óbices que se reúnem na ineficiência do serviço público e limitação do setor privado, sem contar com a necessidade de implantação de políticas e programas que sejam capazes de promover preventivamente o envelhecimento saudável. Um lembrete se faz altamente necessário: todo aquele que nasce tanto cresce, como se desenvolve e, também, envelhece. Todo o mundo passa por isso. Um dia você também envelhecerá. © Luiz Alberto Machado. Veja mais aqui

 Curtindo o álbum Madeira que cupim não rói: a pancada do ganzá 2 (Brincante, 1997), do artista e músico Antonio Nóbrega. Veja mais aqui e aqui.

Veja mais sobre:
Quando te vi, a história da canção, Marilena Chauí, Adélia Prado, Luiz Gonzaga, Flora Gomes, Karel Skala, Cia. Corpos Nômades, Maysa Marta, Jan Saudek, Ana Nery & O carneiro de ouro aqui.

E mais:
Terceira Idade & Direito dos Idosos aqui, aqui, aqui, aqui, aqui e aqui.
A pegação buliçosa do prazer aqui.
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Cidinha Madeiro & Todo dia é dia da mulher aqui.
Crimes contra a pessoa aqui.
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DESTAQUE: A VELHICE DE YEATS 
Quando fores velha, grisalha, vencida pelo sono,
Dormitando junto à lareira, toma este livro,
Lê-o devagar, e sonha com o doce olhar
Que outrora tiveram teus olhos, e com as suas sombras profundas;
Muitos amaram os momentos de teu alegre encanto,
Muitos amaram essa beleza com falso ou sincero amor,
Mas apenas um homem amou tua alma peregrina,
E amou as mágoas do teu rosto que mudava;
Inclinada sobre o ferro incandescente,
Murmura, com alguma tristeza, como o Amor te abandonou
E em largos passos galgou as montanhas
Escondendo o rosto numa imensidão de estrelas.
Quando fores velha, do poeta, dramaturgo e místico irlandês William Butler Yeats (1865-1939). Veja mais aqui.

CRÔNICA DE AMOR POR ELA
Veja mais aqui, aqui e aqui.

CANTARAU: VAMOS APRUMAR A CONVERSA
Paz na Terra: Plaza de Bolívar – Bogotá – Colômbia, do fotógrafo Spencer Tunick.
Recital Musical Tataritaritatá - Fanpage.
Veja  aqui e aqui.


ROSA MECHIÇO, ČHIRANAN PITPREECHA, ALYSON NOEL, INDÍGENAS & DITADURA MILITAR

    Imagem: Acervo ArtLAM . Ao som de Uma Antologia do Violão Feminino Brasileiro (Sesc Consolação, 2025), da violonista, cantora, compos...